Para compreender os números actuais de associados no Sporting é necessário observar que estes resultam de uma política que era aparentemente fruto de incompetência mas que escondia um desejo mordaz, uma das pedras basilares do Projecto Roquette: A usurpação do Sporting.
A usurpação está presente em vários detalhes que podem ser até fisicamente observáveis, como a construção do fosso que não teve outro intuito que não a barricada contra previsíveis protestos.
Entre os demais pontos já conhecidos deste assalto, o objectivo era reduzir a massa associativa do Sporting a um núcleo duro que iria perpetuar as famílias Roquette e seus satélites no clube, visando um açambarcamento final do clube ao estilo franchising, deixando-o trancado nas mãos de um grupo privado e em que os mais ricos sócios remanescentes seriam por fim convertidos em accionistas, sendo que os restantes passariam a ser adeptos de plástico detentores de um outro cartão, o chamado Cartão VEC para o adepto asiático, Vai ao Estádio, Come, Cala e Compra Cachecóis, conhecido sofisticadamente como “Gamebox”.
Mal a Dinastia entrou ao serviço, começou logo por propor a 14ª quota, não fosse já demasiada a 13ª. Não conseguida a implementação desta primeira medida, procedeu-se a um aumento paulatino dos preços.
A des-sportinguização do clube era mascarada a cada renumeração com amnistias em momentos de crise directiva que permitiam um encaixe rápido de alguns dinheiros, uma cenoura e o truque ilusionista de que a lista de sócios reais não estava a encolher. Entretanto os sócios consolidavam a sua posição de meros espectadores com a crescente retirada do seu poder de decisão, sendo que os números se tornavam fantasma.
Chegado o triste dia da fractura em Março de 2011, onde se deu no Sporting um dos maiores golpes palacianos, foi justamente posto em causa todo o sistema eleitoral e organização dos sócios.
Na sequência desses negros acontecimentos, o candidato marginalmente derrotado, guardou na gaveta, a bem da paz, uma legítima impugnação mas exigiu várias mudanças no Sporting, entre as quais uma reforma no sistema eleitoral.
Essa reforma contemplava a) redução da desproporção de votos entre escalões, b) dar voz aos sócios correspondentes.
Godinho Lopes não queria qualquer reforma e por fim aceitou contra-vontade mas colocou diversas condicionantes, entre as quais que os correspondentes passassem a pagar forte e feio, tal era o receio do derrube democrático.
Os sócios correspondentes passam então a ser denominados Efectivos B e a sua quota anual é transformada de 55€ anuais em 8€ mensais (x 13), reflectindo um preço final de 104€. O voto esse é metade. Os jogos a preço de sócio continuam os mesmos (4).
Na sequência de uma vaga de reclamações, o engenheiro dos famosos paquetes e afinações, foi obrigado a recuar e a medida tornou-se válida apenas para novos sócios Efectivo B.
Exemplo paradoxal:
Sócio Efectivo A ao fim de 19 anos de filiação gastou cerca de 3000€ em quotas e terá 5 votos.
Terá tido direito a cerca de 500 jogos a preço de sócio.
Sócio Efectivo B ao fim de 19 anos de filiação gastou cerca de 2000€ em quotas e terá 2 votos.
Terá tido direito a 76 jogos a preço de sócio.
Se a categoria A tem vindo a definhar, a categoria B terá certamente os dias contados, sendo que aumentar o número de jogos nada mudará, pois amiúde o sócio efectivo B (antigo sócio correspondente, que tinha de comprovar viver fora de Lisboa) nem no país se encontra e pretende apenas contribuir para o clube a troco de um mero cartão do qual se orgulha.
É urgente uma revisão nos preços.
Resta saber quantas pessoas continuarão a ter capacidade financeira para manter o cartão de Sócio Efectivo A a 12€x13 (156€) a que se juntam os preços dos bilhetes e custos com deslocações.
O mais recente sócio tem o nº 101 096. Daqui até à próxima renumeração (2015) talvez atinjamos o º 120 000 embora a probabilidade seja baixa dada a conjuntura do país face aos preços disponiveis. Mas mais importante será tomar medidas imediatas para que depois da renumeração de 2015 tenhamos muito mais do que os actuais 35 mil sócios reais e não uma lista de fantasmas.