É verdade que o Benfica começa a trazer brasileiros de qualidade. Mas um par de anos antes, os estrangeiros deles eram o Filipovic, o Stromberg, o Manniche ou o Zivkovic.
Eles viram-se para o mercado brasileiro pela mão do Manuel Barbosa. É verdade que eles trouxeram jogadores com nível de selecção, como o Mozer, o Ricardo, o Aldair, o Valdo ou o Elzo (que também esteve no mundial do México). Mas vamos ser realistas, o Benfica era perfeitamente organizado e sobreviveu a passagens de testemunho.
O terceiro anel apareceu como um episódio algo escarneado pelos rivais, mas o Fernando Martins era um tipo organizado, que construiu empresas de nível na sua esfera privada.
O Pinto da Costa era um tipo espertalhão, que acabou por conhecer e criar relação com alguns empresários que, ao longo dos anos, lhe foram inestimáveis.
E, depois, havíamos nós. Fdx, até o Boavista era mais organizado do que nós.
Muita malta tece imensas loas ao João Rocha e eu não tiro qualquer mérito ao que ele conquistou. Mas deixou um clube dependente da sua pessoa, sem qualquer estrutura organizativa que pudesse ser transversal a diferentes mandatos e sem dinheiro. O Amado de Freitas, coitado, herdou uma situação difícil, que se agravou pela megalomania do Jorge Gonçalves.
O Cintra, apesar de tudo, pôs alguma ordem naquilo, quando a situação era deveras precária (conta-se que até a água havia sido cortada).
Os anos 80, para nós, foram penosos e cheios de erros estratégicos.
Repara, até a grande equipa montada pelo João Rocha era envelhecida e de curto prazo. E quando apanhamos um treinador que nos deixa em segundo lugar, com uns quantos miúdos (a fazer uma equipa, literalmente), vai embora.
Muita gente põe nas mãos do Toschack a história do empréstimo do Futre à Académica. Mas isso não pode ter saído do seu intelecto, quando ele nem sequer conhecia os jogadores. Alguém, de dentro, lhe vendeu essa ideia.
Tiros nos pés, pela história fora. Desde o Eusébio, até aos dias de hoje.