Escrevi aqui em Agosto que achava que este plantel era ainda mais fraco que o da época passada e o pior desde 1997/98. O núcleo de jogadores de qualidade para lutar pelo título, já de si restrito, foi ainda mais encurtado com as saídas de Moutinho e Veloso e com a ostracização nunca bem explicada de Izmailov. As contratações não entusiasmaram ninguém e, dos que ficaram, apenas Mendes e Liedson ofereciam garantias de qualidade acima da média - e ambos estão para lá dos 30 e ameaçando entrar na curva descendente final a qualquer momento - Carriço alguma promessa e Matias uma incógnita. Com alguma sorte, alguns jogadores poderiam ser o elo mais fraco numa equipa ganhadora – como João Pereira, Patrício, Evaldo ou Vukcevic – mas nunca a espinha dorsal dessa equipa.
A contratação de Paulo Sérgio não fazia nada para contrariar estes problemas. Pelo contrário, jovem, com pouca experiência de I Divisão e vindo de um fracasso estrondoso em Guimarães, mais facilmente manteria tudo na mesma por estar grato pela oportunidade que lhe foi dada do que teria força e capacidade para impor as urgentes mudanças na condução da equipa. Não havia assim qualquer razão, escrevi também, para acreditar que esta época seria diferente da calamidade do ano passado.
E assim se confirmou. Chegamos a Dezembro e o panorama é desolador: no campeonato, apenas seis vitórias em 13 jogos e uma distância para o primeiro lugar que já é de 13 pontos; na Taça de Portugal, eliminação justa frente ao Vitória de Setúbal. Números e resultados indignos da dimensão do Sporting – mas que não deviam surpreender ninguém
E o cenário à nossa frente é negro. Uma equipa que não consegue montar uma série de 3 vitórias consecutivas a pouco mais pode aspirar do que a uma qualificação europeia. Ora, com apenas 2 pontos de vantagem para o 6º lugar (o último que deu uma vaga europeia na última época) e a maioria dos campos difíceis ainda por visitar na 2ª volta – Porto, Guimarães, Choupana e Braga, só para citar os mais sonantes – o risco de ficar fora da Europa é bem real. No ano passado, safámo-nos muito por culpa da elevada irregularidade dos nossos adversários directos. Este ano, podemos não ter tanta sorte.
Mas ainda mais preocupante do que isto é o ambiente de negação e auto-ilusão que se instalou. Em qualquer clube com a dimensão da nossa, estariam a discutir-se as decisões dos dirigentes e necessidade de reforço do plantel ou os possíveis substitutos do treinador. Veja-se o que se passa ao lado, onde um mau início de temporada bastou para pôr um treinador campeão e uma direcção sob fogo cerrado da imprensa e dos adeptos – e o título aconteceu há apenas 6 meses.
Em Alvalade, perante os resultados desastrosos e persistentes há já várias épocas, o futebol deprimente, os plantéis mais fracos a cada ano que passa e as bancadas cada vez mais desertas, nada se passa. Pelo contrário. Somos diferentes e, com ajuda de uma imprensa sempre amiga, um jogo medíocre com o Portimonense, uma vitória à rasca em casa com o Lille e um empate em casa com o Porto já são suficientes para se proclamar aos céus que a equipa está “num bom momento”.
Quanto a necessidade urgente de reforçar a equipa, estamos conversados: não só ninguém se desmancha a rir com a possibilidade de um avançado que marcou dois golos em 13 jogos no campeonato - a juntar aos fantásticos seis das duas épocas anteriores – como ainda se pressiona para a sua renovação (presume-se que para evitar a chatice de ter de ir ao mercado)!
E reflexão? Bem, faça-se antes a uma contagem hipnótica de bolas aos ferros – só para demonstrar que, no fundo, JEB tinha razão quando dizia que tudo o que falta é um pouco de sorte. Porque, de resto, só mesmo os mal-intencionados é que não querem ver que estamos no bom caminho. Não é?