Eu já devia estar habituado a estas oscilações exibicionais alucinantes, mas mesmo assim ainda me custa entender esta dificuldade da equipa em fazer duas exibições consistentes seguidas.
Jogámos efectivamente mal, apesar de ter achado que o Newcastle é uma equipa perfeitamente ao nosso alcance. Aquelas atrapalhações na defesa inglesa são familiares. Um Sporting num dia sim tem tudo para conseguir corrigir este resultado.
Hoje deu-se mais um daqueles eclipses colectivos, agravado sobretudo na segunda-parte. No primeiro tempo ainda se viram algumas jogadas dignas desse nome, com a presença de vários jogadores do Sporting no ataque, mas quase sempre acaba por existir uma má decisão que impedia lances potencialmente perigosos de se tornarem verdadeiramente perigosos. Era um género de nervosismo colectivo, espelhado na perfeição em Carlos Martins, um dos que mais corria, mas também um dos que mais falhava.
A excepção esta noite foi mesmo Moutinho. Parecia o único jogador do meio-campo com algum tipo de ideias para aquele jogo. Raramente falhou um passe e ainda teve tempo para se entregar à luta na recuperação de bolas. É já um indiscutível naquele meio-campo.
Depois houve ali uma competição interna para ver quem falhava o passe mais simples. Barbosa, Martins e Rochemback foram os protagonistas, sendo que Barbosa parecia esconder-se o mais possível durante todo o jogo, Martins corria qual barata-tonta mas sem qualquer discernimento e Rochemback tentava o número arriscado de ajeitar o elástico do cabelo e ao mesmo tempo fazer um passe para um lado a olhar para o outro.
Na frente, Sá Pinto e Liedson corriam bastante mas acertavam pouco. Douala fez realmente falta neste jogo.
Assim como Enakarhire teria sido útil para impedir que uma das duplas de centrais mais disfuncionais que eu me lembro de ver no Sporting se voltasse a repetir. É certo e sabido que Polga e Beto não combinam, sendo que com Enakarhire qualquer um fica bem. Desta vez até foi Beto o homem que mais falhou - isto apesar de um bom início de jogo-, tendo sido quase humilhante a forma como Shearer se libertou da sua marcação no lance do golo do Newcastle.
Outro dos jogadores que melhor se exibiu foi Rogério. Ainda que com algumas falhas, a forma como ajudou o ataque foi de louvar, sobretudo face à ausência de homens que chegassem à linha e cruzassem.
Peseiro esteve novamente fraco na altura de mexer na equipa, não se compreendendo a entrada tão tardia de Tello. Não que existissem grandes esperanças em que a sua entrada alterasse fosse o que fosse, mas era certo que Barbosa já se arrastava em campo há muito tempo, sendo quase impossível ao chileno fazer pior que o capitão do Sporting. A grande verdade também é que as opções que existiam no banco eram francamente pobres.
Fica uma derrota, mas continuo a manter a ideia de que este Newcastle está longe de ser uma equipa muito forte. Acredito que possamos apanhar uma embalagem boa no jogo frente ao Beira-Mar e que venhamos a comemorar ainda a passagem às meias-finais. Seja como for, a cabeça (e as pernas) tem de estar toda no jogo de Domingo.