Música - Panorama Nacional

a ideia deste tópico nao é discutir as bandas rock portuguesas ou os cantores pimba nem nada disso…

sendo este um forum que tem como publico alvo adeptos do Sporting nao interessando a sua origem ou background geografico, profissional, cultural etc parece-me um bom local para colocar um topico como este pois consegue-se ter um feedback generalizado e nao especializado nem restrito sobre o assunto…

sendo assim o objectivo deste topico é fazer uma recolha de opinioes, experiencias vividas ou conhecidas sobre o estado da música em Portugal…

por exemplo respostas a perguntas como:

  • gostam, conhecem ou costumam ouvir a chamada “música clássica”?..

  • se ja foram ouvir orquestras, coros, musica de camara?.. se o costumam fazer?.. porquê?..

  • sabem alguma coisa de música?..

  • o que se passa na vossa zona/regiao na área músical?..

  • o que se passa na vossa zona/regiao no que diz respeito a agrupamentos amadores (coros, bandas etc)?..

  • para quem vive ou viveu noutros paises… como é a realidade nesses países?

acho que dá para perceber a ideia do tópico…

se houver um grande desinteresse por este topico ja se consegue perceber o que se passa…

Parece-me que ou queres discutir assuntos a mais no mesmo tópico ou não tens idéias bem definidas do que queres discutir. Mas aguardemos pelas reacções.

garanto-te que se há pessoa que sabe o que quer discutir neste topico sou eu…

e nao vejo que as questoes sejam muito distintas para além de serem apenas exemplos de perguntas…

as três primeiras testam o interesse individual por música… as tres ultimas, caso haja algum interesse, focavam as realidades associativas em cada regiao…

gostava que houvesse mais participaçao mas isto é apenas reflexo daquilo que ja desconfiava…

Uma pessoa que deves desafiar para este tópico sem qualquer dúvida alguma é o forista one_o_six!

Lol pensei exactamente o mesmo.

entao?..

Porquê eu?
Não deve ser por gostar de música portuguesa, pois vocês não devem saber disso.
Quando muito, um ou outro poderá saber que tenho milhares de discos, uma fortuna enterrada em hi-fi, e que frequento concertos quando tenho dinheiro para isso, mas pouco mais.

  • gostam, conhecem ou costumam ouvir a chamada “música clássica”?..<<<
    Sim, não é segredo.
  • se ja foram ouvir orquestras, coros, musica de camara?.. se o costumam fazer?.. porquê?..<<<
    Sim, já ouvi um pouco de tudo. Porquê? Porque gosto de música. (OK, antes que me denunciem, todos os audiófilos deviam frequentar regularmente concertos de música não amplificada…)
  • sabem alguma coisa de música?.. <<<
    Nem por isso. Só li uns livros de história da música.
  • o que se passa na vossa zona/regiao na área músical?..<<<
    Sou da zona de Lisboa, vivi mais de vinte anos em frente à Gulbenkian, não há muito para contar.
  • para quem vive ou viveu noutros paises… como é a realidade nesses países?<<<
    [font=Tahoma] Ná, disso não sei muito.

Por acaso, ontem fui dia de peregrinação pessoal: [size=8pt]http://www.musica.gulbenkian.pt/cgi-bin/wnp_db_dynamic_record.pl?dn=db_musica_season_2008_2009_en&sn=grandes_orquestras_mundiais&orn=17[/size]
E mais uma coisa, pop não é música portuguesa… [/font]

Para começar, oiço todo o tipo de música…Embora não goste de algumas…Mas não gosto mesmo nada de música pimba e heavy metal (só gosto de ouvir, às vezes, antes de um jogo de rugby)

  • não aprecio muito, mas oiço música clássica…

  • não costumo ir a concertos, mas cheguei a fazer parte de um coro de câmara na minha antiga escola…

  • tenho o 5º grau de Formação Musical e tive aulas de música dos 3 aos 15 anos!

  • na minha zona, não conheço nada de música, mas tenho amigos meus que têm bandas amadoras…

Para finalizar, eu acho que os portugueses não se interessam muito pela música…É verdade que as pessoas cada vez mais ouvem música e rádio, mas é mais para estarem distraídas…
Uma coisa que me faz impressão é as pessoas dizerem que a música é muito boa…Isto acontece, porque as pessoas pensam que a música se ficar no ouvido e for musical é das melhores…E a letra?Faz-me realmente impressão…As pessoas andam a cantar sem saber o que estão a dizer…Se calhar, é só uma mania minha…Talvez, por ter tido música tanto tempo…

PS: Isto é apenas a minha opinião…

Gosto de música q.b. Não sou daqueles que tem sempre de andar a ouvir qualquer coisa para se sentir bem e detesto ruído, música ou não, quando estou a estudar ou preciso de me concentrar a valer numa tarefa.

Sou apreciador de muitos géneros de música, sendo que não tenho um género ‘preferido’. Aprecio especialmente a música clássica - é a melhor de todas ao vivo, e a música ‘new age’ / espirituosa… ambos os géneros tocam-me e mexem com sentimentos e memórias enterradas (daí também não serem bons quando me estou a tentar concentrar). A música rock e todas as suas variantes é excelente para concertos onde tens 30 000 marmanjos num cubículo pequenino e queres sentir o suor e o calor humano, gritar umas parvoíces, libertar um bocado de adrenalina de forma caótica. Já para ouvir no iPod ou no Hi-fi é para passar o tempo, mas fica com prioridade idêntica à da música pop, se bem que aparecem de vez em quando aquelas que ficam no ouvido e que despoletam algumas sensacões e que são porreiras, mas a verdade é que ao fim de uns meses já esquecemos. Música electrónica é também muito interessante, sobretudo quando é bem feita (estilo David Guetta).

Portugal tem a sua música pop adorada pelas massas e ‘as outras’, adoradas por públicos mais específicos. O fado é lindo de ser sentido ao vivo e tem a particularidade de ser único em todo o mundo - não conseguem ouvir nada igual vindo de outro país.

Os outros países também têm a sua cultura pop, com as suas diferencas, mas nada de especial. A grande diferenca que encontro no estrangeiro é que as pessoas dão mais valor à música clássica. Em Portugal é vista como música para eruditos, na Suécia onde estou é vista como entretenimento… p.ex. ir à Ópera é visto como ir a um espectáculo como outro qualquer e não como algo de ocasional ou excepcional.

bem o grande objectivo deste topico era responder a uma questao que vou fazer no fim deste post…

desde os meus 14 ou 15 anos que toco na banda filarmónica aqui da terra, frequentei o conservatório regional mas nao cheguei a acabar por causa da universidade e entretanto convidaram-me para dirigir o coro da sociedade onde já tocava…
já dirijo esse coro há uns 7 ou 8 anos…

há uns dias atrás fui convidado a ter uma reuniao com os dirigentes da sociedade para falar sobre coro… o porquê de nao ter mais gente (tem cerca de 25 pessoas), como incentivar a participaçao de mais gente e principalmente de mais gente com qualidade…

a resposta a estas questoes é que há um grande desinteresse (nao sei se apenas aqui, se a nivel nacional ou internacional) por musica… as pessoas estao tao fechadas nos seus mundos, nas suas rotinas, têm um conhecimento musical tao limitado que esse desinteresse é normal…

nao digo que nao hajam excepcoes e que nao hajam movimentos musicais amadores que consigam um verdadeiro reconhecimento por parte da comunidade…

mesmo a nivel da banda, que é uma instituiçao centenaria, vê-se menos miudos e normalmente com menos potencial…

claro que se pode pôr em causa a qualidade destes grupos amadores, mas é a partir daqui que nascem grande parte dos músicos portugueses… quem costuma ir ver orquestras nacionais (ja nao vou ha cerca de 2 anos) deve conhecer o cenario: os naipes das cordas sao constituidos na sua maioria por musicos estrangeiros, as madeiras, os metais e a percursao por musicos portugueses por serem os instrumentos que existem nas bandas filarmónicas…

a minha questao é: o que acham disto?.. é um assunto que vos interesse minimamente ou nao querem saber?..

é legitimo que nao queiram saber e que esta seja a menor das vossas preocupaçoes… mas é só para ter uma ideia…
é que se houver muita gente interessada ou com um minimo de interesse eu posso extrapolar para a realidade aqui da terrinha e talvez chegar á conclusao que o mal está no marketing e nao apenas na mentalidade da populaçao…

Ainda bem que falaste dos coros: os coros dos putos ingleses (deve ter um nome qualquer) nas igrejas são a característica mais particular que conheco da música inglesa (não sei se isto se pode chamar música no sentido mais comum da palavra) e são espectaculares.

exacto… esse é um exemplo… nao sei se acontece noutros países nordicos…

sao coros amadores de crianças, onde ha exigencia e rigor e onde sao abertas portas para a musica… em Portugal nao existe isso…

a grande questao é: é um problema cultural ou de má imagem?

Eu não sei bem o repertório aí da Banda Filarmónica, mas na da terra dos meus pais e onde fui registado, o repertório é recente (principalmente de filmes, e são músicas que ficam no ouvido, e com ritmo) e eu acho que isso leva os miúdos a experimentarem…

Depois também pode ser uma questão de dar a conhecer aos miúdos os instrumentos…Mesmo que não tenham aulas de música, era bom que tivessem uma aula, ou coisa parecida, em que lhes mostravam os instrumentos e tocavam um pouco, e até mesmo que eles pudessem experimentar…

Em relacão às questões que colocas, acho que tem a ver com a mentalidade: em Portugal dá-se muito valor às notícias do futebol, aos telejornais de 1h30m com todos os directos possíveis e imaginários, às novelas de todo o tamanho e feitio e assim sendo fica difícil haver espaco para outros interesses.

As pessoas estão demasiado formatadas para gostar de 4 ou 5 coisas e não procuram / são incentivadas coisas que apreciem noutras vertentes. Por exemplo, esta música que coloco a seguir é das mais belas de todas ao vivo (pela imponência e grandiosidade) e não é daquelas que fica ‘no ouvido’, é das que fica mesmo cá dentro para sempre.
[youtube=425,350]http://www.youtube.com/watch?v=YAOTCtW9v0M[/youtube]

Se perguntares ao pessoal que música é, poucos conseguirão responder-te, mas se as mesmas pessoas tivessem passado pela experiência de assistir a isto ao vivo tinhas 100% de respostas correctas à primeira.

sim o repertório é dentro desse género… bandas sonoras, medleys de musicais, peças modernas para banda… no próximo concerto em principio devemos tocar o concerto para dois trompetes de vivaldi (digo devemos porque o outro rapaz que ia tocar está com um problema nos dentes e nao sei em que estado ele vai chegar ao concerto…)…

toca-se muita coisa…

por exemplo, a minha namorada foi ver um concerto da banda (ja tinha visto antes, mas tinha sido na rua…)… ja namoravamos há uns meses e ela nunca tinha dado atençao antes e nao tinha o minimo interesse… foi ver esse concerto e gostou tanto que no ano seguinte começou a aprender flauta e entrou para a banda…

tinha uma ideia completamente diferente do que era uma banda filarmónica…

e aprende-se verdadeira musica se quisermos aprender… ainda me lembro de uma mini discussao que tive com uma pessoa por causa de um acorde num cavaquinho… eu nao percebo nada de instrumentos de cordas… percebo um bocadinho porque aquilo tambem nao tem grande arte… mas o gajo estava a insistir que um acorde qualquer era numa posicao e eu perguntei-lhe que nota é que davam as cordas soltas… ele disse-me e eu disse-lhe quais as posicoes para fazer esse acorde… o gajo disse que eu era maluco e que nao percebia nada daquilo e que os acordes no cavaquinho eram diferentes… aqui se vê a ignorancia (e pior a mania que se sabe quando nao se sabe…) musical que existe… quando um gajo insiste que um acorde (as notas, nao a posicao…) no cavaquinho é diferente de um acorde em qualquer outro instrumento acaba logo a conversa porque nao vale a pena…

Mas aqui o problema é o futuro, pelo que entendi, certo?

é o futuro e o presente…

estava á espera de conhecer outras realidades de modo a poder fazer uma analise do presente para traçar caminhos para o futuro… assim uma especie de auditoria para se poder fazer escolhas para o futuro…

é que eu tive algumas ideias de modo a tentar incutir na comunidade o gosto e o interesse por estas questoes mas se nao houver o minimo potencial na comunidade nao vale a pena…

por exemplo… como ja disse, o meu coro é relativamente pequeno… tem 25 pessoas, amadoras, a maioria nao tem verdadeiros conhecimentos musicais (vou tentar mudar isto no novo ano… se tiver tempo passo a dar umas horas extra de modo a que aprofundem os seus conhecimentos musicais)… ora com 25 pessoas, sem reconhecimento por parte da comunidade acaba por ser dificil ganhar projeccao e incutir interesse nas pessoas… uma dessas ideias passaria por reunir uma serie de coros amadores durante algum tempo e trabalhar obras que tenham impacto (por exemplo a obra que o Paracelsus colocou… salvo erro é a 9ª do Beethoven nao é?..)… ora um coro com 80 ou 100 pessoas poderia ser o click que poderia dar visibilidade ao fenomeno musical… mas só vale a pena se houver o minimo de potencial na comunidade…caso contrario é tempo, esforço e dinheiro deitado á rua…

Eu acho que aí, é melhor trabalhar bem com esse grupo, e depois tentar dar visibilidade através de concertos, etc.

Se calhar, tentar ver, nessa zona (não sei se é uma área grande ou pequena), quem percebe de música e/ou tenha uma boa voz…

O problema é que isto não se faz sozinho…Tem que ser um bom grupo.

e para ter um bom grupo é preciso poder escolher… e se eu puder escolher de um grupo de 300 ou 400 pessoas consigo formar um melhor grupo do que se só puder escolher de 10 ou 20 pessoas…

o problema é fazer essa prospeccao, dar visibilidade e despertar interesse de modo a que mais gente queira participar e daí poder escolher… ora essa visibilidade e o despertar do interesse, no fundo, uma pequena mudança de mentalidades faz-se mais facilmente impressionando as pessoas… mesmo que nao ao ponto de quererem participar pelo menos ao ponto de se falar nisso e de irem aos concertos…

nao sei como se passa noutros casos, mas no meu caso é um trabalho complicado…

Havias de ouvir isso pela Staatskapelle de Berlim dirigida por Otmar Suitner (edição Denon)…
Essa música tem que ser ouvida com o volume altíssimo, senão não se parece nem um bocadinho com o que se ouve ao vivo.
Eu tive a suprema felicidade de ouvir isso em circunstâncias muito particulares. No âmbito de determinada comemoração, foi interpretada duas vezes seguidas. No primeiro dia tive que me contentar com a transmissão radiofónica (de excelente qualidade), e no segundo fui convidado a assistir na sala da monitorização da gravação duma hipotética edição em CD (que nunca irá suceder…), mas assisti na sala, e só depois fui à sala de monitorização, onde assisti a imensas repetições pela madrugada adentro, à porta fechada, depois do público ter saído todo.
A história é longa, adianto apenas que quem estava a dirigir a captação era um famosíssimo técnico que foi duma famosíssima editora.
Não resisto a dizer que quando estava na sala bem pertinho do final, com o coro e a orquestra em uníssono, senti os meus ouvidos como que a fazer clipping!