Música - Panorama Nacional

Aglo que costuma ter sucesso por cá são os coros de igreja. O pessoal acaba por gostar bastante durante a missa e não é algo que exija altas performances. Depois também tens as performances nos casórios, só que só para os ricaços, porque contratar 25 tipos de uma vez só deve ficar um balúrdio ;D.

Vocês não precisam de ter um coro grande, precisam sim de serem ouvidos e do pessoal se sentir interessado em vos ouvir. Esta é a parte mais difícil, porque geralmente as câmaras municipais e afins preferem dar 3 000 € e meter a Ágata a cantar durante 45 minutos. Mas têm de começar por aglum lado e sr um bocado como as tunas que vão cantar e exibir-se a todo o lado, inclusivé à televisão. :wink:

Porque gosto de ler coisas de alguém que tem muito mais conhecimento do que eu numa área que eu gosto particularmente: a música! :stuck_out_tongue:

o problema nao é serem 25 pessoas… é serem 25 pessoas com uma qualidade e potencial medio algo baixo… tenho lá gente muito boa e de grande qualidade que vao segurando aquilo e depois mais uns quantos que se tiverem esses muito bons ao lado conseguem ir atrás e outros que nem isso conseguem…

ou seja o problema nao está no numero de pessoas mas sim no numero de candidatos… ora como tu e o one_o_six disseram há obras que marcam profundamente quando apreciadas ao vivo… pela sua beleza, grandiosidade etc… falaram da 9ª do Beethoven mas há muitas como o requiem do Mozart, ou os Carmina Burana do Orff, ou alguns excertos de óperas… já tive oportunidade de cantar as " danças guerreiras" da ópera “principe igor” do borodine e é algo que arrepia até chegarem as lagrimas aos olhos… ou seja a intensidade do lado do emissor ainda é maior que do lado do receptor… é esta sensibilidade e conhecimento que a populaçao em geral nao tem…

vou deixar aqui dois trechos de uma das mais geniais obras alguma vez escritas: o “requiem” de Mozart (para quem nao sabe o Mozart morreu antes de conseguir terminar a obra e quem a terminou foi um aluno seu, sussmayr a partir de indicacoes dadas pelo Mozart…)

[youtube=425,350]http://br.youtube.com/watch?v=d88xIIRDI9U[/youtube]

[youtube=425,350]http://br.youtube.com/watch?v=xO3nT5cvaOo[/youtube]

só chamar a atençao para tres coisas: os primeiros 7 compassos do introit que é das coisas mais perfeitas que ja ouvi (sao os 35 primeiros segundos aproximadamente…)… ao kyrie, la mais para a frente, que é uma fuga dupla (ou seja dois temas sobrepostos que se vao desenvolvendo ao longo da obra… acho que ainda existe ainda um terceiro tema mas mais escondido e que nao pode ser considerado parte uma voz da fuga mas apenas um acompanhamento pontual…)…

e no segundo trecho a seguir aos solistas…

este coro tem 20 e tal ou 30 pessoas mas sao todos cantores profissionais e percebem daquilo a rodos… ou seja o problema nao é a quantidade mas sim a qualidade (apesar de outras obras precisarem de mais “corpo”)…

[font=Tahoma]Não que interesse muito, mas não deve ter sido e-xac-ta-men-te como dizes: http://en.wikipedia.org/wiki/Requiem_(Mozart).[/font]

li isso algures (acho que num livrinho que vinha com um cd…) e na wikipedia tambem vem essa versao… a nao ser que nao tenha percebido bem a parte do “exactamente”… é claro que ha muitas historias em volta do assunto e que mesmo esta versao tem mais que se lhe diga mas em traços gerais foi isto: Mozart morreu deixando a obra incompleta mas com partes de outros andamentos e outras notas e o sussmayr pegou nisso e acabou a obra (mesmo que tenha havido intervençao de outros compositores e de haver duvidas de quais os trechos que realmente foram escritos ou indicados pelo mozart…).

nao é isto?.. pelo menos é a ideia que eu tenho… mas realmente para se saber melhor nao ha nada como ir á wikipedia…

Foi mais ou menos assim, mas não exactamente. Lê o artigo. Aquilo foi uma manta de retalhos, embora a maior parte do trabalho tenha sobrado para Sussmayer.
Essa questão permanece muito actual, por causa de outras obras; depois da Décima Sinfonia de Mahler, além da Sinfonia Incompleta de Schubert, há a Nona de Bruckner actualmente na berlinda.

ja li… realmente a parte dos mitos e realidade demonstra que existem algumas duvidas…

mas nao é por isso que deixa de ser uma obra espectacular… eu que nem sou grande apreciador de Mozart (pelo estilo… mas reconheço que é genial…) considero esta peça uma das mais bonitas de sempre…

Entro nesta thread só pra dar uma palavra de apreço ao Paulo Duarte. Imagino nele um daqueles “carolas” que sacrificando o seu proprio tempo livre, vida familiar e muitas vezes dinheiro, se disponibliza para proporcionar a outros a possiblidade de fazerem algo de diferente.

tambem nao é bem assim porque eu ganho para dirigir o coro… é pouco mas quando comecei andava na universidade e parecendo que nao era (e é…) o part time perfeito: dois ensaios por semana de duas horas cada, a ganhar qualquer coizita, a fazer algo que gosto e que, apesar de algumas preocupaçoes e frustracoes, quando o resultado é bom é um alimento para a alma… ainda me lembro dos primeiros tempos em que peguei no coro, com muito menos potencial do que o que tem agora, e depois de muito trabalho consegui pô-los a cantar a 4 vozes pela primeira vez com o minimo de afinaçao… é uma sensaçao indescritivel…

mas tenho muito essa dedicacao a certas causas (no meu caso a musica… para além de ensaiar o coro, toco na banda e dou aulas de piano…) e acho que faz muita falta um maior envolvimento por parte da comunidade a movimentos amadores… outro exemplo sao os grupos de teatro amador…

eu compreendo que a vida que nos obrigam a viver retire disponibilidade a muita gente… quem se levanta ás seis ou ás sete para ir trabalhar, depois passa uma hora no caminho, nove ou dez horas no trabalho (ja contando com a hora de almoço e outras pausas) com as chatices inerente á profissao, mais uma hora e tal de volta a casa, fazer o jantar, cuidar dos filhos, tratar de outras tarefas domesticas, quando chega ás nove da noite tem tudo menos vontade de sair de casa para ir a um ensaio algumas vezes chatos como a potassa, em que é preciso haver alguma disciplina e silencio…

mas é daquelas coisas que nao sei como mudar… no fundo, sinto-me a nadar contra a corrente…

bem… e depois de andar a desculpar a sociedade por isto e por aquilo olho para a televisao e está o jose castelo branco a “cantar”… realmente nao ha desculpa… é uma questao cultural…

:lol:

Tens que ouvir o Ave Verum Corpus (K.618). É uma boa obra para o teu coro.
http://www.google.com/search?rls=ig&hl=en&q=mozart+ave+verum+corpus&btnG=Google+Search&aq=f&oq=

ando a ensaia-la neste momento… :great:

A música faz parte da minha vida. Simplesmente não consigo viver sem melodia. Cresci desde muito a cedo a ouvir bandas como U2, Scorpions, Guns N’ Roses, Nirvana, Faith No More…
Foram excelentes bases para aquilo que se tornaria o meu gosto musical. Simplesmente adoro Metal, música pesada em todas as sua vertentes, tirando um sub género ou outro. Thrash, Progressive, Industrial são os meus predilectos.

Mas não dispenso boa música clássica, sou um fã ávido de jazz e gosto bastante dos estilos ‘Metálicos’ que incorporam jazz na sua criação. (Bandas como Cynic, Porcupine Tree, Opeth que se baseiam muito em Pink Floyd, Rush, Yes…)

Já estoirei várias vezes as minhas finanças para ver concertos/festivais. Adoro o ambiente, são dias únicos que normalmente ficam para a história. Guardo com nostalgia a minha presença na primeira fila para ver os mestres Metallica ou o 3 fantásticos dias seguidos com Nine Inch Nails no Coliseu.

É um sonho para mim ser músico. Toco guitarra e baixo, ainda não tenho uma banda pois é difícil encontrar alguém disposto a despender o tempo necessário para formar um projecto conciso e não só com o intuito de ‘passar o tempo’. Contudo, é um objectivo que gostaria de realizar, apesar de saber perfeitamente que é difícil. As oportunidades são poucas e em Portugal prefere-se dar destaque e hype a coisas como D’zrt ou 4taste. Bons projectos raramente os vemos divulgados, dando os estrangeiros mais valor ao que se faz de bom por cá. Uma tristeza.

Meu caro Portugal é um sítio lixado para uma pessoa que queira fazer boa música e viver dela… A boa música dificilmente rende dinheiro por cá! E as pessoas infelizmente tem de viver… O que não falta aí são grandes músicos a trabalharem para artistas pimba porque boa música não espeta comida na mesa!

Um bom exemplo disso e que acaba por ser algo injustiçado nisso é o José Cid! Uma pessoa olha para o seu trabalho e só vê lixo à primeira vista… E porquê? Porque infelizmente é aquilo que vende por cá é o “Macaco gosta de banana” (acho que é esta música segundo ele foi feita para comprar um carro), é o “Favas com Chouriço”…

Agora imaginem qual não é o meu espanto quando me chega às mãos um álbum entitulado “10000 anos depois entre Venus e Marte”, que foi considerado por uma revista britânica da especialidade (que tem valor meramente relativo) como um dos melhores 100 álbums de rock progressivo de sempre e cujo nome de autor é José Cid. E o mais espantoso é que em Portugal este registo é praticamente desconhecido…

É verdade. Quando me falaram que o José Cid tinha um albúm na lista dos 100 melhores discos prog(da Billboard se não me engano) pensei que a pessoa tivesse a fazer confusão com o nome, mas parece que o homem deu-lhe bem nesse disco, que ainda não ouvi.

É dificil viver da musica cá é verdade, mas também ajuda muito pela mentalidade das pessoas, e os motivos geograficos. Tomando o metal como exemplo, acho que se fala de mais e trabalhasse de menos. Quantas vezes vemos nas louds (entre outras) entrevistas de artistas tugas, que preferem falar de que banda x é nojenta ou não têm atitude, em vez de manter uma postura humilde. Claro que há excepções, mas no geral acho que somos muito mesquinhos a lidar com o sucesso dos outros. E claro, ter uma banda para quem vive no centro da Europa ou nos States é bem mais facil do que num país periferico como o nosso.

isto é como em tudo…

se queres ter um produto para vender a primeira coisa a fazer é uma analise de mercado… ver o que é que as pessoas querem, por onde podes entrar no mercado, a que preço e qual a qualidade…

o problema de fazer musica é ser algo muito pessoal e tu até podes fazer uma musica que achas espectacular e que está muito bem feita que se mais ninguem o achar nao vale nada, comercialmente falando…

conheço algumas pessoas que tinham bandas de metal mas faziam-no apenas por gozo… em termos financeiros nao dava nada… porquê?.. os originais nao eram grande coisa, o genero nao tem muito publico e por isso das vezes que tocavam ao vivo era quase sempre de borla e a convite de amigos… depois há o pessoal dos covers que ainda se vai safando em bares…

claro que depois ha outra questao: a qualidade musical… em muitas dessas bandas de garagem nao ha ninguem que perceba de musica, normalmente sao instrumentistas com algum jeito para a coisa mas que nao sabem bem o que estao a fazer e, pior, tambem nao tentam aprender… contentam-se em tocar umas coisas de ouvido em inventar, uns solos manhosos, na bateria fazem-se uns 4 ou 5 (se tantos… ha pessoal que só sabe um e o que varia é o andamento) desenhos ritmicos… ou seja, espremido nao dá nada a nao ser o pretexto para se abanar a cabeça e andar ao moche…

apesar de gostar de musica “ligeira” (nao estou a incluir o jazz) nao lhe dou grande valor… da musica pimba, ao metal, passando pelo fado (está a mudar…), ou pelo pop rock, latina etc, 99% do que se faz sao cancoes baseadas em meia duzia de acordes (umas com melhores melodias ou melhor arranjadas outras de menor qualidade…) sem grande valor musical… como diz um amigo meu: sao coça barrigas…

nao dou grande valor porquê?.. porque para mim musica (á séria) é mais do que:- qual é que é o acorde?.. e quando é que muda?.. ou entao: que malha é que se faz aqui?.. e depois em cima cantar-se uma melodia qualquer… pode ser “fixe”, ter estilo, até ser bonito e soar bem, valor musical nao tem muito…

ó Paulo Duarte e se metesses a miudagem da tua banda a ver um filme como o “School of Rock” ou coisa assim do género? Pode ser que os inspire.

Tenho de concordar com tudo o que foi dito nos últimos posts.

Como disse o Paulo Duarte, há muita banda por aí que de música não percebe um corno. Limitam-se a mandar uns ‘powerchords’ na guitarra, grunhir umas coisinhas… Mas a maioria também têm consciência da sua falta de qualidade e apenas tocam por pura diversão. (Falo da área metálica, que é aquela que conheço melhor)

Mas depois também temos as tais bandas covers… Os Mortallica, por exemplo. São óptimos músicos, conheço-os pessoalmente [o guitarrista solo até foi professor de um dos meus amigos]. Conseguem ‘esgalhar’ faixas de Metallica com uma perna às costas…
E eu pergunto: Mas estes tipos não terão qualidade suficiente para viver da música? Qualidade têm. Não têm é maneira de se desenvolver no underground. Não há espaço de manobra, não há ninguém que arrisque… Prefere-se muito mais lançar ‘bandas’ que têm um prazo de validade já conhecido, que toquem músicas manhosas com letras sobre relações amorosas falhadas… Tanta banda que ganhou os seus troquinhos sem ter nada de especial… Excesso, Millenium, Dzrt, 4taste.

E onde estão as oportunidades que estes tiveram para outro tipo de bandas? Nem sequer falo de grupos extremos que tocam Black e Death Metal, pois estes são estilos que em qualquer canto do mundo têm muita dificuldade em se desenvolver, por falta de público e de editoras capazes. [E, repito, as bandas deste tipo têm pleno conhecimento sobre a situação.]
Conheço muita boa gente que tem um talento inacreditável, seja a tocar guitarra, baixo, piano, bateria, saxofone… Whatever. Mas acabarão por nunca contribuir com a sua genialidade…
Podemos estender isto a outros campos artísticos… Na literatura, então. Quantos vultos da escrita não morreram na miséria, sendo consagrados post-mortem como os melhores de sempre?

Não há uma cultura artística em Portugal, é a minha opinião. Conheço um rapaz que está emigrado em Londres [O Yazalde pode confirmar isto ou não] que me diz que em Inglaterra são raros os jovens que não são incitados a praticar o seu lado artístico.
E por cá? Pelo que me dá a entender, os jovens, na sua maioria, vão para escolinhas de futebol e pouco mais. Mesmo sem ter qualquer tipo de talento. [Será por isso que tantas modalidades portuguesas estão carenciadas? I do think so.]

E também posso falar da Suécia, concretamente de Gotemburgo. [Paracelsus, se quiseres também podes dar o teu parecer acerca do que vou dizer.] Os suecos têm um inúmero lote de bandas de música pesada que têm sucesso a nível planetário. Falo de grupos como Opeth, Arch Enemy, In Flames, Soilwork, Dark Tranquility, At The Gates, Amon Amarth… E por aqui me fico.
O Death Metal Melódico praticado em Gotemburgo é tão famoso que foi cunhado com o nome de ‘Gothenburg Style’.
Não estou por dentro da cultura sueca, mas leva-me a crer que por lá também existe uma cultura artística implementada.

Pequenas grandes diferenças…

[Depois também temos aqueles programas tipo Ídolos… Prometem tudo e mais alguma coisa, mas depois temos vencedores nisso a fazer coro num programa rasco da manhã televisiva.]

Os suecos são um povo peculiar, digamos que eles não aderem propriamente ao fenómeno de massas com facilidade. Por exemplo, nem a comunicacão social se fixa em coisas como os D’zrt, nem o público fica vidrado anos a fio com coisas como os D’zrt (tirando o público realmente adolescente dos seus 14-15 anos). O espectro é muito alargado e a oferta muito alargada, pelo que é difícil por vezes até aperceberes-te que determinada banda ou estilo existe até o ouvires por acaso ou porque alguém que conheces achou piada.

Isto não faz confusão nenhuma aos suecos, que pautam a sua existência por uma tranquilidade acima do habitual, sem que exista uma pressão imensa para ter sucesso. Aqui raramente existe o tudo ou nada, o tens sucesso ou és uma m****. E isso contribui para que aparecam estilos diferentes e inovadores que são criados muito por instinto e vontade de explorar novas fronteiras, e não propriamente para ter sucesso esmagador a nível mundial :P.

Como já disse, em Portugal existe uma formatacão muito grande para um espectro muito pequeno de coisas. O pessoal é bombardeado com novelas, futebol e noticiários, com uma ou outra ideia de estilo cool e pouco mais. Não há grande diversidade na oferta e, verdade seja dita, não há também na procura.