Tu vais te gastar de tanto evocar o extraordinário (inédito?!) feito de Jesus a época passada…
E eu que até achava que já antes havíamos sido campeões, com recursos bem mais aquém, até no que diz respeito ao lugar do treinador.
Óptimo!
O teu grau de satisfação acerca do trabalho realizado e que não te faz minimamente vacilar na confiança atribuída ao treinador, talvez, ainda que satisfatório, não seja exactamente o mesmo que outros.
Dir-me-ás que somos todos uns exigentes do caraças…
Pois é! Mas para quem viu uma equipa de magníficos jogadores, a jogar o que jogavam, perder a m**** do título por pormenores algo impensáveis, da que pensar e cismar!
Ainda assim, a atitude correcta é pensar:
Pronto!! Era o primeiro ano e tal…
Agora vai ser diferente porque começa-se a preparar a coisa logo do início.
Não vamos dar hipótese.
E sobretudo não vamos dar de avanço como fizemos a época passada a perder pontos em casa com tondelas (Mas que raio!!! E não é que voltamos a perder pontos novamente com os mesmos tondelas…).
Portanto, vamos lá esquecer a época passada que nem terá assim tanto por recordar daqui por uns anitos quando apenas nos lembramos que foi a tal que deu o 35º título e tricampeonato ao nosso maior rival, prolongando a nossa secura para 15 anos sem vermos tal coisa é concentremo-nos naquilo que está a ser feito este ano e que tem algumas semelhanças com o pior que vimos a época passada.
Jesus… Trabalha mas é!
Não se trata de evocar contextos passados para justificar ou desesponsabilizar contextos actuais, ainda por saber se pontuais ou estruturais, mas sim de atacar que se reescreva a história, à conta ou de frustrações do momento que os Sportinguistas todos partilham ou pior, ou à conta de gostos e preferências pessoais quanto ao perfil do treinador em termos de comunicação, aproveitando a má fase da equipa para uma narrativa que tem menos a ver com o trabalho que tem sido feito até ao momento e mais com um revanchismo desonesto.
Satisfação de minha parte com o momento da equipa não existe certamente e é uma referência absurda e sem qualquer sentido lógico com a linha condutora do que tenho escrito.
E ninguém referiu isso… Eu sei que não estás contente!
Chiça… Pudera!
Ninguém honestamente e em consciência quereriria ficar sem Jesus para esta época, depois daquilo que fez a época passada.
Mesmo que assolados pelos comentários maliciosos dos nossos amigos adversários que nos diziam:
-Jesus é mesmo isto!
-Jesus joga à brava para depois perder títulos por pormenores escusados…
-Jesus gere mal as suas equipas quando não sabe transitar entre competições , seja na Europa, seja nas competições nacionais.
-Jesus aposta mal nos formados do clube.
-Jesus compra exageradamente e muitas das vezes erradamente.
-Jesus é bastas vezes traído pela sua conversa de chacha…
Agora vamos colocar as coisas como elas são.
Não confundas revanchismo com exigência legítima.
Vamos por aqui um cenário por hipótese.
Imaginemos que o que se afigura esta epoca seria o que se teria passado a temporada passada.
O que sucederia quanto ao sentimento generalizado para com um treinador deste calibre por cá?
Já agora coloco-te outra questão: Porquê que um cenário desses não se materializou, mais ainda sendo a primeira época dele, logo muito mais justificável que agora, e muito dificilmente aconteceria?
Jesus tem um manancial de sucessos que faz dele alguém reputado, como tal é exigível que se traduza em trabalho visível e continuo, quando as condições ao seu dispor são, isso sim, inéditas.
Estamos portanto expectantes, enquanto nos desiludimos, mas longe de entendemos a actual conjectura como um momento de vinganca ou outra coisa qualquer.
Agora… Chiça!
Se a ti não te irrita que à custa do nome do teu clube alguém se apregoe ser tudo e mais alguma coisa mesmo que tal não se traduza na realidade para justificar que o mal não está nele mas sim nas condições que o clube não tem para oferecer a uma sumidade destas, para além de outras desculpas esfarrapadas com justificar resultados negativos com o Tondela porque entende que o árbitro roubou ao não ter dado 38 minutos de desconto em vez de apenas 7, diz-me quem é o teu guru espiritual porque eu quero já ter uma consulta com ele… Bem preciso!
A exponenciação dos defeitos de JJ e a descontextualização de factos misturados com não factos, é feita por ti desde que JJ chegou.
O percurso no clube anterior, anormalmente longo no futebol português, serve para um acumular de motivos de críticas dos seus adeptos, decorrente em grande parte do tamanho monstro da amostragem de 6 anos, centenas e centenas de jogos, milhares de decisões que pela lei das probabilidades e lógica, registam um grande número de erros, também.
Ora esse desgaste faz esquecer o óbvio e a relevância do lançamento das bases de construção na actual hegemonia vermelha, que desonestamente e ingratamente se varre para debaixo do tapete.
Já o disse n vezes. Disse-o ao longo dos anos, disse-o quando chegou ao Sporting, disse-o depois. Não gosto da postura pública do treinador, tento não ver as suas CIs ( por outro lado gosto das suas entrevistas de fundo ) e não me faz qualquer aflição se gosto ou não desde que apresente resultados e seja solidário e leal com a sua entidade patronal, como diga-se, foi sempre. Sim, inclusivamente nos vermelhos.
No contexto em causa, com erros certamente, JJ cumpriu na sua primeira época com os pressupostos inerentes ao investimento que se fez nele. Montou uma equipa competitiva, bem trabalhada, capaz de lutar verdadeiramente pelo título, valorizando os activos do clube no processo.
Na segunda época… o que há até ao momento é uma fotografia muito parcial e sinais preocupantes de retrocesso e isso ninguém o nega. Mas para já é isto só isto.
Pois eu já acho que tu estás sempre a partir de um pressuposto errado em relação, pelo menos, à minha opinião sobre o assunto em causa e do treinador em particular.
Quando Jesus assumiu o cargo de treinador no seu anterior clube obteve um alento que não é traduzível nos tais recordes que tanto por aqui apregoas, obtido o ano passado em circunstâncias que em muitos aspectos nada tem que haver somente com o trabalho de Jesus no clube mas sim com uma estrutura já antes montada por muitos intervenientes nesse processo de construção.
Esse referido alento é tão somente a conquista inédita para ele, e de muitos anos para o clube, de um título de campeão nacional.
Não tivesse ele atingido tal desígnio e duvido bastante que, por mais vontade que pudesse ter, o seu anterior presidente, tivesse lhe dado o tempo necessário para continuar a construir a sua página na história desse clube.
O que nos distingue então desse ocorrência, já por ele vivida, e que lhe sustenta a tese que ele é que realmente é enorme, já o seu actual clube é que ainda não detém os alicerces para o acompanhar nessa grandeza?!
É que ele foi contratado sob a premissa de um treinador vencedor é consagrado, por valores exorbitantes, que fazem exigir dele um trabalho significativamente superior àquele então iniciado no rival.
É que antes, se a coisa tivesse corrido somente mal, era apenas mais um para descartar.
Agora, já no Sporting, o esforço qualitativo e, sobretudo, quantitativo que se fez obriga a um quadro de resultados distinto é bem mais exigente.
Quando eu digo mais exigente não o é por via do número de sucessos obtidos no clube anterior.
Se me deres já aqui a garantia que Jesus nos próximos 5 anos, a contar com este, vence 3 títulos nacionais, eu compro já…
Só que isso é futurologia pura!
Aquilo que se lhe exige vive no presente e aquilo que aqui está a ser visado e alvo de crítica, ao contrário da tua suposição, que assenta sempre no pressuposto que eu, ou outro qualquer, apenas esperávamos ele falhar para o atacar, é a forma pouco concebíveis como se fez a política de contratações, já originada na época passada, a forma descabida como se dispensa jovens valores por dá-cá-aquela-palha enquanto se mantém outros que nada provam e que ninguém percebe ou entende, a forma como se prepara uma pré-epoca de forma absurda e francamente amadora e, em resultado disso, começa-se uma época assente em resultados que acabam por começar a traduzir todos estes defeitos já antes detectados mas que qualquer adepto que se preze se limita a registar e esperar que não se venham a confirmar.
Ou achas que tudo isto que sucede agora é apenas e só por desgraça do Espírito Santo?!
Agora olhando em frente.
Em lado algum viste-me querer que Jesus fosse corrido daqui para fora.
De resto, sabes bem que já antes escrevi por diversas vezes a minha convicção nos seus méritos e até alguma empatia pela sua forma de ser.
E não é à toa que o digo porque em alguns aspectos considero importante que uma forma de ser destas seja também fundamental para se fazer uma personalidade ganhadora.
O futebol não pede punhos de renda e no campo, ou no balneário, uma voz menos virtuosa é, por vezes, salutar, pois traduz o nível de linguagem que muitas vezes entra melhor na mente do típico jogador da bola.
Agora o que não é, de todo, aceitável é ficar mudo perante um sucessivo conjunto de equívocos e erros perfeitamente escusados e, de certa forma, previsíveis e ficar apenas à espera que chova.
Claro que a minha voz não é nem aqui, quanto mais onde interessasse, achada.
Mas outras são…
Algumas que em outros tempos, por muito menos, tiveram um comportamento absolutamente distinto, exagerado e até inconcebível para os interesses do clube, pondo-os, isso sim, até em causa.
Não espero por isso uma reprise de tais episódios mas espero uma actuação como uma resposta efectiva e célere perante o actual estado de coisas.
Não é de todo admissível o comprometimento de alguns jogadores neste plantel.
E não estamos a falar de falta de forma, estamos a falar mesmo de falta de entrega.
Como não é admissível a insistência em modelos que continuamente dão erro.
Como não é concebível a contínua ausência de apostas em alternativas que no mínimo merecem a chance de provar perante tão incompetente respostas daqueles que são sistematicamente postos em campo sem resultados evidentes.
Dirias que eu não sou o treinador.
Tens razão, sou só adepto.
Mas então cabe à quem se diz enquanto tal provar o quanto eu estou errado.
Prová-lo com os resultados que o meu empenho tanto material como anímico assim exigem.
Pois eu tenho a certeza que não estou. Um simples olhar pelo histórico das tuas msgs o comprova.
Aliás, o que escreveste neste post do qual cito a frase acima, é em grande medida, diferente do que tens escrito em muitos outros comentários e com isto eu concordo na generalidade ou pelo menos em boa parte.
Se falei várias vezes ( e não só no pós JJ ) numa melhor rentabilização dos recursos internos, defendendo casos especificos que não foram avaliados ou geridos da melhor maneira, a minha opinião sobre esta questão parece-me óbvia.
Agora há questões parcelares ou parciais que são apenas isso. Opiniões. No fundo é como achares que Capel foi mal gerido e tinha capacidade para fazer parte do projecto desportivo e que foi em algum momento um jogador imprescindivel ou eu achar algo parecido do Matias. Não vamos sair disto e andamos às voltas de irrelevâncias. Claramente tu gostas de coisas que não gosto e vice versa.
O que me parece indiscutível e certamente e assim me apeteça, o sublinharei, é o impacto positivo do treinador na sua primeira época, pouco surpreendente de quem tem um historial com algumas vitórias ou derrotas, mas sempre ou quase sempre desempenhos meritórios. E irei sublinhá-lo pelo caminho perigoso que é não haver capacidade de reconhecer méritos, goste-se ou não do perfil do homem, goste-se ou não da escolha x ou y, que um treinador não está na posição que ocupa para agradar pelas escolhas que faz, a cada um dos adeptos.
Outra coisa e já agora, não o admitirei, é que à conta de fazer por ser racional e ter o minimo de ponderação relativamente ao tal treinador consagrado com méritos inegáveis no seu primeiro ano do Sporting e não andar a pegar em minudências em forma de desabafo ou arma de arremesso, que se desvirtue uma posição minha, clara e expressa por várias vezes, relativamente aos deméritos de JJ neste inicio de época que alguns até os identifiquei. Ou melhor, opinei sobre quais penso que são.
Da mesma forma que não renego a tua afirmação tida no último parágrafo por ti escrito, gostaria, isso sim, e não sob forma insinuada, que me comprovasses onde é que o meu histórico de mensagens traduz uma opinião antagônica a tudo aquilo que aqui te digo sobre Jesus.
O que é muito diferente, e aceito-o sem reserva porque é o direito que assiste a todos nós, é a diferença na tolerância que se presta ao trabalho desenvolvido pelo treinador.
Tu entendes que se deve ponderar e moderadamente esperar.
Eu acho que já foi dado o tempo necessário e que está na altura de se ver uma mudança de atitude imediata.
Porque tu entenderás que as condições eventualmente não o permitem, enquanto eu acho que, pese embora algumas contrariedades, tal nível de desempenho não é, de todo, aceitável já nesta fase.
Quanto a opções que casa um entenda serem as mais correctas, obviamente que estamos sempre a falar no campo das especulações, o que não desmente a possibilidade de, tal como tantas outras vezes, Jesus amanhã apostar em alternativas menos ortodoxas que aquelas que ele costuma considerar, isso não resulte em maiores proveitos.
Agora aquilo que eu poderei eventualmente criticar nas suas opções de escolha, que seria sempre uma crítica transversal a qualquer outro que não ele, é ter alternativas e não as por à prova enquanto dá mais que possibilidades a quem tarda em provar.