Algumas considerações sobre estas eleições:
Para mim há 2 vencedores claros, o PS, ou melhor, José Socrates, isto porque a campanha foi toda centrada na descredibilização do homem, nomeadamente por parte do PSD, abrindo espaço ao PS para se centrar na defesa do seu líder e na promoção das ideias para os próximos 4 anos, praticamente não se falou da governação, durante a campanha, com a CS a ajudar ao descalabro cobrindo e dando relevância aos ataques, esquecendo a avaliação do que foi feito, assim Sócrates e o PS conseguem ter uma maioria relativa depois de 2 anos de contestação social permanente, várias classes em conflito com o governo, uma crise internaiconal profunda a somar à estrutural existente há muitas décadas, mesmo assim o PSD conseguiu o impossível, não ganhar estas eleições!
O outro vencedor foi o CDS-PP, ou melhor, Paulo Portas, fez a campanha habitual do PP, muito povo, muito líder, muita demagogia, mas, desta vez, deixou os ataques pessoais para o PSD e desgastou-se menos com isso, focalizou toda a campanha nos aspectos que sempre criticou a Sócrates, Agricultura, Educação e Segurança, temas importantes no dia-a-dia de cada um e que Portas soube e sabe “trabalhar” como ninguém, é aqui que o PP consegue uma subida histórica e acredito que tenha havido transferência de muito eleitorado do centro, os que “decidem” as eleições, do PS em 2005 para o PP em 2009, ficando o PSD a ver navios nestas transferências!
O BE, ao contrário do que se chegou a perspectivar no início da noite, sobe de facto o numero de deputados, neste caso dobra o “score” de 2005, mas em termos de peso no Parlamento não há alterações, seria uma grande vitória ter ficado com um numero de deputados que lhe permitem-se fazer uma maioria com o PS, não sendo assim a importância parlamentar do BE esvazia-se e neste caso voltará ao confronto permanente nos debates, mas, como não tem expressão autárquica nem sindical, o seu combate político não se altera, isto nestas eleições pode ser considerado uma derrota pois, a perpectiva de governação passou de certeza pela cabeça do Louçã, no entanto ficou aquém desse objectivo (dificilmente o PS conseguirá os 4 depuitados do circulo europeu e resto do mundo!), é para mim o 2º derrotado da noite!
O PCP tem um eleitorado fiel e isso viu-se nestas eleições como em tantas outras, sobe o nº de deputados em 1, tem mais 30.000 votos que em 2005, absorvendo parte das transferências de eleitorado do PS para a esquerda, muito possivelmente retirando a possibilidade do BE eleger mais 2 ou 3 deputados, é ultrapassado pelo Bloco em representatividade mas será também o responsável por o Bloco não poder ser alternativa de governo!
Os cenários possíveis e admissíveis neste momento não são muitos, Sócrates tem 3 hipóteses, ou governa sozinho, ou governa em coligação com o PP, ou governa em coligação com o PSD, no 1º caso terá que ir fazendo acordos parlamentares e fará com que tenha muita ginástica política, algo que manifestamente não é o seu forte, no 2º caso terá que fazer um acordo abrangente com o Portas, que até nem será muito complicado dada a sede de poder do PP de Portas, por último um governo de bloco central só será possível com a saída rápida de MFL do PSD, que acredito só acontecer e se acontecer depois das autárquicas, restringindo um pouco a margem de manobra, mesmo assim não há muitas figuras do PSD que se perpectivem como possíveis líderes e concordantes com o governo de bloco central, eu só vejo como hipóteses o Rui Rio, PSL se perder em Lisboa, ou Pedro P. Coelho, embora ache que se PPC conseguir chegar à liderança do partido estará mais interessado em consolidar uma imagem de alternativa e oposição ao PS, em vez de ser uma “muleta” governamental num bloco central onde o PSD seria minoria!
Há 3 cenários possíveis, na minha opinião, acredito que Sócrates vai ter a tentação de governar em minoria mas acho que a sua melhor hipótese e o melhor para Portugal seria uma coligação, entre o PP e o PSD venha o diabo e escolha! :idea:
P.S - Não falei no Cavaco porque parece-me que nesta altura do “campeonato” e dado os últimos acontecimentos tudo o que vier a dizer, ou não dizer, em nada alterará o facto que passou a estar dependente do PS e de Sócrates até às eleições presidenciais, muita da estabilidade do governo passará pela relação entre estes 2 e como esta não é “famosa” prevejo tempos complicados para nação! ???