Já vi aqui no fórum escritas coisas do género sobre esse rapaz.
Tem talento sim mas o hype em volta dele é qualquer coisa que só se explica por ser da escola dos lampiões. Se os jogadores sem talento que aparecem da escola dos lampiões são novos eusebios então quando aparece um com talento já é o melhor jogador de sempre, no universo e arredores.
Nestes dois jogos dos sub 21 não vi o Bernardo demonstrar mais talento do que o Mané ou do que o Iuri por exemplo mas enfim…lampiões. Tivesse este Bernardo marcado o golo que o Mané marcou na primeira mão e já era pedida a sua titularidade nos A.
Há muito. Mas e relativamente ao artigo sobre o Bernardo Silva e se o autor foi o Rui Dias, convém relativizar.
Há uns meses postei no fórum um artigo seu sobre o Adrien e quem não conhecesse o jogador diria que estávamos na presença de um híbrido entre Lampard, Gerard e Pirlo. :mrgreen:
1 - Não costuma ser fácil a vida dos jovens maestros quando atingem as salas mais ilustres. Passam anos como heróis absolutos das comunidades que integram e, de um dia para o outro, são apenas mais um inquilino do edifício. Os extremos, por serem peças soltas da engrenagem, têm mais oportunidades, porque o risco de desequilíbrio estrutural é muito menor. Em 1984, aos 17 anos, o sportinguista Litos era um génio reconhecido em toda a Europa, resumido ao conceito de “novo Platini”. Quando chegou aos seniores tinha várias armas apontadas: a elevada expectativa dos adeptos, as contratações de Jaime Pacheco e Sousa ao FC Porto e um treinador (John Toshack) que preferiu jogar pelo seguro. O comandante ficou sem exército, perdeu credibilidade e nunca foi tão grande quanto prometeu.
2 - Só aos 24 anos, isto é, próximo do auge das suas potencialidades, Adrien reuniu as condições ideais para assumir o lugar que lhe cabe no Sporting e no próprio futebol português. Precisou apenas de sentir que fazia parte da solução institucional da nova liderança (que já fez muitas e ilustres vítimas) e confirmar que era fundamental na proposta de Leonardo Jardim para anular muitos dos fatores que inibiam a expressão total do seu jogo. Ao contrário de Litos há 30 anos, Adrien dispôs de condições para criar e consolidar a imagem de autoridade necessária como exemplo definitivo para os companheiros, general temido pelos adversários e jogador admirado por quem o analisa de fora.
3 - Adrien despoja o futebol de superficialidade porque o valoriza em todas as dimensões. É solidário e generoso nas ações de caça à bola e revela técnica sem adorno quando a recupera; tem personalidade para travar o TGV e talento para alimentar a manobra ofensiva. Só uma elite conjuga elementos de compromisso com as ideias do treinador, noção de disciplina e entrega ao trabalho com o virtuosismo que permite transformar esses princípios de segurança, equilíbrio e organização num projeto criativo participado e temível em que desempenha o papel de denominador comum.É gregário e estrela; sensível à relevância do senso comum e gerador de surpresa; dá satisfações à estatística e preserva a inteligência; luta pela eficácia e respeita as emoções. Tornou-se um médio total com orgulho em ser futebolista e que vive a felicidade plena de defender o clube do coração.
4 - Por fim, encontrou refúgio de confiança, respeito e carinho no palco ideal para confirmar a excelência do seu futebol. Neste Sporting deslumbrante, consistente e ganhador fica mais fácil convencer o Mundo de que é um prodígio de clarividência e intuição, orientado por notável instinto simplificador. Sem as virtudes hipnóticas dos encantadores de serpentes, explode em constantes relâmpagos de lucidez com os quais revela sabedoria enciclopédica para abordar cada momento do jogo. Porque deixou de ser mero passageiro do comboio e passou a ter uma palavra na definição de itinerário e destino da expedição, está a tornar-se um caso sério. Ninguém joga como ele em Portugal. A meio da longa viagem, e sem esquecer a dimensão de William e os golos de Montero, tem sido ele a estrela maior da 1.ª Liga.