@GOSTOTANTO adorei ler a tua história de vida ligada ao Sporting, identifico-me bastante nos craques que tu destacas nos anos 90 .
Chegados os anos anos 90, jogadores que me deixavam maluco com a verde e branca eram muitos, eram eles: o Hadji, o enorme Iordanov, o Figo, o Oceano, o Ivkovic, o Sá Pinto, a gazela Amunike, o Marco Aurélio, o inesquecível Cherbakov, entre muitos outros que eu sei bem que faltam aqui, mas estes são os que melhor recordo…
Espero que vida não seja tão dura actualmente para tí e para o teu filho , percebo que o Sporting ajudou a esquecer os problemas da vida e essa dream team cheia de craques foi a melhor que ví , plantel desse nível só a da época 2020\2021 ou 2021\2022.
Na minha infância também tive um jogo épico em que tudo me saiu bem , marquei um Hattrick , mas a bola atrapalhava-me e normalmente jogava a GR e era bom, mas nesse jogo calhou jogar lá na frente mas ao contrário de ti não tinha jeito para ser jogador de campo, excepto na baliza.
Algumas vezes não me convidavam, outras sim. Aquilo era coisa para homens de barba rija, mas houve um dia que me convidaram com antecedência.
E aqui, ficou uma imagem comigo que jamais esquecerei.
Eu não tinha chuteiras, se calhar nem umas sapatilhas de jeito para me apresentar naquele dia, não me lembro bem, muito menos coragem para pedir à minha velhota que me comprasse alguma coisa para jogar à bola.
Fui então a correr para a casa do meu tio, talvez ele tivesse algo que me pudesse desenrascar.
Procurou e procurou, e às tantas apresenta-me umas adidas nº 42, se não me falha a memória.
Calcei-as e claro, eram demasiado grandes para o meu pé. Ele tentou convencer-me. Fiquei triste e desanimado, sem saber muito bem o que dizer. Questionei como é que iria fazer, pois queria mesmo levar umas chuteiras para aquele momento importante.
A solução encontrada naquele momento pelo meu tio, foi a de preencher de algodão o resto da bota, e sim, a miséria tem destas coisas, mas apesar de algo reticente numa primeira fase, rapidamente fiquei convencido e até contente.
Lá fui eu! Sentia-me diferente, sentia-me confiante, apesar de alguns olhares desconfiados para os meus pés.
O jogo tinha começado e eu sem tocar na xixa, estava meio desconfortável, mas pouco a pouco começo a sentir-me mais leve, a correr como nunca. Eu saltava, eu passava bolas como se tivesse calçado umas pantufas, fintava, sofria faltas, rematava com classe, eu rugia como sempre e no final depois do jogo que foi ganho pela equipa que eu representava, pegaram em mim e chamaram-me Balakov!!! Foi um orgulho para mim naquele dia associarem-me a uma lenda.
Eu era Balakov!!!