Nuno, para mim todo o problema com as claques começa com esse raciocínio: “por estarmos sempre presentes, temos direito um estatuto superior ao do sócio comum”. Isto não tem sentido, não é um desenvolvimento necessário, nem é benéfico para o clube, pelas razões que expus acima.
Quanto à legalização das claques, é um assunto que tem pano para mangas. Ainda estou a perceber o que se ganhou com essa legalização.
Petrovich, não existe contradição e passo a exemplificar porquê:
Hoje em dia uma das queixas que ouves com maior frequência e’ a falta de capacidade de mobilização dos adeptos a cada mau resultado da equipa. Sobretudo quando a prestação e’ de tal forma humilhante, ao ponto de se sentir que a camisola não foi honrada e que houve uma falta gritante de profissionalismo. Quer seja em Alvalade, quer seja no aeroporto tens sempre os 20 ou 30 do costume a protestar e a exigir mais dos atletas e da direcção. No dia seguinte, os media relatam a insignificância da contestação, dando uma imagem de que os Sportinguistas ate já nem se chateiam com a pobreza franciscana da equipa de futebol. Essa capacidade de mobilização e organização rápida fez das claques um dos mais poderosos veículos de protesto da massa adepta, quer queiramos quer não.
Essa função que as claques desempenhavam (por vezes com exageros) mantinha o nível de exigência alto e dava uma voz aos adeptos anónimos muito mais relevante do que os 20 ou 30 que tens actualmente. A capacidade de mobilização em curto espaço de tempo, a disponibilidade para o fazer, a visibilidade publica do protesto tornaram as claques um elemento a “domesticar” pelas mais recentes direcções do Sporting. E conseguiram-no, ate agora.
Não me custa por isso dizer que a contestação actual esta órfã de algumas das características que são inerentes a uma claque como a Juve Leo. Não por ser esta claque em particular, mas sim pelo impacto que a sua actuação inegavelmente teria no mudar do rumo dos acontecimentos no Sporting actual. Reconheço a dualidade e o “perigo” dessa posição, mas talvez esse seja um sinal de que, nos moldes actuais, as claques não deviam existir.
É precisamente desse conceito de “veículo de protesto da massa adepta” que eu discordo. Primeiro, porque continuo sem perceber porque diabo a Juve Leo têm um acesso privilegiado ao sentir da massa adepta. Depois, porque a sua situação objectiva é necessariamente de dependência - e logo lealdade - face às direcções, não aos adeptos.
Eu acho os jogadores têm perfeita noção do que fazem campo. Têm a sua própria consciência, têm treinadores, têm jornais e TVs a dissecarem a sua exibição e têm estádios a vaiar. O que é que 300 ou 400 pessoas a gritarem no aeroporto, acrescentam a isso?
A não ser que estejas a sugerir que o que faz a diferença é a ameaça de agressão física. Aí digo-te: é uma ilusão e uma ilusão perigosa. Para já, tenho muitas dúvidas que o medo seja um bom motivador. Um jogador de futebol que joga sob ameaça só tem uma coisa em mente: fugir o mais depressa possível do clube onde está. E, hoje em dia, consegue-o assim que o quiser. É mesmo esse o sentimento que queremos incutir?
Depois, porque uma direcção que aceita e promove esse tipo de comportamento das claques está a reconhecer a sua própria impotência. Pior ainda: ao delegar num “braço armado” o que deviam ser as suas responsabilidades, fica refém desse braço armado. Passa a ter decisões tomadas em função da claque e não do interesse do clube - vide a necessidade absurda que os dirigente sentem de que as claques aprovem as contratações de treinadores e jogadores.
E isso só pode acabar mal. Nem é só o facto de as claques não terem qualquer legitimidade para tal. É que são notoriamente limitados no que sabem de futebol. Estamos a falar dos tipos que impediram a contratação do Mourinho, por amor de Deus! Que gritaram “que se lixe o anão/Que nós temos o Maniche!/O Maniche!”. Que promoveram o “Aperta com eles, Sá Pinto!”. Queremos mesmos dar-lhes crédito?
Petrovich é fácil de perceber a força que a JL já teve.
Quando tens uma organização que conseguia mobilizar 2000 a 3000 pessoas para seguir o Sporting para todo o lado, em todos os jogos fossem contra o Carcavelhinhos ou com o Real Madrid é óbvio que ganham estatuto. Pode parecer ridícula a comparação, mas imagina que vais todos os dias almoçar ao mesmo restaurante, e ainda levas sempre 3 ou 4 pessoas contigo, é normal que o dono do restaurante te passe a dar um tratamento preferencial, e quando reclamas esse mesmo dono preste mais atenção ao que dizes, do que a mim que se calhar vou lá uma vez de ano a ano.
A Juve Leo foi durante anos, os piores anos da seca desportiva (falando de títulos), fidelíssima ao clube. Em Alvalade, por esse Portugal e Europa fora. Era reconhecida, até pelos rivais, como a mais organizada, mobilizadora e fiel claque em Portugal. Em Itália onde nasceram as claques organizadas e foi a fonte inspiradora da JL era respeitadissima.
É por isso mais que normal que as direcções lhes tenham dado atenção, disponibilizando um espaço em Alvalade para guardar material, vendendo-lhes bilhetes mais baratos, etc…
A Juve Leo com o tempo cresceu, ganhou peso e influencia, como é normal nestas coisas. Se 50 sócios na bancada central assobiassem o treinador, não se passava nada. Mas se a Juve assobiasse, o treinador estava na rua. Vais me dizer que é irracional, e que eles são sócios como os outros. Teoricamente sim. Mas voltamos ao inicio do meu post, a fidelidade e capacidade mobilizador deram-lhes estatuto.
Na minha opinião essa influencia, dentro de determinados paramentros não tinha nada de mal, e foi assim durante anos. Ficou tudo estragado quando os elementos fundadores foram saindo, Gonçalo Rocha, João Rocha, Felipe Frazão, etc… Dando lugar a gente que tem se servido da Juve Leo para ganhar dinheiro e que vendeu a alma ao diabo.
Mas na génese da sua fundação a Juventude Leonina tinha um ideal muito positivo de defesa do Sporting que entretanto se perdeu.
Com pena porque continuo a achar que o clube precisa de um JL forte. Acredita que com a verdadeira JL, este GL já estava em casa à muito tempo e provavelmente não estavas a passar pela humilhação de à 13ª jornada estares a 1 ponto da linha de água.
Mais uma achega. Obviamente que o episódio com o Mourinho é hoje alvo de chacota, sabendo-se a carreira e os títulos que ele construiu e ganhou. Para sermos sérios, nessa historia mal esteve o Luís Duque que não teve coragem de acreditar na aposta que estava a fazer, e intimidou-se com os gritos de 5 ou 6 tipos da JL. Na verdade o LQ intimidou-se, porque sabia que tinha traído o Inácio, mas isso são outras histórias.
Mas mesmo neste episódio, podes ver como nessa fase a JL ainda era fidelíssima ao clube e não a dirigentes. E ela reage daquela forma, porque no seu raciocínio de protecção aos seus, o que se estava a passar-se era o despedimento à má fila do Inácio, que tinha à menos de 6 meses terminado com um jejum de 18 anos e era sportinguista, para ser substituído por um tipo que 3 dias antes era treinador do slb e tinha celebrado os 3 golos com que tinha derrotado o Sporting aos saltos, colocando-se de joelhos e mais outros actos espalhafatosos.
Acresce que anos antes tinha, em entrevista à RR, aconselhado o Boby Robson a não regressar ao Sporting, porque ia regredir na carreira.
Para a Juventude Leonina antiga e pela qual eu tenho respeito, um tipo como o Mourinho não tinha lugar no clube. Hoje sabendo-se do que ele já fez, foi um erro histórico. Mas naquele dia, ninguém era capaz de prever o futuro e a JL fez o que estava no sangue, defender o Sporting.
“É precisamente desse conceito de “veículo de protesto da massa adepta” que eu discordo. Primeiro, porque continuo sem perceber porque diabo a Juve Leo têm um acesso privilegiado ao sentir da massa adepta. Depois, porque a sua situação objectiva é necessariamente de dependência - e logo lealdade - face às direcções, não aos adeptos.”
Eu não defendo esse conceito mas na minha opinião ele tornou-se inevitável com o decorrer do tempo. Claro que a Juve Leo não deve ter qualquer status privilegiado no clube mas seriam aqueles que, por uma questão de disponibilidade, capacidade mobilizadora e organizativa, mais depressa seriam capazes de veicular uma hipotética onda de protesto. Não porque devem ser eles mas porque as circunstancias e o contexto o permitiriam. No momento actual, tal hipótese não se coloca.
Eu acho os jogadores têm perfeita noção do que fazem campo. Têm a sua própria consciência, têm treinadores, têm jornais e TVs a dissecarem a sua exibição e têm estádios a vaiar. O que é que 300 ou 400 pessoas a gritarem no aeroporto, acrescentam a isso?
Acrescentam o oposto que 300 ou 400 pessoas no aeroporto conseguem aquando de uma grande vitoria: dão animo, entusiasmam, elevam ainda mais a moral e confiança para desafios futuros. Mostram a grandeza do clube. Em caso de uma humilhante derrota, transmitem exigência, descontentamento e um aviso serio para honrarem a camisola. Pela tua ordem de ideias, aos jogadores não faz diferença jogar num estádio vazio ou cheio.
A não ser que estejas a sugerir que o que faz a diferença é a ameaça de agressão física. Aí digo-te: é uma ilusão e uma ilusão perigosa. Para já, tenho muitas dúvidas que o medo seja um bom motivador. Um jogador de futebol que joga sob ameaça só tem uma coisa em mente: fugir o mais depressa possível do clube onde está. E, hoje em dia, consegue-o assim que o quiser. É mesmo esse o sentimento que queremos incutir?
Podia usar o exemplo do FC Corrupto, em que um ambiente de intimidação e, por vezes, violência, faz com que os jogadores andem todos na linha. Mas não advogo métodos mafiosos para o Sporting, por isso acho que não se deve ir por essa via, que alias só resulta com um presidente omnipotente. Ja o que acho normal e’ um ambiente semelhante aquele que existia na mítica porta 10A, quando as coisas não corriam bem. Pode-se classificar de intimidatorio, eu prefiro chamar-lhe de exigência máxima. Na actualidade, a falta desse tipo de pressão, transmite aos jogadores um nível de exigência baixo assim como a incapacidade do clube em demonstrar a sua grandeza. Grandes clubes movem multidões. O Sporting nesta altura move 20 ou 30 contestatários no terreno.
Depois, porque uma direcção que aceita e promove esse tipo de comportamento das claques está a reconhecer a sua própria impotência. Pior ainda: ao delegar num “braço armado” o que deviam ser as suas responsabilidades, fica refém desse braço armado. Passa a ter decisões tomadas em função da claque e não do interesse do clube - vide a necessidade absurda que os dirigente sentem de que as claques aprovem as contratações de treinadores e jogadores.
Dai a sugestão de acabar com as claques ou pelos menos, acabar com todo e qualquer apoio dado ás mesmas. Pelo menos ficávamos todos em pé de igualdade e não 'a espera de Junot!
E isso só pode acabar mal. Nem é só o facto de as claques não terem qualquer legitimidade para tal. É que são notoriamente limitados no que sabem de futebol. Estamos a falar dos tipos que impediram a contratação do Mourinho, por amor de Deus! Que gritaram “que se lixe o anão/Que nós temos o Maniche!/O Maniche!”. Que promoveram o “Aperta com eles, Sá Pinto!”. Queremos mesmos dar-lhes crédito?
Vou ser sincero: apoiei o protesto contra a contratação de Mourinho, devido ao seu comportamento aquando da sua primeira e única passagem pelo Sporting, como interprete de Robson. Na altura não associei o protesto a nenhuma claque, mas sim ao sentimento da maioria dos Sportinguistas. Ja os outros exemplos que referes, temos de os enquadrar no quadro de recente “concubinismo” com as direcções do clube, que classifico de absolutamente inaceitável!
PS- Uma nota curiosa: uma troca de argumentos entre 2 Portugueses num forum do Sporting, mas ambos usando nicks eslávicos. O mundo virtual tem destas coisas
Estendes, entre outros aspectos, a tua crítica à presente ausência de apoio. Apoio esse que, a existir, seria igualmente considerado como acto de subserviência e resignação. Como aliás aconteceu numa fase anterior a esta medida, enquanto a JL se fez representar normalmente e o Sporting já denotava inúmeros sinais de desnorte.
Há, de facto, muitos erros a apontar à JL no passado recente. Este protesto não é, nem de perto, o mais incompreensível nem o causador de maior preocupação. À medida que se acentuam os problemas no clube e na claque cresce também a tendência de a culpabilizar, caindo-se por vezes no exagero de o fazer por tudo e por nada.
Excelente esta discussão bobre as claques! :great: Excelente a troca de opiniões. Ainda mais para quem não vai tão frequentemente ao estádio como eu (infelizmente).
Um problema que já vi de há uns anos a esta parte, mas nos últimos meses tem sido demasiado evidente a “mansidão” das mesmas.
Gostava é que algum elementa das claques postasse aqui a sua opinião…
Em momento algum foi sugerido que a continuacao do apoio 'a equipa seria um acto de subserviência e resignação. Pelo contrario, foi reafirmado que esse seria o unico acto que a claque deveria estar neste momento a praticar. Jamais me passaria pela cabeca classificar o incentivo 'a equipa durante os 90 minutos como despropositado.
Longe de mim culpabilizar exclusivamente a Juve Leo pela crise actual. Mas que contribuiram para o estado actual do clube, nao tenho a mais pequena duvida. Nem que seja pelos papeis indignos a que se prestam, ao servico do actual presidente.
É ler uma publicação no perfil do facebook do jornalista Marinho Neves e perceber-se-á melhor a podridão que grassa a Juve Leo e o nosso clube… Deviam ser todos enviados para um covil e enviarem uma versao nao tripulada de um novo e mais eficiente enola gay…
Não me leves a mal… mas isso veio a propósito do quê ?
É por andarem aqui muitos “visitantes” a ver o tópico ? Opah mas nesse caso, também podem ser corruptos do norte… ou de outros clubes.
Ou será que queres falar da principal preocupação dos líderes e de muitos membros da Juve, que é o benfica ?
É que muitos que andam lá, deveriam fazer uma claque só para eles e podiam chamar a claque de “Juventude Anti-Benfica”… assim ao menos ficava mais claro a preocupação principal deles.
A mim, o que me surpreende mais até porque estive razoavelmente envolvido com a claque precisamente nos anos 80 e princípios de 90, é que não haja ninguém dentro da claque que dispute este estado de coisas… não percebo, têm medo do quê ou de quem? Do Mendes? Do outro manco que anda sempre com ele? Não há músculo, tomates, alma leonina que reste naquela claque??? :o :cartao:
Resumindo e concluindo: a Juve-Leo, outrora a mais superlativa e contagiante claque de futebol, está transformada num autêntico lamaçal pernicioso. Consta-me também que alguns até são profissionais na arte do “apoio”, usufruindo “salários” elevados o bastante para terem alguns luxos extravagantes…quem os viu e quem os vê!!!