José Eduardo Bettencourt Presidente do Sporting C.P - Parte 1

Que o 4º lugar é nosso. :stuck_out_tongue: ???

O dia em que este homem (e outros iguais a ele) decidir sair acho que vai saber tão bem como um titulo :-X

ESPECTACULO…PRO ANO VAI SER DIFERENTE…Á GANDA ZÉ…

Talvez fora de tópico mas há uma area em que o Sporting pode melhorar mesmo sem investir muito… pelo menos melhor um pouco o nivel da equipa : A contratação de jogadores:

  • Vamos acreditar que erros como Purovic, Farneraud, Paredes, Grimi, Postig, Pedro Silva a não vão voltar a ser cometidos. Agora estamos com Jorge Mendes.

Pongole ? Não, Pongole vem antecipado noutro pacote que virá do Jorge Mendes. Dei-lhe o beneficio da duvida.

Tambem se a proxima epoca não correr de maneira diferente… ai sim é que era corrido, não sei é quem é que te ia correr, os adeptos duvido, agora o chefe dele é capaz de não gostar que se repita um ano como este :whistle:

“Ha’ que levantar a cabeça” :wall: :wall:

Paracelsus, tu dominas o tema como poucos. Há muito que estás atento às contas do Clube/SAD e que analisas da forma que entendes ser a melhor o impacto das várias operações protagonizadas pelas últimas Direcções.

No entanto, a realidade do Clube e da Economia eram muito diferentes há 2, há 5 ou há 10 anos atrás. Há 10 anos atrás o País e a Europa adoptaram a moeda única e com o 11 de Setembro nasceu uma enorme crise económica mundial. Passado alguns anos construímos o novo Estádio e depois a Academia. Até há 2 ou 3 anos tínhamos um acordo com a Banca em que éramos obrigados a realizar anualmente uma mais-valia de 7 Milhões de euros com a venda de jogadores. Se não vendêssemos, não podíamos comprar nada a não ser aquilo por quem não se pedia dinheiro. O impacto fiscal sobre os ordenados dos jogadores também subiu e foram os clubes e não os jogadores a ter que suportar a factura.

No post que citei admites a importância dos acordos com a Banca, dos empréstimos, mas esqueces-te que nenhum de nós é convidado a sentar-se à mesa quando ocorrem as negociações. Certamente partilhamos da opinião de que é mais fácil pedir dinheiro emprestado quando se tem património, mas só porque obedece ao requisito de hipoteca. Valeria mais a pena hipotecar o património, em troca de um empréstimo incomportável, do que vendê-lo? Quem lá estava optou por vender.

Em todo o mundo tem havido despedimentos massivos de trabalhadores de forma a manter sustentáveis negócios de multinacionais de referência em cada sector. O Sporting reduziu o custo com o pessoal nos últimos anos, apesar de ter existido também a atribuição de alguns prémios chorudos que só aconteceram porque existiu o cumprimento de objectivos.

Concordo que o (pouco) investimento feito nos últimos anos tem sido feito com pouco critério e esse é um aspecto vital que tem que ser trabalhado. Concordo também que o Sporting mantém a falta de critério no momento de nomear técnicos e dirigentes, verdadeiras pedras nucleares no sucesso almejado. Mas não concordo que estivéssemos necessariamente melhor, se nesta altura o plano financeiro do clube fosse outro.

A conversa não é comigo mas não consigo deixar de achar estranha a forma como tu enviesas a realidade das coisas.

O Sporting reduziu o custo com o pessoal nos últimos anos, apesar de ter existido também a atribuição de alguns prémios chorudos que só aconteceram porque existiu o cumprimento de objectivos.

Só esta parte daria panos para mangas e seria o suficiente para abater a tua demonstração de crença (infelizmente não é mais do que isso…) da última frase no teu comentário.

Se o post dirigido ao Paracelsus tivesse exclusividade utilizaria as mensagens privadas. És livre de participar.

Eu percebo que possa parecer um pouco tendencioso nessa frase, mas pelo que sei a maioria dos prémios tornados públicos foram atribuídos por cumprimento do objectivo de estar presente na Champions e pelo sucesso em disputas jurídicas que trouxeram proveitos à SAD.

…o que é manifestamente pouco perante os objectivos que foram colocados no momento em que se validou a venda do património. Quando se é para passar todas as trapaçarias prometem-se euipas para a Europa, para o campeonato, tudo o que seja preciso… Mas depois quando é para distribuir prémios bastam os segundos lugares.

Prémios para estar na CL ^-^

O Soares Franco foi infeliz ao sobrevalorizar o 2º lugar, que na altura assegurava a presença na Champions. Há coisas em que um Presidente pode pensar mas não deve falar. Na altura revelou falta de ambição e ignorou um dos princípios da máxima do Sporting: a Glória.

Mas a verdade é que a presença na Champions tem, de facto, uma importância muito relevante. Nos principais campeonatos da Europa, a relevância da fase de grupos é muito relativa quando comparada com os ganhos anuais provenientes das transmissões televisivas. Lá fora, basta-se ser grande em número de adeptos para que o dinheiro dê entrada, por cá não, graças à ganância da Olivedesportos.

Acho a questão dos prémios muito pouco relevante.

Não se justificam esses prémios atribuídos a não ser a jogadores e equipa técnica. Tudo o que vá além disso é injustificável.

Também não consigo compreender como é que se pagam ordenados tão chorudos a algumas pessoas da direcção, nomeadamente ao presidente. Como é que podem dizer que sofrem pelo clube a receber ordenados destes?!

Só uma correção à parte sublinhada. Era 5,5 milhões de euros a obrigação que tinhamos com a banca, antes de poder investir no futebol do clube. O que é curioso nesta clausula que tinhamos no nosso project finace, é ser única nos grandes em Portugal. Nem bêbados nem corruptos, tiveram clausulas análogas nos seus project finances, concluídos bem depois do nosso, e em situações em que a realidade económica já não era tão cor-de-rosa, o que atesta bem a capacidade negocial dos nossos gestores.

Enquanto há património à capacidade de endividamento, porque existe uma garantia real para oferecer em troca. Ter património é “leverage” negocial, como dizem os Ingleses. Ter património permite refinanciar dividas, ter garantias para oferecer em caso de necessidade de renegociação. Vender é perder a garantia a troco de algo que desaparece depressa, o dinheiro. Perder património é perder capacidade negocial, e perder capacidade real de refinanciamento.
Que é que escolheram os nossos gestores? É que na banca é fácil, brinca-se com o dinheiro dos outros, e todos os dias entra mais…

É como as despesas do Parlamento. São uma gota de água no sorvedor de dinheiro que é o Estado Português como um todo, mas não deixam de ser uma vergonha face à realidade do País. Concordo contigo, esses prémios não aquecem nem arrefecem no orçamento do Sporting. Mas revoltam!

Aí é entrar no domínio da futurologia. Com os mesmo dirigentes, concordo contigo. Já mostraram a sua repetida incapacidade. Com outras caras, de outro alinhamento social e profissional, não sei, porque não posso adivinhar o futuro, mas acredito que a realidade fosse diferente. Não ideal e maravilhosa, mas diferente para melhor, já que pior é complicado fazer.
Mas isso é algo que nunca saberemos, porque o Sócios foram soberanos e manifestaram a sua vontade de ter mais do mesmo. Podemos dizer que não lhes têm defraudado as expectativas.

A verdade e’ que a venda de patrimonio foi apresentada como a soluçao para permitir a reabilitaçao financeira do clube e reforço de competitividade do futebol. Ate ao momento parece-me que nem uma coisa nem outra. O primeiro objectivo esta’ longe de estar cumprido porque (aparentemente) a estrutura do futebol apresenta um defice estrutural “cro’nico” e sobre o segundo objectivo estamos conversados…

Nao sou grande “perito” em gestao e questoes associadas por isso nao me sinto abilitado para comentar ate’ que ponto a via da “nao venda de patrimonio” seria melhor opçao para o clube - ate porque ha’ dados que desconheço, nomeadamente a possibilidade de negociar novos emprestimos com a banca, qual o “peso” negocial que o clube tem para negociar esses novos emprestimos. etc… Mas uma coisa e’ certa, a venda de patrimonio ate’ ao momento nao foi a soluçao “milagrosa” (tal como foi apresentada).

Antes de mais eu não domino o assunto, não sou gestor financeiro e/ou desportivo, não tenho todas as respostas, limito-me a analisar perante os dados que disponho e os factos que observo, coisa que qualquer um de vós consegue fazer se perder uns minutos a pensar sobre o assunto.

Depois é falso que com o 11 de Setembro tenha existido uma crise económica mundial. Existiu uma crise sobretudo nas “dot.com” devido à bolha criada, mas os restantes sectores aguentaram-se relativamente bem e no caso particular do imobiliário essa bolha só rebentou há pouco tempo. Quando construímos o Estádio e Academia não foi em plena crise coisa nenhuma, quando o dinheiro foi alocado também não foi em crise.

Dizes que o project-finance obrigava o Sporting a realizar anualmente uma mais-valia de 7 Milhões de euros com a venda de jogadores. Provas, quero ver documentos disso, e já agora de outras eventuais cláusulas. Mas caso esta restrição fosse verdadeira então aqui está um erro gigante de gestão desportiva (acredito que tenha sido de Roquette, não sei porque não tenho qualquer prova dessa suposta cláusula), porque só quem não percebe nada de futebol é que vai aceitar uma restrição deste género. Vamos partir do pressuposto que ela era verdadeira… o Sporting tinha apesar de tudo uma Academia e queria implementar um modelo assente na formação em que os activos entravam a preço zero e saiam por muitos milhões, pelo que, se fosse rigorosamente instituído, não teriam existido problemas em cumprir essa imposição. Pelo que, se se tornou uma dor de cabeça, foi por não se conseguir rentabilizar o modelo Academia, mas eu não acredito muito nisto porque a verdade é que sempre fomos vendendo e comprando um bocado como queríamos e bem nos apetecia.

A seguir perguntas se vale a pena contrair um empréstimo usando como garantia o património correndo o risco de se tornar incomportável. Bem, os bancos não são parvos e, apesar de fazerem muita asneira, em linhas gerais só te dão um empréstimo de milhões de euros se tiverem garantias razoáveis que o consegues pagar, nem que tenham de te ir ao bolso. Não olham apenas para o teu património, mas também para o que consegues gerar de receitas e o que tens de despesas. A venda do património foi mais um erro gigante, vou exemplificar de uma forma simples: se tiveres receitas +5/-6 despesas, -1 das despesas são juros de um empréstimo… vendes todo o teu património e com isso pagas de volta o empréstimo, ficas receitas +5/-5 despesas. Então e agora?.. Agora nada, continuas sem capacidade para investir, perdeste aliás potencial para investir porque vendeste para todo o sempre o património que tinhas para apresentar como garantia e agora tens de te aguentar com o teu balanço. Não podes sequer meter a render o teu património, caso optasses por essa solução. Fizeste um downsize na tua empresa e como ela não gera lucros, mesmo sem os juros do empréstimo, não tens hipótese de a fazer crescer (mas concordo que o balanço fica mais bonitinho). Fizeste contenção de danos, mas contiveste também o seu potencial. Tornaste o que era uma SAD grande com problemas de equilíbrio numa SAD média mais equilibrada (mas com poucas hipóteses de voltar a tornar-se numa SAD grande).

Mas o erro gigante ocorreu por causa de uma gestão desportiva desastrosa. Porque foi essa gestão que em vez de privilegiar o futebol espectáculo, com títulos (campeonatos), o futebol com jogadores de qualidade e com técnicos de qualidade a fazerem render os jogadores, fez exactamente o contrário, fixou metas financeiras e não desportivas, quando é a componente desportiva que alimenta a financeira e não o contrário, é o sucesso desportivo que te faz ganhar dinheiro e não o contrário. É claro que as pessoas têm de ter os pés assentes no chão e ter noção dos seus limites financeiros, não se pode ser fundamentalista e hipotecar o futuro sem usar os neurónios.

Fazes uma analogia à crise actual que provocou o despedimento massivo de trabalhadores… se quiseres recomendo-te a leitura de Deloitte Football Money League de 2008/09 onde se vê que o futebol nunca esteve tão bem, o Real Madrid tornou-se o primeiro clube de sempre a ultrapassar os 400 M€ anuais de receitas operacionais. Está muito endividado… pois está, mas gera um grande volume de receitas, pois gera. Quem não gere bem a sua dívida face à sua receita então está bem lixado, pois está. É o mundo empresarial a funcionar no seu esplendor, quem se endivida e depois gere mal, tanto desportiva como financeiramente, vai desta pra melhor, como está a acontecer a alguns clubes. Mas é só a alguns, muitos outros estão a ter desempenhos bastante bons.

Isso traz-nos à parte dos gestores… se alguns clubes vão subindo, tendo sucesso desportivo que alavanca um desafogo financeiro e possibilidade de reinvestir e prosseguir o ciclo vicioso, outros vão descendo. Qual é a diferença? Ora, são os gestores. Os adeptos comportam-se na generalidade de um modo semelhante - compram os produtos, vão aos jogos, vêem televisão, etc. Então o que é diferente? É a capacidade de ganhar, de o fazer com regularidade e de gerir os ganhos desportivos e financeiros directos e indirectos que daí resultam da forma mais adequada. Quando digo gestores não falo só do presidente, mas também de todos os quadros intermédios até ao director-desportivo e treinador. Todos são gestores à sua maneira, todos contribuem para a obtenção dos objectivos do clube.

Porque é que o Sporting está tão mal, desportiva e financeiramente?.. Para mim a resposta é óbvia… tem tido maus gestores (aliás, péssimos, mas esta palavra está conotada emocionalmente no meu caso, porque sou parcial no que respeita ao Sporting ;D). Tem tido maus líderes a todos os níveis (direcção, finanças, desporto, treino, etc) que gerem mal… gerir mal é tomar decisões erradas, escolher pessoas erradas, não avaliar e reavaliar as coisas cometendo os erros novamente, insistir neles e com os resultados que se vê. As decisões têm sido tão erradas que até conseguem diminuir algumas que têm sido correctamente tomadas a vários níveis (a formação de Alcochete é um exemplo de boa gestão, apesar de alguns problemas que a assolam). A gestão tem sido tão errada que em determinado ponto ela passou-se a fazer para tentar perpetuar a permanência de determinadas pessoas em detrimento da persecução dos objectivos do clube (só assim se explica a falta de transparência, não penses que é “porque pode prejudicar o clube perante a banca”, isso é conversa para boi dormir).

O sucesso do Sporting não é um exercício de boa vontade ou de Sportinguismo, é sim um exercício de competência. Quem é competente tem globalmente sucesso, quem não é não tem. Se o Sporting quer ter sucesso então quem o gere tem de mostrar competência em primeiro lugar e só depois vem o resto. O Mourinho não venceu tudo e mais alguma coisa no Porto porque é um grande portista ou porque tem muito boa vontade, mas sim porque é extremamente competente, porque teve oportunidade de pôr em prática a sua competência e porque esteve rodeado de gente da mesma fibra (mesmo que noutras áreas). Enquanto os Sportinguistas não fizerem ponto de honra em relação a isto só vai haver sucesso em fogachos e globalmente não vai dar sequer para aquecer o banco.

E agora termino que este testamento tornou-se quiçá o maior offtopic deste fórum :shifty: (embora o tema da gestão esteja mais ou menos relacionado com o de JEB).

Mesmo que tenha sido :offtopic:, deu-me gozo ler o que escreveste e gostei da linha de raciocínio. Mereces: :clap: :clap: :clap:

[quote author=Paracelsus link=topic=14977.msg844007#msg844007 date=1269896102]

Caro Paracelsus, aprendo mais a ler os teus comentários do que a ler canhanhos de economia e gestão desportiva. :clap: :clap: :clap:

A moeda única e a inflação só afectou as despesas do Sporting ou também afectou as receitas?

O Porto tem conseguido viver com essas mudanças na economia. Vai ganhando títulos. Vai contratando jogadores, valorizando-os e vende-os a preços altos.

Para justificar a incompetência dos nossos dirigentes, qualquer desculpa serve…

E não é que a culpa é sempre dos terroristas? :frowning: