As armas do Tottenham ferem as debilidades do Newcastle, piorando tudo. Marcando dois golos, com sorte no processo, em 5 minutos, sendo o beneficiário o Tottenham, é quase impossível reagir. O Tottenham venceu bem a partida, mas teve a sorte de conseguir marcar 2 golos quando a maioria dos outros clubes não o conseguiria fazer. Aqueles ressaltos manhosos, etc. É um resultado anormal, porque nem o Newcastle é equipa para levar 5 do Tottenham, nem o Newcastle é equipa para ir a Tottenham e, com um ataque muito interessante (Ba e Cisse), não conseguir marcar sequer um golo. A mediocridade do clube saltou toda à vista: Williamson (o nosso Polga, embora com um período de tortura muito inferior ao do Polga), principalmente, e Obertan, que tem um dos piores toques de bola para um jogador de um clube considerável. É o Djálo do Newcastle, pronto.
Infelizmente, o Tottenham não é candidato à Premier League. Nunca esteve tão perto de o poder ser como agora, mas continuará a falhar nos locais do costume. Para o Tottenham, os locais do costume dizem respeito a clubes onde o cenário de vitória do Tottenham é tido pelos adeptos de futebol como mais do que expectável. Continuarão a fracassar onde outros, principalmente o United, arrancam vitórias das mãos dos adversários. Mas, repito, o Tottenham já ultrapassou muito para chegar até onde está agora. Tudo começou no actual treinador, mas também se deve a algo que o clube nunca antes (desde 2000, pelo menos)) teve, ou seja, jogadores de qualidade mundial, como Adebayor (desde Les Ferdinand e Klinsmann que o Tottenham não tem na frente um avançado que garanta golos).
Para poder ser de facto candidato, o Tottenham precisa de, primeiro, qualificar-se para a Liga dos Campeões (consolidando o desejo de ser sempre candidato, e não atribuir a qualificação a um ano anormal), e, depois, impedir que jogadores-chave queiram sair. E um estádio maior era muito bem-vindo, já agora. Indo à Liga dos Campeões, que logo confere a jogadores e directores outro sentido de responsabilidade, o Tottenham poderá começar a encarar-se a si próprio de forma diferente, mais autoritária e ambiciosa. E porque, também muito importante no contexto do futebol inglês, a distanciação entre clubes dá-se na conta bancária. A consolidação do Manchester United enquanto clube mais poderoso de Inglaterra deu-se porque o clube venceu quando o dinheiro começou a ser uma das partes mais importantes do futebol, em meados dos anos 90.
Poderemos assistir a uma troca de lugares muito curiosa e, para os visados, dolorosa ou rejubilante. O Arsenal pode muito bem deixar a posição de outsider (que não é detido por gajos que cagam milhões de libras) para o Tottenham. O pessoal que apoia o Arsenal deve deixar um pouco a submissão para com o Wenger de lado, esquecê-la por algum tempo e colocar o clube primeiro, porque a notoriedade do clube está a cair vertiginosamente. É inacreditável como o Arsenal perdeu a boa fama e poder que tinha em meados de 2000, sendo agora um clube que não consegue fidelizar os seus melhores jogadores. Henry é um símbolo do clube, tem uma estátua no clube, bateu os recordes de uma outra lenda do clube, tornou-se vedeta mundial do futebol no Arsenal, mas saiu para o Barcelona. E como o Arsenal não é um clube sem poder financeiro ou nome ou ambições, uma verdadeira lenda não sai do seu clube.
A dianteira do Tottenham é composta por jogadores muito rápidos, de longe o ataque mais rápido da Premier League, enquanto que a defesa do Newcastle United, nomeadamente o centro da defesa, é composta por dois manos que não conseguiriam apanhar uma gorda a fugir do Taco Bell.
Uma valente trampa, é o que é.
Que o Ashley trate de contratar um defesa-central de qualidade e um extremo criativo, pelo menos.
E o treinador do Newcastle não é competente o suficiente para consolidar o Newcastle como clube poderoso da Premier League, candidato a um lugar entre os 5 primeiros.
Tudo o resto está lá: dimensão, história, adeptos, estádio, vontade.