Elas também jogam à bola
É um futebol diferente. Não tem muitos espectadores, não tem transmissão televisiva, não tem milhares de euros, não tem estrelas e – muitas vezes – nem tem relvados. O futebol feminino em Portugal é muito diferente daquele que se vê na Liga Sagres e na Liga Vitalis e, no entanto, é estranhamente igual, ao despertar as mesmas emoções.
As jogadoras da 1ª e 2ª Divisões de futebol feminino são todas amadoras e só jogam porque “gostamos realmente muito disto”, explica Edite Fernandes, uma das capitãs da selecção nacional. De qualquer forma, as jogadoras inscritas na Federação Portuguesa de Futebol (FPF) em 2007 eram 1185, número ínfimo no panorama europeu. Basta ver que, quando o futebol feminino começou a ser uma competição oficial da UEFA, em 1985, as jogadoras federadas eram cerca de 250 mil. Actualmente, o número cifra-se em 1,5 milhões de jogadoras por toda a Europa.
“Só quando começarmos a ter alguns resultados positivos, começarão a olhar para nós”, afirma a seleccionadora Mónica Jorge. De facto, foram os bons resultados conseguidos pela selecção germânica – actual campeã da Europa e do Mundo – que incentivaram um crescimento de 78% no número de jogadoras federadas naquele país, em apenas em 7 anos. Por isso, em 2005, as jogadoras inscritas na Alemanha perfaziam quase 49 mil, uma diferença avassaladora em relação aos números portugueses.
A seleccionadora nacional ressalva que “a FPF está empenhada em apostar no futebol feminino”, após alguns períodos menos felizes. A selecção feminina esteve suspensa entre 1984 e 1994, apesar do campeonato se ter mantido activo desde 1985. Quando a selecção reiniciou a actividade, já muitos outros países a suplantavam, daí o ex-seleccionador Nuno Cristovão afirmar que o futebol feminino em Portugal “tem 20 anos de atraso”. A seleccionadora actual concorda. “Para apanhar esse comboio vai ter que haver um trabalho bem pensado a longo prazo.”
De qualquer forma – e algo paradoxalmente –, Portugal até é o anfitrião de um dos mais importantes torneios de futebol feminino a nível mundial, o Mundialito, ou, como é conhecido no estrangeiro, a Algarve Cup. O torneio é mesmo considerado como o 4º a nível mundial, depois do Mundial, do Europeu e dos Jogos Olímpicos.
O problema está nas competições internas, concordam as participantes. “O campeonato é um passeio para o 1º Dezembro”, diz Edite Fernandes, uma das jogadoras mais experientes da equipa. Contra factos não há argumentos: o 1º Dezembro é campeão há 8 épocas consecutivas.
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Finalmente decidi abrir um tópico para falar do futebol feminino. Sei que provavelmente tem pouco interesse para a maior parte de vós mas é a minha paixão e acho que aqui é o sitio ideal para a partilhar.
O futebol feminino tem vindo a crescer a uma velocidade considerável principalmente lá fora, apesar de ver também um esforço nas pessoas que trabalham em Portugal.
A nível de competições internas estamos muito abaixo de países como a Alemanha, Suécia, USA e por ai fora. Mesmo assim o trabalho desenvolvidos pelos clubes, associações e a própria federação tem melhorado ao longo dos tempos.
Continua a existirá uma grande falta de apoio por parte das entidades competentes o que impossibilita o desenvolvimento do “nosso” futebol.
Em Portugal só se pode jogar a partir dos 13 anos seja futsal ou futebol (federado) e muitas vezes em equipas seniores o que dificulta a integração das mais jovens. A falta de bases é bastante prejudicial tanto a nivel técnico como a nivel táctico.
Poucos acompanham a realidade do futebol feminino e acham que os jogos é pontapé para a frente mas não é, mesmo os jogos em Portugal já tem um conteudo bastante agradavel já para não falar das competições internacionais onde a qualidade é fantástica e por vezes superior ao futebol praticado por muitos homens.