Ele teve alguns argumentos bons e outros menos bons. Algumas ideias positivas e que fazem todo o sentido, mas outras que são claras contradições que ele não quer/pode assumir. Mas tudo bem, isso faz parte de qualquer figura mediática.
O maior problema foi mesmo o tom durante a entrevista. Detestei. Durante largos momentos ele estava armado em Bruno de Carvalho, agressivo, até meio insultuoso em relação a certos adeptos (cujo único “crime” foi criticá-lo), demasiada bazófia, cagarolas, etc. Enfim, igual ao que o Bruno fazia e que foi o fim dele.
Eu sei que este tipo de discurso e este tom engana muitos patos (o Bruno fez muito isto, em maior magnitude nos últimos 2-3 anos), mas é um péssimo sinal. Não foi com este tom que o Varandas foi eleito e é um erro ele tentar ir por este caminho.
Além do óbvio, o Varandas era suposto ser diferente do Bruno (e de Godinhos, JEBs, etc) no mínimo em relação à apresentação, imagem e tom. Tudo isso eram falhas do presidente anterior e, na minha opinião, os sócios queriam algo diferente e foi com essa premissa que uma boa parte deles votaram no Varandas.
Se ao fim de 1 ano o Varandas já começa a mostrar laivos de Bruno, então vamos no mau caminho. Esta bazófia, tom agressivo, jocoso em relação a sportinguistas que o criticaram publicamente, etc… é ridículo.
Opa. Tretas. Os sócios entraram em parafuso ( tal como BdC) no pós Madrid e Alcochete. Além de que fora os excessos dos últimos meses, as pessoas sabiam qual o perfil de BdC. Não enganou ninguém.
No tempo do Godinho Lopes tinham insides relativamente às transferências. Eram regularmente os primeiros a anunciar as mesmas. É natural que estejam contentes com o Vatangas. Vêm da mesma linhagem de… vai parecer que estou a chamar merdosos porque… estou mesmo a chamar merdosos…
Sobre o Orçamento para o Sporting Clube de Portugal:
Um presidente do Sporting deveria saber qual é a quantia de dinheiro que lhe permite ser campeão. Nunca existira uma equação científica que proporcione essa informação, mas talvez fosse possível chegar a aproximações de distintos patamares.
Certamente que investindo 300 milhões no plantel seríamos campeões, mas o importante é saber qual é a menor quantia necessaria.
A equação nunca daria um gráfico Linear e directamente proporcional. Um jogador de 300mil € pode render tanto como um de 30 milhões, óbvio, mas é menos provavel. No entanto, é possível e muito mais provável que um jogador de 10 milhões dê o mesmo rendimento desportivo que outro de 30 milhões. É aqui que está a oportunidade.
Tendo em conta isto, percebendo e estudando o mercado, é possível fazer uma estimativa conveniente do patamar de preços variaveis com os quais se obtém o mesmo rendimento desportivo. Isto ajudanos a perceber se devemos comprar jogadores de 5; 10 ou 20 milhões.
Tendo em conta o mercado inflacionado, eu gosto quando o Sporting compra jogadores de 8 a 10 milhões. Até agora.
O lampião está a meter o pé na argola com jogadores de 20 milhões, em termos de patamar, para o rendimento que ele procura. É deixa lo queimar dinheiro. Pelo menos até agora, segundo os preços actuais. Depende da perspectiva inflacionária futura
Neste momento, ainda é difícil para o nosso campeonato rentabilizar com grande margem de lucro um jogador que seja comprado por 20 milhões. E o risco de desvalorização torna esses investimentos muito arriscados
Mas quanto deve investir o Sporting no plantel?
A primeira coisa é deixar que sejam os rivais a puxarem o topo pra cima e nunca pressionar essa acção, lembrando que eles estão melhor financeiramente e, fundamentalmente, porque nós só vamos virar o jogo contra o histórico rival quando a nossa dívida for a metade da deles. Só depois é que podemos pressionar a subida do tecto, se fôr necessário.
Se eu fosse presidente do Sporting gastaria sempre 5 milhões a menos no nosso plantel em relação a qualquer orçamento practicado pelos rivais. Por opção estructural, que vai para além da ideia de fazer mais com menos.
Tudo também depende do patamar. Se o patamar de despesa em plantéis estivesse nos 20 milhões seria um erro evidente aplicar o dito anteriormente.
Mas supondo que os nossos rivais gastam 70 milhões no plantel, aí já se torna possível e conveniente gastar 65 milhões (se os tivermos) .
Saliento que é prejudicial para o Sporting haja expectativa e percepção externas de que o plantel do Sporting é inferior porque investimos menos dinheiro nele.
Um dos grandes erros de BdC foi pressionar o tecto orçamental que os rivais estavam a practicar. Isto colocou em risco a sustentabilidade do seu projecto e os anos seguintes. Era possível ter a mesma equipa competitiva sem entrar em excessos. O círculo virtuoso precisa de ser sustentável.