Formação ou Compra de jogadores, que rumo tomar?

A minha dificuldade em teorizar um futuro plantel do Sporting , deve-se exactamente á situação que retratas , e que me causa bastante espanto pois por muita boa vontade que tenha nas avaliações , não consigo conceber o nível de custos do plantel actual em relação á sua qualidade.

Fechamos um semestre na casa dos 21 só de custos , portanto acima de 40 ao ano. O Godinho diz que se poupa 3,5 com as mexidas de inverno , o que ainda dá um semestre acima dos 19. É inconcebível perante a falta de qualidade , falta de soluções , e os diversos contratos em vigor. São numeros astronómicos.

A tarefa hercúlea , mais do que arranjar financiamento , vai ser arranjar espaço para esse mesmo capital. Livrar este peso morto todo não é fácil. A regra de ouro terá de ser , se recebe perto do Rui Patricio , tem de ter um rendimento perto do capitão. Tudo o que fugir disto é para largar á primeira oportunidade. Venha as imparidades futuras que vierem. Mas é mais fácil dizer que fazer…porque absorver estes contratos , é preciso que exista outra carlos azeitolas do outro lado.

Por estas e por outras é que é um sincero prazer ver o Ash de regresso! :great: Como habitual, porque o tempo não apaga nada, totalmente de acordo com ele!

Um misto entre os dois caminhos não me parece a melhor opção, parece-me mesmo a única. Porque qualquer um dos caminhos, sem estar associado ao outro, levará à destruição do Sporting.

Neste momento, o que me parece impossível e insustentável é continuar a manter 3 planteis, o principal, a equipa B e o plantel de emprestados. Os custos têm que ser reduzidos, tanto o salário médio do elemento do plantel principal, livrando a SAD de inúmeros pesos pesados financeiros com rendimento desportivo de peso pluma, como já aqui falaram, mas também livrando a SAD de outros tantos pesos pesados ao nível salarial que se encontram actualmente emprestados.

Um Clube com a situação do Sporting tem que cortar radicalmente com isso. Não dá para manter 3 planteis, há que manter um plantel principal curto e equilibrado, cortando bastante a massa salarial no próximo ano, o que trará tremendas dores de cabeça a quem tem poder de decisão. Porque, se por um lado é necessário libertar peso de salários, por outro é fulcral tentar elevar a capacidade colectiva. Mas esta equação será muito complicada de pôr em prática, por dificuldades em fazer sair em condições vantajosas imensos jogadores com salários elevados e pela dificuldade em adquirir jogadores a preços competitivos, tanto ao nível da aquisição como do salário, que possam chegar e ter rendimento.

Muitos falam da necessidade de apenas contratar 4/5 jogadores de qualidade. Parece-me bem, mas muito difícil. Não vejo capacidade financeira para tal. Neste momento, se conseguissem trazer 2/3 jogadores de qualidade, que façam a diferença, já me parece bem razoável.

Mas, acima de tudo, parece-me fundamental que se olhe para o que já existe no Sporting. Na equipa principal, na equipa B, nos emprestados e no actual escalão Sub19. Não pode ser de outra maneira. Com as tremendas dificuldades financeiras do Clube, há que avaliar imediatamente todos os que têm contrato profissional com o Clube e só depois de identificar os pontos fracos, partir para a contratação externa de jogadores que colmatem essas falhas. E mais uma vez digo, parece-me impossível conseguir colmatar todas as falhas num só defeso, será um trabalho demorado. Por isso assumo que compreenderei que o próximo plantel tenha competitividade e qualidade insuficiente para os padrões do Sporting do passado, desde que se veja uma estratégia racional de dar um passo atrás para poder, a médio prazo, dar uns quantos em frente.

A ideia fundamental, para mim, é mesmo esta. Plantel principal com quantidade reduzida de jogadores e avaliação séria e rigorosa de todos os elementos com contrato. Poderá haver jogadores na equipa B e emprestados com qualidade suficiente para assumir um lugar no plantel principal da próxima época, de forma a formar um plantel minimamente capaz e com custos muito inferiores aos actuais. Para tal é preciso competência, seriedade, rigor, perspicácia e, não menos importante, paciência e compreensão de Sócios e adeptos.

É aí que a prospecção é rainha. Claro que com ordenados e com prémios de assinatura, o termo “custo zero” acaba por ser uma falácia, mas neste momento acho que podemos (e devemos) olhar para casos de jogadores internacionais em final de carreira e livres.

O Acosta e o Schmeichel, por exemplo, trouxeram ao Sporting muita experiência, e acredito que o efeito na moral dos jovens do plantel estarem no balneário e verem o Peter F***ing Schmeichel sentado ao lado deles deve ter sido algo de outro mundo. :slight_smile:

São jogadores que não vão trazer rendimento financeiro, mas que, tenham eles a mentalidade certa (muito importante, não podemos contratar primadonas) vão trazer rendimento desportivo e rentabilizar mais as qualidades dos jovens.

De resto, o Bruno de Carvalho evitou o tópico do fundo de investimento para o plantel durante a campanha… mas nada nos garante que não esteja preparado um fundo nos mesmos moldes que há 2 anos, o que nos libertaria de fazer alguns investimentos (claro que esse fundo apenas serviria para contratar jovens, já que os investidores querem ter retorno).

Um misto de experiência com juventude da formação, nas posições que a formação não conseguir oferecer ao Sporting deve-se contratar jogadores já feitos e com alguma experiência, entre os 22 e os 26 anos ainda em boa idade para futuras vendas e de dar retorno economico, mas sou da opinião que se deve contratar poucos mas bons, apenas 3 ou 4 jogadores por ano mas de alto nivel em vez de se andar todos os anos a contratar-se 12 ou 13 jogadores sem nivel e que acabam por ficar caros e alem disso nem dão retorno financeiro mas apenas prejuizo.

O Barcelona é isso que faz, aproveita a cantera e depois nas posições que lhe falta contrata poucos mas bons e o Sporting deve seguir o modelo do Barcelona.

aqui deixo o numero de contratações do Barcelona por epoca e idade na data da contratação

Barcelona (poucos mas bons)
2012-13 Contratou 2----- Jordi Alba 24 anos, Song 25 anos.
2011-12 Contratou 3----- Alexis Sanchez 22 anos, Fabregas 24 anos, Riverola 20 anos
2010-11 Contratou 5----- Macherano 26 anos, David Villa 29 anos, Adriano 26 anos, Afellay 25 anos, Martin Caceres 23 anos

Sporting (muitos e ruins)

2012-13 Contratou 6---- Labyad 19 anos, Gelson Fernades 26 anos, Pranjic 30 anos, Boulahrouz 30 anos, Rojo 22 anos, Miguel Lopes 25 anos

2011-12 Contratou 16— Alberto Rodriguez 28 anos, Bojinov 26 anos, Schaars 28 anos, Wolfswinkel 22 anos, Onyewu 29 anos, Arias 20 anos, Marcelo Boeck 26 anos, Luis Aguiar 26 anos, Turan 19 anos, Rubio 18 anos, Capel 23 anos, Rinaudo 24 anos, Jeffren 23 anos, Elias 26 anos, Insua 23 anos, Carrilo 20 anos

2010-11 Contratou 8— Evaldo 29 anos, Maniche 33 anos, Torsiglieri 23 anos, Nuno André Coelho 24 anos, Jaime Valdés 30 anos, Hildebrand 31 anos, Cristiano 27 anos, Zapater 25 anos

Total de contratações nos ultimos 3 anos

Barcelona 10
Sporting 30

Concordo com a ideia rickyvega , mas a comparação com o Barça é sempre injusta porque :

Jogadores jovens do Barça crescem num ambiente muitíssimo mais competitivo.
Jogadores jovens do Barça têm a ambição de jogar ao mais alto nível…no seu clube
E a essa mesma ambição pode-se conciliar com possibilidades financeiras que o Sporting nunca poderá oferecer.

Mas na teoria é preciso procurar encontrar algo parecido , sabendo sempre que nunca poderemos ter um ciclo tão consolidado e longo como o Barça apresenta. Será preciso mais engenho , e claro a dominância que eles apresentam , nós mesmos á nossa escala seria difícil de replicar. O importante claro será sempre perceber que os nosso períodos de insucesso devem servir meramente para criar novas raízes para o futuro.

A meu ver, na necessidade de contratarmos, seria um jogador Novo para a Europa, mas Experiente para o Plantel do Sporting.

Novo-Experiente : Wolfswinkel, Capel, Schaars, Rinaudo, Moutinho, Mangala

Jogadores jovens e com potencial há na Academia ao pontapé, não quero acreditar que esse Josué, só por ter feito uma época boa no Paços, tenha mais qualidade/potencial que um Labyad ou um André Martins

Precisamos de 2 PL’s, o Ghilas do Moreirense agrada-me bastante e teria um preço acessível. O 2º seria a nossa referência, um negócio à imagem do Wolfswinkel, novo, já com 2/3 anos de exp no futebol europeu, com um bom currículo de golos marcados e com sede de se afirmar.

Evitar as contratações a custo zero. Temos o exemplo das ultimas contratações que fizemos, a desgraça que foi. Boulahrouzs, Pranjics, jogadores já com muito ganho e sem vontade,nem paciência para aguentar um desafio pesadíssimo como o Sporting.

Um abraço a todos.

PS: Ontem deu-me uma enorme alegria, ver a felicidade dos jogadores em dedicarem os golos e a vitória aos adeptos que estavam presentes em Braga. Precisamos desta comunhão, eles são novos, são esforçados e precisam de sentir o nosso embalo

VIVA O SPORTING! :victory:

Posso vir a ser crucificado no final mas vou arriscar…

Existem 3 lógicas de gestão de futebol em Portugal.

1 - braguinha - comprar cirurgicamente barato, em muito pouca quantidade, na esperança dum tiro no escuro os fazer valer em 2 ou 3 anos muito mais … exemplo do lima que veio a saldos do belenenses e deve ter rendido umas 5 x o preço de compra.

2 - SPORTING e malfica - compram mal, compram caro, compram às parcelas. O jogador dá a primeira entrevista ainda antes de pisar solo português e já com ambição de títulos. O chamado falar à leão … A gestão é danosa, as vendas a saldo, e repartido o dinheiro por meio mundo, não se ganha nem desportivamente na maioria dos casos.

3 - porto - lamentavelmente a unica gestão com lógica. Compram caro e bom, vendem a quem dá o que eles querem de preço e há sempre um puto já a rodar na equipa que entra a espaços, que será titular em 2 ou 3 anos, a maturar sem pressão. As vendas são constantes, as compras a parcelas são reforçadas até o passe ficar a 100% caso seja para vender. Faz-se dinheiro, há sucesso desportivo.

AGORA RESPONDENDO À PERGUNTA DO POST INICIAL ->

Neste momento teremos de ser ultra incisivos, já que o modelo número 2 está provado que não funciona.
Contratar no escuro não nos serve nem ajuda a blindar os mais novos da academia ( que são eles este tipo de jogador que percisa de tempo e espaço, sem muita pressão externa mas com objectivos claros e exigencia interna. )
E por fim, concordando com o que se vai chamando de MIX, comprar uns 4 ou 5 no máximo de jogadores de preço médio alto, muito especialmente um avançado raçudo mais velho e sabido para ensinar a ratice.
Mercado interno - jogador habituado ao país e campeonato, mas talvez com menor margém de lucro de venda.
Mercado externo - sujeito à adaptação, sem duvida que vindo duma selecção e ao que parece, vindo de fora da europa sul ou centro, há mais margem de sucesso. não quero uma cópia do porto como é óbvio mas se esse modelo os serve, temos de encontrar um, só nosso, que nos sirva de igual medida ou mais ainda, para um sustentar financeiro e desportivo do clube.

Nariu a lógica dos lampiões é igual à nossa?!!!

Não sei em que mundo. Os lampiões neste momento estão a anos de luz à nossa frente. Têm comprado muito bem e vendido caro!

:arrow: :arrow:

Infelizmente.

Mesmo o Braga não tem uma má gestão, e o Lima já se via desde cedo no Belenenses que era acima da média.

O nosso problema foi que as contratações eram para as comissões, não para fortalecer a equipa.

Por mim, apostava sem qualquer hesitação na nossa formação. Depois das duas edições iniciais da nextGen, deu claramente para ver que a nossa equipa era a melhor tanto em 2011/12 como em 2012/13. Em ambas fomos eliminados por equipas que nos são bastante inferiores mas que acabaram inclusivamente por se sagrar Campeãs (Inter e Aston Villa). A qualidade do nosso jogo e o talento dos nossos jogadores foram notas de relevo e os principais destaques no que toca às conclusões e aos registos que marcaram esta nova competição que serve para evidenciar e apurar as características e as capacidades da próxima geração de jovens jogadores. Portanto, se temos neste momento vinte ou trinta jogadores do melhor que há na Europa para o seu escalão etário, que se conhecem bem, jogam de olhos fechados e dominam qualquer adversário nacional ou internacional, imaginem o que seria apostar nesse lote de jogadores durante cinco ou dez anos. Isto, além de contar já com os outros elementos já mais experientes do plantel principal e adicionar a contratação de três ou quatro jogadores que façam mesmo a diferença e sejam reconhecidos a nível internacional. Sou a favor de apostar na formação em bloco e não de forma isolada. As rotinas entre jogadores têm de ser continuadas e não interrompidas. Por exemplo, um jogador de talento da formação que fosse atirado para o plantel sénior deste ano sozinho acabava por ser engolido pela onda negativa mas quando introduziram vários ao mesmo tempo viram-se melhores resultados. Se temos a certeza da qualidade e do talento de tantos jogadores devemos apostar neles em massa e de certeza que contruiremos uma equipa poderosa e dominadora com uma fonte inesgotável de recursos.

Temos de ver as necessidades da equipa e apostar onde pudermos na formação. Essa tem de ser a equipa base :beer:
No entanto pondo os olhos nas equipas do porco por estes anos fora nem sempre primaram pela virtude. Algumas até estavam cheias de toscos e sarrafeiros mas tinham sempre algo de comum: grandes avançados que garantiam metade dos golos da equipa.
Por aqui começo. Uma das causas do insucesso da nossa equipa este ano foi a aposta num único avançado quando uma equipa que pretenda marcar golos a equipas que se fecham tem de ter pelo menos 2 ou 3 por vezes a jogar em simultâneo. O Wofs nunca conseguiu esplanar o seu futebol pois estava sempre marcado por 2 ou 3 defesas.
Na minha opinião não pode haver tecto salarial. Isso não funciona pois se estabelecermos um tecto de 500 mil/ano não conseguimos avançados de qualidade (o Lima por exemplo ganha 2 milhões no benfas)
Penso que devemos ter um tecto salarial não definido mas que seja cumprido para que caso apareca um avançado de grande capacidade possamos, sem ofender qualquer susceptibilidades contratá-lo.
Finalmente temos de agir mais através de empresários “nossos” no sentido de aliciar jogadores que se verifique terem valor 1 ou 2 anos antes de terminarem os seus contratos para ir buscá-los a “custo zero” no fim do contrato.

Ouvi dizer que o Roberge do Marítimo estava assegurado.

Confirma-se?

Noticia do cm… credebilidade zero!

Não conheço o plantel do benfas nem me interessa mas fiquei com a impressão que eles contratam época após época, 10 a 15 jogadores e só um ou dois vingam. Nessa lógica de trazer um autocarro de jogadores cada vez que há uma pré-época eu acho que poderá ser possível comparar os 2 clubes. Mas a realidade é que pouco interessa uma vez que a realidade deles também não se pode aplicar a nós ( eles fizeram outro empréstimo de 80 milhões nem há 1 mês ). E qual o último produto da academia deles ?? hélio pinto !? talvez tenhas razão num intervalo de tempo muito curto … 2 ou 3 anos, pq antes da saída do di maria, ramires, sideshowbob, simão tal como nós, eles não venderam nem 1 cachorro quente.
O ponto que felizmente toda a gente concorda é que até hoje o caminho foi MUITO errado e que a solução passa por poucas contratações com bom retorno ( viva aos olheiros !! ) e putos da nextgen. mas é só uma opinião tal como a tua no hard feelings.

As camadas jovens deles não produzem grande coisa, é certo… pelo menos até começarem a sair aqueles que nos têm vindo a roubar nos últimos anos devido à degradação dos nossos departamentos de scouting e à incapacidade de segurar alguns jogadores jovens. Mesmo esses podem não ser grande coisa (espero que não).

Quanto ao caminho que eles agora estão a seguir, é muito à imagem do Porto. E o Jesus tem valorizado os jogadores deles que é uma coisa parva. E tal como o Porto, dão-se ao luxo de comprar um gajo que não faz nada durante um ano (Matic), ninguém dá nada por ele, e no ano a seguir venderem 2 titulares do meio-campo e o gajo pegar de estaca.

Agora se contratam aos camiões… não te sei dizer. Para ser sincero, nem sei se o Porto contrata aos camiões. Sei que ambos conseguem valorizar jogadores e vendê-los caros lá para fora. E é isso que nós temos que fazer também, quer com os que nós formamos quer com os que nós compramos. E claro, sempre que possível, segurar jogadores importantes (o que é difícil, tendo em conta as nossas dificuldades financeiras e uma carga fiscal de cerca de 50% nos ordenados a esse nível).

(Claro que depois há coisas muito estranhas. Não acredito nem por um segundo que o Benfica tenha pago 8M pelo Roberto, muito menos que tenha recebido esses 8M de volta. Alguma coisa se passou ali, alguém tinha dinheiro para lavar… mas pronto, estou mais preocupado com os crimes que se passaram cá dentro que com os que se passaram lá fora.)

Pois essa ultima parte é garantida !!! :rotfl: não só o roberto não custou / foi vendido por esse preço como aquele que efectivamente foram vendidos a um bom preço reverteram todo esse guito para o benfas … eles ao menos gabam-se disso ainda que seja mentira, agora nós despaxar o montinho, veloso, matias e outros a preço do tremoço … nem isso podemos dizer … =) :cartao:

Pois. :frowning:

Ainda me lembro dos russos dizerem que o negócio do Zapater foi o mais fácil que alguma vez fizeram. Perguntaram pelo jogador e levaram-no oferecido…

Que clube português foi campeão com base na formação? O mais perto foi o Sporting de Paulo Bento e mesmo assim acabavamos a liga com 4 a 7 derrotas. Se for esse o rumo a tomar, é importante criar expectativas e perceber que a nossa luta é pelo 3º lugar.

Esta discussão acaba por ser uma descentralização do que é mais do que debatido em vários tópicos. Já discuti esta questão neste fórum variadíssimas vezes e em diversos tópicos. Ao falarmos da preparação da próxima época, acabamos por “desaguar” nesta questão.

Em minha opinião, nem uma nem outra opção. Ou antes, ambas. Uma não sobreviverá sem a outra. Certo que, sem condições financeiras, teremos de apostar mais fortemente na formação, mas o futebol não é um negócio estático, o dinheiro não pára. Pelo que temos de ter em conta que se esperam vendas dos adquiridos e dos formados e, consequentemente, compras de outros jogadores.

Penso que no momento, deveremos apostar na base que se leva desta época, com jogadores como Cédric, Ilori, Dier, Bruma, sobretudo estes, a darem seguimento ao trabalho feito nesta época e que podem ser vistos como possíveis titulares na próxima época. Resolvem-se 4 questões por aqui, sendo certo que, vendendo alguns jogadores, certamente não iremos delapidar todo o plantel da presente época.

Tendo ainda em conta que bons valores como Árias, João Mário, Zezinho, Fokubo, Viola, Rubio, Etock estão a demonstrar estar a atingir um patamar entre a equipa B parecer pequena demais para a sua qualidade e chegar a alternativas da equipa A, serão poucas as contratações a realizar. O problema e complicado da questão é fazerem-se compras “cirúrgicas”.

Caso Patrício seja efectivamente vendido, confio em Boeck. Logo, temos GR, defesa (faltando um bom defesa esquerdo), estamos servidos com médios 6 e 8, sendo que uma contratação para este posto seria muito importante, bem como um jogador para as alas e um PL.

Resumindo, a aposta na formação deve ser a nossa bandeira, claro, mas não uma base com 11 jogadores da casa. É preciso jogadores experientes, ainda que somente 3/4 para uma “espinha dorsal” forte, mas, sobretudo agora com o projecto da equipa B, temos condições para promover com calma e atenção vários jogadores, evitando que alguns bons valores dos júniores sejam desperdiçados somente porque não há espaço para eles no plantel principal.

Vou deixar aqui um texto que achei extremamente interessante publicado no Mais Futebol por um ex jogador da nossa formação:

[quote=China: o Sporting, as peladas na Nave e a rebeldia de Quaresma]
JOÃO CHINA, METALLURG DONETSK (UCRÂNIA)

«Olá caros leitores do Maisfutebol,

Hoje vou escrever sobre uma grande instituição onde estive durante oito anos: o Sporting Clube de Portugal.

Antes de mais quero agradecer publicamente à família Galambas e à família Mira que me acolheram nas suas casas durante os primeiros três anos de Sporting devido a minha tenra idade e também ao treinador Nuno Nare e à sua família.

O Sporting tem uma grande escola de jogadores e o seu segredo passa por diversas áreas, começando por um grande e competente gabinete de prospeção de atletas, acompanhado por diretores, treinadores e outros elementos com muitos anos de casa, muitos deles até ex-jogadores que passam a mística do clube e criam um ambiente familiar e vencedor.

Nestes anos passaram por lá grandes jogadores e outros que foram enormes promessas mas nem todos singraram. Muitos desapareceram por um motivo ou por outro.

Da minha geração, quem teve mais sucesso foi o Ricardo Quaresma. Embora sendo um ano mais novo, acompanhava sempre a nossa equipa. Era e é um craque.

Certo dia, quando ele tinha 15 anos, houve um treinador (Zezinho) que o castigou pela sua rebeldia. Disse-lhe que, enquanto não mudasse, não iria jogar na equipa principal. O Quaresma respondeu que iria jogar sim, e que iria ter a camisola 10 nas costas. Não sei se chegou a ter o número 10, mas acabou mesmo a época a titular e o resto já se sabe.

O Carlos Martins era muito extrovertido e um amigo que nunca se calava, dava muitas dores de cabeça aos treinadores. Uma vez, em Belém, saiu do banco de suplentes e marcou um golaço. Depois de marcar, foi diretamente para o banco e disse ao mister Venâncio que aquele não era lugar para ele.

O Beto e o Hugo Viana também estão a fazer boas carreiras, tinham igualmente um talento enorme mas eram mais reservados. Nesse período, tive a oportunidade de viver algum tempo no lar do Sporting, onde estavam nomes sonantes como Simão Sabrosa, Luís Boa Morte ou Cristiano Ronaldo.

Ali vivia a seleção dos 30, jogadores que o Sporting acreditava serem mais-valias para o futuro. Vivi momentos engraçados, como as praxes da ordem, o ter de dividir uma televisão entre 30 jovens e as peladas às duas da manhã na antiga Nave do Estádio de Alvalade. No dia seguinte, a escola ficava um pouco distante para nós…

Agora, com a Academia, tudo é diferente. Não falta nada aos jovens jogadores, apenas perdem um pouco da liberdade que tínhamos naquela altura. Tive bons treinadores como Osvaldo Silva, Nuno Naré, Rui Palhares, Leitão, Zezinho, Venâncio, Alexandre Paiva e César Nascimento. Todos me ensinaram algo, cresci como jogador e como homem. Também não posso esquecer diretores como Mário Lino, Aurélio Pereira, entre outros.

O Sporting é um aquário de jogadores prontos a ser pescados. Devia haver uma aposta mais forte na formação, como está a acontecer agora. Está provado que, sem essa aposta, o clube perde identidade e valor. Basta olharmos para a seleção nacional nos últimos anos e vermos quantos jogadores são formados no Sporting, já para não falar da quantidade de nomes espalhados por vários campeonatos.

Foi um orgulho para mim ter passado por uma escola que formou dois jogadores premiados como os melhores do Mundo. Espero que venham mais no futuro e desejo que o Sporting volte a lutar pelo título de campeão nacional.

Deixo um obrigado pelo interesse e um abraço a todos os leitores do Maisfutebol,

Até breve,

João China»

[url]http://www.maisfutebol.iol.pt/made-in/joao-china-cronicas-made-in-made-in-portugal-sporting-quaresma-carlos-martins/1443252-1504.html[/url]