Um misto . O futebol na sua macro-estrutura , é uma actividade relativamente inelástica . Um clube que se situa numa zona periférica , com um potencial de receitas baixo , e que pretende ser competitivo a nivel nacional e internacional (até certo ponto) , não tem propriamente um manancial de estratégias. O que difere do Sporting para os outros clubes , são os recursos vindos da nossa formação que podem facilitar e muito o processo de colocar o clube na senda de vitória , com um rácio de despesas e custos mais baixo que o dos rivais.
Quem defende uma aposta total na formação nesta altura (leia-se 10 , 11 jogadores no onze inicial , sem nenhum suporte) promove meramente o continuar da agonia , a desvalorização da marca , os problemas do passivo e acima de tudo arrisca-se pelo meio a dar cabo desses mesmos recursos.
A aposta terá de ser na linha do que outros clubes de sucesso fazem em Portugal , com a condição que em vez de se procurar soluções constantemente no mercado , olhar-se para dentro e perceber o que temos , como podemos rentabiliza-los e exponenciar o seu rendimento. Isto é , colocar sempre a mesma questão quando se compra um jogador…o que vale , quanto custa , o que pode trazer para o clube e comparando o resultado com as soluções internas. A ideia base será a mais óbvia , trazer poucos jogadores de real valia para aumentar a competitividade da equipa , para ajudar a valorizar e a crescer os que cá estão , e tapar falta de soluções em posições especificas. Os jogadores mais jovens precisam de crescer em ambientes competitivos e onde sejam obrigados a lutar por um lugar , e por objectivos específicos.
Com o tempo , poderemos ter uma equipa mesmo totalmente rotinada vinda de dentro (sempre reforçando que o que não existe cá dentro , será sempre necessário repescar lá fora) , onde os jogadores mais consolidados já são os que cresceram pela formação , que são competitivos , que ajudam os mais novos a crescer e que saem para gerar as mais valias financeiras necessárias. Este aspecto é o mais primordial. Os sócios podem não gostar (houve uma altura que se viveu uma autentica paranóia , que escavou o nosso buraco) , mas nós temos de formar para vender. É esta a posição de Portugal no mercado. Só que se o porto é obrigado constantemente a procurar soluções no mercado para valorizar , e o benfica numa estratégia semelhante , o Sporting não precisa de atingir uma quota tão elevada de contratações. Rojos , Joazinhos , Migueis Lopes , Oguchi’s , Bola , Schaars , Jefren , Capeis e caruncho do género…tudo inutil. Tudo errado. Alguns porque são péssimos , e para péssimo punha-se lá um puto , e outros porque são o pior que se pode ter no plantel. Jogador mediano e caro. Repescar demasiado na Europa gera isto. Mercado caro e só aspira a vir para Portugal quem não tem qualidade para se impor em melhores campeonatos. Só isto devia logo fazer acender as sirenes…mas a incompetência no nosso clube é gritante.
Devemos iniciar um ciclo onde o insucesso pontual é meramente a ponte para um periodo de ajustamento do plantel vs os recursos que actualmente saem da formação , para se voltar a encontrar o sucesso.
O desafio óbvio que se põe é , mas como compramos (pouco) se estamos falidos . Ora há dois níveis de problemas financeiros. A falta de liquidez (o mais grave por ser de curto prazo , e que além do problema de salários impossibilita avançar com verbas para iniciar negócios , esta 2a foi a real utilização dos fundos) e o problema do passivo. Ora aí a solução é mesmo simples. O clube precisa de uma injecção de capital , de um parceiro para os negócios , simples. Não é uma boa medida se for feita ás 3 pancadas e á bruta , como se viu no passado com o Godinho , que criou um grave problema. Como se falhou as contratações , criou-se 2 problemas. O aumento de custos , e a necessidade de pagar a rendibilidade associada a estes negócios (que ninguém conhece). Como não se ganhou e os jogadores não se valorizaram , o clube ficou com 2 batatas quentes. Desalavancar dinherio para estas duas situações , que gerou este buraco na tesouraria. Mas fez-se isto a um nivel absurdo , e portanto ou temos um parceiro para nos ajudar no imediato e absover o risco das parcelas de aquisições (a qual poderá obviamente retirar os dividendos) , ou podemos ter uma passagem pelo deserto que também pode trazer consequências brutais. Acho que existe aqui um meio ponto , até porque sempre defendi que uma boa equipa não tem necessariamente de ser toda ela homogénea. É possivel competitividade , especialmente na realidade portuguesa , acertando em 3-4 jogadores. Nunca 30 em 2 anos !!!
O segundo problema , e que pode ser mais problemático a longo prazo , é bem mais fácil de resolver. Primeiro porque se atingiu um limite para o clube contrair divida (mais pela situação dos bancos , que a nossa , apesar de se ler o contrário) , segundo porque o nosso plano de amortizações , a não ser que venha aí uma coisa que os r/c’s têm escondido , está relativamente controlado e contabilisticamente é muito fácil as novas aquisições terem planos com alguma duração , que permitem ao clube respirar a curto prazo (o nosso problema) , porque a médio vamos recuperar algumas das receitas que desapareceram por mão do jeb e que colocaram o Sporting nesta situação delicada. Dai eu achar que o Godinho não é o unico culpado , longe disso , herdou uma situação dificl e pior consegui ir contra até as suas boas ideias (usar fundos apenas após uma valorização inicial do clube) e fez na minha óptica o seu maior erro…entregar as chaves de 5-6 anos (e não 2 , porque isto vai-nos perseguir) do nosso futebol ao MAIOR INCOMPETENTE da história do Sporting , que literalmente trouxe um camião de entulho. Puro e duro. Pior ainda , alguns adeptos ainda comeram esse entulho.
Tudo passa por uma boa gestão do futebol profissional.
© Ash 28.03.2013