… todos os Sportinguistas que hoje conseguiram ir para a cama e adormecer.
Há muitos anos que vou levando “pancada” causada por esta tremideira crónica da equipa nos momentos cruciais e na sua falta de estatuto competitivo na Europa, mas confesso, esta foi uma das maiores desilusões que levo como adepto leonino.
Muito por causa da minha noite em branco, pude meditar no que representa uma época em que vamos deitar para o lixo um conjunto de jogos que redundaram na oportunidade de ganhar um título, que como alguém aqui disse, foi das coisas mais fáceis de conseguir dos últimos tempos. Lembro-me, com alguma tristeza, no título que tb perdemos no ano do Boabosta campeão onde, por culpa própria e tiros nos pés, perdemos a hipótese de juntar o título anterior ao que ganhámos no ano seguinte podendo ter sido tri-campeões nacionais.
Em resumo, uma época para o lixo. E tudo recomeçará em Julho, muito provavelmente com a disputa da eliminatória da CL, com mais um esforço suplementar, masi uma possibilidade de fracasso, mais um desnecessário desgaste competitivo que se repercutirá lá mais para o final da época. E a pergunta não deixa de me martelar o cérebro: Porquê, senhores, porquê? Porque temos de tornar sempre as coisas mais difíceis para nós? Que estranha atracção pela autoflagelação é esta por parte do Sporting?
Sempre nos faltou um não sei quê nos obriga a aceitar o fatalismo destes momentos decisivos como uma endémica falta de sorte, de protecção dos árbitros ou outra desculpa qq. Ao fim de tantos anos eu já não deixo que o meu “outro eu Sportinguista” me engane. Falta querer, arte e vontade de ganhar. O resto é treta!
Ontem foi por demais evidente, por muito que lhe queiram chamar “controlo” ou outro eufemismo qq, que não atacámos o jogo com decisão. Encolhemo-nos e fomos uma caricatura da equipa que fomos, a espaços, neste campeonato.
Depois de apregoar um sentimento de conquista que não lhe ia muito bem com o já visto dele nesta época, Pesudo quase nos fez crer que tinha aprendido a lição e que conhecia bem a equipa que treina. Recupero 4 momentos distintos dos seus últimos discursos:
“Quando se joga para o empate normalmente perde-se”.
“O Sporting não se adaptará a nenhum adversário. Serão os adversários a adaptarem-se ao jogo do Sporting”.
“Embora com alguns desequilíbrios, acredito que temos o melhor plantel da Superliga”.
“Temos uma equipa vocacionada (balanceada) para o ataque, por isso é normal haver desequilíbrios durante um jogo e que possamos sofrer 1 golo ou 2 num jogo. Temos é de estar convictos que marcaremos sempre mais um que o adversário”.
Ora, quem fala desta maneira e nos cria ilusões de que a teoria será posta em prática com factos, parece-me um erro de palmatória ter entrado no galinheiro com uma equipa ordenada para um pensamento prioritário: aguentar o empate.
Pesudo sabe, ou deveria saber, que as equipas que se podem dar ao luxo de possuir uma prática “cínica” de ganhar competições, forçando o resultado que mais lhe convém, assentam basicamente numa defesa sólida e com registos notáveis de (poucos) golos sofridos. Atributos que, qq um reconhece, o Sporting não possui. Tem uma das defesas mais batidas do campeonato, um gr que é uma verdadeira desgraça no jogo aéreo, laterais lentos e permissivos aos cruzamentos, enfim, um cocktail explosivo para quem pretendesse assentar a sua estratégia no que de pior tem em sua casa.
Houve quem dissesse aqui que se Pesudo tivesse arriscado uma equipa de ataque e perdesse o jogo, ninguém lhe perdoaria. Pois eu, se tivesse perdido com uma exibição igual à que fizémos no jogo para a Taça, teria ficado, como fiquei nesse jogo, com um travo muito menos amargo do que aquele com que fiquei. Não creio que haja comparação possível nas 2 situações, embora o resultado prático fosse exactamente o mesmo. Mas, como ele mesmo disse “Quem joga bem arrisca-se a ganhar mais vezes”. Então de que teve medo sr. Pesudo?
Assim, voltando a ser ele mesmo, o sr. treinador transmitiu à equipa, com o escalamento daquela formação, o medo atávico que lhe atravessa as entranhas nestes momentos. E, sabe-se, pq é dos livros, qualquer equipa “absorve” os estados de alma do seu líder. Como sempre digo nestas alturas, parafraseando o grande Luis de Camões, “um fraco rei faz fracas as fortes gentes”.
Oxalá haja uma pequena redenção na 4ª feira, porque a mágoa, essa, nada a vai retirar do meu peito. Doeu muito, ontem doeu muito, porra!