Morreu Manuel Reis, fundador do Lux-Frágil
Revolucionou a noite de Lisboa, foi figura central da renovação do Bairro Alto e fundou dois espaços impulsionadores da cultura da cidade.
Morreu Manuel Reis, proprietário do espaço Lux-Frágil, que este ano completa 20 anos. A notícia da morte foi confirmada ao PÚBLICO por fonte daquele espaço. Figura fundamental da renovação do Bairro Alto na década de 80, através do Frágil, viria a fundar o Lux-Frágil em 1998, um dos símbolos da cidade de Lisboa. Muito mais do que simples espaços nocturnos, ambos se afirmaram como impulsionadores culturais, fazendo acontecer a cidade.
Reis revolucionou a noite lisboeta quando em 1982 abriu, no Bairro Alto, o bar Frágil, cuja modernidade e arrojo deixaram uma marca inesquecível na cidade. Foi durante anos o ponto de encontro de artistas, poetas e intelectuais, mas também estudantes ainda sem currículo. Para uma parte dos lisboetas, as novas decorações do Frágil, feitas por Pedro Cabrita Reis e outros artistas, eram esperadas como rituais imperdíveis.
Depois do icónico Frágil, que Reis abriu com o sócio Carlos Fonseca, anos mais tarde abriu a discoteca Lux, em Santa Apolónia, à beira do rio Tejo. “O Manel era um inovador, um empreendedor, um homem com visão, e fez isso tudo sempre a apoiar e a lançar os jovens artistas”, disse uma amiga próxima. “Chegou ao Bairro Alto nos anos 1980 quando o bairro era um mundo onde se faziam coisas, não era só um mundo de copos. Havia uma energia especial, estávamos sempre a inovar na forma de estar”, conta. Mas o resultado foi maior: “O Manel entrou a mudar o Bairro Alto e acabou a mudar Lisboa.”
Manuel Reis nasceu no Algarve e veio estudar para Lisboa muito jovem. Esteve sempre ligado ao mundo do design, da moda e do teatro, ao mesmo tempo que abria bares e restaurantes. A linha dos armazéns onde está a Bica do Sapato é outro dos seus projectos marcantes.