Expressões Populares

Algumas expressões populares que utilizamos frequentemente parecem não ter sentido lógico. Na verdade, poucas vezes paramos para pensar o porquê falamos assim.

Qual a história por trás de: “Casa da mãe Joana”, “Maria-vai-com-as-outras” e “Inês é morta”? Quem foram estas mulheres? Conheça um pouco mais sobre Joana, Maria e Inês – as protagonistas de três expressões populares da língua portuguesa:

“Casa da mãe Joana”

A “casa da mãe Joana” é o lugar onde tudo vale, onde não há ordem e a confusão predomina.

A casa da Joana ficava em Avignon, na França. Reza a lenda que Joana era uma jovem bonita e inteligente. Rainha de Nápoles no século XIV, fugiu para a França depois da morte do seu marido. Joana era poderosa em Avignon e apoiou a regulamentação de bordéis na cidade. Os bordéis então ficaram conhecidos como “Casa-da-mãe-Joana”. Hoje a expressão não é utilizada para designar bordéis, mas para referir situações de desordem.

“Maria-vai-com-as-outras”

Dizer que uma pessoa é Maria-vai-com-as-outras significa dizer que eé facilmente influenciável e se deixa levar pela opinião de outras pessoas. A Maria da expressão é Dona Maria I, rainha de Portugal no final do século XVIII.´É conhecida tanto como “A Piedosa” – pela sua devoção religiosa – como por “A Louca” – por ter sofrido uma doença mental após a morte de um dos seus filhos. Por causa da sua condição mental, D. Maria vivia reclusa e só saía acompanhada das suas aias – as outras da expressão.


“Inês é morta”

A expressão “Inês é morta” foi popularizada na obra “Os Lusíadas”, de Luís de Camões. Quer dizer que não há mais solução para uma determinada situação, ou seja: já era! Inês de Castro era uma donzela da corte portuguesa que foi amante de D. Pedro, rei de Portugal, com quem conviveu e teve filhos. O romance não era aceite pelo então rei de Portugal, D. Afonso IV. Com o apoio do Conselho Real, condenou Inês à morte por decapitação, aproveitando a ausência de D. Pedro que partira para uma caçada.

Quando se tornou rei de Portugal, Dom Pedro concedeu o título de rainha a Inês. Segundo a lenda, teria sido coroada em cerimónia formal, apesar do corpo decomposição. Como D. Inês já estava morta, o título não lhe valia para nada, daí a expressão “Inês é morta”.

“Ir para o maneta”

Conta-se que na época da primeira invasão de Portugal por parte dos franceses (1807-1808), um general, chamado Louis Henri Loison (que perdera um braço num acidente de caça) se destacou pelas atrocidades cometidas contra os prisioneiros tendo, inclusivamente, causado várias mortes.
Por ser tão terrível nas torturas que executava surgiu um medo popular do general Loison. Mas ninguém o tratava por esse nome. Chamavam-lhe o maneta. Quando havia o perigo de se ser capturado ouvia-se logo o conselho: “Tem cuidado, que ainda vais para o maneta”.
Duzentos anos depois ainda a expressão é, habitualmente, utilizada.

“Do Tempo da Maria Cachucha”

A “cachucha” era uma dança espanhola a três tempos, em que o dançarino, ao som das castanholas, começava a dança num movimento moderado, que ia acelerando, até terminar num vivo volteio. Esta dança teve uma certa voga em França, quando uma célebre dançarina, Fani Elssler, a dançou na Ópera de Paris. Em Portugal, a popular cantiga “Maria Cachucha” (ao som da qual, no séc. XIX, era usual as pessoas do povo dançarem) era uma adaptação da cachucha espanhola, com uma letra bastante gracejadora, zombeteira.

Usa-se para designar algo muito antigo.

“Erro Crasso”

Durante o período republicano da Roma antiga existiu um órgão político chamado Triunvirato: o poder executivo estava dividido por três pessoas.

O primeiro desses Triunviratos foi formado por Caio Júlio César, Pompeu Magno e Marco Licínio Crasso. Este último foi incumbido de atacar o reino dos Partos. Confiante na vitória, resolveu abandonar todas as formações e técnicas romanas e simplesmente atacar. Ainda por cima, escolheu um caminho estreito e de pouca visibilidade. Os partos, mesmo em menor número, conseguiram vencer os romanos, sendo o general que liderava as tropas, um dos primeiros a cair na batalha de Carras (53 a. C.).

Desde então, sempre que alguém tem tudo para acertar, mas comete um erro estúpido, dizemos tratar-se de um “erro crasso”.

Gosto deste tópico :great:

Obrigado :great:

“Dar de mão beijada”

Significa entregar algo a alguém sem nenhum pedido de retribuição.

Era tradição, diante do Papa, os reis e nobres beijarem a mão de Sua Santidade, antes de o presentearem com as suas oferendas.

O primeiro a utilizar a expressão foi o papa Paulo IV, em documento de 1555.

Ainda há uns tempos me explicaram as expressões ‘Resvés Campo de Ourique’ e ‘Caiu o Carmo e a Trindade’. Posso explicá-las aqui, embora não tenha muito tempo hoje. Mas se quiseres explicá-las estás à vontade Invictus! Ganda tópico! :great:

Aqui está, @Sigurd :great:

“Resvés Campo de Ourique”

Significa “por um triz, à justa”, remonta ao traçado urbano da Lisboa oitocentista: a circunvalação que traçava os limites da cidade passava dentro do próprio bairro de Campo de Ourique, na rua Maria Pia, pelo que o bairro era considerado à justa parte de Lisboa (a zona do Casal Ventoso já era exterior às portas da cidade).

Os limites da cidade são actualmente mais abrangentes mas a expressão cristalizou-se e permanece na linguagem corrente.

“Cair o Carmo e a Trindade”

Diz-se hoje quando algo provoca grande surpresa ou confusão. Mas já teve um sentido mais funesto.
O Carmo e a Trindade eram dois dos mais importantes conventos do Bairro Alto lisboeta. Ambos ruíram, aquando do terramoto de 1755, e a expressão significou o terror, o pânico e o assombro perante a tragédia.

Não é bem dentro do espírito do tópico mas tenho que “amandar” esta. :mrgreen:

Bonito, bonito…

Quéops, Quéfren e Miquerinos, respectivamente da maior para a mais pequena.
:twisted:

:lol:

“Vitória de Pirro”

Com esta frase pretende-se traduzir a ideia de uma vitória, um êxito, que, apesar de o ter sido, se torna prejudicial ou acarreta enormes sacrifícios.

Pirro, rei do Epiro, venceu os Romanos na batalha de Ascubum, em 279 a. C. Mas no combate perdeu quase todo o seu exército, sobretudo os oficiais e os guerreiros mais corajosos. Terá, então, declarado: «Com mais vitórias como esta, estarei perdido.»

Obras de santa Engracia…

“Virar a casaca”

Actualmente, «casaca» é traje de cerimónia que se enverga por cima do colete, de pano preto, lapela larga e abas que não chegam à frente. Mas, em outros tempos, designava uma capa com mangas que cobria o vestuário e constituía uma roupa cómoda para os que andavam a cavalo.

Em sentido figurado, «virar a casaca» passou a equivalente de mudança de partido (ou opinião). Em boa verdade, porém, torna-se difícil encontrar no sentido estrito de «casaca» a razão para a analogia. Todavia, é possível que ela se justifique se nos lembrarmos:

a) que a maior parte dos cavaleiros era militar,

b) que cada regimento usava uma cor que o distinguia,

c) que os militares usavam essa cor para se identificarem rapidamente,

d) que eram frequentes as mudanças de regimento.

Como cada partido tem a sua cor (por isso se diz, vulgarmente, que «se é ou não da cor»), «virar a casaca», nesta acepção de «mudar de cor», tem já inteira lógica.

Outra versão, mais anedótica e individualista, dá como origem da frase Carlos Manuel (1562 – 1630), duque de Sabóia e, mais tarde, marquês de Saluzzo. Nobre de França e de Espanha, nas guerras entre as duas nações tomava ora partido por uma, ora por outra. Para não ter de arranjar duas fardas, mandou fazer uma casaca branca de um lado e vermelha por dentro. Desse modo, servia a ambos os exércitos, bastando-lhe «virar a casaca».

Tinha ideia que o résves Campo de Ourique estava relacionado com o maremoto de 1755 :think:

Tópico interessante :great:
Deixo aqui algumas …

Ver para querer como São Tomé
Nem o Pai morre nem a gente almoça
À grande e à francesa
Atirar barro à parede
Deitar os bofes pela boca
Tapar o sol com a peneira
Ter bichos carapinteiros
Bater a bota

E chega :lol:

Amiga Sandy,

Obrigado pelas sugestões. :great:

De nada amigo :wink:
Agora é pegares nelas e mãos à obra , toca a explicar as origens :mrgreen: :lol: :beer:

Tinha a mesma ideia, visto ali começar um maciço rochoso e os efeitos do sismo não terem passado aquela zona.