Eutanásia-Direito Sobre a Vida ou Direito de Viver?

Na nossa sociedade, falar sobre a morte e o auxílio à morte, mesmo que apenas em certas circunstâncias é, pelo menos, incómodo, desagradável e até chocante aos olhos de muitos. No entanto, há hoje muitas situações reais, quotidianas da nossa vida que nos levam a escrever sobre este rude tema, dados os problemas que suscitam a médicos, para-médicos, psicólogos, sociólogos e juristas.
Nos nossos dias, face ao extraordinário avanço da medicina e das tecnologias de prolongamento artificial da vida humana, morre-se cada vez mais tarde e quase sempre nos hospitais, o que coloca, não raras vezes, um conjunto de problemas ético-jurídicos de difícil solução. De certo que não é natural um doente tirar ou pedir que lhe tirem a própria vida, mas será mais natural viver ligado a uma máquina, ou em sofrimento e agonia apenas porque a sua vida foi prolongada pela enorme capacidade da ciência médica contemporânea? Será que se deve assistir um doente que, em função do seu sofrimento, não deseja continuar a viver? Em tal caso, que critérios deverão ser utilizados? Dado que não há dois casos iguais, bem se pode compreender a complexidade das decisões que se adoptam ou podem adoptar-se junto do leito do moribundo.

                                   [URL=http://img11.imageshack.us/i/eutanasia.jpg/][img width=336 height=528]http://img11.imageshack.us/img11/328/eutanasia.jpg[/img][/URL]

Holanda e Bélgica agiram em cadeia: a primeira legalizou a eutanásia em abril de 2002 e a segunda, em setembro do mesmo ano. Na Suécia, é autorizada a assistência médica ao suicídio. Na Suíça, país que tolera a eutanásia, um médico pode administrar uma dose letal de um medicamento a um doente terminal que queira morrer, mas é o próprio paciente quem deve tomá-la. Já na Alemanha e na Áustria, a eutanásia passiva (o ato de desligar os aparelhos que mantêm alguém vivo, por exemplo) não é ilegal, contanto que tenha o consentimento do paciente. A Europa é o continente mais posicionado em relação à eutanásia, mas é provável que o Uruguai tenha sido o primeiro país a legislar sobre o assunto. O Código Penal uruguaio, que remete à década de 1930, livra de penalização todo aquele que praticar “homicídio piedoso”, desde que conte com “antecedentes honráveis” e que pratique a ação por piedade e mediante “reiteradas súplicas” da vítima.

Em Portugal, a eutanásia é pouco debatida e parece mesmo estar coberta sob um véu de silêncio, não existindo qualquer levantamento exaustivo sobre o número de pedidos e que possa determinar, ao certo, qual a posição dos portugueses face a esta matéria.

Qual a vossa opinião/ posição? A nossa Igreja permitaria tal legislação? Estaria a Ordem do médicos dispostos a alterar o seu código deontológico?

Sou a favor. Naturalmente apenas em situações de sofrimento extremo (quer psicológico quer físico), de um definhar da pessoa perante uma morte que será invevitável, ou em casos de tetraplegias.

No caso das tetraplegias acho um verdadeiro terror que alguém que se recuse por tudo a continuar a viver naquele estado, seja obrigado por lei a manter-se eternamente naquela situação de prisioneiro dentro do próprio corpo. Ninguém deveria ser obrigado a continuar uma vida de sofrimento e incapacidade extremos.

Em alguns casos, a lei funciona como uma verdadeira tortura aos seus cidadãos, e acho que é inconcebível que alguém possa legislar sobre uma matéria que nunca terá maneira de compreender porque não a está a viver. O sofrimento dessas pessoas nunca será compreendido por alguém, saudável, que legisla contra a eutanásia.

É claro que há pessoas que mesmo nessas circunstâncias extremas querem continuar a lutar e a viver, mas é por isso mesmo que deveria existir o direito de se escolher que rumo dar à própria vida.

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Este gajo poupa-me as letras várias vezes. :twisted:

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Totalmente de acordo

E mais umas :arrow: :arrow:.

Ficou tudo dito. :great:

Sendo a eutanásia o acto de terminar com a vida de alguém, normalmente em condições de saúde muito precárias e causadoras de sofrimento físico e psicológico que impossibilitam essa pessoa de o fazer sozinha (o que seria suicídio); a minha opinião é e total concordância com a sua prática.

Baseio a minha opinião no facto de a vida ser um direito e não uma obrigação. É claro que acabar com uma vida humana não pode ser algo tomado de ânimo leve, pois é uma atitude irreversível. No entanto, roubar a dignidade a uma pessoa tornando-a não possuidora de liberdade ou privacidade e dependente dos que a rodeiam é algo muito mais nefasto. Perante isto, acho que a escolha de aceitar ou não viver nessas condições deve ser algo válido para as pessoas lúcidas e conscientes da sua situação após algum tempo para verificar a adaptação ou não à limitação. Não obstante, também defendo que outros sujeitos em condições de dor e/ou falta de dignidade, mas que não conseguem articular ou expressar pensamentos devem ter possibilidade de fazer eutanásia se, as pessoas que lhe são mais próximos assim o anuírem e se nunca nada disseram em sentido contrário enquanto conscientes.

Obviamente que não se deve criar uma espécie de matadouro de doentes, como se os doentes animais fossem pois o valor a vida humana é algo que deve estar presente em todos os parâmetros do nosso mundo. Pode-se dizer que, perante isto não se pode tirar uma vida humana, mas acima de uma vida está a dignidade, como já referi.

É certo que isto pode causar problemas de consciência aos “carrasos” ou, como eu gosto que se chame, “fornecedores de dignidade”, mas claramente que devem estar dispostos a respeitar a escolha e a servir de intermediários.

No que toca à religião, acho que é ridículo tê-la em linha de conta quando, ironicamente ela levou/leva ao total desrespeito pela vida humana, como são exemplos a Inquisição Cristã e o apedrejamento em praça pública por adultério, típico das sociedades árabes.

Assim, avaliando os prós e os contras, sem dúvida que a eutanásia deveria ser legalizada - ninguém era obrigado a fazê-la, apenas nos ia permitir ter opção de escolha num mundo que se diz ter como principais direitos humanas a liberdade e a dignidade. Legalizado, os problemas éticos desapareceriam e tornando-se comum é que se acharia absurdo ter havido tempos modernos onde as escolhas não eram respeitadas.

Não feches os olhos a tudo de bom que as várias religiões também fizeram. Acima de tudo as diversas religiões são criação da humanidade (geralmente) com séculos ou milénios de existência e que reflectem todas as suas qualidade e defeitos.

Quanto à questão da eutanásia estou de acordo com tudo o que disseram até aqui. E em relação à posição das religiões, o que tenho a dizer, é que apenas devem ser levadas em conta pelos seus praticantes, e nunca pelo Estado.

Podes me dizer algo que a religião tenha uma contribuição positiva? :great: é que eu só vejo coisas más? mas devo ser eu Ateu e com tendências de esquerda…

[url]http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/nao-acreditar-em-deus-e-um-atalho-para-felicidade-diz-sam-harris[/url]

A religião afirma predicar a paz e a esperança, mas na realidade gera intolerância e violência, desde as cruzadas e os massacres na Croácia e na Sérvia aos bombistas suicidas, à perseguição aos Judeus, aos problemas na Irlanda, ao 11 de Setembro, aos Talibâs, à caça às bruxas, aos maus tratos da mulheres no Médio Oriente.

A crença cega num ser sobrenatural impede o progresso da ciência e foge à responsabilidade de explicar o mundo. E, como um vírus que infecta as crianças, a fé religiosa encarrega-se de lhes encher a cabeça de mitos e teorias incorrectas, assuntando-as com ideias absurdas sobre o Inferno.

Se Deus tivesse querido criar vida e criar humanos, não teria escolhido esperar dez mil milhões de anos, e depois mais 4000 milhões até aparecerem os seres humanos capazes de o adorarem.

Dizer simplesmente que Deus fez tudo é uma fuga incrível da responsabilidade de explicar. A religião alimenta-se dos mistérios sem os resolver, e procura no céu uma espécie de macho alfa que possa tapar as brechas.

A ciência não pode refutar a existência de Deus, mas isso não significa que este exista.
Há um número infinito de coisas que não se podem refutar, como os unicórnios, os dragões e as fadas. Mas não acreditamos neles, da mesma forma que não acreditamos na existência de Afrodite ou de Osíris. Hoje todos somos ateus relativamente à maioria dos deuses em que as sociedades antigas acreditavam.
Estamos apenas um Deus mais adiantados!

Não conheces nenhuma instituição de caridade de origem religiosa, por exemplo? Experimenta ir à igreja da tua zona, e pergunta o que é que eles fazem para tornar melhor a vossa comunidade.
Eu não nego em lado nenhum todo o mal que as religiões fizeram, mas fechar os olhos ao que fizeram de bem. :hand:

Já agora essa do seres ateu e de esquerda, não pega, pelo menos comigo. Também não acredito em deuses (apesar de ter recebido educação religiosa) e sou de esquerda, mas com uma diferença, eu além disso também sou tolerante.

Vai lá perguntar ao Newton, Darwin, Planck ou Einstein o que eles pensam disso.
O que impede o progresso da ciência é a ignorância e não a religião.

Fim de :offtopic:

Não conheces nenhuma instituição de caridade de origem religiosa, por exemplo? Experimenta ir à igreja da tua zona, e pergunta o que é que eles fazem para tornar melhor a vossa comunidade. Eu não nego em lado nenhum todo o mal que as religiões fizeram, mas fechar os olhos ao que fizeram de bem.

Tanto há instituições de caridade de origem religiosa como de outra origem qualquer, se te disser que existe uma instituição de caridade promovida pela Irmandade Ariana Portuguesa?
Mas deixa-me dizer-te sabes que as Instituições de Caridade provenientes da igreja, não são realmente da igreja o Vaticano não apoia nem uma em solo português são todas, ou quase todas particulares e dou-te um bom exemplo disso o Refugio Aboim e Ascenção.
Com isto não estou a dizer que sou assim tão de esquerda, alias nunca na vida, conseguiria entender os ideais que os motivam, mas pronto isso é outro assunto

O Refugio Aboim Ascensão é uma [b]Instituição Particular Cristã de Solidariedade Social [/b](IPSS) e foi fundado em 1933
Informação retirada de [url=http://www.refugio.pt]www.refugio.pt[/url]
Vai lá perguntar ao Newton, Darwin, Planck ou Einstein o que eles pensam disso. O que impede o progresso da ciência é a ignorância e não a religião.

Conheces Galileu Gallilei?

No ano 2000, o Papa João Paulo II emitiu finalmente um pedido formal de desculpas por todos os erros cometidos por alguns católicos nos últimos 2.000 anos de história da Igreja Católica, incluindo o julgamento de Galileu Galilei pela Inquisição

Hmmm interessante esta declaração do Papa João Paulo II

Dou-te mais um caso, Giordano Bruno Já ouviste falar? Não? então olha condenado e julgado pela inquisição :wink:

Mais actual dou-te as questões morais que a igreja chama a baila sempre que se fala de alimentos transgénicos ou da clonagem de órgãos para transplantes.

Não conheces a Caritas portanto.

A Igreja tem o direito à sua opinião sobre seja o que fôr, os cristãos ou não cristãos`têm o direito a concordarem ou não com isso. Todos eles fazem parte da sociedade.

Quanto à questão da eutanásia não tenho opinião e acho que é algo sobre o qual, principalmente os médicos têm que se pronunciar para que possa ter uma opinião melhor formada.

ENgraçado também que num mundo em constante mudança e da ciência duas das personalidades mais queridas do último século pertençam à Igreja católica (Papa João Paulo II e Madre Teresa, sendo o primeiro uma pessoa com importâcia política). Devem existir mais mas estas são talvez as mais frescas na memória de todos.

Conheço sim a operação da lavagem de dinheiro, do vaticano onde a ONU tambem mete o bedelho, que com o execesso do dinheiro, vai fazendo algumas coisas boas.
Concordo quando falas do Papa João Paulo II, agora a Madre Teresa de Calcuta?? Perguntas a um velhote de 70 anos quem ela é e puff nada.

Quanto as personagens mais conhecidas a nivel mundial do Seculo XX, a uns tempos saiu uma lista e eu lembro-me do 3 Primeiros nomes:

  1. Péle
  2. Albert Einstein
  3. Lenine

Se a igreja portuguesa quissese realmente ajudar o pessoal, os quilos e quilos de ouro e dinheiro que reunem todos os dias no santuario de fatima, fazia-se uma obra de caridade realmente boa, e não igrejas novas em marmore bruto :wink:

Por acaso as duas personalidades que mais marcaram o século XX foram Freud e Marx. Em relação ao “querido”, os relatos variam consoante o posicionamento. Já li histórias sobre a personalidade da Madre Teresa que não eram propriamente agradáveis. E na minha opinião, a personalidade que melhor encarnou as qualidades que mais prezo foi Mahatma Gandhi.

Em relação à voz da Igreja, decerto que terá peso junto de vários sectores da população. Agora, a partir do momento em que o Estado é laico, as religiões não têm qualquer ingerência nos assuntos políticos. Serem contra ou a favor é completamente irrelevante aos olhos da lei.

Quanto ao assunto em si, confesso que é bastante complexo. Nos casos de doença terminal em que o paciente está em sofrimento, sou a favor. Sublinho que ter a noção do tempo preciso da morte não é necessariamente negativo, porque permite aos doentes despedir-se das pessoas que amam. E é importante que haja sempre acompanhamento psicoterapêutico por parte de quem quer terminar com a própria vida.

Já nem os santos (ou futuros) são totalmente santos nos dias de hoje em que se sabe de tudo, ou se pensa que se sabe de tudo.

A Igreja Católica pode ter a opinião que achar melhor, como os muçulmanos, ou os ateus. A questão é que a população é na sua maioria católica (pelo menos entre os crentes é certamente) e como tal a IC é importante de ser ouvida. O Estado não legisla para uma sociedade sem pessoas.

Assim como o senhor Einstein é sinónimo de génio a senhora Madre Teresa e o Papa JPII são exemplos de bondade, de vaores, de huanidade. O Pelé não sei quem é para estas contas.

Quanto à eutanásia é algo que deve ser discutido, mais que isso não sei.

Por momentos pensei que tivesse no tópico errado dados os últimos posts :-X

Não me faz sentido absolutamente nenhum negar Eutanásia. Há casos onde é tão gritante o sofrimento a que as pessoas estão sujeitas, que o simples facto de lhes “forçarem” a vida me faz uma confusão tremenda. Controlada e mediante aprovação legal estou plenamente de acordo.

Existem 4 milhões de portugueses adeptos do Benfica. Será que por isso o Parlamento deve ouvir o Luís Filipe Vieira quando toma decisões que afectam a vida dos portugueses? O raciocínio é o mesmo e a resposta parece-me óbvia.

A separação de poderes entre Estado e religião não existe por acaso. A religião segue pressupostos baseados na fé, enquanto as leis são baseadas na razão humana. São duas vertentes do pensamento humano antagónicas.

Já não é a primeira vez que me poupas as teclas do teclado :wink:

Joaommx e Romero andei a procura de um artigo que tinha lido a uns tempos, para vos mostrar, não é sobre a ciencia mas é sobre Politicas Sociais e a maneira como a religião as afecta :wink:
https://www2.mp.pa.gov.br/sistemas/gcsubsites/upload/39/File/000860629.pdf