Aqui filho de uma família quase toda portista. Em puto assumia-me “portista”, mas ainda não tinha liberdade para me desviar de tal. Quando o meu padrasto entra na minha vida contagiou-me com a paixão e valores do Sporting, bem como dos nossos adeptos. Tinha na altura 6/7 anos e sabia que clubes de apitos dourados e onde valia tudo para se tentar ganhar não era para mim, invejando-me da militância daqueles que amavam um clube no sentido real do termo.
Da mesma forma que amar uma mulher não é amá-la somente pelo que ela é para nós, mas sim pelo que ela mesma é, considero que amar um clube não se resume ao prazer que nos dá nas vitórias. Hoje em dia, por mais do que queira ganhar, continuo a dizer aos meus amigos que sou do Sporting quando ganha e ainda mais quando não o faz.
Entretanto, essa minha influência paterna permaneceu na minha vida ao ponto de qualificar como pai, hoje em dia, como se manteve o amor pelo nosso grande clube.
Não foi fácil, crescer leão no norte é tarefa hercúlea, ainda para mais vendo sempre os outros festejar, mas um leão não verga. Nunca deixei o orgulho de lado, até compreendendo que outros o façam (os chamados leões escondidos), porque nunca foram os títulos que me fizeram orgulhar este clube.
Bento trouxe nos conquistas saborosas, Godinho trouxe a ilusão e depois a humilhação e BdC reascendeu a chama em muita gente e permitiu-nos dias memoráveis que sempre levarei (que ainda há dias recordei no tópico do Coates).
Ultimamente os tempos não foram fáceis, todo o processo de destituição nos tirou a crença de algum dia ser possível sonhar com conquistas, dada a sujidade do tugão, a juntar ao regresso da corja que nos deu anos sofríveis.
Amorim inverteu tudo isso e pegou num grupo com uma mescla de miúdos inexperientes, jogadores de segunda linha e malta batida já com a carreira em queda e voltamos a sonhar.
Ganhem ou não ganhem já estão no meu coração, não por serem o melhor plantel do Sporting que já vi (que não são), mas sim por serem uma equipa na verdadeira dimensão do termo.
Quando no final de maio (espero eu) formos ao marquês vai ser um culminar de anos e anos a sofrer por aquele momento. Não vai ser uma vitória só dos leões deste ano, mas de outros tantos como Slimani, Mathieu, Montero, Boeck e uma série de atletas deste clube que só não chegaram ao marquês por no Sporting termos de dar 500x mais que os outros para sermos feliz.
Vai ser uma explosão por todos os momentos de merda que passamos e pensamos desistir, ou pelo menos o que tínhamos feito para merecer tanto azar na vida, questionando-nos se ha justiça no mundo quando olhávamos para a impunidade dos outros que tudo atropelavam para ganhar.
Tenho a certeza que lá estaremos todos a ter o “nosso” momento que há muito merecemos.