Segundo Ernst Mayr, (um dos maiores neodarwinistas) 50 biliões de especies desde o inicio da vida na terra. Desta apenas uma desenvolveu um cerebro capaz de aprender e de ensinar. Existe quem ache e eu partilho o que nos distingue dos outros animais é a consiência de mortalidade(que os animais não têm, será...) e a capacidade de comunicar(ensinar/aprender).
A capacidade de aprender e ensinar não é exclusiva do ser humano. Exemplos de comportamentos típicos de aprendizagem por transmissão há aos pontapés em primatas, desde Macacas, até Chimpanzés e Gorilas.
Os 2 case-studies mais conhecidos são os da Macaca e do Chimpanzé. No primeiro caso, uma macaca “aprendeu” a lavar as batatas em água do mar, para lhes tirar as impurezas e dar gosto, comportamento esse que começou a ser repetido pelos membros mais jovens do grupo. O segundo caso refere-se aos esquemas desenvolvidos por chimpanzés para obter alimento, desde o “nut-cracking” à “pesca de térmitas”, ambos comportamentos extremamente complexos e que são transmitidos pelos mais velhos aos mais novos.
Sendo assim, não se pode dizer que a evolução de uma cultura seja uma característica exclusiva do ser humano.
Eu penso que o que nos distingue dos animais é fundamentalmente a consciência de nós próprios e do próximo, o que na prática se traduz, por exemplo, na capacidade de nos revermos nos problemas do próximo, ou de sermos capazes de avaliar uma situação pela perspectiva do próximo e tomarmos decisões em função disso (Dilema do Prisioneiro). E mesmo neste particular podemos encontrar em animais, situações que se aproximam duma tomada de consciência de si próprio. Um chimpanzé, por exemplo, se passar várias horas à frente dum espelho acaba por “perceber” que a sua imagem reflectida é ele próprio e não outro indivíduo da sua espécie.
Ernst Mayr achava que a vida inteligente é um acontecimento muito raro e foi no nosso caso "fortuito".
Em evolução tudo é fortuito e tenho a impressão que quanto maior a complexidade de um ser, mais difícil e rara é o seu aparecimento (Caminhada do bêbado).
No nosso caso concreto, a complexidade reside no aparecimento de uma camada de cérebro adicional (o néo-cortéx) que nos dotou de uma inteligência ímpar, linguagem, capacidade de abstracção e auto-consciencialização. A raridade deriva de sermos a única espécie do planeta com estas capacidades; e a “fortuitidade” (isto existe?) reside no facto de que, se voltássemos atrás no tempo e a evolução fosse repetida, provavelmente não existiríamos. Ou existiria uma espécie diferente da nossa. Basta imaginar um raio UV a ionizar uma molécula de DNA dum parasita, num local diferente do da “primeira” evolução, daí resultando uma mutação nesse parasita que lhe permitiria infectar mais eficazmente os Australopithecus, dizimando-os, para hoje não haver sequer hominídeos, quanto mais Homo sapiens.
Carl Sagan achava por outro lado que "a química que criou a vida é reproduzida facilmente em todo o cosmos". E em alguns desses planetas desenvolveram concerteza espécies inteligentes.
Mas essas espécies inteligentes conseguiriam desenvolver uma civilização tecnologica capaz de comunicar e colonizar outros planetas?
A nossa civilização tecnologica não tem ainda 100 anos em termos de comunicação radio. E a nossa espécie tem a capacidade única na historia do mundo de se autodestruir e destruir a vida na terra. Logo existe tambem a possibilidade de se autodestruirem os civilizações tecnologicas quando chegarem a "nosso nível" de desenvolvimento.
É uma boa questão e que é abordada naquele filme que referi atrás, o “Contacto”. Quando perguntam à personagem da Jodie Foster qual seria a primeira coisa que perguntaria a um ser extra-terrestre tecnologicamente mais avançado, a resposta dela é: "Perguntaria como sobreviveram à “adolescência tecnológica”.
Existe de facto a possibilidade de nunca existirem civilizações mais avançadas do que a nossa, por acabarem por se auto-destruir. Mas isso não significa que não haja civilizações que sobrevivam a essa euforia tecnológica e amadureçam a tempo de usufruir por milhões de anos do seu estado avançado.