Dunadan
29 Março , 2011 00:49
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barbicane:
Vou contar um episódio que se passou comigo, há cerca de 2 ou 3 semanas.
Mantive uma longa e deliciosa conversa com o pai de uma grande amiga. Trata-se de um homem inteligentíssimo (apesar de não ser do Sporting) que foi administrador do Totta e, mais recentemente, de um outro banco, que não vou referir porque não desejo dar mais pistas sobre a sua identidade. Calculo que percebam porquê.
Disse-me ele, de uma forma muito clara, que se o Bruno de Carvalho fosse eleito, o Sporting voltaria a ter eleições, o mais tardar no fim desta época desportiva. Afirmou ainda que o BdC não tinha fontes de financiamento exteriores ao circuito bancário português (para além do fundo que, como sabem, não prevê mais do que investimento nos direitos desportivos de jogadores) e que nunca conseguiria assegurar a gestão corrente.
Dito por outras palavras, a banca nacional, ao criar fortíssimos constrangimentos no acesso ao financiamento, estaria a bloquear o mandato do Bruno e, desse modo, deixá-lo cair em poucos meses para, nessa altura, colocar um seu representante, como anjo redentor, a recuperar o barco.
A estratégia já estaria completamente definida e Bruno de Carvalho estaria condenado a não ser mais do que um incómodo parêntesis no longo consulado que o mundo financeiro da Linha do Estoril estabeleceu em Alvalade.
Ainda segundo o seu entendimento, o Sporting só se liberta dos seus dois maiores credores quando surgir alguém com capacidade para financiar o Clube pelos seus próprios meios ou, mais provavelmente, com um financiamento externo ao tal circuito bancário nacional, onde todos são primos ou enteados uns dos outros (estas últimas já são palavras minhas).
Peço desculpa por não ter partilhado isto convosco antes, mas, em 1º lugar e se pensarmos bem, não me parece que isto seja propriamente uma novidade. Por outro lado, confesso que receei que este tipo de argumentos pudesse dissuadir alguém em votar no Bruno.
Por mim, só contribuiu para reforçar a minha convicção que o voto na lista C era a única opção que a minha consciência me autorizava. Cada dia que passa confirma o acerto da minha escolha.
Só reforça isso mesmo. A questão é que se esses bancos boicotarem o Sporting, a banca estrangeira não boicota. E atendendo às belas relações que tem com a “Mother Russia”, o Bruno iria financiar-se lá.
Aliás, não é nada estranho que as eleições tenham chegado à Rússia e tenham tido o epíteto de escândalo, por duas razões: primeiro porque a comunicação social lá é toda controlada pelo Governo, que apoiava Bruno, e depois porque a banca sujeita-se às deliberações governamentais (ao contrário do nosso País, a quem interessa que contínue esta dicotomia Norte-Sul, para ir distraindo os mais parvos para os verdadeiros problemas do País).
Não tenham a mais pequena dúvida que o que ontem aconteceu extravasa o âmbito futebol. E admito já que me arrependi amargamente de ter votado I para o CL: um Delegado a dizer o que disse (não há telemóveis), quando se viu o Varandas ao telefone e, pouco tempo depois, a Juve Leo a irromper pelo Hall VIP dentro, a discussão e os desacatos, diz bem o que se passou!
O problema não é só a gestão corrente. Se o Bruno fosse eleito no Sábado, criaria uma onda de entusiasmo que poderia trazer de volta uns bons milhares de sócios logo nas primeiras semanas, depois mais viriam. Mas duvido que tal injecção de dinheiro fosse suficiente para fazer face ao aumento de honorários, especialmente da equipa de honra. Todavia não podemos esquecer que o Bruno referiu que havia muitos mais interessados em investir no Sporting.
Mas a gestão corrente nem seria o problema maior do Sporting… O problema mesmo são as famosas VMOCs, que são uma bomba relógio, destinadas a curto prazo retirar o Sporting do comando da SAD e deixar o clube numa situação em que depois pouco mais lhe restará do que vender o restante património e abrir falência. Uma vez que os bancos acabarem de sugar o que lhes interessava, como fazem as aranhas, basta-lhes depois descartar o cadáver ressequido e encarquilhado do velho leão…