“Scouting? Posso ver um jogador bom e não servir ao Sporting”
Luís Branco, do departamento de scouting leonino, refere que é necessário saber muito bem o que o clube necessita e fazer uma gestão de informação adequada.
O Sporting recebe resmas de informações diárias sobre mil e um jogadores, das mais diversas paragens do planeta, que eventualmente possam interessar ao clube. No entanto, apenas uma ínfima percentagem desses futebolistas chega a despertar interesse ao clube, conforme explica Luís Branco, um dos elementos do departamento de scouting do clube leonino.
“O departamento de scouting tem que gerir muita informação. E tem que saber discernir entre ‘trash informations’ [lixo], uma vez que a um clube gigante como o Sporting chegam aos milhares de informações por dia sobre jogadores. Temos que saber perceber isso”, afirmou o observador de atletas, durante uma palestra na conferência “Global Football Management - O Futuro da Gestão Humanizada do Futebol”, que esta terça-feira está a decorrer no Estádio da Luz.
“Eu posso ver um jogador muito bom, mas para nós pode não servir. Há que perceber que tipo de jogadores temos no nosso elenco, para que essa informação não chegue só por chegar”, acrescentou, ainda na sequência da mesma ideia, deixando entender que há um modelo de jogador para cada posição, eventualmente à imagem do habitual titular utilizado na equipa principal.
“Nos temos que estar sempre atentos ao que se passa no mercado. E os clubes têm que saber definir a sua geoestratégia, porque não podemos estar em todo o lado. Não podemos ter 10 scouts no Brasil, mais 10 em cada pais da Ásia e da África. Temos que definir o que é importante para o clube”, comentou depois Luís Branco, explicando: “Há uma gestão de informaçao a fazer, tem que se ter conhecimento do mercado, tentar perceber tudo, ver noticiários, se for preciso, porque quando avaliamos jogadores podemos perceber os ambientes em que ele está, ajuda a dar segurança às nossas decisões.”
Branco abordou depois a importância das análises estatísticas para a contratação de jogadores.
“Os números têm ganho importância nos clubes, apesar de alguns continuarem a ser céticos quanto a esse aspecto. Mas os números estão em força e não os podemos ignorar, isto sem ficarmos muito agarrados a eles e ao que eles nos dizem. É preciso muito cuidado com os números. Dão respostas interessantes, mas se não tivermos cuidado e não os soubermos interpretar, podemos ter um resultado oposto ao que se pretende. Sou a favor dos números, são importantes, mas é preciso perceber o que eles nos dizem. Um jogador pode ter números muito bons, mas podem ser bons apenas porque foram conseguidos num determinado contexto, com um determinado parceiro ao lado. É o tipo de coisas que pode condicionar um bom ou um mau número de um jogador.”
Para Luís Branco, os dados estatísticos são sobretudo relevantes quando é preciso… desempatar: “Na filtragem de jogadores, quando, por exemplo, tenho cinco jogadores para escolher um. Para ajudar a fazer a filtragem, a leitura dos números pode fazer sentido.”