É do domínio publico que o Bruno de Carvalho está a cumprir um sonho de infância, ser Presidente do clube do seu coração. Só por isso, acredito eu, estes quase 4 meses não o fizeram perder a tenacidade e o encanto pelo cargo que ocupa.
Tem sido 4 meses que mais parecem 4 anos, nos quais todos os dossiers que abre parecem estar armadilhados.
Imagino que deve ser penoso tomar posse e perceber que por muito baixas que fossem as expectativas relativamente ao que se ia encontrar, não estava sequer perto do estado calamitoso que a dura realidade do clube veio a demonstrar.
Um PER, que deixava o Sporting entregue a um gestor judicial, negociado na sombra e sem conhecimento dos sócios. Contas bancárias congeladas e todas as receitas cativadas pelos bancos. Salários em atraso desde funcionários a atletas. Grupo Sporting composto por mais 700 funcionários, alguns deles principescamente pagos. Passivo superior a 350 ME. Passes dos jogadores na sua esmagadora maioria entregues a fundos, empresários e credores.
Provavelmente outro perante tantas dificuldades teria batido com a porta. Não foi só a constatação desta dura realidade, mas perceber que algumas destas situações foram provocadas propositadamente e com o intuito de minar desde o primeiro dia o trabalho dos novos corpos sociais. No foi inocente ouvir alguns “ilustres” apregoar que Bruno de Carvalho não “durava 3 meses na presidência do Sporting”.
Discordo de algumas criticas que tem sido feitas recentemente ao Bruno de Carvalho. Entendo que neste momento, onde financeira e desportivamente o clube emerge de uma situação caótica que a defesa da Honra do Sporting é o pouco que nos resta.
Quando o Sporting corta relações com o porto, não o faz para que BdC possa passar uma imagem de rebelde. Fá-lo porque a Honra da figura institucional que merece o Presidente do Sporting Clube de Portugal, não pode ser enxovalhada sem que existam consequências. Não é o BdC que está em causa, é o Presidente do Sporting, que hoje chama-se Bruno de Carvalho, mas amanhã pode ser outro qualquer. É bom que se perceba isto.
Quando o Sporting grita contra os poderes instalados e o compadrio que reinam no nosso futebol, fá-lo mais uma vez, não para que o BdC passe uma imagem de durão, mas porque a Honra do Sporting tem de ser respeitada.
Três casos. Moutinho. Bruma. Ghillas.
O Sporting quando vendeu o Moutinho ao porto, as partes assinaram um contrato muito claro que contemplava a partilha de parte das mais valias, decorrentes da cedência do jogador a outro clube. Está escrito. Está assinado. Acontece que em Portugal e em especial no futebol, o mundo é dos chicos-espertos, e o porto que hoje é um clube bem mais poderoso, em todos os sentidos do termo, que o Sporting, acha que pode fazer letra morta do que assinou, e ainda é louvado nos bastidores por nos ter dado “baile”. Riem-se. Acham-se os maiores. O Sporting continua a ser o palhaço da história.
O mesmo sucede com Bruma. Porém esta porta foi aberta com a saída do Moutinho, no dia em que JEB assinou a venda para o porto, publicamente fragilizou o Sporting de uma forma difícil, ainda hoje, de quantificar. Nesse dia ficou a saber-se que um jogador com contrato, se fizer uma birra, recusar-se a treinar, os seus agentes fizeram pressão na CS, e for acenado o bicho-papão chamado porto, das duas uma: ou vendemos por manifesta incapacidade para conter os danos, ou dá-se um contrato inflacionado ao jogador em causa para não perdermos a face.
O Bruma está por isso a seguir o mesmo trilho de Moutinho e Adrien. Acontece que desta vez bateu de frente com um Presidente que não se deixou atemorizar, e que aceita correr o risco de perder um jogador com futuro, se isso servir para mudar o paradigma em que está envolto o Sporting.
Nas muitas criticas que leio ao Presidente sobre esta tema, algumas delas só podem ter origem na falta de informação ou por distracção. O Comunicado do clube sobre este tema foi bem claro onde se lê que, por mais de uma vez o acordo para a renovação do contrato foi conseguido, e quando só faltava o Bruma assinar, os representantes do atleta faziam mais exigências de ultima hora.
Portanto é mentira que o Sporting não tivesse negociado, é mentira que o presidente não tenha tentado fechar o acordo antes do mundial de sub-20. E passados dois dias sobre esse comunicado, nem Catio Baldé, nem o seu fiel escudeiro Bebiano Gomes desmentiram uma unica linha que fosse do que lá está escrito. Portanto parece-me claro que tudo foi preparado para que o Bruma não continue a jogar pelo Sporting. Não faltará muito para saber quem está por trás de tudo isto.
Por fim Ghillas. Pouco importa se o Sporting estava ou não interessado no jogador. Pouco importa se o Inácio treinou o Moreirense. Importa sim que mais uma vez um contrato escrito e assinado foi desrespeitado. Quando o Sporting emprestou o Chula ao Moreirense, continuou a pagar-lhe de forma integral os ordenados e em troca aceitou o direito de preferência sobre o Argelino fê-lo de boa fé. Portanto o Moreirense se tivesse tido um comportamento sério, mal recebesse o contacto do porto, teria de no minuto seguinte informar o Sporting. A partir daqui, seria responsabilidade nossa decidir o que fazer, apresentar contra-proposta, negociar com o jogador, ou dizer simplesmente não nos interessa, são livres de negociar com quem bem entenderem.
Mas não foi isto que aconteceu. O Moreirense negociou com o porto, não deu ao Sporting nenhuma informação oficial. Saber pelo jornais não é informação oficial! E só depois depois de o jogador ter fechado acordo com o porto é que perguntou se queiramos exercer o direito de preferência. Amigos a isto chama-se gozo. E quando um clube da 2ª liga goza desta maneira na nossa cara, percebemos a lama para onde anos de incompetência atiraram o Sporting.
Portanto claro que o BdC tem de gritar. Eu diria tem de berrar, para ver se alguém nos começa a ouvir outra vez. E tem de denunciar sempre, e tantas vezes quantas forem necessárias para que comecem a levar-nos a sério. Farto de comer e calar ando eu!
Não vai ser fácil voltar a colocar o Sporting no lugar que é dele. E neste guerra, vamos perder muitas batalhas, algumas serão mais dolorosas que outras, mas é assim que terá de ser. E será este o principio para que se recupera a Honra perdida.
O Presidente não é infalível. Vai cometer erros, provavelmente já os terá cometido, mas não duvido que pela primeira vez, em muitos anos, alguém está apostado em defender os interesses do clube, custe o que custar.
Tivessem muitos Sportinguistas o espírito critico que demonstram agora para temas menores como a apresentação tardia de um jogador, em momentos chaves nas presidências anteriores e não teríamos garantidamente chegado a isto.
Hoje temos um presidente que ocupa a sua cadeira de sonho, por isso merece que confiemos no seu trabalho e que nos momentos menos bons se faça uma critica construtiva com o intuito de ajudar, e não a critica da má-língua e de faca afiada.
A defesa da Honra do Sporting tem de ser feita de forma intransigente e é uma luta que passa por todos nós.