Um simples acto de gestão inteligente com vista a criar profit short term a pensar na sustentabilidade da empresa no futuro ou imoral do ponto de vista humanitário?
Aumentou medicamento de 12 para 665 euros e diz que é uma decisão empresarial inteligente
Martin Shkreli, CEO da Turing Pharmaceuticals
Medicamento usado no combate à toxoplasmose ou à malária subiu 5000%. Até Hillary Clinton está revoltada. Empresário defende-se.
O Daraprim é considerado pela Organização Mundial de Saúde um dos medicamentos mais importantes no sistema de saúde por ser uma “arma” no combate a doenças como a malária. No entanto, uma decisão empresarial está a colocar em causa a sua utilização nos Estados Unidos: o remédio até agora custava 13,50 dólares (cerca de 12 euros), mas aumentou para 750 (cerca de 665 euros).
Muitas vozes já se levantaram em protesto, mas o CEO e fundador da Turing Pharmaceuticals, Martin Shkreli, defende-se, considerando ser uma decisão empresarial inteligente que irá beneficiar a investigação de novos medicamentos. “Esta decisão não é de uma empresa farmacêutica a tentar arrancar [dinheiro] aos doentes, isto somos nós a tentar manter um negócio”, afirmou Martin Shkreli, citado pelo The New York Times.
O presidente da farmacêutica que desde agosto detém a patente do Daraprim explica que o medicamento não é muito utilizado e que o dinheiro servirá para a investigação de novas drogas com menos efeitos secundários. “Esta é uma das farmacêuticas mais pequenas do mundo. Não faz sentido ser criticado por isto [aumento do preço]”, acrescentou.
Há 62 anos que existe o Daraprim, também conhecido como pirimetamina, que é utilizado para o tratamento de toxoplasmose, uma infeção provocada por uma parasita, normalmente transmitido por animais - como gatos e aves -, que se pode tornar letal em pessoas com o sistema imunitário comprometido, como quem te Sida ou cancro, e para os fetos. O Daraprim também pode ser utilizado para o tratamento da malária.
Com o novo preço, e caso se mantenha a utilização atual, o The New York Times diz que as vendas poderão render milhões de dólares. O jornal explica ainda que as regras federais permitem que alguns hospitais possam adquirir o medicamento a preço reduzido, mas as seguradoras privadas terão de o comprar a um preço próximo do que é agora pedido.
Judith Aberg, especialista em doenças infecciosas, afirmou que alguns hospitais vão considerar o preço demasiado elevado para ter o medicamento em stock, o que poderá provocar atrasos nos tratamentos. “Acho que [o aumento de preço] é um processo muito perigoso”, frisou.
O oncologista David Agus disse à CBS News que “os doentes não devem ser taxados por futuras investigações”. “Os doentes deveriam pagar o medicamento que estão a adquirir e que precisam”, frisou.
O regulador de medicamentos nos EUA, a Food and Drugs Administration (FDA) , já reagiu à polémica referindo que não tem autoridade legal para investigar os preços dos medicamentos que estão no mercado.