Confrontos no Egipto

Achei pertinente lançar este tópico, visto que os confrontos entre anti e prós Mubarak, está no auge. Se a moderação achar que isto não é relevante, fechem. :great:

O correspondente da BBC em Tahrir avança: "não é claro quanta violência está a acontecer, mas estão a ser atiradas coisas. Há um enorme potencial de conflito". Ao mesmo tempo, a agência noticiosa britânica Reuters relata que os manifestantes envolvidos nestas escaramuças lançam paus e pedras uns contra os outros, com os objectos a ressaltarem nos veículos armados militares estacionados no local.

Pelo menos dez pessoas ficaram feridas e foram disparadas cargas de gás lacrimogéneo durante os confrontos entre manifestantes. "São brutamontes do Partido Nacional Democrático [no poder]. Eu estava com outros num muro humano e então apareceu um grupo de gente que começou a empurrar-nos e atirar pedras contra nós", descreveu à Reuters um manifestante anti-Mubarak, com a cabeça ensanguentada dos ferimentos sofridos.

Até hoje, os militares tinham conseguido manter os apoiantes de Mubarak fora da praça central, mantendo-os longe daqueles que exigem o fim do regime, mas as linhas parecem ter quebrado esta manhã, com muitas pessoas a passarem pelos militares montados a cavalo e em camelos e empunhando paus e chicotes. A Al-Jazira está a transmitir imagens em directos de várias batalhas de rua em Tahrir.

Testemunhas relatam que milhares de pessoas irromperam pela praça central da capital egípcia, desmontando as barricadas montadas nestes últimos nove dias de protestos contra o chefe de Estado e onde umas 1.500 a 2.000 pessoas tinham permanecido durante a noite. Entre estas multidões estão agentes da polícia sem o uniforme habitual, denunciou a oposição.

Muitos entoavam slogans a favor da continuação de Mubarak no poder – que exerce há 30 anos – e entrando em confronto físico directo com os manifestantes do campo oposto. As agências noticiosas relatavam que o momento era de elevadíssima tensão no terreno.

Esta situação segue-se ao apelo feito pouco antes pelo Exército egípcio para que os manifestantes regressassem a casa, abandonassem os acampamentos improvisados no centro do Cairo e não voltassem a reunir-se em Tahrir, antes regressassem à vida normal – após Mubarak ter ontem prometido que não se recandidata às eleições de Setembro próximo, mas garantido que não se demitirá até lá.

A oposição, avaliando estas concessões “insuficientes”, convocou desde já uma nova marcha para amanhã, o “Dia da partida”, em que os organizadores pretendem repetir a participação de ontem de milhões de pessoas às ruas do Cairo e outras cidades.

[youtube=425,350]http://www.youtube.com/watch?v=yqDhncQISa4[/youtube]

[youtube=425,350]http://www.youtube.com/watch?v=KHBRwmA2zbY&feature=player_embedded#[/youtube]

two cents

A exemplo da Tunísia e de vários outros países do Mundo Árabe e do continente africano, a situação no Egipto é indissociável do aprofundamento da crise do capitalismo e da violenta ofensiva anti-social que a caracteriza, nomeadamente com o crescimento exponencial do desemprego que afecta a juventude e o aumento exponencial dos preços dos bens alimentares.
mas já há movimentos para manter a estrutura e cadeia de poder económico e político na região que melhor sirva os interesses económicos e geopolíticos das grandes potências mesmo que para tal seja necessário fazer sair de cena os actuais protagonistas e promover “líderes” e forças políticas que garantam uma “transição ordeira” que, nas palavras da secretária de Estado norte-americana, garanta que “ninguém preencha o vazio”.

Acho que são realidades tão distintas da nossa que nem conseguimos perceber bem a amplitude de todo o problema e do que vai na cabeça daquelas pessoas. É difícil comentar o que não se vive, sente e eu confesso que embora soubesse do regime que imperava no Egipto, não tinha noção de muitas das coisas que agora vieram a público cometidas pelo regime. Espero que tudo se resolva com o mínimo de sangue possível.

:offtopic:
peço desculpa,

“Egito”, devido ao (belo) novo acordo!

Achas mal, aliás basta começares analisar o assunto com mais profundidade e verás que os egípcios querem o mesmo que tu e que eu. Quanto a mim esta ultima semana, fomos todos egípcios…Cheguei a acordar mais cedo e tudo para ir ao twitter ver o que se passava 8), embora queira frisar que ainda nada está decidido.

Parabéns a quem abriu o tópico, tinha traduzido a primeira parte de um texto que me pareceu relevante, tendo como intenção usar-lo para este mesmo fim. Embora fique muito mais contente assim, até por ver que não sou só eu que me interesso por estas coisas. Alem disso como não encontro a tradução que fiz (sorte a vossa), tenho que apenas deixar o link para o texto original.

http://www.truthdig.com/report/item/what_corruption_and_force_have_wrought_in_egypt_20110130/?ln

:arrow: Bem dissecado! Acertaste em cheio e aonde lhes dói.

[center]
There may be times when we are powerless to prevent injustice,
but there must never be a time when we fail to protest.
[/center]

Aquilo está mesmo um barril de pólvora, um inferno.
Foram muitos anos de autocracia. Há muita raiva acumulada e pode alastrar a uma guerra civil sangrenta.
Se Mubarack não estivesse colado à cadeira, poder-se-ia talvez evitá-la.

Não tinha pensado nisso, mas faz imenso sentido.

[b]Robert Gibbs, o porta-voz da Casa Branca[/b], recordou agora mesmo as palavras de Obama da véspera e sublinhou-as. “[b]A mensagem que o Presidente enviou claramente ao Presidente Mubarak é que chegou a hora da mudança”[/b].Antes disso, já o[b] Ministério dos Negócios Estrangeiros do Cairo[/b] havia respondido, em comunicado, aos países que têm comentado a situação nos últimos dias no Egipto: “[b]Ocupem-se dos seus assuntos”[/b].

Uma resposta firma seria ainda dada por um conselheiro próximo de Mubarak à BBC: o Presidente não vai ceder às exigências para se demitir imediatamente.

Mais faz, quando se lê a resposta do Ministro dos Negócios Estrangeiros, citado em cima.

Entretanto, chegam notícias que já morreram três civis e os feridos já chegaram ao milhar. O clima de tensão é enorme e as guerrilhas continuam pela noite dentro.

Guerrilhas, quer dizer…São quase batalhas medievais, com pedras e tacos e alguns tiros, é certo.

Os mortos de que falas tem sido todos do lado dos anti-Mubarak, algo que só por si mostra que estes ‘apoiantes’ do governo que apareceram agora um pouco a pressão, serão todos, ou quase todos policias a paisana.

Tem havido vários casos de ‘apoiantes’ do Mubarack que foram presos pelos revolucionários, encontrando estes cartoes de identificação da policia.

Basta ir ao Twitter e procurar por #jan25 ou #egypt e encontrarão bastantes.

[hr]

Para vossa má sorte, encontrei o texto que tentei traduzir, já que este tipo escreve um Inglês muito académico, tornando-se difícil de compreender para qualquer um. No entanto observa os factos de maneira sucinta, conhecendo este assunto por dentro, já que era correspondente de guerra no Médio Oriente pelo New York Times, recebendo um Prémio Pulitzer. Sendo fluente em Árabe consegue ainda mais vantagem no seu analisar da situação que se vive no Egipto. …Senhoras e senhores, meninos e meninas…

[center]Chris Hedges
[/center]

A revolta no Egito, embora unida em torno de um desejo quase universal, tenta livrar o país do ditador Hosni Mubarak mas também pode prenunciar uma inevitável mudança dentro do mundo árabe, trocando-se regimes seculares por um possível domínio islâmico.

Não se deixem enganar pelo os slogans baratos sobre democracia ou as reportagens superficiais de jornalistas ocidentais, poucos dos quais falam árabe e ainda menor numero terá experiência de conflitos na região.

Egípcios não são Americanos, já que possuem a sua própria cultura, problemas, ressentimentos e uma história bastante única.

A sua sociedade não é como a nossa, embora queiram, como nós, ter uma palavra a dizer na sua própria governação. No entanto não deve ser uma surpresa que exista apoio generalizado dirigido a Irmandade Muçulmana e aos partidos islâmicos, especialmente entre os Egípcios pobres, que constituem mais de metade do país e vivem em cerca de dois dólares por dia.

(o texto continua, mas só traduzi a primeira parte)

Deixem-me só acrescentar que a Irmandade Muçulmana renunciou qualquer tipo de violência a mais de quarenta anos, não estando sequer na lista de grupos terroristas do FBI e CIA.
Portanto, se for esse o desejo dos egípcios, deveria ser respeitado. Mas eu não acredito que assim seja. Quero dizer, nem acredito que seja esse o desejo da maioria dos eleitores, nem acredito que fosse respeitado, mesmo que ganhassem futuras eleições.

Cada vez que acontece alguma coisa em algum país, eis que tem a palavra a Casa Branca, supremo órgão consultivo de todo o Planeta Terra… e também dos Estados Unidos.

Sempre a mandarem recados e bitaites. Ainda ontem apareceu o Barraca Abana a dar conselhos paternais ao governo egípcio, a dizer que este tem de fazer o que o povo manda. Imediatamente.

E no Sahara Ocidental, porque é que os paladinos da democracia continuam a financiar o governo marroquino para reprimir o povo Saharawi e o seu direito à auto-determinação?

Quem é então o próximo marreta americano em terras arenosas? Fantoche El-Baradei? Haja paciência.

Enfim… e como se pronuncia um cidadão do Egipto? :eh:

Creio que estas batalhas medievais não demorarão a evoluir, ou é da opinião que eles se irão cansar, visto que não está prevista a mudança que eles tanto anseiam?

Os militares em serviço, aparentemente, estão num dilema: Ou disparam contra a sua legião ou limitam-se a ver e tentar separar.

Achas que vivemos a mesma situação que o Egipto, com 40% da população em extrema pobreza? Se isto não fosse tão sério merecia ali um smile a rebolar a rir. Não queiram dramatizar ainda mais a nossa realidade, já chega o que temos que não é pouco.

Concedo que é correcto o que dizes sobre as disparidades entre Portugal e o Egipto, mas pergunta a ti mesmo se o principal factor neste exercício é ou não comum aos dois países e já verás o que quero dizer.

Passo a explicar: Qualquer dos dois países está a ser vitima das medidas neo-liberais exercidas durante os último 30 anos a mando dos EUA.

E por isso que digo que temos mais em comum do que pode parecer a primeira vista, já que tanto nós como os egípcios obedecemos a quem tem o maior poder económico, que por enquanto ainda são os EUA.

Nós tivemos sorte em estar na Europa, porque se fizéssemos parte do Norte de África, é possível que ainda estivéssemos hoje a tentar fazer uma revolução qualquer contra algum descendente de Al-Salazarq, ou coisa que o valha.

Barraca Abana??? :rotfl: :rotfl: :rotfl: Hoje de manha, sem muito tempo, passei aqui para dar uma vista de olhos e mal vi o Barraca Abana desmanchei-me todo a rir…Essa foi boa, oh Viridis!

Passemos então a coisas sérias: Concordo com quase tudo aquilo que dizes, mas com algumas nuances distintas.

Primeiro, considerando que esta confusão toda foi começada pelos EUA, já que foram eles quem durante 30 anos pagou $1.5 biliões por ano, sem os quais o senhor Mubarak não se manteria no poder, nem por sua vez poderia comprar armamento aos EUA. Basicamente é um esquema para roubar dinheiro aos contribuintes americanos, enquanto se vão enchendo alguns em Washington e nos mandam areia para os olhos a todos com tangas acerca de democracia e imprensa livre.
Dizem uma coisa em publico e fazem completamente diferente em privado…Novidade, não é!

Segundo, não sei se o El Baradei será realmente um fantoche dos EUA…Até agora (desde os tempos da ultima Invasão do Iraque) sempre me pareceu bastante imparcial…mas la está, é esperar para ver.

[center]
Raw Video Man Shot in Egypt Protest

George Galloway slams Hosni Mubarak the tyrant[/center]

Comentário de um tipo qualquer a um destes videos de motins e que me fez rir quase tanto como o Barraca Abana.

This awesome action sets a very important precedent for populations around the world facing a marginalized life in order to preserve the exorbitant privileges of the few.

It shows that we too have our modern sensibilities. We are no longer able or willing to organize ourselves around the concepts of state or religion or even ideology. But if you take away our unemployment checks or mess with our belief in future; We will FUCK YOU UP. Regardless how many riot police with cavalry attachments there is in the budget.

I’m guessing a lot of politicians, wall street honchos and military contractors are going to keep an extra eyes on this one.

É o que os velhos dizem :mrgreen:

Outra de que eu me lembro foi quando a Crise do Darfur se tornou pública, os velhos diziam que estavam a atacar o Carrefour :lol:

Vamos ver… Não tenho conhecimento de alguma vez o Egipto ter sido uma democracia.

Na Casa Branca, as formiguinhas devem andar a fazer horas extra. Estamos a falar de um país super-povoado de muçulmanos às portas de Israel, bem armado pelos Estados Unidos e onde grande parte da população… sobrevive.

Fiquei intrigado com as imagens que vi de toda a gente parar a manifestação para se virar para Meca e rezar: então mas se dos 77 milhões de egípicos cerca de 15 milhões são cristãos e têm uma convivência difícil com os muçulmanos, qual o papel delas nesta revolução? Estamos a falar de quase 20% da população que não é propriamente favorecida… e para além da pobreza que partilha com os muçulmanos, ainda se confronta quotidianamente com estes.

Como sempre, a ingerência americana curta ou prolongada dá os seus frutos azedos. A razão pela qual os americanos, esses arautos da liberdade, estão tão preocupados em passar a imagem de opositores ao seu amigo Mubarak de sempre, é que estão com cagufa de uma nova “Revolução Islâmica” e de um possível Irão II às portas de Israel, mas com guerra civil.

Democracia está para ser…Insh Allah (ou oxalá em Português) que tudo corra bem.

Respondendo a tua pergunta, uma boa parte dos 20% da população Cristã tem ficado de guarda enquanto os Muçulmanos rezam, podes não acreditar mas se fores ao Twitter encontras várias mensagens sobre esse mesmo tema.

Ontem ouvi um jornalista Inglês que fala árabe a dizer que 70% da população dos países árabes tem menos de 35 anos…Ou seja, eu não acredito que se vá repetir o que aconteceu no Irão em 1979, até porque são países e eras distintas. Hoje em dia é muito mais fácil comunicar, passar ideias, organizar debates e tudo isso. Nao havendo sequer no Egipto nenhuma figura como o Komeni (ou lá como se escreve), que tinha sido exilado pelo Shá antes da revolução, e quando voltou foi tipo D. Sebastião.

No Egipto para começar, o D. Sebastião é outro, chama-se El Baradei e não me parece que seja grande islamofascista.

Não quer dizer com isso que os zionazis que de momento governam Israel não tenham nada a temer. Até porque a própria população judaica é bem capaz de começar a votar mais a esquerda que o actual governo do Benjamim Natáaninhado (já que estamos numa de aportuguesar os nomes ;D - Netanyahu ), para que se possa assim deixar os palestinianos em paz, a viver condignamente como qualquer outro ser humano.

Mas reconheço que este cenário é difícil de acontecer, já que os zionazis e os seus amigos dos EUA vao acabar por reprimir todos este movimentos em prol da democracia, para que possam orientar mais uns biliões em petrodolares…Até um dia!

[hr]

Deixo aqui este artigo que explica bem o que se está a passar e de uma forma fácil de entender.

[size=11pt][b] The basics:[/b][/size] Egypt is a large, mostly Arab, mostly Muslim country. At around 80 million people, it has the largest population in the Middle East and the third-largest in Africa. Most of Egypt is in North Africa, although the part of the country that borders Israel, the Sinai peninsula, is in Asia. Its other neighbors are Sudan (to the South), Libya (to the West), and Saudi Arabia (across the Gulf of Aqaba to the East). It has been ruled by Hosni Mubarak since 1981.


What’s happening?
Inspired by the recent protests that led to the fall of the Tunisian government and the ousting of longtime Tunisian dictator Zine El Abidine Ben Ali, Egyptians have joined other protesters across the Arab world (in Algeria, notably) in protesting their autocratic governments, high levels of corruption, and grinding poverty. In Egypt, tens of thousands of protesters have taken to the streets. Here’s a photo of one of the protests in Cairo, the capital


Why are Egyptians unhappy?
They have basically no more freedom than Tunisians. Egypt is ranked 138th of 167 countries on The Economist’s Democracy index, a widely accepted measure of political freedom. That ranking puts Egypt just seven spots ahead of Tunisia. And Egyptians are significantly poorer than their cousins to the west.

How did this all start?
This particular round of protests started with the protests in Tunisia. But like their Tunisian counterparts, Egyptian protesters have pointed to a specific incident as inspiration for the unrest. Many have cited the June 2010 beating death of Khaled Said (warning: graphic photos), allegedly at the hands of police, as motivation for their rage. But it’s also clear that the issues here are larger.

[center]
[/center]

Why is this more complicated for the US than Tunisia was? The Tunisian regime was a key ally for the US in the fight against Al Qaeda. But the US government’s ties to Tunisia’s Ben Ali pale in comparison to American ties to Egypt. Shadi Hamid of the Brookings Institution, a centrist think tank, explains:

[i]Predictions that a Tunisia-like uprising will soon topple Egyptian President Hosni Mubarak are premature—the Egyptian regime, with its well-paid military, is likely to be more unified and more ruthless than its Tunisian counterparts were... The U.S. is the primary benefactor of the Egyptian regime, which, in turn, has reliably supported American regional priorities. After Iraq, Afghanistan, and Israel, Egypt is the largest recipient of U.S. assistance, including $1.3 billion in annual military aid. In other words, if the army ever decides to shoot into a crowd of unarmed protestors, it will be shooting with hardware provided by the United States. As Steven Cook of the Council on Foreign Relations points out, the Egyptian military is "not there to project power, but to protect the regime." [/i][Emphasis added.]</blockquote>

As imagens que a media ocidental não tem interesse em mostrar…

http://www.youtube.com/watch?v=h5GSfSRY2PQ&feature=player_embedded#

É este o orgulho nacionalista que tem sido reprimido todos estes anos nos países que os EUA conseguiam esmagar com a sua retórica falhada de democracia e imprensa livre.

Agora pergunto: Onde estão todos os defensores da liberdade que votam a direita? Onde estão todos esses auto intitulados delfins da liberdade de expressão? Os mesmos apoiantes da liberdade de expressão que não falham uma oportunidade de chamar ditador ao Hugo Chavez quando este retirou o direito de transmissão terrestre (passando só a ser por cabo e a pagantes) a cadeia de televisão financiada pela CIA? Será que esses mesmos paladinos da liberdade individual deixam de protestar quando o opressor é financiado pelo Ocidente e os oprimidos são Muçulmanos?

Nunca presenciei tamanha hipocrisia, não sendo esta a primeira vez, já que tampouco se manifestaram contra o governo da Tunísia ou a revolta dos “camisas vermelhas” na Tailândia.

Mais uma incoerência que ensombra desde os liberais de centro-direita até aos born again evangelistas, passando também pelos pseudo-nacionalistas (que na sua esmagadora maioria não passam de racistas frustrados) da extrema direita, embora destes últimos não seja uma surpresa.

É por todas estas razoes que a direita só consegue aumentar o numero de votos no começo de crises económicas, mesmo assim só depois de muita propaganda direccionada a aumentar o receio de tudo que seja diferente, apelando sempre a xenofobia e preconceito dos sectores menos cosmopolita da nossa sociedade.

Ainda bem que hoje em dia há twitter e facebook, tornando a troca de ideias em algo muito mais imediato, não deixando muito espaço de manobra para as tácticas divide and rule (como a EDL no UK, por exemplo), algo que esta nova geração parece ter cada vez menos paciência para entreter.

[hr]

http://sverigesradio.se/sida/artikel.aspx?programid=2054&artikel=4330227[/url]]

[center]
Swedish TV reporter knifed in Cairo[/center]

Swedish Television’s correspondent Bert Sundström has been seriously injured and is being treated in a Cairo hospital for knife wounds. Swedish Television News reports that his condition is stable, and that Swedish police officers are at the hospital with him.

It is unclear how he was injured. Earlier Thursday it was reported that Bert Sundström had been abducted. His editors in Stockholm attempted to reach him by phone, but were answered by an Arabic speaker who said Sundström was a captive of the Egyptian military.

A number of other foreign journalists have been reported taken captive, robbed, or harassed in Egypt.

Two correspondents for Swedish Radio News in Cairo, Nils Horner and Cecilia Uddén, were surrounded Thursday by police who threatened to arrest them, and forced them to erase the interviews from their recorders.

Swedish Television News reports that the Egyptian military has issued a secret order calling for the arrest of all foreign journalists.

Espero que apreciem o silencio daqueles que só vêem ditadores em Cuba…Imaginem se fosse o Fidel a fazer tudo aquilo que o Mubarak fez nos últimos dez dias!?! Teríamos aqui mais entradas que num topico de uma nova vitoria de 7- 1 sobre as galinhas.

Os cristãos de guarda para os muçulmanos rezarem. Interessante. Sem dúvida a capacidade de perdoar tem interpretações diferentes nas duas religiões. Depois da perseguição que os cristãos aguentam no Egipto há 1300 anos, é um gesto muito nobre, e só espero que os Inchalás se lembrem dela mais tarde. Pode ser que modere a hipótese de o Egipto voltar de plutocracia para teocracia. Mais não seja, que acabem os vandalismos às igrejas.

O vídeo que postaste, Yazalde70, é realmente estranho. Não fazia ideia, aliás, acho que muita pouca gente o faz, que os Egípcios actuavam desta forma, mesmo confrontados com a sua liberdade.

Umas perguntas, visto não acompanhar a par e passo este problema: Quem limpa as ruas são anti Mubarak, certo?
Quem destruiu as Múmias no Museu do Cairo? Continuo sem entender, porque este povo está completamente fraccionado e actua de forma distinta.

Se me conseguires elucidar, agradeço. :great:

São os Egí-cios não sabias? É uma espécie de naturais do Egipto mas com o cio! Os Portugueses no que toca ao Acordo Ortográfico estão como o Mubarak em relação a democracia (a piada só resulta em Ingles, desculpem lá)

Mubarak is in denile, but not us… We should all say what we sphinx…And apparently there’s no doorbells working in Egypt at the moment, people now have to tootandcomein…Drumroll…cymbal!

Desculpem lá se não tem muita piada, eu também achei mais engraçado quando ouvi na televisão, mas como infelizmente não tenho os dotes humorísticos dos Homens da Luta vocês terão que se contentar com piadas secas e vídeos como este…

Homens da Luta - Música da Reacção (Cairo/Egipto) @ 2011
[hr]

@NunoRocha.

Tenho todo gosto em responder.

Estás certo ao pressupores que aqueles que limpam as ruas sao realmente os anti-Mubarak.

Os que destruíram as múmias foram os mesmo que tu geralmente vês fardados de policia, supomos que a mando do Mubarak, para que depois tenha uma desculpa para cair em cima dos que protestam contra a sua ditadura…

Estás a perceber? É uma táctica já antiga, mas que há vezes que resulta. São os chamados agent provocateurs, tipo aqueles que se costumam infiltrar nas manifestações anti-globalização, que são na sua esmagadora maioria pacificas, para que possam depois disparar umas latas de gás lacrimogéneo, com umas bastonadas a mistura e mais importante ainda, para que possam depois “montar” umas reportagens para os diversos telejornais, onde se denigre a imagem de quem os poderosos pretendem. É para isso mesmo que servem as empresas de Relações Publicas, só que é claro, nao podem fazer tudo sozinhos, há vezes que é necessário contar com ajuda da policia.

O povo egípcio, está tudo menos fraccionado…Nas ultimas eleições, o Mubarak ganhou com noventa e tal por cento do voto…Por isso já vês :wink:

Desesperados pelo vórtice dos acontecimentos, os imperialistas tentaram meter água na fervura enquanto manobravam. [b]O vice-presidente dos EUA[/b], Joe Biden, sublinhou que [b]«Mubarak não é um ditador»[/b], uma vez que [b]tem sido aliado dos EUA na região assegurando os interesses geopolíticos norte-americanos.[/b] Posição idêntica assumiu [b]a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, para quem o executivo de Mubarak é «estável» e dá resposta «às necessidades e interesses legítimos dos egípcios».[/b]

Quando o movimento se tornou imparável, os EUA passaram a apoiar a «transição ordeira», abstendo-se, no entanto, de condenar as repetidas violações dos direitos humanos cometidas pelo regime durante três décadas e a repressão contra os manifestantes.

Segunda-feira, os norte-americanos ainda enviaram o ex-embaixador Frank Wisner (homem experiente no Egipto, dado que ali esteve entre 1986 e 1991, mas também no Kosovo onde acompanhou o processo de secessão da Sérvia) para contactos nas costuras do poder egípcio; com a missão de transmitir «a perspectiva de Washington sobre os acontecimentos» e levar aos «actores políticos centrais» que tão bem conhece [domina] a visão do presidente Obama de que Mubarak deve mostrar ao povo «acções e não apenas proclamações».


Avante http://www.avante.pt/pt/1940/internacional/112445/