Acho piada a esta situação do atentado e à reacção das entidades responsáveis pela CAN ao mesmo (apesar de não haver nada com piada nesta história ???)
Fazendo uma analogia com um caso que se passou aqui em Portugal há 2 anos também relacionado com desporto (não tão mediático como o futebol, mas desporto ainda assim), chegamos facilmente à conclusão que o poder do ouro negro é muito grande hoje em dia. Senão vejamos:
Há 2 anos, Portugal tinha tudo pronto para o Rali Dakar partir mais uma vez de Lisboa. Muitos meses de preparação todos os pilotos preparados, todas as infra-estruturas prontas, e à última da hora cancela-se o rali por razões de segurança, dado haver ameaças de terroristas que o “pelotão” (não sei se se pode chamar assim) seria atacado na Mauritânia. Os organismos internacionais cederam então aos terroristas cancelando a prova, que se veio a realizar no ano seguinte e no corrente ano na América do Sul;
Hoje, uma selecção que vai (?) participar na CAN sofre um atentado (não é ameaça, é consumado com mortos e feridos à mistura) no território do país organizador, e apesar de ainda estarmos muito em cima dos acontecimentos duvido mesmo muito que os organismos responsáveis tenham coragem de retirar a organização desta CAN a Angola.
E faço esta analogia porquê? Porque ao passo que Portugal tem vindo a perder protagonismo na cena mundial, sendo apenas mais um dos países pequenos que pertencem à UE, e sentindo-se importante com momentos como a cimeira das Lages porque o Bush, o Aznar e o Blair estiveram cá, Angola está-se cada vez mais a tornar uma das maiores potências Africanas, pondo o mundo em sentido graças ao petróleo que tem (o facto de ter diamantes a dar com um pau também ajuda).
E com isto, fazem o que querem que nada lhes acontece. Mais uma vez afirmo, o poder do ouro negro é enorme hoje em dia :arrow:
A selecção do Togo parece estar talhada para situações pouco comuns, quando chega às fases finais de grandes competições.
No Mundial’06 estiveram para não participar, mesmo estando na Alemanha. A federação deles, segundo me recordo, não dava garantias em relação ao pagamento de prémios aos atletas, com estes a torcerem o nariz à hipótese de jogarem sem o €. O treinador, que era alemão, não gostou da atitude de ambas as partes e também se quis embora in loco.
Agora, esta situação inacreditável, que levanta também muitas questões em relação ao Mundial da África do Sul.
Já agora, penso que foi um terrível erro construirem um dos estádios em Cabinda. São sabidos todos os problemas (nomeadamente, lutas independentistas) que aquela região tem, e também se sabe que a polícia angolana tem tido dificuldades em manter os ânimos calmos por lá, logo parece-me evidente que os radicais não iam desperdiçar esta oportunidade onde têm alguma atenção a nível mundial (e certamente, continental) para fazerem algo. Por acaso, calhou com o Togo, mas podia ter sido com outra selecção qualquer, e se se tratasse da selecção angolana, podiamos estar a falar de algo bem mais grave. Cheira-me que estes incidentes ainda vão dar muito que falar, sobretudo pelo lado da FIFA. E para já é mais que certo que o Togo não irá participar.
Estive recentemente na África do Sul e posso confirmar uma ideia que tinha: estamos a falar de duas Áfricas muito diferente, diria mesmo incomparáveis. A África do Sul é um país organizado, limpo, desenvolvido, ao nível de um país europeu como a Roménia ou a Bulgária. Obviamente, toda esta estabilidade ainda está muito dependente da sobrevivência de um sr.Homem, Nelson Mandela. No entanto, este Mundial está mesmo a ser visto pelos sul-africanos como uma hipótese para se afastarem de vez de todas as visões negativas (e reais) da realidade africana, já que se sentem subestimados pelo mundo por pertencerem ao mesmo continente que pseudo-países como a Somália ou Libéria, entre outros “fretes”.
Tenho por exemplo, muito mais receio que o Mundial de 2014 seja um fracasso.
Para mim esse é o único “grande” problema da África do Sul: a criminalidade nas grandes cidades, que ocorre apenas nos arredores (e no centro de Joanesburgo, que está muito degradado, mas que toda a gente que lá vai sabe que deve ser evitado). E com muita pena minha, não são só os Portugueses que são assassinados, e mesmo assim têm havido melhorias.No caso dos turistas, as áreas problemáticas estão identificadas e só lá vai quem quer.
É verdade. Mas, se se não se puder andar à vontade, com o mínimo de paz que seja, qual é o objectivo de promover o turismo nesse país? Vão isolar as áreas «de bem» e marginalizar ainda mais os bairros problemáticos? Por isso é que continuo a achar um erro.
Manguera, não tem nada a ver com isso. Quem decidiu o cancelamento do Paris-Dakar foi a ASO, uma entidade privada e cujos responsáveis não quiseram ficar nos ombros com a tremenda responsabilidade de haver mortes e ficarem com isso para sempre nas suas consciências. Em Angola foi uma decisão politica. Se a decisão do PD fosse do Governo português, não tenhas dúvidas que a decisão seria para continuar o show.
Não percebo que é que uma coisa tem a ver com outra. É o mesmo que dizeres que por causa dos atentados em Londres de há alguns anos terias que cancelar a organização de um Mundial em Itália ou que por causa da guerra na antiga Jugoslávia terias que cancelar o Europeu nesse ano. Países diferentes, realidades diferentes, milhares de kms de distância.
O erro aqui foi fazer jogos da prova em Cabinda, se fosse noutra parte de Angola nao teria havido problemas.
Salvo a implementação de um estado militar durante a prova, ninguém chega aos calcanhares da África do Sul. O Mundial de África do Sul, em matéria de violência, não deixa nada de fora.
Referia-me aos JO que já foram lá disputados anteriormente, e não houve pânico por causa de se ter lá realizado. Não percebo porque é que há de haver problemas no Rio de Janeiro, apenas uma das cidades mais visitadas a nivel mundial em termos turisticos, e não numa qualquer super metrópole dos EUA, por exemplo.
Depois de temporadas passadas em Angola, entre Cabinda Luanda e Benguela, sinto-me perfeitamente à vontade para afirmar que só alguém muito inocente não pensou na oportunidade das FLEC aproveitarem a exposição mediática da CAN para darem a conhecer a sua causa ao mundo, enquanto lá estive eram basicamente diários as notícias de lutas entre FLEC e exército angolano e congolês (que muitos creêm estar envolvido neste “acidente”…)
Quanto ao resto, gosto muito da CAN, acho que é um futebol ainda livre de muitas “prisões tácticas” e torço por Angola :victory:
Ah, ok. Sim, o Rio é das mais visitadas, mas também é das mais perigosas. Epá, é inegável. Mas deixemos esta conversa para o tópico do Mundial 2014. :mrgreen:
[b]Atentado à seleção do Togo fez mais dois mortos
TREINADOR ADJUNTO E DIRETOR DE COMUNICAÇÃO NÃO RESISTIRAM AOS FERIMENTOS[/b]
O atentado terrorista ao autocarro que transportava a seleção do Togo fez mais dois mortos. A confirmação foi dada por um membro da delegação da CAF em Cabinda, que confirmou que o treinador-adjunto e o diretor de comunicação da seleção togolesa não resistiram aos ferimentos provocados pelo ataque à metralhadora.
“O diretor de comunicação Stanislas Ocloo e o treinador-adjunto Abalo Amelete acabaram por falecer às 4 horas da madrugada”, adiantou Kodjo Samlan à Agência France Press.
Sobe assim para três o número de mortos provocados pelo atentado da Frente de Libertação do Estado de Cabinda (FLEC), que já havia provocado o falecimento do motorista do autocarro e feito 9 feridos.