Beatles separaram-se faz hoje 40 anos

Quem diz essas diz um Strawberry fields forever, um Revolution, e aqui está outra característica dos Beatles, um catálogo enorme e com qualidade para dar e vender :beer:

…só que para mim, os «Beatles» não morreram em 1970, mas sim em 1972 com o álbum «All Things Must Pass» de George Harrison. Este álbum tresanda ainda a Beatles por todos os poros, com temas como «My Sweet Lord» e este fabuloso «What is Life»:

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Além de ser o meu Beatle preferido, para mim foi o que teve melhor carreira musical pós-beatles :victory:

Mas é justamente isso que eu estou a dizer. Na minha opinião, não têm a qualidade que lhes é atribuída e não foram tão inovadores quanto isso. Os Pink Floyd, por exemplo, são uma banda que eu não aprecio particularmente mas a quem reconheço uma capacidade inovadora fora do comum e pingos de genialidade incontestáveis. Na minha opinião, esta questão dos Beatles relaciona-se mais com marketing do que outra coisa qualquer. A maior prova é que a música deles soa incrivelmente “datada”, enquanto que os álbuns dos Pink Floyd, Doors, Jethro Tull e King Crimson são intemporais. O tempo é o melhor selo de qualidade que existe.

E não vamos, por favor, pelo caminho das vendas. Nos mais variados domínios artísticos, o que não falta são casos de bandas, cineastas, pintores e escritores que não tiveram sucesso mas que eram absolutamente geniais e deixaram uma marca perene no tempo. Cito apenas um caso: Orson Welles fez um filme - “Citizen Kane” - que foi um absoluto flop de bilheteira mas que inaugurou um novo discurso filmico, alterando a forma como se fazia cinema. Por outro lado, temos exemplos de outros artistas que se fartaram de vender e não tinham qualidade absolutamente nenhuma, deixando-se apagar pelo tempo.

Mas a questão é mesmo essa: os Beatles ainda hoje, passados mais de quarenta anos, continuam a vender e a ter uma importância social, principalmente no Reino Unido e Estados Unidos, que nenhum outro grupo conseguiu; eles, definitivamente não se deixaram apagar pelo tempo.
Cada nova geração que aparece tem uma quantidade enorme de novos fans, é um fenómeno que parece não ter fim; se isto não é sinónimo de qualidade, não sei o que é.
Apesar dos Beatles serem a minha banda preferida, também reconheço que nem tudo o que fizeram foi bom, há realmente algumas canções fracas, principalmente no início da carreira, onde ainda não eram artisticamente independentes, mas a partir do momento em que ganharam essa independência e amadureceram como pessoas (digamos, a partir do álbum Rubber Soul, de 1965), acho que é indiscutível a qualidade do seu trabalho, e ao contrário do que referes, bastante inovador, desde novas técnicas de gravação, passando pela introdução de novos instrumentos como a cítara, até coisas tão simples, e hoje tão básicas, como terem sido a primeira banda a incluir as letras das canções na contracapa dos LP’s.
Já agora, acho que ninguém devia morrer sem ouvir o Abbey Road, o meu disco preferido deles. :great:
(mas o Rubber Soul, Revolver, Sgt. Peppers e White Album também ficam bem em qualquer colecção de CD’s…)

Metendo a minha colher na discussão, essa afirmação não corresponde à verdade.Se há banda que inovou o mundo da música e prestou um trabalho verdadeiramente pioneiro foram os Fab Four.
Depois dos anos do “yeah yeah yeah”, que a meu ver duraram até 65 com o álbum “Help” o Rock/Pop nunca mais seria o mesmo.
Antes, ajudam uma banda chamada “Rolling Stones” a consolidar-se no meio musical, escrevendo para o grupo de Jagger e Richards a música “I wanna be your man”.
O album “Rubber Soul” foi uma “pedrada no charco” que impulsionou um dos grande génios musicais, Brian Wilson, dos Beach Boys, a escrever um dos melhores albuns de sempre “Pet Sounds”. A rivalidade creativa Beach Boys/Beatles culminaria num dos albuns mais inovativos de sempre datado de 1967: Sargeant Peppers Lonely Hearts Club Band, o primeiro “Concept Album” da história da música. Jimmy Hendrix por exemplo, ficou tão fascinado pelo álbum, que no dia em que foi lançado, fez questão de tocar logo uma cover. Antes de Stg Peppers surgiu em 1966 “Revolver” outro album histórico cheio de músicas imortais, “tomorow never knows” é extremamente “avant garde”. Os Beatles foram a primeira banda de sempre a inserir instrumentos orientais nas suas músicas ( Norwegian Wood, The Inner Light, Within Without You), foram a banda que (criar será um termo exagerado) popularizou e revolucionou o “video clip”. Nas suas músicas encontram-se pedaços intemporais (o início de “I feel Fine”, o acorde mágico que inicia “A Hard Days Night”). O “Album Branco” é o album com maior diversidade musical que ouvi até hoje: baladas, rock, pop,metal (Helter Skelter),“non sense” como Revolution 9, paródia a outras bandas ( Back in The USSR), música à ala “roaring twenties” (Honey Pie), blues,folk etc etc…
Chegando aos últimos anos, realizam o mítico concerto no telhado, preparam o seu adeus dignamente (Abbey Road) com, segundo a opinoão de Frank Sinatra, uma das maiores love songs de sempre (Something)e antes de acabarem ainda fazem "You Know My Name (Look Up The Number).
Isto para não falar nas centenas de milhões de comuns mortais que influenciaram com as suas músicas e letras, naqueles que pegaram num instrumento pela primeira vez para tocar uma música dos Beatles e cujas vidas acompanharam musicalmente nos últimos 40 anos, no fundo, a maior influencia e recompensa que um músico pode alguma vez ter.

O Abbey Road Medley é genial! :drool: :drool:

Eu continuo a achar que a inovação que os Beatles trouxeram não foi tão profunda como pintam. Em primeiro lugar, a primeira banda a incorporar sons orientais não foram os Beatles, mas sim os The Byrds, a quem os Beatles foram beber e de que maneira. Mesmo o chamado Psychadelic Rock não nasceu com a banda de Liverpool, mas sim com outras como os Grateful Dead e mesmo os The Byrds. Os Beatles não fizeram mais do que agregar uma série de inovações que estavam no “espírito do tempo” e incorporá-las nos seus álbuns.

Depois, em relação à sobrevivência no tempo, basta ouvir um álbum dos Doors ou mesmo Jimi Hendrix e depois outros dos Beatles para perceber a diferença. Independentemente de serem ouvidos hoje (porque há música datada que continua a ser ouvida) os meninos bonitos de Liverpool continuam profundamente ligados à música da década de 60. Não me parecem universais e não têm aquele efeito de “isto podia ter sido feito hoje” como me acontece com algumas músicas dos King Crimson ou Jethro Tull.

Mas pronto, tal como em tudo as discussões sobre arte são sempre subjectivas. Respeito e compreendo a vossa opinião de qualquer forma. :arrow:

Ó Winston, será que ter um som eternamente contemporâneo (ou talvez, nunca soar a contemporâneo?) é algo assim tão importante?
Será que serem músicas de época não é algo bom? Pelos menos no caso dos Beatles, que sabemos que são dos principais responsáveis por os anos 60… soarem a anos 60. Pelo menos à de ser sinal que marcaram uma época na música.

E direi eu, marcaram-na de tal forma que podes falar do Rock ou Pop pré e pós Beatles. Mas isso já é um assunto diferente.

Não acho por exemplo que as obras de Da Vinci ou Bramante tenham menos valor que a arte dos aborígenes australianos, ou que os edifícios em Çatal Hüyük. Ainda que os últimos dois exemplos tenham, tendo em conta as limitações tecnológicas com que foram criados, um aspecto muito mais contemporâneo (ou talvez intemporal?) do que os primeiros exemplos. Arrisco mesmo, que as obras de Da Vinci ou Bramante são mesmo mais valiosas que os dois outros exemplos, porque tiveram a força para marcar, ou contribuir para marcar uma época.

Edit: Depois de reler, acho que usei uns exemplos algo injustos, até porque a arte aborígene ou a arquitectura de Çatal Hüyük não tiveram a visibilidade que as obras de Da Vinci ou Bramante tiveram. Mas quando tentei procurar um exemplo melhor, apercebi-me que não há exemplos de arte intemporal no mesmo contexto temporal e geográfico que as obras de Da Vinci ou Bramante. Simplesmente porque esse mesma característica, de parecer não pertencer a nenhuma época ditou-lhes o esquecimento, não?

Correndo o risco de ser politicamente incorrecto:

Best Band Ever.

Foi com os 4 de Liverpool que comecei a gostar de ouvir música. Tenho todos os seus principais albums incluindo o Álbum Branco em Vinil.

Posso ouvir uma das suas músicas no MP3 ou no PC e continuo a achar que foram os maiores. Que pena terem-se separado tão cedo.

:arrow:

O white álbum é absolutamente fenomenal, feito depois da viajem à Índia e gravaram um quantidade enorme de músicas :wink:

Na minha opinião, o tempo é a melhor forma de avaliar a qualidade artística de uma determinada obra. Os exemplos que deste não são os melhores, o Da Vinci é mais importante do que a arte aborígene porque alterou a pintura da época e foi inovador nos mais variados campos. É o binómio inovação-intemporalidade que nos fornece a informação necessária para avaliarmos qualitativamente um artista/obra.

Por exemplo, no cinema os filmes verdadeiramente excepcionais são intemporais e não ficam confinados à técnica fílmica da época. “Psycho”, “Citizen Kane”, “Rashomon”, “O Couraçado Potemkin” ou “O Padrinho” serão vistos daqui a 100 anos e encarados como brilhantes. Os temas continuam actuais, as representações continuam a ser excepcionais e a realização também. Por isso é que dou grande importância à intemporalidade. Repara como o “2001, Odisseia no Espaço” continua um filme perfeitamente actual apesar de ter sido realizado em 1968.

Os Beatles são, como já disse, um produto de marketing e um fenómeno de massas. Este tipo de situações ocorre e explica-se facilmente: quando uma banda/filme/produto é considerado brilhante, temos a tendência a sentir-nos atraídos por esse produto porque nos queremos sentir integrados. Para além disso, com os Beatles acontecia outra coisa: estavam constantemente a passar nas rádios, televisões e afins, o que os expunha e levava as pessoas a sentirem-se atraídas por eles. Isto chama-se, em linguagem psicológica, “efeito de mera exposição”.

Com isto não quero retirar-lhes qualidade. Não estou a dizer que eram uma trampa, longe disso. Apenas discordo do hype todo gerado à volta deles, porque acho que não corresponde à qualidade musical dos álbuns.

Beatles, melhor banda de sempre? :o

Sou da opinião que são provavelmente o grupo de maior sucesso cuja evolução qualitativa ao longo da carreira se notou mais pois eles ao início eram um grupo que se notabilizou sobretudo por ter um grande impacto no sexo feminino, quais DZRT, Boyzone ou Back Street Boys. Obviamente que qualitativamente não sequer para comparar estas bandas com os Beatles mas a base do sucesso inicial foi exactamente a mesma: a histeria de umas canucas. :lol:

Musicalmente falando e referindo-me a bandas inglesas, na minha opinião chega a ser um ultraje comparar os Beatles com Pink Floyd ou Queen…

Beatles, hum, é dificil eleger uma banda que durou 8 anos a melhro de sempre, no entanto, andam lá perto.

Os pink floyd deram muito mais á musica, é incrivel a quantidade de estilos que derivaram do som dos floyd.

Os Queen têm a melhor voz de sempre, o melhor lider de sempre e são uma banda incontornável. As musicas dos queen são também de um riqueza extraordinária.

Os beatle foram sim um grande sucesso, o maior hit dos anos 60, mas acho que no geral, não fizeram tudo aquilo que deviam para serem os melhores de sempre.

Floyd e Queen deram concertos memoráveis. Beatles tinham toneladas de miúdas aos berros. E nunca encheram estádios.

Neste video percebem do que falo, uma banda, são muitos factores juntos, e é com base neste argumento que acho os queen superiores aos beatles.

[youtube=425,350]http://www.youtube.com/watch?v=laIY-uauGgY[/youtube]

Tenho duas palavras para ti: Shea Stadium

Aliás, foram os Beatles os primeiros a tocar em estádios, mais outra inovação que lhes pode ser atribuída…

Quanto às miudas ao berros, foi exactamente essa a razão porque deixaram de dar concertos a meio da carreira.
Teria sido mais fácil e rentável continuar as digressões, mas eles nem se conseguiam ouvir tocar com os primitivos equipamentos de som que havia na primeira metade dos anos 60, e por isso preferiram dedicar-se por inteiro aos discos.

Porque estamos num tópicos dos Beatles, só meto uma setinha ;D
:arrow:

Queres ver agora que os albuns conceptuais e musica psicadelica, a imagem de marca dos Pink Floyd, nâo foram criaçôes dos Beatles ou inspiradas por eles? ::slight_smile:

Para mim os Beatles estabeleceram os parâmetros da musica de hoje em dia, os Queen e os Pink apenas os aperfeiçoaram.

:question:

Ainda os Beatles andavam a escrever faixas como “Help”, já o Syd Barrett tinha formado os Floyd com o Waters, Mason e Wright, fazendo música verdadeiramente psicadélica.

O próprio Paul McCartney afirma que o Syd o influenciou bastante devido ao estilo único que este tinha na guitarra. Além do mais, tal como os Doors tinham o Manzarek, Pink Floyd tinha o Rick Wright, verdadeiro mestre da arte das atmosferas glaciares nos teclados. Isto permitiu aos Floyd experimentar áreas verdadeiramente psicadélicas, deitar wallls abaixo (pun intended ;D), algo que os Beatles não poderiam fazer na totalidade, devido à pressão comercial.

Imagino se os Beatles tivessem aparecido em público com um Ummagumma, onde habitava uma Saucerful of Secrets ou uma Careful With That Axe, Eugene…

O próprio Sgt. Peppers, o álbum psicadélico de referência no catálogo dos Beatles, saiu no mesmo ano do álbum de estreia dos Floyd, o Piper, outro registo digno de figurar como um dos melhores de sempre do psicadelismo. E comparando ambos, parece-me evidente qual deles denotava claros traços de experimentalismo, avant-gardismo… Basta rodar a “Interstellar Overdrive” para chegar lá. Por alguma razão, repito, o McCartney ficou estarrecido com o Piper.

Se queremos falar em inovação, também podemos referir que Pink Floyd foi a primeira banda a conceber um espectáculo ao vivo como uma experiência não só auditiva (neste âmbito pretendiam ter um PA com uma qualidade assombrosa), mas também visual. As luzes, os fumos, os holofotes, os projectores… O Waters, principalmente, nunca quis que as figuras centrais do concerto fossem eles próprios, mas sim a música e a ambiência criada. Como tal, chegaram a dar concertos onde apenas se vislumbravam vultos no palco, por entre a amálgama de cores e neblinas. Sem falar, claro, mais tarde da tour do The Wall, que dispensa comentários adicionais.

Querer falar dos Beatles como criadores de tudo e inovadores de tudo o que existe na música é um erro tremendo. E fazer o mesmo com Pink Floyd é outro erro. Ainda antes dos 60’s, já havia gente a lançar as primeiras pedras do rock n’ roll.

E nos 60’s/70’s houve mais do que duas tonalidades. Houve muita banda incrível. Posso listá-las? Cá vai:

The Who - (Quadrophenia, a grande ópera rock para mim… Até mais do que o The Wall)
Led Zeppelin
Cream
The Yardbirds
The Doors
The Byrds
The Jimi Hendrix Experience
Queen
Black Sabbath
Frank Zappa (se os Beatles escreveram tantos álbuns em tão pouco tempo… Que dizer deste senhor?)
Deep Purple
King Crimson
Camel
Jethtro Tull
The Kinks
The Rolling Stones
The Small Faces
The Pretty Things
Kaleidoscope
Caravan
Van der Graaf Generator
Creedence Clearwater Revival
Neil Young
Jeff Beck
Jefferson Airplane
Joan Baez
Santana

Reduzir tudo isto a 2/3 bandas é injusto. As luzes que os Beatles, os Floyd, os Doors, os Zep, os Who, entre outros, tiveram direito, ofuscou muita gente. Aliás, há tanta banda famosa que se aproveitou de riffs e passagens musicais de bandas desconhecidas… :twisted:

Quem afirmou que os Beatles “nâo sâo marco musical nenhum” nâo fui eu. Só quiz indicar que dizer isso nâo faz grande sentido. Se sâo os Beatles ou os Pink Floyd quem tem a pilinha maior é-me indiferente. Eu gosto imenso das 2 bandas e ouço tudo- o que gosto obviamente- sem me preocupar se determinada banda ou artista é melhor ou pior ou mais invoadores que outros.