As 5 vitórias mais dramáticas
O futebol está no seu melhor como, como um romance, um filme ou um peça de teatro, constrói uma trama em crescendo que culmina num resultado dramático e inesperado. Estes jogos são raros, porque precisam de vários ingredientes juntos: que esteja qualquer coisa de importante em jogo (uma eliminatória, um primeiro lugar ameaçado ou à mercê); que os nossos jogadores se transcendam; que o adversário faça um grande jogo; e que não se saiba para onde resultado vai cair até ao último minuto. Aqui está a minha selecção de dramas com final feliz em 25 anos a seguir o Sporting:
2-3 vs. AZ, Taça UEFA, Alkmaarstadion, 2005
A derrota mais festejada de sempre entre os sportinguistas. Depois de uma vitória injustamente curta em Alvalade – 2-1 graças a mais uma “casa” de Polga – o Sporting encontrou um ambiente escaldante numa caixa de fósforos. O AZ encostou-nos às cordas e já tinha desperdiçado várias oportunidades flagrantes quando se adiantou na eliminatória, no prolongamento. Tudo parecia perdido quando, no último minuto e já com Ricardo na área do AZ, a cabeça e o ombro de Miguel Garcia responderam a um canto de Tello e garantiram a segunda final europeia da história do clube. Não sou expert em drogas, mas acho que nenhuma trip consegue recriar a sensação de uma qualificação no último minuto para uma final europeia.
(Para reviver o momento e, como diz o eddie verde, chorar baba e ranho: http://www.badongo.com/pt/vid/49041 )
1-0 vs. Vitória de Setúbal, Campeonato, Alvalade, 2001.
O Vitórrria é um adversário tradicionalmente difícil e este jogo não foi excepção. A equipa de Jorge Jesus controlou o jogo durante 80 minutos e Marco e Paulo Ferreira falharam duas oportunidades escandalosas isolados frente a Tiago. O drama adensou-se quando Marius Niculae, ao fazer um remate ao poste, foi vítima de uma entrada bárbara de Ico. A agressão custou a carreira ao romeno (e, diga-se, nem um amarelo ao brasileiro…). Com as substituições esgotadas, os descontos no fim e os jornalistas já a escrever 0-0 na coluna do resultado final, Beto lança um balão para a área e Jardel faz uma recepção perfeita com o peito, vira-se e fuzila Bossio para segurar o primeiro lugar. Foi tal a festa que acho que nem me apercebi do final do jogo.
(Minuto 1:25 deste video: http://www.youtube.com/watch?v=8BeaUpygqr0#noexternalembed )
1-0 vs. Porto, Taça de Portugal, Alvalade, 1996
Seis anos e meio depois, o Sporting voltou a ganhar um jogo ao rival do Norte e assegurava a segunda presença consecutiva no Jamor, graças ao golo de Afonso Martins no prolongamento. Só me lembro de estar de cama com 40º graus de febre a ouvir o relato e desatar aos saltos e aos berros como um possesso. Delírio literal.
3-2 vs. Vitória de Setúbal, Campeonato, Bonfim, 1993.
O Vitória tinha uma das suas melhores equipas em muitos anos, terminaria o campeonato em 5º e esmagaria o Benfica no Bonfim por 5-2 um mês depois. Este jogo foi um festival de ataque das duas equipas. O Sporting recuperou de um golo de Yekini de 1-0 e passou para a frente, com Cherbakov a concluir um lance iniciado num corte desesperado de Valckx em cima da nossa linha de golo. Tudo para nada, porque o colosso nigeriano só levou dois minutos para empatar novamente o jogo. E então, a 13 minutos do fim, Pacheco decide a partida num remate colocado da direita . Um clássico!
EDIT: (O golo fantástico de Balakov para o 1-1 aqui: http://www.youtube.com/watch?v=D7xb64gDhWw#noexternalembed - obrigado ao FLL)
3-2 (a.p.) vs. Marítimo, Taça de Portugal, Alvalade, 2002.
Vista à distância, a época de 2001-2 pode parecer o triunfo natural daquela que era a melhor equipa do país. Mas nesta meia-final da Taça parecia que o botão de autodestruição tinha mais uma vez sido premido. Os madeirenses anularam completamente os nossos ataques, estavam mortíferos no contra-ataque e estiveram duas vezes em vantagem. Se da primeira já tinha sido preciso um pequeno milagre para recuperar – Nalitzis, de fora da área, no seu único golo com a camisola do Sporting - à segunda parecia de vez. Os nervos, a frustração e o desespero tomavam conta da Superior Sul. Era o princípio de mais um colapso? Não. Porque a 5 minutos do fim, André Cruz marcou um dos seus livres irrepreensíveis e levou o jogo para prolongamento – onde uma cabeçada de João Pinto resolveu o jogo. Vi a segunda parte de pé e não me esquecerei de ver um tipo ao meu lado, completamente possesso após o segundo empate, a gritar: “Pensam que esta mrda é fácil? Isto é para sofrer, caralo! Isto é para sofrer!”. Amen to that!