Precisa de crescer? Não acredito que cresça muito mais. Já preenche bem o seu espaço a defender. Já se nota determinação na forma como aborda os lances. Sem bola, a trabalhar para a receber, é já um jogador com uma qualidade pouco comum: imaginem um extremo do Sporting a aparecer no meio do meio-campo, ou no meio do meio-campo ofensivo, a ir buscar a bola no pé e a dar apoio a quem a tem. Quem é? O Carrillo, invariavelmente. Ninguém trabalha para receber a bola como ele: e só a recebe em espaços apropriados porque os procura.
Naquilo onde penso que acham que pode evoluir, é no que faz com a bola nos pés. E aí não vejo muita margem. É muitas vezes individualista, exagera nas iniciativas? Sim. Mas fá-lo porque sabe que tem qualidades técnicas e potência física para ter boas probabilidades de ser bem sucedido.
Numa equipa mais oleada, que lhe permita enfrentar mais vezes o 1x1 ou mesmo o 1x2 (em vez do 1x3 ou 1x4), vai ser tremendo. Capaz de romper os adversários, ultrapassá-los, driblá-los.
Carrillo é uma força da Natureza, e tem qualidades (por exemplo, a forma como se desmarca para receber a bola) que não me recordo muito de ver no Sporting. Nem em Nani, por exemplo, que com a idade do Carrillo não dava esta sensação de que era capaz de desafiar e vencer meio mundo. Capaz de aparecer a toda a hora e ameaçar invariavelmente o adversário.
O Carrillo por vezes perde a bola. Por vezes, perde-se nas fintas. É normal. Acontece a todos os jogadores do seu tipo. Mas é tremendo, e quando for devidamente valorizado, será um “monstro”. Nenhum outro em Portugal valerá tanto como ele. Mas para isso o Sporting também tem de confiar nele, e, sobretudo, de confiar em si próprio.
Ah, e precisa também que os postes e a barra deixem de o achar um tipo agressivo. Quantos “tiros” é que ele já disparou que foram aos ferros, desde o ano passado? Muitos.
Carrillo tem condições físicas e técnicas soberbas. A sua capacidade de aceleração é do melhor que já vi, desde sempre. Tem momentos de puro brilhantismo, que resultam em pequenos fogachos pontuais, sem continuidade.
Não vejo comos naturais, quer no perfil do jogador, seja pelas suas características, seja pela idade ( a caminho dos 22 anos ), seja pela personalidade, normalmente algo mais egocêntrica num extremo formatado para o drible e para ganhar duelos no 1x1, a insensatez, a displicência e a irresponsabilidade. Que é o que Carrillo tem apresentado. Todos nós nos lembramos de uma mão cheia de extremos que formámos e que com 17, 18 anos, apresentavam noções de jogo colectivo bastante superiores às de Carrillo. É uma questão de escola, de formação, mas também de postura perante o jogo e enquadramento competitivo numa actividade colectiva. O peruano apresenta evolução quando sem bola, com bola, regrediu. Por mais que uma vez, vi-o junto da linha do meio campo, com alternativas de passe, enfrentar 2 e 3 adversários em drible, perdendo a bola e deixando a equipa descompensada. Pior… perde a bola, recupera-a e volta a fazer o mesmo, logo de imediato. É frequente vê-lo a desperdiçar linhas de passe que poderiam resultar em enorme perigo para o adversário, linhas de passe que estão mesmo à frente dos olhos… não as aproveita, porque não quer ou não quis. É frequente vê-lo a optar pela pior solução possível em movimentos básicos, contribuindo para a má gestão de bola da equipa e para a transição dos adversários.
Eu compreendo que um jovem ( e menos jovem ), num momento como o que a equipa do Sporting atravessa, passe por crises confiança, que trema, os passes saem mal e até os movimentos técnicos mais simples parecem não resultar. A bola começa a parecer quadrada e decide-se tarde, ou demasiado cedo, porque a cabeça não está limpa. Mas o problema de Carrillo vai para lá disto. Não tenho dúvidas que num clube capaz de valorizar os seus activos e de os fazer crescer, que tenha treinadores , que durem mais que um par de meses e que tenham capacidade de potenciar os atletas, Carrillo seria hoje um jogador diferente.
Mas não é hoje, já, um jogador diferente, porque tem sido displicente e irresponsável. De jogadores com potencial fantástico e carreiras irrelevantes, todos já vimos uns quantos, inclusive que passaram por este clube. Eu não apostaria cegamente no futuro de Carrillo como jogador de futebol, ao nível do dom que tem. Por esta altura, tanto pode dar para um lado ( sucesso ) como para o outro. Em partes iguais. Está na hora de arrepiar caminho.
o talento bruto, com falta de formação, sem as melhores noções, apenas “o dom” do toque de bola e capacidade motora e
O empenho, a responsabilidade, o sacrifico táctico/físico e a noção do colectivo em primeiro lugar.
Eu escolheria sempre, sem hesitar, o primeiro… porque talento não se trabalha, não se adquire em certo ponto da carreira, não há como ensiná-lo.
todas as qualidades que referi em 2º podem ser adquiridas. “Apenas” dependem de um boa liderança e estrutura.
Eu morreria agarrado aos talentos, àqueles que não conseguem explicar como o fazem mas fazem-no.
E termos a noção que noutro clube, Carrillo já teria despertado para aquilo que pode ser como jogador ainda me deixa mais furioso!
Porque fazer crescer grandes talentos não é uma tarefa impossível, nem tão difícil como o pintamos, são é precisos tomates para suportar os erros que ele comete pensando naquilo que ele irá dar… fazê-lo perceber que: se o seu talento é grande, a sua responsabilidade é maior.
Eu ás vezes pergunto-me se ninguém se lembra do Quaresma com o 20 nas costas a receber de costas para o lateral, tentar a cueca, perder a bola e ir a trotezinho para trás… eu vejo Quaresma em Carrillo… o pior de Quaresma por vezes… demasiadas vezes. Eu aceitaria de bom grado isso se não soubesse que ele também tem o melhor de Quaresma e que é uma questão de escolher como espremes a laranja…
Já eu acho que o talento trabalha-se e muito. É preciso aperfeiçoar e isso é somente com trabalho. Há o dom natural, aquele talento inato que se vê, mas somente com muito trabalho é que vai resultar em algo, se resultar.
O Carrillo está a sofrer com a instabilidade emocional que se vive no clube, também acho que teve que assumir uma posição importante, demasiado cedo. Ainda não tem a estabilidade emocional necessária para ser titular no Sporting, ainda é um puto demasiado mimado que, por vezes, pensa que sem trabalho consegue atingir o topo.
Já disse aqui e reafirmo, fazia bem ao jogador, casar. :mrgreen:
Nem sempre nem nunca. Vukcevic tinha um talento enorme, mas descontextualizado de tudo o resto não seervia para nada.
O talente de Izmailov, que ao princípio não parecia tão grande, mostrou ser de muito maior utilidade porque acarretava outros atributos a que o montenegrino não pode senão aspirar.
Uma equipa com 11 gajos responsáveis, solidários, tactica e colectivamente solidários dá 10 -0 em qualquer equipa com 11 talentos enormes mas sem nenhum destes atributos.
Prefiro analisar caso a caso.
Relativamente a Carrillo/Quaresma, parece-me que o peruano tem muito (mas mesmo muito) mais upside que o português. Quaresma sempre me pareceu talhado para o lugar onde está a jogar agora, que é pouco mais que a feijões, e se não fosse a passagem no Porto, que o catapultou para Itália, toda a sua carreira pós-Sporting tinha sido isso mesmo, pois tem somado falhanços em catadupa, desde Barcelona até ao Dubai.
@nelson
Todos nós enquanto adeptos de futebol deliciamo-nos domingo após domingo em frente ao sofá ou sentados na bancada a ver jogadores oferecerem-nos espectáculos dignos de apenas alguns predestinados… mas no final da época queremos mesmo é estar na rua aos pulos a levantar a taça!
Isto remete-nos para uma realidade cruel…
É que adeptos do Sporting contentam-se hoje em dia em ver jogadores a rabiar outros enquanto outro adeptos de clubes com outras ambições derretem-se a ver espectáculos colectivos!
Entre as tuas duas opções, ainda que todos os jogadores devam ser um pouco de ambas, não sendo possível ser totalmente das duas preferencialmente devem ser pela segunda opção!
Na primeiro opção, nasce assim e nada há a fazer que não seja aperfeiçoar… com muito trabalho táctico e físico!
Na segunda opção, trabalha-se muito e bem desde cedo para se atingir estágios competitivos ao mais alto nível e só jogadores com enorme sentido de responsabilidade e brio profissional podem aliar os dois aspectos!
Para isso é fundamental haver estabilidade e boa escola… Algo que se perdeu nos tempos por cá!
É verdade que Carrillo teria muito mais chances de evoluir enquanto jogador num clube como o Porto ou o Benfica, não porque tivesse mais oportunidades porque não as teria, mas porque teria necessariamente que se mentalizar a sua pouca relevância individual face à importância do grupo!
Mesmo assim, em qualquer desses clubes existem imensos exemplos de jogadores que defraudaram todo o seu potencial, alguns ao nível de Carrillo…
Espero que evolua para bem dele e do clube mas nem o Sporting nem os seus adeptos devem ficar reféns eternamente do potencial por concretizar de qualquer Carrillo por muito bom que seja, pois isso não constitui mais do que um reflexo daquilo que nos tornamos: um clube desesperadamente à procura de motivos para se auto-estimar!
Pois. Eu acho que é meramente uma questão de confiança (não tanto do próprio, mas do Sporting nele) e especialmente de enquadramento colectivo.
Ele, com o DP, teve uma série de jogos em que mostrou que haviam poucos melhores que ele por cá. Mas, aí, a equipa estava mais estabilizada e confiante. Recordo-me particularmente da “sociedade” que fez com o Matias: não só estiverem muito bem, individualmente, como as suas combinações eram a fonte de toda a criatividade do ataque do Sporting. Como exemplo, lembro o golo do Matías ao Vaslui…
Agora, a equipa tem que criar condições para os jogadores mais ofensivos brilharem. Seja procurando servi-los, seja - sobretudo - trabalhar de forma a que recebam a bola em condições de atacar a baliza (e não de receberem a bola num lance “morto”, em que os adversários têm jogadores a controlar esses atletas: para além daquele que está próximo dele, também um que fica na cobertura no caso do colega ser ultrapassado, defesas recuados à espera de sair no corte, etc).
A equipa tem que chamar os jogadores contrários, “arrastá-los” para zonas que não querem, e criar assim mais espaços para quem desequilibra poder arriscar. Caso contrário, o Carrillo e outros continuarão a receber a bola, no ataque, em situações de «eu contra o mundo»…
Não estás a pegar na questão da maneira como eu a pus, exigência de resultados nunca esteve em causa nesta análise, aliás, esteve sempre em causa como primeiro ponto de ordem.
Não se trata de uma questão que querer rabiar, ou não, trata-se de sermos nós a potenciar o que realmente tem de bom o futebol, já o fizemos várias vezes.
E se reparares o cerne da questão é que tu consegues dar a um jogador talentoso: princípios, mas não consegues dar a um jogador com princípios: talento.
A questão é que nunca encontrarias 11 talentos para fazer uma equipa dessas, e se a fizesses, perderiam o primeiro jogo e ganhariam os próximos 20.
Discordo profundamente e a prova da minha versão foi o rolo compressor chamado Alemanha que trucidou a Argentina de Diego Maradona. Talento, por si só, não ganha nada. O equilíbrio, a definição do papel e responsabilidade de cada um dentro da equipa, os pequenos contributos dados por cada um dos 11 jogadores são absolutamente essenciais no caminho para a vitória.
E para piorar, muitas vezes os talentos são antagónicos.
Sem talento não se faz nada - certo. Mas prefiro ter menos talento mas todo ele focado no trabalho de equipa, do que ter uma equipa com 11 Ballottellis, que nunca vão ganhar um jogo a ninguém, quanto mais ganhar 20 jogos seguidos.
Além disso, até é interessante definir “talento”. Para mim, João Moutinho é dos maiores “talentos” que já vi jogar num MC e ainda assim, a nível técnico, é um jogador acima da média, mas não mais que isso.
Quaresma, um “talento” do tamanho do Mundo, em termos meramente técnicos, é para mim um jogador absolutamente trivial (a um nível europeu).
O que me enerva no Carrillo é que ele é o jogador do Sporting com mais qualidades para ser o seu desequilibrador.
Mas depois quando está a jogar perde intensidade, faz uma jogada espectacular, uma grande abertura e logo de seguida faz só asneiras, joga naquele jogo tipo parado a pensar devagar, é uma pena porque o muido tem talento.
Mas começo a pensar que nunca vai explodir…