Se o que precisávamos era romper com o passado recente, as alterações processadas no plantel de futebol profissional são quase que radicais. Tudo, ou quase tudo, mudou. Se para melhor, ou para pior, só o futuro o responderá, tal não é o número impressionante de alterações. No entanto, a qualidade de alguns elementos contratados, aliados a alguns que já possuíamos, permite-nos ter expectativas elevadas para que sejam alcançados êxitos o mais rapidamente possível. Mas estas expectativas elevadas só são possíveis porque temos um treinador de qualidade ao comando da equipa. Esta é a minha análise pessoal dos jogadores do Sporting.
Rui Patrício:
Sendo dos poucos jogadores do plantel que tem a sua titularidade mais que assegurada, Rui Patrício parte para esta nova temporada com um nível motivacional elevado e com a ambição claramente reforçada. Se por um lado, assumirá a defesa das redes de um clube com os objectivos redimensionados e nivelados de acordo com a sua grandeza, onde se espera, claramente, que tenha condições para lutar por títulos, por outro lado, terá como meta, a titularidade da baliza da selecção nacional, não só para a fase de qualificação para o Euro 2012, como igualmente para a própria fase final da competição, a ocorrer no próximo verão, na Polónia e na Ucrânia. Terá como objectivo pessoal, baixar das duas dezenas de golos sofridos na liga, algo que já não acontece desde a época de 2006/2007. Esperemos que tenha condições reais para isso.
Uma outra nota: urge a renovação do contrato do Rui Patrício. Para ontem…
Tiago:
Esta será, muito provavelmente, a última época como profissional de futebol. E terá a honra de terminar a sua carreira no clube que tudo lhe deu e ao qual dedicou toda a sua vida. Nos dias que correm, isto é claramente um feito assinalável, que o clube soube honrar e homenagear o atleta. A meu ver, terá um papel importantíssimo no balneário, sendo o responsável por mostrar aos mais novos, os valores e a grandiosidade do nosso clube. A nível competitivo, não terá, com certeza, mais oportunidades que na época passada. Será a terceira escolha para a baliza. No final da época, será absorvido pelo clube, para um papel relevante na Academia.
Marcelo Boeck:
A nova aquisição para a baliza. As boas indicações que deixou ao serviço do Marítimo, aliado ao facto de ter assinado um contrato válido para as próximas cinco épocas, fazem de Boeck uma aposta de futuro para o posto específico de GR. As suas características, sejam físicas/atléticas, sejam técnicas, parecem dar garantias para desempenhar o papel que lhe espera: segunda opção para a baliza. Poderá ser importante, desde já, dar-lhe alguns minutos de competição, nomeadamente nas Taças de Portugal e da Liga, para que vá sentido o peso da camisola. Para segunda opção para a baliza, parece-me boa contratação. Para mais que isso, tenho algumas dúvidas.
Vítor Golas:
Terá uma oportunidade para mostrar o seu valor aos actuais responsáveis técnicos do clube. Mais do que aproveita-la para garantir o lugar no plantel para a próxima época (algo que se afigura difícil, principalmente depois da contratação de Marcelo Boeck), Golas deverá encarar esta participação no estágio de pré-época como mais uma oportunidade de crescer como GR e, principalmente, para deixar uma nota positiva nos arquivos e uma boa imagem na mente do treinador, que só lhe beneficiará num futuro próximo.
A meu ver, Golas trata-se de uma aposta de futuro e defendo um empréstimo a uma equipa onde possa evoluir em competição. Quem sabe a uma equipa da 2ªLiga portuguesa.
João Pereira:
Outro jogador que terá a sua titularidade mais ou menos assegurada. O mais recente dono da lateral direita da selecção nacional, inicia esta época com clara motivação de trabalhar com o treinador que relançou a sua carreira e que lhe proporcionou o ingresso num grande de Portugal. Por esse facto, esta terá tudo para ser uma época muito feliz para João Pereira, não só no clube, como na selecção: no clube, tendo um treinador que bem o conhece e que sabe como o utilizar, aproveitando os seus pontos fortes e protegendo a equipa das suas limitações; na selecção, assume-se cada vez mais como a primeira escolha e beneficiará claramente com a valorização que advirá do trabalho no Sporting.
No entanto, deixo um alerta para possíveis problemas disciplinares. As opções para a sua posição não deixam garantias e João Pereira terá que moderar o seu ímpeto verbal e corporal, na hora de utilizar o seu direito à indignação. Mas haja alguém que lhe explique que o futebol não é regido por valores democráticos, muito menos dentro de campo.
João Gonçalves:
Depois de muitas épocas a rodar por empréstimo, João Gonçalves, com 23 anos, vê o seu percurso de formação completo e assume-se como alternativa ao lugar de lateral direito. Sem dúvida que vê esta oportunidade como a derradeira para conseguir uma vaga no Sporting. Se estará à altura desse desafio? Sinceramente, ainda tenho as minhas dúvidas pois, na Olhanense, não demonstrou assim tantas qualidades como é exigido a um jogador do Sporting. No entanto, será treinado por alguém que tem demonstrado especial apetência para formar e desenvolver laterais para parâmetro de qualidade. Mantenho a minha reserva, relativamente a este jogador. Ainda para mais, após ter contraído uma lesão tão melindrosa, que o impede de seguir para a Holanda, verá a sua margem ainda mais apertada. Mas, obviamente desejo-lhe toda a força para ultrapassar este momento difícil e que não desista de lutar pelos seus objectivos.
Bruno Pereirinha:
Repescado à última hora, para suprir a ausência do estágio da Holanda, por lesão (aparentemente grave), de João Gonçalves, Pereirinha terá, a meu ver, a derradeira oportunidade para provar que tem valor para representar o Sporting. Recorde-se que foi um elemento frequentemente utilizado no Sporting de Paulo Bento, sem nunca ter deslumbrado, ou sequer justificado tamanha utilização. Não podemos esquecer que, nesses tempos, a aposta na formação era a base da equipa e Pereirinha era um jovem em busca de oportunidades. Mas a sua juventude não pode servir de desculpa para o seu fraco rendimento, pois era tão jovem como Nani, João Moutinho, Miguel Veloso, Yannick Djaló, Daniel Carriço, etc. Nem de perto, nem de longe, chegou aos calcanhares dos referidos. E isto são factos indesmentíveis. A minha opinião é simples: Pereirinha não demonstrou ter talento ou personalidade para representar o Sporting.
Avaliando as suas características, Bruno Pereirinha é senhor de uma velocidade extraordinária e uma técnica bem acima da média, tendo tudo, a meu ver, para se tornar num lateral de qualidade, um pouco à imagem de João Pereira. Mas para tal, terá que o querer ser. A pouca intensidade que coloca nos jogos e nos lances, faz transparecer que não o quer. O que é uma pena.
Se tiver oportunidade de ficar no plantel, espero que tenha a força e a garra para demonstrar que estou completamente errado na minha avaliação. Cá estarei, nesse dia, para assumir que errei nas críticas e agradecer-lhe todo o seu esforço. Mas tem muito que provar, não só a mim, mas a todos os Sportinguistas. E não esquecer que o carimbo de jovem promessa não dura para sempre; a tinta seca muito rápido…
Santiago Arias:
Mistério nº 1: para mim, é um mistério que um clube que tem tantos jogadores jovens para esta posição, sinta a necessidade em contratar mais um lateral direito jovem, que pouco ou nada mostrou e que, dificilmente, será uma mais-valia imediata para a equipa. Podem dizer que Arias é um jogador para ser visto apenas como uma aposta de futuro e que a oportunidade de negócio não poderia ser perdida, pelo facto do jogador ser já internacional pelas camadas jovens do seu país. Este argumento não me convence, quando a única hipótese viável para o lugar é João Pereira. Com a lesão de Gonçalves, precavida com a vinda de Pereirinha, a confusão é muita e as indefinições para o lugar de número 2 para a posição de lateral direito não irão terminar tão cedo, ao ponto de se supor que irão existir 3 opções para o lugar no plantel. Arias será outra das hipóteses disponíveis para o lugar. Duvido que tenha estofo para substituir o titular, numa fase tão prematura do seu desenvolvimento futebolístico, sem esquecer o facto de chegar tarde ao plantel, devido à participação no mundial de sub-20, o que o prejudicará no processo de adaptação ao clube e ao país. Para além disso, não gostei do processo que lhe conduziu a Alvalade. O Sporting não precisa de contratar jogadores assim.
Relativamente às características do jogador, outro mistério. Do pouco que vi, não me entusiasmou. Mas é possível ver nele, características de defesa direito e não de lateral direito. Aguardarei pelo mundial de sub-20 para aprofundar a minha opinião.
Evaldo:
À semelhança do que acontece no lado oposto, também a lateral esquerda parece estar entregue ao brasileiro. Evaldo, depois de uma época de estreia, muitos furos abaixo daquilo que seria esperado, tendo ficado longe de justificar o investimento feito na aquisição do seu passe (3M de euros), deve ser, nesta altura, dos jogadores mais satisfeitos, com a vinda de Domingos para o Sporting. Não fosse este, o treinador responsável pela extraordinária valorização do Evaldo, para níveis que talvez nem ele próprio acreditasse poder ser possível. Terá tudo a seu favor, para poder limpar a sua imagem junto da massa adepta, pois será orientado pelo treinador que melhor lhe conhece e que melhor partido tirou das suas capacidades. Para além da concorrência parecer ser abaixo do que se exigiria. Tenho a expectativa de que Domingos consiga potenciar o Evaldo, pelo menos, ao nível do que este demonstrou em Braga. No entanto, terá que aproveitar esta oportunidade, pois não sei até quando irá a paciência dos adeptos.
Atila Turan:
Mistério nº 2: sinceramente, não estou minimamente preparado para comentar este jogador, Para mim, como julgo ser para a grande maioria, é uma total incógnita, num lugar em que estaremos altamente carenciados, se o Evaldo deste ano for igual ao do ano passado. Preferiria que se contratasse um jogador indiscutivelmente de créditos firmados, mas a direcção cedeu à aposta determinada de Domingos, em Evaldo. Turan causa-me alguma espectativa, nomeadamente pelo alegado interesse do Barcelona no seu concurso, à cerca de uma época. Esperemos pelo que este jogador poderá fazer. Mas entendo a sua contratação como uma aposta de futuro. Sendo europeu, poderá sentir menos dificuldades de adaptação que os seus colegas sul-americanos. Muitos defendem esta contratação como uma oportunidade única de negócio. Para mim, só o será, se o jogador demonstrar ser uma mais-valia.
Anderson Polga:
O único campeão do mundo a jogar no campeonato português é, de certeza, dos jogadores da actualidade mais incompreendidos e indesejados por parte da massa adepta leonina. É raro encontrar um adepto que queira, incondicionalmente (talvez o nosso ruitrind seja dos poucos aqui pelo forum), a permanência do Polga no plantel da próxima época. No entanto, Domingos parece ver qualidades no internacional brasileiro, para que, apesar da revolução no plantel, o queira manter. Será da experiência do brasileiro? Será devido à influência do jogador no balneário? Será porque Domingos ainda o considera uma opção válida para lutar pela titularidade? Ou será que Domingos quer ter, no banco, um jogador com a experiência do brasileiro, para entrar em qualquer necessidade? São estas questões que inundam a mente dos mais cépticos.
A minha opinião é simples. Anderson Polga é o segundo jogador mais antigo do plantel do Sporting (depois de Tiago) e merece todo o meu respeito. É um jogador que deu e tem dado tudo em nome do clube e considero incompreensível a forma como este jogador é, por vezes, tratado, por ter sido dos poucos a assumir responsabilidades (principalmente dentro de campo), no período mais negro da nossa história futebolística. Vamos fazer como os outros clubes, e deixar de ser um clube que agradece o esforço dos atletas que tanto nos têm dado? Afinal de contas, não temos valores diferentes dos outros?
Posto isto, penso ser junto proporcionar a Anderson Polga um último ano de contrato muito mais tranquilo a nível emocional. Não duvido que, num ambiente mais sereno, Polga ainda poderá vir a ser muito útil. Considero que verá, claramente, o seu papel secundarizado. No entanto, quando haver impedimentos em algum dos titulares, Domingos entende, com certeza, que terá em Polga, uma opção válida e experiente, para entrar a qualquer momento, com um rendimento aceitável.
Alberto Rodriguez:
O internacional peruano, tem sido, ao longo da sua carreira em Portugal, um dos defesas centrais mais elogiados pela CS. El Mudo, tem feito jus ao seu nickname e baseia o seu jogo na enorme serenidade que coloca em campo, aleada a uma capacidade de corte silenciosamente eficaz e de impulsão invejável, que faz esquecer, por vezes, os seus (pouco mais que) 1,80m de altura. Outra característica dele é a limpeza que coloca nos lances, sendo raro fazer faltas e utilizando a ilegalidade apenas em casos limite. Domingos, claramente, que o conhece bem e não pensou duas vezes quando surgiu a oportunidade de o contratar a custo zero. Rodriguez é uma clara aposta do treinador.
Terá um papel fundamental na necessidade de colocar alguma calma numa defesa que vive, permanentemente, à beira de um ataque de nervos. No entanto, o seu excesso de calma, muitas vezes, pode indicar alguma apatia e contagiar os seus colegas de defesa, o que, para este sector, pode ser dramático. Outra nota que queria mencionar é a tendência que tem para contrair lesões, a determinadas alturas das épocas. A sua condição física é a maior preocupação e terá que se gerida na perfeição, usando, quiçá, pinças bem delicadas.
Daniel Carriço:
Será esta a época de explosão do Daniel Carriço? Esta é a pergunta que a maioria faz. Depois de uma época muito complicada, onde lhe foram pedidos esforços acima do que seria desejável a um jogador ainda numa fase evolutiva, e onde lhe conferiram um estatuto para o qual, na minha opinião, mostrou ainda não estar preparado, tanto para assumir a titularidade, como para envergar a braçadeira de capitão, Daniel Carriço inicia esta época como a opção menos experiente para a sua posição. Isto dar-lhe-á mais estabilidade para crescer e aprender, permitindo-lhe evoluir de uma forma mais sustentada, pois a cobrança, em cima dos seus ombros, será significativamente menor. Relativamente à braçadeira, considero que um erro não pode ser corrigido com outro erro. Na minha opinião, foi errado terem-lhe dado tamanha responsabilidade na época passada, em tão tenra idade (não aprenderam nada com Moutinho?!). No entanto, retirar-lhe a braçadeira, neste momento, serviria apenas para desmoralizar um jogador da casa, um talento que temos que fazer explodir, um activo que necessitamos de valorizar.
Senhor de uma capacidade de antecipação muito acima da média e forte no 1 para 1, o nosso capitão terá que melhorar o seu jogo aéreo e o seu tempo de salto, bem como deverá melhorar a impetuosidade que, por vezes, coloca em alguns lances, principalmente, em momentos de menos serenidade e discernimento. É especialmente importante melhorar em termos psicológicos, porque um capitão tem que ser um jogador forte psicologicamente. Como comparação, recordo sempre dois grandes capitães da nossa história, dois grandes amigos: Manuel Fernandes e Pedro Venâncio. Posto isto, aposto numa época de crescimento e de maturação, para Daniel Carriço.
Oguchi Onyewu:
Senhor de uma extraordinária estampa física, o internacional norte-americano chega ao Sporting para colmatar algumas deficiências na defesa: a falta de centímetros e consequentes dificuldades no jogo aéreo, a falta de agressividade e as dificuldades nas bolas paradas.
Já com uma vasta experiência no futebol europeu, o Lumberjack (desculpem a alcunha ;)) prepara-se para assumir a liderança da defesa do Sporting, assim as lesões lhe permitam, pois considero ser um jogador com um forte perfil de liderança. Chega ao Sporting proveniente do AC Milan, onde não é opção, à muito, desde a grave lesão que o traiu e que lhe roubou uma ano da sua carreira. Supostamente num negócio a custo zero, julgo ser importante saber quanto efectivamente custou este jogador, principalmente no que diz respeito a prémios de assinatura e a comissões. É que um suposto bom negocio, pode-se tornar rapidamente num negócio, no mínimo, duvidoso. Tudo depende dos números.
Sou da opinião que o Sporting precisava, efectivamente, de um jogador com as características e com o perfil do Onyewu. O que eu contesto é se não se poderia ter optado por um jogador com menos problemas e com maior impacto. A meu ver, terá muito a provar pois, sobre os seus ombros, cairá uma enorme responsabilidade. Estará à altura?
Fabian Rinaudo:
Este internacional argentino vem colmatar outra deficiência do plantel do Sporting. Há quanto tempo não tínhamos, nos nossos quadros, um jogador com as suas características? Com uma intensidade física a meio-campo verdadeiramente invejável e com uma mentalidade guerreiro, Rinaudo é um verdadeiro pronto de socorro, um tampão, como acabou por se definir. Não esperem grandes pormenores técnicos deste jogador, nem grandes cavalgadas pelo ataque. Deixem isso para outros. Esperem intensidade, dedicação, suor, muito suor.
É das aquisições que mais me entusiasma, pois entendo que uma equipa ganhadora não se faz só com jogadores técnicos. Se conseguir adaptar-se imediatamente ao nosso futebol e impor o seu jogo, teremos, a partir de hoje, um jogador que dará tudo o que tem, em todos os jogos, em defesa da equipa. E é isso que o tornará um ídolo para todos nós. Para além disso, acrescento a excelente oportunidade de negócio.
André Martins:
Foi-lhe dada a oportunidade de fazer a pré-época com a equipa e deverá agarrar a oportunidade com unhas e dentes. É visto, por todos, como um jogador com um futuro grandioso à sua frente, muito devido à determinação que coloca em campo, aliado a uma qualidade de passe invejável e uma técnica muito apurada, para jogadores que pisam os terrenos que André Martins gosta de pisar. A sua fraca compleição física esconde todo o seu potencial, principalmente a garra que coloca nas marcações, mas entendo que a sua utilização deverá ser feita em terrenos mais avançados, que a de um simples trinco. Entendo que não deverá ser ele o substituto de Rinaudo, caso o argentino não esteja disponível.
No entanto, não deverá recair sobre ele grandes responsabilidades, pelo menos, para já. O importante, nesta fase, é não saltar etapas na sua evolução. Terá algumas oportunidades para mostrar o seu valor, mas as cobranças cairão nos ombros dos seus colegas mais experientes e conceituados. Um jogador a seguir, com muita atenção. O seu empréstimo não estará definitivamente posto de parte, principalmente se verificar-se a permanência de Zapater. Na minha opinião, preferiria a permanência do jovem português. Mas, a confirmar-se o empréstimo, julgo que seria importante ele jogar na 1ª Liga, cujo futebol é mais técnico. As suas experiências nos campeonatos secundários não foram muito produtivas, por se tratarem de competições bem mais físicas, onde se exagera no futebol directo. Algo que prejudica claramente André Martins.
Alberto Zapater:
A permanência de Zapater no plantel para a próxima época, talvez seja a maior incógnita do grupo. O elevado número de contratações para o meio-campo fazem indicar que o médio espanhol tem pouco margem de manobra no plantel. Temos que recordar a forma como o Zapater chega ao Sporting. Foi um jogador imposto aos responsáveis do nosso clube, por altura da aquisição do Veloso por parte do Génova, com o único objectivo de fazer baixar as verbas envolvidas no negócio. Zapater não foi um jogador contratado, mas sim sugerido. Mas, apesar disso, é um dos activos do clube, que tem que ser valorizado. O grande problema é o elevado salário que aufere. Estará o Sporting em condições para ter um jogador como Zapater, a ganhar o que ele ganha, como segunda ou terceira opção para uma determinada posição? Poderá o Sporting dar-se a esse luxo? A minha opinião é clara. Não? É preferível ter um jogador da nossa “cantera” com terceira opção, do que um jogador pago a peso de ouro. Isso só contribuirá para o desvalorizar.
A não participação nos trabalhos de equipa indicam que o espanhol não fará parte do plantel e a solução passa por uma transferência a título definitivo. A possibilidade de um empréstimo não pode ser descurada, mas só se a equipa que receber Zapater queira assumir a totalidade do seu salário. Saída inevitável.
André Santos:
Sem sombra para qualquer dúvida, André Santos foi a maior revelação do plantel do Sporting, na paupérrima época passada. Poder-se-ia pensar que, num cenário como o da temporada transacta, seria fácil evidenciar-se, dado o marasmo. Esta afirmação poderia ser considerada válida, se não estivéssemos nós a falar de um jogador jovem, que se estreou com a camisola sénior do Sporting, e logo com o protagonismo que o fez, assumindo quase que inequivocamente, a titularidade. Em suma, foi completamente lançado às feras. A sua resposta não poderia ter sido melhor. Demostrou uma grandíssima personalidade. Não é nada fácil, um jogador como ele conseguir tamanho protagonismo e tão grande influência, ainda mais, num plantel com jogadores tão experientes. Atrevo-me a dizer que, André Santos, em muitas circunstâncias, foi o garante, a meio-campo, para que o descalabro não fosse maior.
Para esta época, espera-se um cenário diferente. André Santos, possivelmente, verá o seu papel ligeiramente diminuído, quiçá partilhado, mas não vejo isso como algo, obrigatoriamente, mau. É indiscutível que a luta pela titularidade será muito mais intensa e isso só ajudará o jovem médio português a crescer e a ganhar ainda mais experiência.
Terá que melhorar no passe e na intensidade de jogo. E, principalmente tem que se especializar numa posição. Terá que se definir, ou como trinco, ou como interior/organizador de jogo. Se observarmos as opções de meio-campo, entendo que André Santo será utilizado como trinco, na luta com Rinaudo, pela titularidade. Eu, sinceramente preferia que este se assumisse em zonas mais avançadas.
Stjin Schaars:
Schaars chega ao Sporting como a mais cotada de todas as aquisições. Campeão holandês, vice-campeão do mundo, capitão da sua equipa, este internacional da “laranja mecânica” não terá dificuldades em impor o seu futebol. Experiente e dedicado, Schaars assume-se como um verdadeiro box-to-box, um verdadeiro líder, que nunca se esconde, que oferece constantes linhas de passe. Senhor de uma qualidade de passe verdadeiramente notável, o holandês terá a responsabilidade de liderar o meio-campo deste novo Sporting. Para além do mais, tem apetências especiais para a marcação de bolas paradas, característica essa que é cada vez mais útil no futebol moderno.
Na minha opinião, a sua única lacuna é o jogo aéreo, onde é, manifestamente um jogador macio. No entanto, o bom posicionamento e a entrega que coloca em campo, dão garantias na hora de enfrentar dificuldades. Uma última nota para os valores do negócio. É de salientar o facto de ter sido possível contratar um internacional holandês e capitão de uma das principais equipas daquele país por uma verba inferior a 1M de euros. É algo absolutamente admirável, só possível pelo timing oportuno e excelente conhecimento que Carlos Freitas parece ter do mercado holandês, como prova outras contratações.
Luís Aguiar:
Este nosso velho conhecido do futebol português, chega a Alvalade pela mão de Domingos. Claramente que a sua aquisição foi um pedido expresso do nosso treinador, a partir do momento que foi possível a sua desvinculação com o Dínamo de Moscovo.
Depois de ter chegado a Portugal para ingressar nos quadros do Porto, onde foi pouco utilizado, o uruguaio cruzou-se com Domingos, primeiro na Académica e mais tarde no Braga, onde teve papel preponderante no segundo lugar obtido no campeonato.
Aguiar é possuidor de uma excelente técnica individual, e conseguiu, ao longo do tempo, melhorar muito, uma das suas principais lacunas, a sua capacidade de pressão sobre a bola. Para além disto, tem uma excelente meia distância e é um exímio marcador de livres directos, tendo inclusive alguns golos verdadeiramente fantásticos no seu currículo.
Chega a Alvalade com um síndrome pubálgico que lhe deve retirar da fase inicial do apronto da equipa e, possivelmente, retardará a sua entrada na equipa. Mas ninguém melhor que Domingos para saber quais serão as melhores circunstâncias para tornar Luís Aguiar, numa peça útil para a equipa. Dará profundidade e qualidade ao banco de suplentes.
Marat Izmailov:
Depois de mais que uma época perdida, devido a uma lesão grave e a problemas disciplinares, o internacional russo arranca esta nova época como o principal reforço da equipa. É indiscutível a influença que Marat Izmailov tem na equipa, não só pela importância que o seu jogo tem na manobra atacante, como na intensidade e na garra que coloca em cada lance defensivo. É mais do que um centro-campista com características atacantes ou um médio-ala que gosta de jogar em profundidade; é alguém com uma inteligência táctica verdadeiramente notável e que eleva sempre até ao limite, a sua dedicação e entrega, para evitar desequilíbrios na equipa. Como profissional, uma única palavra para o definir: Notável. Notável foi o assumir do erro, ao ter renovado com o clube. Notável é a dedicação ao clube, ao ter iniciado mais cedo a preparação. Um verdadeiro exemplo para todos os colegas.
Em tom de curiosidade, parece-me interessante a sua mudança de número, fugindo ao tão massacrado “7” leonino. A mudança para o “10” pode fazer entender que o russo poderá ser muito importante em zonas mais centrais do terreno, quando Luís Aguiar ou Matias Fernández não estiverem disponíveis. A sua polivalência é um trunfo que Domingos não irá descorar.
Matias Fernández:
Senhor de uma técnica extraordinária e de uma capacidade organizativa assinalável, o internacional chileno tem tudo para ser o cérebro de toda a manobra atacante da equipa. Depois de duas épocas uns furos abaixo daquilo que pode e sabe fazer, será esta a época da explosão de Matias? Conseguirá ele lutar pelo estatuto do melhor jogador da Liga, troféu que tem tudo para poder conquistar, premio que lhe parece destinado? Conseguirá Domingos montar uma equipa e um sistema táctico que permita explorar todo o futebol do chileno, em prol da equipa? É este o maior desafio do treinador do Sporting. Fazer aquilo que todos os outros não souberam fazer. Há que aproveitar este talento raro em benefício de todos. As suas qualidades são óbvias, como óbvia parece ser a dependência deste Sporting, do futebol de Matias.
No entanto, considero que Matias tem que amadurecer emocionalmente, para que possa assumir a liderança de toda a manobra atacante da equipa. Terá o chileno à altura deste enorme desafio? Será que conseguiu aprender com os seus próprios erros do passado e apresentar, nesta nova época, uma estrutura emocional mais forte? As espectativas são elevadas. Eu, pessoalmente acredito no potencial no chileno e auguro-lhe uma excelente temporada, de preferência com muitos golos. E de preferência, alguns de livre também (finalmente).
André Carrillo:
Mistério nº 3: o mais recente internacional peruano é considerado como um dos maiores talentos da actualidade, no seu país e todos por lá, antevêem, para Carrillo, um futuro grandioso. Aliás, a sua recente convocatória para a Copa América (a meu ver, ainda precoce), indicam isso mesmo. No entanto, será isso suficiente para se assumir, desde já, como uma alternativa válida para uma equipa como a do Sporting, com tantas responsabilidades e tanta pressão? Sinceramente, penso que não. Nem penso que seja isso que se pretenda, com a sua contratação. Penso que o objectivo é fazer crescer um talento, de forma a torna-lo num jogador válido a médio/longo prazo. Mais; exigir, nesta fase inicial, que Carrillo faça tudo bem e contribua desde já, para o sucesso do clube, poderá não só dificultar a sua adaptação, como destruir todo o seu processo evolutivo, que se espera longo.
Por tudo isto, considero este jogador, um mistério absoluto e cujo percurso terá que ser gerido com todas as cautelas. No entanto, parece ser possuidor de uma técnica prodigiosa e uma capacidade de criar desequilíbrios. A sua tenra idade, combinada com a sua pouca experiência, ainda o fazem errar muito e/ou a exagerar nas suas iniciativas. Terá que, inclusive, melhorar o seu nível físico. Mas o seu percurso evolutivo deve corrigir todos esses aspectos. Para tal, é preciso tempo. Em suma, espera-se que seja um diamante lapidável.
(continua…)