Por acaso acho que esses números devem estar correctos. Assumir que 3/4 da população nacional têm uma preferência clubística mais ou menos delineada parece-me razoável, tendo em conta que não é necessário ser fã de futebol para se ser adepto. Podemos pensar no futebol como um fenómeno religioso, isto é, não é necessário ser praticante do catolicismo para sermos considerados católicos - não é por acaso que a maioria da população portuguesa é considerada católica sem enveredar pela prática concreta dos dogmas da Igreja.
Quanto ao número da amostra, também me parece válido. Um universo de 3000 pessoas, com uma selecção aleatória ou representativa, é mais do que suficiente para tirar conclusões correctas acerca das escolhas clubísticas da população portuguesa. As experiências científicas muitas vezes realizam-se com menos pessoas e os seus resultados têm uma influência decisiva nas nossas vidas.
Outro dado interessante é verificar que o número de sportinguistas aumenta a partir dos 24 anos, isto é, as pessoas que tinham 15-16 anos na altura em que ganhámos o campeonato do jejum. É justamente nesta fase da adolescência que começamos a formar mais concretamente o nosso gosto futebolístico e a ir ao futebol com os amigos, portanto é natural que as pessoas que tinham mais de 16 anos em 2000 tenham reforçado o seu gosto pelo Sporting. Isto só vem provar que são as conquistas as principais responsáveis pelo angariar de novos adeptos/sócios e não determinados trabalhos de “sapa” familiares e afins. O número crescente de adeptos do Porto dos 15 até aos 39 também mostra inequivocamente isto mesmo, visto o domínio portista ter-se começado a tornar efectivo no final dos anos 70.