Disseste que antigamente se recorria ao crédito para comprar jogadores (nomeadamente no tempo do JG). O que eu te pergunto é: e actualmente como é que funciona?
Não tentes confundir aquilo que eu e o Paracelsus te perguntámos (embora, admito, eu tenha sido mais indirecto).
Facto: criticaste que, no tempo do Gonçalves, se tenha efectuado “compras a crédito”.
Pergunta que se impõe: actualmente compra-se “a pronto”? Caso contrário, como é? Só faz sentido fazeres essa crítica se souberes como, actualmente, se faz…
E, já agora, para ser clarinho, esclareço que não me lembrei do Tiuí por mero acaso.
Este jogador, que, na altura, foi propalado que viria a “custo zero”, uma vez que tinha acabado com o Fluminense. Afinal vimos a constatar, pela “publicidade” que teve que, obrigatoriamente, ter, que o passe dele foi comprado ao Rentistas, da 2ª Divisão do Uruguai, clube que o pobre Tiuí nem sabe onde fica e no qual nem sequer o viram mais gordo (se é que ele alguma vez o esteve)…
Só faz sentido fazer essa crítica se souber como, actualmente, se faz? Mas que ponta de lógica é que isso tem? Por que categoria de raciocínio é que se estabelece que as virtudes ou defeitos do passado dependem daquilo que se faz hoje em dia?
Perguntam se hoje se compra jogadores “a pronto”. Não sei, mas presumo, pelo que ouço dizer, que os pagamentos são faseados.
O que, convenhamos, não pode ser comparável com as aventuras irresponsáveis do tempo do Jorge Çonçalves, em que uma financeira estrangeira, de nome Ecofinance, e representada por um condenado da justiça chamado Bart de Rood, se dava ao desplante de negociar contratos de financiamento para aquisição de jogadores de futebol em sistema de leasing à revelia do próprio presidente do Sporting. Presumo, repito, presumo que a aquisição de jogadores hoje em dia obedeça a princípios mais transparentes e desconheço que se façam contratos de financiamento especificamente para adquirir direitos desportivos de jogadores. Mas como foram vocês que trouxeram à colação os métodos praticados pelos actuais dirigentes, cabe-vos a demonstração.
Deixaste implícito que recorrer ao crédito para comprar jogadores de futebol não era um acto inteligente de gestão. Pois bem, que eu saiba o crédito é a ferramenta usada hoje em dia para comprar jogadores… os empréstimos bancários que Sporting, Benfica e Porto contraíram serviram para pagar contratações, entre ordenados e outras coisas logicamente. Aliás, a grande estratégia de FSF no tempo que lhe falta é fazer um crédito de 50 M€ chamado VMOCs para ir buscar jogadores, por isso não vejo onde é que está a diferença.
Mas é engraçado constatar como a história se repete. 8)
O maior negócio de sempre do Sporting no que respeita a venda do seu património foi a venda do património não-desportivo (Alvaláxia + Clínica Cuf+ Health Club + Edifício Visconde) por 50 M€. A empresa que tratou do negócio foi uma criada-na-hora pouco tempo antes representada pela mulher do sr. Lima de Carvalho, um condenado / acusado ? da justiça por falsificação de competências? e que recebeu nesse negócio mais de 1M€.
Tu dizes o seguinte:
Pois não, não pode ser comparável, no caso do negócio efectuado no tempo de FSF estamos a falar de 50M€, concerteza muitíssimo mais do que nessas “aventuras irresponsáveis”. :
O problema é que Jorge Gonçalves comprava e não pagava, aumentando a dívida. É verdade. Isso arruinou o clube (independentemente de já não estar muito bem). É verdade.
Mas não é verdade que Abrantes Mendes tivesse responsabilidades nessas aventuras. Reparem que nem sequer era do Conselho Fiscal, mas apenas Presidente da Mesa da Assembleia Geral.
Acham que Rogério Alves, o actual Presidente da Mesa da Assembleia Geral, tem a ver com compras e vendas de jogadores e treinadores, de património, pagamento de salários e contas, etc.?
Este tópico tem a ver apenas com essa clarificação.
Mas tu tomas-nos por idiotas? Porque estás a querer dar a entender que não percebeste? O que foi dito aqui é que o caminho seguido pelo Jorge Gonçalves, que passava pela construção de um plantel (foram contratados na altura cerca de 10 jogadores) sem recorrer a um escudo de capitais próprios não constituía problema algum. Aliás, deu no que deu por alguma razão. O desiquilíbrio das contas daí decorrente foi, naturalmente, desastroso. Que comparação pode existir relativamente à situação actual? Tentar comparar financiamentos externos esporádicos à actividade de uma SAD que tem apresentado contas equilibradas com um consulado que coleccionou contratos ruinosos para adquirir jogadores que no final nem eram nossos não me parece de boa fé.
Quanto ao propalado “crédito de 50 M€ chamado VMOCs para ir buscar jogadores” só tenho um comentário: deliras, meu caro.
Vais acreditando nos cenários que tu próprio constróis. Mas vou mais longe: estou disposto a uma aposta em como isso nunca irá acontecer. Nas condições que tu propuseres.
Não aposto contigo porque também não quero que aconteça e estou a contar que os Sportinguistas estão hoje mais conscenciosos que anteriormente.
Eu acho é que tu é que tens dificuldade em perceber. O Projecto Roquette NÃO foi construído com “capitais próprios”, os jogadores também não foram comprados com “capitais próprios”, o que houve foi um empréstimo ou vários gigantescos de centenas de milhões de euros que serviram para cobrir esses investimentos todos.
Comparar o desequilíbrio provocado pelos investimentos feitos por JG e pelo Projecto Roquette é comparar uma formiga (JG) a um elefante (Roquette, DC, FSF).
Sem querer desvirtuar a discussão, e nem por sombras desresponsabilizar Jorge Gonçalves (Abrantes Mendes é outra questão), e sendo sem dúvida um disparate comprar tantos jogadores, no reinado de Bento já desistir de os contar, mas Farnerud, Paredes, Romagnoli, Gladstone, Izmailov, Pedro Silva, Purovic, Stoijkovic, Vukcevic, Grimi, Had, Tiuí, e nem sei quem mais, perfazem esse número. Tanto quanto sei todos os jogadores são comprados a crédito, hoje em dia. Dado o quase certo fracasso desta época (quem me dera engolir sapos), o risco de se ir novamente comprar jogadores é grande.
O desequilíbrio acontece sempre que existe investimento que não seja retornável, independentemente da gestão aplicada.
JG deixou de utilizar o “mecenas”, que era o sistema aplicado pela generalidade dos clubes, e foi-o até aos nossos dias, para tentar implementar um sistema parecido mas assente na profissionalização desse conceito. Falhou.
Da mesma forma que muito depois dele, as SAD, voltaram a reutilizar o conceito, desta vez assentes no empréstimo bancário.
Qual a diferença básica?
É que há 25 anos não existiam garantias. Ou o investimento corria bem e alcançavam-se resultados desportivos (o que por si só não garantia o retorno completo do investimento), ou era o desastre.
Fruto da mudança de mentalidade, a SAD pôde deitar mão ao património como ferramenta para ir buscar com que pagar o que investia.
Hoje em dia, o projecto FSF aproxima-se, eu diria perigosamente, de JG. A SAD não consegue, creio que porque os seus gestores ainda não se aplicaram fortemente nesse sentido, obter receitas que cubram uma gestão ambiciosa de investimento, daí que a aposta, publicitada de forma muito populista, tenha sido na construção de uma equipa que vença, de forma a ir buscar retorno.
O problema é que para que isso aconteça são necessárias várias coisas:
Ter profissionais competentes
Competir em igualdade
Vencer no campo os adversários
O Sporting não consegue dar resposta a nenhum daqueles factores. Ainda está a tentar, de forma trapalhona, juntar profissionais com competência. Desistiu de tentar resolver a questão a questão da igualdade e, fruto das anteriores, não consegue vencer no campo.
Sendo assim não admira que para já a única forma de equilibrar contas seja com a venda de jogadores, razão pela qual, estou certo, foi aceite a possibilidade de vender MV por uma verba muito longe do que se suporia e foi prometido.
Quando eu era mais novo, ouvia uma célebre frase ao meu pai: «Com o dinheiro dos outros, também eu compro tudo».
É um facto que o património não desportivo estava englobado no project-finance e que o core-business do Sporting não é esse, mas as sucessivas vendas daquele como o único recurso à solvência do clube no presente, são a prova cabal em como a gestão Roquettista tem sido pouco menos que ruinosa. De certeza que a ideia que Roquette tinha quando pensou nos Alvaláxias, nas Holmes Places, etc., não era certamente de as vender mais tarde, mas sim rentabilizá-las, só que rentabilização foi coisa que nunca se viu.
Não quero desculpabilizar a gestão de Jorge Gonçalves, mas atenção: estamos a comparar uma gestão que foi danosa no passado e cuja dimensão já é conhecida, com uma danosa no presente, mas com números ainda por apurar. Eu continuo na minha: deixem estes caramelos saírem de lá para ser feita uma auditoria a sério e logo veremos se o buraco são só 245 M €… :arrow:
Ainda sobre isto, estava aqui a ver o relatório da SAD semestral ainda agora e achei curioso que digam com frequência que no tempo de JG é que se faziam “aventuras irresponsáveis” e depois havia fornecedores a bater à porta do clube por causa de dívidas e mais não sei quê. Ora, só a ler por alto o relatório constata-se o seguinte:
A SAD do Sporting ainda não pagou:
140 mil euros de Férias e Subsídio de férias e Subsídio de natal
1,9 M€ de prémios a jogadores
2 M€ de prémios de assinatura a jogadores
2,6 M€ de juros de empréstimos a bancos
1 M€ ao FC Porto
750 mil euros ao AC Milan
300 mil euros à agência de viagens Cosmos
500 mil euros à Gestifute
200 mil euros à Strong - Serv Seg Privada
600 mil euros ao Estado de impostos entre outros
Também é engracado reparar que as “aventuras irresponsáveis” na parte desportiva não foram apenas no tempo de JG. O Sporting pagou por exemplo para rescindir este semestre:
240 mil euros por Yannick Pupo
100 mil euros por Farnerud
126 mil euros por Labarthé
Apenas curiosidades, estas curiosamente chamam-se de “gestão responsável e séria”. :
A SAD do Sporting ainda não pagou:
- 140 mil euros de Férias e Subsídio de férias e Subsídio de natal
- 1,9 M€ de prémios a jogadores
- 2 M€ de prémios de assinatura a jogadores
(...)
…mas só o bigodes é que é trafulha e não paga os ordenados e esquecem-se de dizer, por exemplo, que os tempos são outros. Metam mas é a mãozinha na consciência, olhem para os números acima e respondam lá honestamente a esta pergunta:
Se vivêssemos actualmente o momento que vivemos na era gonçalvista, quantos jogadores é que vocês acham que não tinham já rescindido o contrato?!.. :arrow:
…se fossem feitas por um presidente com bigode farfalhudo ou por um meia leca que parte janelas de carros com garrafas enquanto dá entrevistas eram, de certeza, “aventuras irresponsáveis”. Sendo feitas por profissionais do mais alto gabarito (que nem sabem que Adrien se escreve assim porque escrevem “Adrian” no R&C) são “gestão responsável e séria” (e “transparente” acrescento eu)…
Celsus,
A diferença está no nome que se dá à coisa e à imagem que se cria… :boohoo:
:offtopic: Deve ser por isso é que em vez de partirem a louça após o jogo com o F C Bayern, os dirigentes ainda foram ao balneário consolar os jogadores.
E na volta é por isso que houve tantos casos, que uns querem sair, que outro não festeja os golos, etc.
A SAD do Sporting ainda não pagou:
- 140 mil euros de Férias e Subsídio de férias e Subsídio de natal
- 1,9 M€ de prémios a jogadores
- 2 M€ de prémios de assinatura a jogadores
(...)