De há algum tempo a esta parte, temos vindo a assistir a uma campanha de difamação e descredibilização de algumas figuras que povoam a história do Sporting. Essa descredibilização tem evoluído de forma directamente proporcional aos tiros no pé dados pela actual Direcção do clube.
Já não é a primeira vez (e muito provavelmente não será a última) que determinadas personagens entram no fórum para elogiar a actual Direcção e fazer a apologia do «momento maravilhoso» que o clube vive, chegando para tal, ao cúmulo de o comparar a momentos menos bons do passado, como se todos nós, adeptos (sócios ou não) que vivemos com o Sporting no coração, não tivéssemos direito a aspirar por um clube melhor, um clube ganhador, um clube respeitado. Seria a mesma coisa que negar a um criminoso que cometeu crimes hediondos no passado e que agora apenas comete pequenos furtos, o direito à regeneração total, sob o pretexto de que se dantes matava e agora só rouba, já se devia dar por muito satisfeito e esquecer o assunto.
Gostar da actual Direcção e cantar-lhe loas, é um direito que lhes assiste; todos nós temos direito à nossa opinião pessoal, assim como temos o dever de aceitar e respeitar as opiniões alheias, mesmo que não concordemos com elas. Acontece porém que o que temos vindo a assistir nos últimos tempos, é muito mais do que concordar ou não, aceitar ou não, respeitar ou não; é a verdadeira política da terra queimada, em que se tenta denegrir e apoucar a imagem de alguns, com proveitos directos de outros e o mais grave é que a campanha que visa unicamente descredibilizar de forma gratuita, permanece vivinha da silva, mesmo após os incontáveis esclarecimento de vários foristas, entre os quais eu me incluo.
Refiro-me particularmente a uma figura do Sporting, filho de outra figura do universo leonino, e que dá pelo nome de Sérgio Abrantes Mendes. As críticas absolutamente descabidas que lhe têm sido dirigidas, são tudo menos ingénuas e servem um determinado propósito, mas antes de dizer o que quer que seja em relação a Abrantes Mendes (filho), convém esclarecer que:
1 - Não o conheço pessoalmente. Apenas o conheço dos órgãos de comunicação social, tal como a maioria de vós.
2 - Não sou seu apoiante. Não faço (nem nunca fiz) campanha por ele.
3 - Não sou seu advogado de defesa em nenhuma circunstância, nem estou em crer que ele necessite de ser defendido.
O que me levou então a redigir este post? Tão somente a justeza de repor a verdade dos factos relativamente a Sérgio Abrantes Mendes e à sua inclusão nos corpos sociais da Direcção do antigo presidente Jorge Gonçaves, no ido ano de 1988. Faço-o em particular a todos os sportinguistas que nasceram depois da década de 70, já que os outros terão maior capacidade para se recordarem dos factos tal como aconteceram e menor propensão a serem inquinados por campanhas torpes de difamação e afrontamento. Vamos então aos factos:
Em 1988, Jorge Gonçalves ganhou com mais de 60% uma das eleições mais concorridas da História do clube. Mal sabiam os sócios que elegeram o «bigodes» (nome por que ficou conhecido Jorge Gonçalves devido ao seu generoso bigode) que a sua Direcção iria apenas durar 1 ano, fruto de um conjunto de erros de gestão, por um lado, e de circunstâncias pouco claras por outro, algumas delas ainda por apurar. Da direcção então eleita, faziam parte, entre outras individualidades, o Dr. Dias Ferreira e o Dr. Sérgio Abrantes Mendes que ocupava o cargo de presidente da mesa da Assembleia. Durante os meses que sucederam à eleição de Jorge Gonçalves e pelas razões já invocadas, o Sporting viu-se a braço com uma série de acontecimentos pouco dignificantes para um clube com o seu passado e pergaminhos, nomeadamente ameaças de rescisões por parte dos jogadores com a justificação de ordenados em atraso, ameaças de corte de água e luz, etc. No início do Verão de 1989, Sérgio Abrantes Mendes dissolveu a Assembleia e convocou eleições antecipadas que viriam a ser posteriormente ganhas por Sousa Cintra. Essa dissolução, foi justificada pelo presidente da mesa da Assembleia, como a única saída possível, face à depauperação financeira e à degradação galopante da imagem de um clube que se deveria querer respeitado e respeitador. Foi portanto Sérgio Abrantes Mendes que pôs fim a um período de agonia insustentável. Quer se queira ou não, estes são os factos.
Entretanto, Sérgio Abrantes Mendes é visto aqui por alguns foristas como a «besta negra» do «Gonçalvismo». De responsável a oportunista, passando por falhado, já tudo e mais alguma coisa foi dito do ex-dirigente do Sporting. Ridículo!!.. Aberrante!! Como é possível que alguém que respira o clube de manhã à noite, pode ser acusado do que quer que seja, quando a única decisão que tomou, foi precisamente a de salvar o clube de um momento delicadíssimo que este atravessava e quando aqueles que mais o criticam, são exactamente os mesmos que aplaudem enaltecem as desastrosas gestões de Roquette, pipinho e Cª Lda., responsáveis pelo maior passivo da História do clube? Mais ainda: porque é que Dias Ferreira, que na altura foi acusado de cometer vários erros administrativos - nomeadamente o de liderar as negociações que visavam vender Frank Rijkaard ao Milão, a qualquer custo - ainda não foi alvo de críticas, se também fazia parte da mesma Direcção??.. Será que isso tem a ver com aquela misteriosa e repentina mudança de opinião, em que Dias Ferreira, no espaço de uma semana, deixou de ser opositor a Soares Franco para passar a ser apoiante? Porquê esta sofreguidão contra Abrantes Mendes e apenas contra ele? Será por ser ele a única ameaça visível à oligarquia? Cada um que tire as suas conclusões.
É bom que fique bem claro que não é minha intenção vir para aqui fazer a apologia de Sérgio Abrantes Mendes. Não sou seu apoiante e apenas votei nele nas últimas eleições porque logo na altura me apercebi dos dias de tempestade que se avizinhavam caso Soares Franco fosse eleito e infelizmente não me enganei. Noutras eleições, com outros candidatos e outras listas, a minha opção poderá eventualmente ser outra, logo, estou perfeitamente à vontade para escrever o que estou a escrever.
Este esclarecimento impunha-se. Se uma mentira repetida muitas vezes pode parecer uma verdade, imagine-se então o perigo que poderiam causar várias mentiras repetidas muitas vezes…