A Onda

24 anos que aí vivi, só emigrei há 3. Eu passo todos os anos férias em Portugal e posso dizer-te que também gosto muito. :mrgreen:
Não tem a ver com o nível de vida (que é de facto mais elevado que o de Portugal em média), tem sim a ver com um sistema de regulação / justiça que funciona e te dá na cabeça se for preciso e as vezes que forem precisas e de uma sociedade que ‘funciona’ (é difícil explicar este conceito, mas não é igual a todos remarem para o mesmo lado, pelo contrário - é uma sociedade fortemente ‘lobbyista’).

Assim de um modo geral, um português vê a sua situação da seguinte forma: se o outro pode fazer aquilo (que é errado / ilegal / etc), por que é que eu também não posso?, enquanto um sueco pensará do seguinte modo: o outro está a fazer aquilo (que é errado / ilegal / etc) mas não se pode fazer, é melhor avisá-lo ou ir avisar o responsável para que não faça outra vez… E se alguém perguntar ao sueco porque é que não se pode fazer ele diz-te que é porque está nas regras ou na lei ou no protocolo (têm protocolos para tudo) ou qualquer coisa parecida.

Estás te a esquecer duma coisa na altura que o Trotsky estava à frente , existia uma “civil war” e os outros os chamados russos brancos não eram santinhos nenhuns muito pelo contrário tambem fizeram vários massacres e eram apoiados pelas democracias ocidentais , alem de que havia tambem uma ou outra facção ao estilo senhor da guerra que não andaram propriamente a distribuír rosas.

Quanto ao sistema politico não ser democrático , não não era como não é o actual em que vivemos , pelo menos numa coisa foi mais democrático a velha clique monárquica e corrupta foi corrida e deu lugares a gente de classes baixas coisa que nunca antes tinha acontecido na Russia , ou menos nisso esse sistema foi verdadeiramente democrático.

Quanto aos 20% , qual é o espanto , este país é o que tem mais desigualdades sociais e onde a diferença para ricos e pobres é maior , é natural que esses partidos tenham maior adesão ainda mais agora numa situação de crise , não percebo este engulho com estes partidos , o sistema partidário actual já é a palhaçada que se sabe , se esses dois partidos fossem ilegalizados aí é que era o bonito , aposto que logo mostrariam a sua força de maneiras menos pacíficas.

Vocês não percebem mesmo esses partidos apesar de serem anti-sistema , mesmo eles são levados de arrasto pela crise que vive o sistema político , mesmo eles podem ser ultrapassados por outros movimentos mais radicais que se possam vir a criar , é que a crise está aí para durar , vamos ver se esses 20% que vocês falam aceitam num cenário muito mau só as falinhas mansas que esses partidos fazem.

Ilegalizar esses partidos na situação actual seria a coisa mais estupida e anti-patriótica que se poderia fazer era deitar lenha para a fogueira , deixem-nos lá estar ao menos vão servindo de escape a algumas frustrações de muitas pessoas , fazem-no mal e cada vez pior mas sempre ajudam a libertar alguma tensão.

Um ponto importante que se tem de referir é que não se pode apelidar esses dois partidos de serem anti-democráticos porque simplesmente eles jogam e cumprem as regras democráticas do sistema , são sim anti-sistema o que é bem diferente.

Vocês e bem podem referir que a sua ideologia não é democrática no sentido desta democracia liberal e burguesa , isso claramente , e é um contra-senso , mas depois de decadas de clandestinidade e para a democracia avançar depois do 25 de Abril e do 25 de Novembro , como que se chegou a um compromisso que as lutas passariam a ser travadas nas urnas até para que o país estabilizasse a nível politico depois dos tempos instaveis pós 25 de Abril.

Porque interessaria mais a esses partidos estar dentro do sistema do que fora dele dando um contributo mais positivo do que se estivessem fora , e tambem interessaria aos outros partidos do sistema que a luta política acalmasse o que veio a acontecer.

Pouco democrático e escandaloso é a medida apresentada ontem pelo governo , de nos próximos dois anos as autarquias poderem por ajuste directo dispensar de concurso público qualquer obra até 5 milhões de euros , ainda para mais em ano de eleições , vai ser cá um regabofe.

Uns a sofrer a crise e outros a ganhar com ela. :twisted: :sick: :cartao:

Bem, tenho de admitir que essa medida é um coma completo.

Até parece que era preciso lei… Já o faziam à mesma, agora até o podem fazer às claras…

Mas continuem com a ideia que é a não votar que lhes mostram… eles agradecem.

Ok, então explica-me lá como é qe votando consegues mudar isso ::slight_smile:

Em termos directos não, mas se tivermos numa conjuntura em que a votação é massiva, essa mesma abertura obrigará os políticos a olharem para todos os quadrantes da sociedade, principalmente para aqueles que não costumam votar, ou seja, para aqueles cujos pedidos não têm repercussão nas promessas eleitorais. Estamos à beira de uma situação em que apenas as bases políticas dão o voto, ou seja, existe uma diminuição do eleitorado independente (o que decide as eleições) e a permanência dos pseudo-militantes, pessoas que votam sempre no mesmo partido.

Acjo que as únicas consequências disso serão: eles ganharão mais dinheiro com os nossos votos, uma vez que ganham uma verba fixa com cada voto; ficarão todos satisfeitos porque estão a fazer um bom trabalho; e as conclusões dos media seriam exactamente essas, “os Portugueses aprovam os políticos”, “os portugueses, ao contrário do resto do Mundo, votam em massa porque confiam no poder político”, o que são tudo balelas.

O facto político mais relevante nos últimos 10 anos foi aquela votação do “português mais ilustre” ou lá o que foi, em que ganhou o Salazar, acho que nessa altura os políticos ficaram realmente preocupados, mas o debate durou uma semana e nunca mais se falou nisso. Essa votação foi um enorme voto de protesto (e também de muito pessoal de ultra-direita, da mesma forma que também houve muitos esquerdistas que votaram “politicamente”, mas creio que a esmagadora maioria dos votos foi mesmo de portugueses a protestar com o sistema.

Mas que não hajam dúvidas. E depois de verem este documentário, numa altura em que éramos (e ainda somos) governados por um demagogo que nem foi capaz de tirar uma licenciatura sem recorrer a cunhas e favores, muitos mais devem ter votado no Botas:

[youtube=425,350]http://www.youtube.com/watch?v=QUx_AgCvlGI[/youtube]

[youtube=425,350]http://www.youtube.com/watch?v=H7-s0wV_Xg8[/youtube]

[youtube=425,350]http://www.youtube.com/watch?v=loFZ-cTA-7A[/youtube]

[youtube=425,350]http://www.youtube.com/watch?v=_4wD_eUxpc8[/youtube]

[youtube=425,350]http://www.youtube.com/watch?v=wMzprvAQuEA[/youtube]

[youtube=425,350]http://www.youtube.com/watch?v=Y6OSMYEfrgg[/youtube]

Que eu saiba, não existem só 2 partidos neste país, no entanto só eles é que têm governado… Se os obrigares cada vez mais a governos de coligação, sem estas prepotências de maiorias absolutas, quem sabe eles começam a fazer mais o que devem, ou seja, trabalharem juntos para proveito do país.

Os nossos políticos são, de facto, uma cambada de ignorantes. Mas entre um político ignorante e um político ditador, prefiro o ignorante.

Também eu. Mas se puseres a questão não só em termos de competência mas também em termos de compromisso com o país, já não tenho tantas certezas sobre o que prefiro.

Corrupção

Vídeo prova pagamento de ‘luvas’ a ministro português no Caso Freeport

Por Felícia Cabrita
Uma gravação vídeo da conversa entre um administrador inglês da sociedade proprietária do Freeport e um sócio da consultora Smith & Pedro refere o pagamento de luvas a um ministro português. É um novo episódio do caso iniciado na semana passada

A investigação em curso no Reino Unido ao ‘caso Freeport’ inclui, desde 2007, um DVD com a gravação de uma conversa entre um administrador daquela empresa e um empresário inglês, Charles Smith, em que este assume que foram pagas ‘luvas’ a políticos portugueses para viabilizar a construção do outlet de Alcochete. Na conversa, Smith implica de forma explícita um ex-ministro do Governo de António Guterres – que, conforme o SOL revelou na passada edição, encabeça uma lista de 15 suspeitos visados na investigação inglesa.

A gravação foi uma das primeiras provas recolhidas pelos ingleses no inquérito sobre os indícios de corrupção e fraude fiscal no processo de viabilização do Freeport de Alcochete.

Continue a ler esta notícia na edição impressa disponível nas bancas espalhadas por todo o país

http://sol.sapo.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=123188&tab=community

Mais um caso de corrupção a estalar e o sol está a fazer render o peixe , porque não cantam logo o nome cá para fora , será que estão com medo ?

O Sol fala num ministro que autorizou o então projecto Freeport a avançar nos últimos dias do Governo do Guterres então em gestão , que ministro poderia passar por cima de dois estudos de impacto ambiental que tinham chumbado anteriormente o projecto ? seguindo o raciocinio da notícia da semana passada , está-se a imaginar que há peixe graúdo nesta história , este caso promete dar muito que falar nos próximos tempos.
Mas porque raios os ingleses tinham que se meter nisto? as coisas íam tão bem neste país à beira mal plantado sem corrupção. :twisted: :rotfl:

Entretanto , vejam quem tem a lata de criticar a Manuela Ferreira Leite por ter dito que se fosse governo riscava o projecto do TGV

[b]TGV: Declarações de Ferreira Leite recebidas com surpresa em Espanha [/b]

Os representantes das várias forças políticas declararam-se surpreendidos pelos comentários da líder social-democrata. Um responsável do PP diz mesmo que o PSD se deve “retratar”.

Lusa
18:22 Sexta-feira, 16 de Jan de 2009

Líderes de vários partidos espanhóis criticaram hoje as declarações da presidente do PSD, Manuela Ferreira Leite sobre o TGV, afirmando que o projecto é essencial para as ligações entre Portugal e Espanha e que deve avançar.

Ouvidos pela Lusa, os representantes das várias forças políticas declararam-se surpreendidos pelos comentários da líder social-democrata, com um responsável do PP a considerar mesmo que o PSD se deve “retratar”.

Em entrevista à Lusa, Anton Louro, deputado do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) considerou os comentários da líder social-democrata “surpreendentes e contracorrente” e representando “apenas uma minoria dentro do PSD”.

“Não dou crédito a que uma líder que aspira ou pretende alcançar a confiança do povo português possa comentar com frivolidade estes dois projectos que são de interesse estratégico para Espanha e Portugal”, afirmou à Lusa.

“São projectos que têm o aval da UE e que comprometeram as principais forças políticas de Portugal e de Espanha, incluindo o PSD”, sustentou.

O deputado socialista espanhol recordou que tanto os governos conservadores como os socialistas dos dois países deram o aval aos projectos, “que começaram a tomar forma a partir de 2003, na cimeira da Figueira da Foz”.

“Os dois governos, e antes eram governos conservadores, comprometeram-se a trabalhar com rigor nestes projectos, que melhoram a mobilidade e a integração hispano-portuguesa”, disse.

“Por isso fico surpreendido que em Portugal ou em Espanha alguém possa dizer o que a líder do PSD pode estar a dizer. Não acredito que possamos dar marcha-atrás neste projecto”, acrescentou.

Para Anton Louro, quem agir contra estes projectos “não terá a confiança nem em Espanha nem em Portugal”.

PSD deve-se “retratar”

Questionado pela Lusa, Andrés Ayala, porta-voz do PP na Comissão de Fomento do parlamento espanhol, considerou os comentários de Manuela Ferreira Leite “incompreensíveis e surpreendentes” já que vão contra compromissos de sucessivos governos dos dois países.

“É uma opinião incompreensível. Este é um projecto prioritário da rede transeuropeia de transporte, onde há oportunidade de aplicar fundos europeus”, disse.

“É um projecto vital para a permeabilidade fronteiriça entre Portugal e Espanha e para canalizar os tráficos não apenas de passageiros mas de mercadorias, visto que afecta também os projectos europeus de conectar Sines e o porto de Algeciras com Paris”, frisou.

O deputado popular considera que o projecto do TGV “é uma questão de Estado” acima de questões partidárias, foi inicialmente negociado por governos do PSD, em Portugal e do seu partido em Espanha e foi aprovado por subsequentes governos.

Nesse sentido considera que o PSD deve-se “retratar” e que o governo espanhol não pode usar os comentários para “atrasar ainda mais o troço espanhol da ligação” onde “já se verificam atrasos”.

Para Francisco Rodrigues, deputado do Bloco Nacionalista Galego (BNG), as declarações de Manuela Ferreira Leite são “especialmente inadequadas” e devem ser vistas “muito negativamente”.

Em declarações à Lusa, o deputado galego afirmou que a posição de suspender as ligações de alta velocidade representam “não querer enfrentar o problema da necessidade de abertura territorial entre Galiza e Portugal” com “um modelo ferroviário adequado ao início do século 21”.

“As declarações da líder do PSD são especialmente inadequadas e merecem críticas. Esperamos, naturalmente que o governo português continue a apostar neste projecto”, frisou.

“É um projecto fundamental do ponto de vista económico e do ponto de vista das relações económicas, políticas e sociais entre Portugal e Espanha e, no nosso caso, entre Portugal e a Galiza”, disse.

Manuela Ferreira Leite afirmou quinta-feira que se formar governo riscará o investimento na rede ferroviária de alta velocidade (TGV) por considerar, em entrevista à RTP que “na situação actual do país, que está com um nível de endividamento absolutamente incomportável, não é possível fazer investimentos - sejam eles quais forem - que impliquem grandes importações”.

Projecto prioritário

As declarações de Manuela Ferreira Leite foram feitas horas depois de parlamentares portugueses e espanhóis terem aprovado, em Zamora (Espanha), um documento conjunto em que instam os dois governos a acelerarem os projectos de ligações ferroviárias e rodoviárias entre Portugal e Espanha.

Este documento foi assinado no 1.º Fórum Parlamentar Luso-Espanhol, de preparação para a cimeira luso-espanhola da próxima semana, em que participaram delegações lideradas no caso português por Guilherme Silva (PSD), vice-presidente da Assembleia da República e Ana Pastor (PP), vice-presidente do Congresso de Deputados espanhol.

Depois dessa reunião, Guilherme Silva disse à Lusa que apesar da pressão económica actual é vital que se continuem a intensificar as ligações ferroviárias e rodoviárias entre Portugal e Espanha, o que em muitos casos pode igualmente ajudar a desenvolver zonas transfronteiriças carências.

Especial prioridade, sustentou, deve ser dada às ligações ferroviárias de mercadorias, “para descongestionar a intensidade de tráfico rodoviário de mercadorias, entre os dois países e para o resto da Europa”.

Ana Pastor disse na quinta-feira à Lusa que o comunicado final do fórum insta os dois governos a “acelerar a execução dos projectos”, incluindo com “aumentos das dotações orçamentais”, para que se possam cumprir “os projectos da rede transeuropeia de transportes”.

Anton Louro, que também participou no encontro de Zamora, recordou que na reunião “os deputados espanhóis e portugueses das várias cores politicas, incluindo PSD, mostraram uma total coincidência de critérios nesta matéria”.

“Há que romper barreiras, baixar fronteiras, e fazer muitos e melhores caminhos, que nos permitam conhecer mais e melhor, que nos permitam trocas comerciais, e levar e trazer produtos e mercadorias”, afirmou.

Andrés Ayala relembra que os deputados do PSD que participaram no encontro de Zamora não só assinaram o documento final “em que se incentiva os governos a fazerem maiores investimentos para cumprir estes projectos” mas “manifestaram-se de acordo que deveria fazer-se especial finca-pé em avançar com todos os projecto de conexão viária e ferroviária”.

http://aeiou.expresso.pt/tgv:_declaracoes_de_ferreira_leite_recebidas_com_surpresa_em_espanha=f492349

Estes espanhois lata sempre tiveram , agora perderam totalmente a vergonha. :cartao:

Eu sinceramente, e acredito que possa ser uma opinião muito discordante das demais, acho que o caminho para Portugal voltar a entrar no rumo é um período de semi-democracia, restringindo certas liberdades e mudando de vez os valores que se implantaram em Portugal após o 25 de Abril,como o comodismo, a falta de ambição e a chico-espertice de tudo o que anda no poder político. Eu tenho muito orgulho em ser português, mas não me identifico com grande parte do Portugal actual.

:twisted: Era lindo…

cumps,
ADNR

“Isto é uma fantochada”

[youtube=425,350]http://www.youtube.com/watch?v=bMYnno9-wak[/youtube]

Já estive a ver esse vídeo e todos os outros do senhor, que aparecem disponíveis na janelinha no final do vídeo. De facto, Medina Carreira é muito bom. Tem uma visão informada e “estruturalista” do país e do sistema, e desmonta um por um todos os floreados e lenga-lengas conjunturais que os doutos imbecis carreiristas nos vão impingindo. (Alguma vez os nossos problemas são apenas conjunturais?).

Tenho total admiração por estas duas ou três pessoas que nos media com a sua visão muito lúcida e o seu conhecimento profundo da história e da política nacional conseguem distinguir o essencial do acessório, o estrutural do conjuntural, dando-nos a real visão das coisas. Refiro-me a Medina Carreira, Vasco Pulido Valente, e Rui Ramos, cujas análises são uma espécie de inventário do pé em que o país se vai encontrando.

Sobre o estado do nosso Estado, e da nossa (des)organização social e económica, depois dos vídeos que o Renato oportunamente aqui colocou, prefiro nem acrescentar nada ao tópico, poupando-me à exposição do meu apedeutismo ao dizer meia dúzia de trivialidades de circunstância que se tornariam redundantes ou irrelevantes. :arrow:

Se Medina Carreira se candidatasse a ditador de Portugal tinha o meu voto sem reservas. :twisted:

Aliás foi precisamente após terem colocado vídeos do senhor no tópico da Crise Financeira que se gerou a discussão democracia vs. ditadura. Como tive oportunidade de o dizer na altura, tenho uma grande admiração por este senhor. Aprecio muito a maneira desinteressada como expõe as palhaçadas deste circo, identifico-me com ele na sua visão do que é fundamental na construção de uma sociedade e vejo nele a humildade própria das pessoas honestas que se desejavam para governar o país.

Quando indivíduos desta têmpera entrarem na cena política nacional, sou capaz de voltar às urnas.

Medina Carreira já esteve na política. Foi ministro das Finanças no pós-25 de Abril. Não obstante, por muito pouco tempo.