A histórica campanha de 1981-1982

Estou a ler o livro “Big Mal e companhia” da autoria de Gonçalo Pereira Rosa, e acho que é interessante ir publicando pequenos excertos para a comunidade do forum, sobre como era o Sporting e o futebol português nessa época, numa altura em que se conquistou campeonato e taça de Portugal.

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“Tínhamos a melhor claque da Europa”, acrescenta o extremo-esquerdo Mário Jorge. "Tive momentos na minha carreira em que estava no relvado e olhava embasbacado para as bancadas a dizer para mim próprio: “Isto é inimaginável!” Allison explorou esse calor do público com grande imaginação. Anos mais tarde, numa eliminatória com o Feyenoord, a Juventude Leonina utilizou pela primeira vez raios laser. Os jogadores holandeses no relvado viravam-se para nós e diziam: “Isto nem num concerto do Bruce Springsteen.”

Um excelente livro elaborado por um grande Sportinguista.

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Esse livro esta disponivel para se comprar online? Obrigado e saudações leoninas

Está sim. Pelo menos, na FNAC está à venda.

Obrigado Jack tenho que ver no site deles ou pedir ao meu Pai para comprar…

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“A entrada em campo era especial”, conta António Oliveira. “Sabe que eu e o Meszaros éramos sempre os últimos desse pelotão, quase com dez metros de atraso face aos outros? Ficávamos no túnel a dar a última passa no cigarro. Eu puxava a última vez, atirava o cigarro para o túnel e sprintava para apanhar os outros. O Meszaros ainda fazia pior: chegou a levar o cigarro escondido na luva, chegava à baliza, dava uma última passa dissimulada e apagava o cigarro no poste!”.

Grande equipa.

Aos poucos, Big Mal regressa ao futebol, o seu único amor. Treina a equipa universitária de Cambridge, depois o Bath. Segue-se o Plymouth, onde a criatividade do jovem técnico começa a despontar: inventa treinos na mata, na praia, em áreas montanhosas. Nunca repete um treino. Tem gosto em permitir que os jogadores se divirtam com a bola antes do início de cada sessão, alimentando a paixão pelo jogo. Aposta em jovens e mantém diálogos individualizados com cada jogador, como fará depois no Sporting. Não grita, não espuma de raiva. Nunca percebeu para que serviam as fúrias dos treinadores contra os atletas bloqueados. A muitos repetirá o conselho que deu a Bobby Moore: Pensa como Di Stefano: quando a bola vem na tua direcção, imagina já o que irás fazer de seguida."

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w**k.pt/livro/big-mal-companhia-goncalo-pereira-rosa/22151848

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Os treinos com a dupla Allison-Radisic modificam-se. O jugoslavo, cinco vezes campeão nacional do seu país em 800 metros, coordena todas as tarefas físicas. O inglês estimula a postura agressiva que pretende. “Chamo-lhe o treino com pressing e já o vi erradamente atribuído a Eriksson, que chegou no ano seguinte para o Benfica”, diz José Eduardo. “É incorrecto. Foi Allison que o introduziu em Portugal.” (…) “Até o guarda-redes adversário nós pressionávamos. Aos 80 minutos de cada encontro já estávamos de rastos, mas o trabalho estava feito. Se reparar, a equipa de 81-82 praticamente não resolve nenhum jogo nos minutos finais.”

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(final de um torneio de pré-época na Bulgária contra o Levski Sofia - 1981)

O Sporting vence por 3-2, com dois golos de Jordão e um de Manuel Fernandes. É a primeira vez em que Jordão impressiona, de facto, Allison. Com 80 minutos de jogo, o ponta-de-lança luso-angolano recebe um lançamento longo de Meszaros para a linha do meio-campo, dribla quem se lhe depara pela frente num slalom de 50 metros e remata de longa distância para a baliza. “É um jogador de ouro”, dirá Allison a Cruz dos Santos. “Só ele com 80 minutos de jogo, poderia fazer aquele golo”. “O Jordão era uma gazela de campo, nunca vi igual”, resume Marinho. “Nos treinos, desafiava-me: “Marinho, começas o sprint da linha do meio-campo e eu começo da grande área do topo norte. Vais ver que chego primeiro à linha de fundo do topo sul.”. Começava a sprintar e era impressionante. Além disso, foi um dos melhores cabeceadores de sempre do futebol português.”

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Provavelmente a melhor época do Sporting Clube de Portugal depois dos 5 violinos ou do tetra nos anos 50. Pelo menos internamente. Um Sporting que parece que já não volta…

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O Sporting derrota o Southampton na eliminatória da Taça UEFA. Mas em Portugal, o triunfo não é devidamente noticiado.

A imprensa inglesa desfaz-se em elogios. Na retina, ficara o comportamento atípico de uma equipa latina que nunca recorrera ao anti-jogo e batalhara de igual para igual com o líder do campeonato inglês. (…) As imagens do jogo demoram a ser difundidas em Portugal. A RTP alega que a greve da BBC atrasara o envio dos videotapes para Portugal, mas os emigrantes em França e no Luxemburgo asseguram que as imagens do jogo já tinham sido difundidas ali. João Rocha enfurece-se: o dia de glória do Sporting na Europa demora cinco dias até ser difundido em Portugal. Nas colunas do jornal do clube, José Alvarez queixa-se: “É claro que se o brilharete tivesse pertencido ao Benfica, os simpáticos zeladores da nossa televisão “desportiva” até tinham ido a pé, se não a nado, para trazer a cassete do jogo”.

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Que o vagandz e a estrutura topo di gama ponham olhos nisto! Isto meus senhores e minhas senhoras é o verdadeiro Sporting Clube De Portugal.

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Uma obra especialmente interessante. Recheado no conteúdo e competente no uso da Língua Portuguesa.
Li a mesma em 2 dias. Verifiquei que naquela era se empregavam contra o Sporting algumas das artimanhas que corroeram a direcção de Bruno de Carvalho.
São impressionantes e inquietantes as semelhanças entre João Rocha e Bruno de Carvalho (na forma de estar, no Sporting desejado, no contexto que se ergue contra ambos).
Saliento também a forma como João Rocha foi desgastado pelo antepassado do croquete (o sócio que cria tempestades em copos de água) e como Pinto da Costa usou JR para chegar à liderança do Porto (traição pura e dura contra o Porto), e como, estando lá, arrumou João Rocha.

O Sporting Clube de Portugal é um competidor banal no campeonato das influências e dos truques.

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Eliminatória da Taça de Portugal contra o Boavista.

Na segunda parte, dez minutos após o intervalo, na ponta esquerda, Mário Jorge rompe, ultrapassa Queiró, vence a oposição de Barbosa 1 (havia dois em campo), vai à linha de fundo e cruza atrasado para Manuel Fernandes empatar o jogo. Dois minutos mais tarde, depois de um canto curto marcado por Mário Jorge, Manuel Fernandes é derrubado na área. É assinalada grande penalidade e (…) é Oliveira que sentencia a eliminatória (3-2). (…) “O Mário Jorge foi uma das chaves da segunda volta dessa temporada”, lembra o centrocampista Marinho. “Em muitos jogos, era mais um avançado, como o Fábio Coentrão fez no Benfica há alguns anos. Era defesa, médio e ala esquerdo - o que a equipa precisasse. Fazia o corredor todo. Jogava com a cabeça levantada, tinha muito nível. Nesse jogo, foi um diabo à solta.”

João Rocha e os prémios aos jogadores.

(…) João Rocha é um homem de entusiasmos. “Aconteceu várias vezes nos anos em que estive no Sporting o presidente pagar prémios previstos para vitórias mesmo quando não ganhámos”, acrescenta Melo. “Se sentia que a equipa tinha dado tudo, pagava. E também aconteceu dobrar o prémio acordado num jogo contra os chamados grandes quando sentiu que ninguém se furtara ao esforço.”

A perdição de Rocha é o Benfica, sempre o Benfica. “Era primordial, prioritário ganhar ao Benfica. O presidente vibrava com esses jogos”, conta Marinho. “Vi-o várias vezes em apuros ao intervalo, a suar. Julgo que tinha problemas cardíacos e sofria muito pelo clube.”(…) Zezinho viveu muitos derbies com a camisola do Sporting e corrobora a história: "Chegou a deitar-se numa das marquesas do balneário com a ansiedade, sofrendo loucamente pela equipa. Os sócios não sonhavam lá em cima, na bancada, o que aquele homem gostava do Sporting. Olhávamos para ele e invariavelmente pensávamos:“Não podemos deixar mal este homem que sofre tanto pelo clube!”

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Desta equipa, só tenho recordações deste excelente guarda-redes, Meszaros. No mundial Espanha 82, recordo-me dos guarda-redes Arkonada, Dassayev, Schumacher e Dino Zoff (o Meszaros também foi a este mundial). Dos jogadores, recordo-me do Paolo Rossi e do Sócrates.

Foi o mundial dos guarda-redes.

https://www.statbunker.com/competitions/Top10KeepersCleanSheets?comp_id=314

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Nesse ano de 1982, comecei a ver os resumos dos jogos do Sporting. Lembro-me de ouvir na rádio, o locutor aos berros porque o Bento passou-se e agrediu o Manuel Fernandes.

O Mundial 82 marcou-me por aquela equipa do Brasil que era um espectáculo a jogar. E o Valdir Peres era um frangueiro dos grandes! Lembro-me do Dassaev e do Schumacher, excelentes guarda-redes, especialmente o russo. A Itália não jogava grande coisa, mas ganhou, muito por causa do Rossi que estava em estado de graça.

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