Raret, Ribatejo e Guerra Fria: a história de propaganda que deu origem à série “Glória”
Em 1951, com o mundo dividido entre dois blocos - um capitalista, encabeçado pelos EUA, e outro, comunista, pela URSS -, uma pacata freguesia portuguesa, Glória do Ribatejo, passou a ter um papel na forma como ele se moldou nas décadas seguintes. Tudo a partir da Raret, um centro retransmissor em onda curta da Radio Free Europe. Falámos com quem trabalhou na Rádio Retransmissão por três décadas.
E Magnus Carlsen continua a fazer história… Pentacampeão!
Durante a noite de 17 para 18 de dezembro de 1961, a União Indiana invade a Índia Portuguesa. Faz amanhã, 60 anos que um navio de guerra português travou o último combate a tiro de canhão da história da nossa Armada: o aviso Afonso de Albuquerque. O nome foi o mais adequado ao acontecimento e não mais um navio de guerra assim se chamaria.
A 15 de agosto de 1947, a Índia inglesa tornou-se independente dando origem a dois estados: a União Indiana e o Paquistão. A 27 de fevereiro de 1950, a União Indiana pediu formalmente a Portugal, pela primeira vez, a entrega da Índia portuguesa. Salazar recusou liminarmente, justificando a recusa com argumentos jurídicos irrefutáveis que viriam a ser sancionados pelo Tribunal Internacional de Haia. Só que em política internacional predomina não o Direito mas a Força.
Em Goa, do porto de Mormugão, larga o antiquado (construído em 1934) aviso de 1ª classe, Afonso de Albuquerque com os seus 4 canhões de 120mm de mero carregamento manual e recheado de carências operacionais, que faria fogo até ao último cartucho. É que pouco antes, duas modernas fragatas indianas, a Betwa e a Beas tinham-se aproximado a cerca de 7000 metros e aberto fogo após não terem obtido resposta do navio português à sua ordem de rendição. Juntou-se-lhes uma terceira fragata, a mais antiga Cauvery, e o Afonso de Albuquerque abre fogo no último duelo no Índico, com os navios indianos a dispararem 10 vezes mais tiros por minuto através de peças com direções de tiro acopladas a radares. Sucessivamente atingido, o aviso sofreria um morto e o comandante, capitão de mar-e-guerra Aragão, seria posto fora de ação com um estilhaço alojado perto do coração mas em condições de dar ordem para a guarnição prosseguir o combate até ao fim. A certa altura já o só os canhões 1 e 4 estavam em condições de disparar e esgotaram-se as munições após 250 a 300 tiros. Sem meios para afundar navio, o imediato lançou-o contra a costa onde encalhou. Em 1965, foi vendido na União Indiana para a sucata. Incrivelmente só houve uma morte, já que os indianos usaram granadas explosivas, mas facto da guarnição portuguesa nem sequer estar completa levou a que diversas zonas do aviso duramente atingidas estivessem desguarnecidas, senão as baixas teriam sido bem maiores.
Houve a ideia de que as fragatas indianas teriam sido atingidas, pelo menos com dois tiros, todavia a versão indiana foi a de que o intenso fumo verificado nessas duas ocasiões se ficou a dever ao esforço dos motores em duas mudanças bruscas de direção desses dois navios.
Em memória e honra aos que se bateram no mar nesse dia.
O 2º tenente Oliveira e Carmo, comandante da lancha Vega, armada com uma peça de 20 mm, fez-se ao mar em Dio fardado de uniforme de gala, a 18 de dezembro de 1961, sendo atacado por jatos indianos sobre os quais mandara abrir fogo quando dois deles passaram por cima da lancha a baixa altitude, atingindo e danificando três. Morreu juntamente com um marinheiro e mais três militares portugueses ficaram feridos com gravidade um deles acabando também por falecer. A Vega foi afundada em combate batendo-se sempre.
Olhando para isso vem me à cabeça o ditado “mais vale um covarde vivo que um herói morto”. Literalmente desperdiçar vidas com 0 hipóteses de vencer a batalha
Há um outro ditado que refere “um covarde morre muitas vezes, o herói apenas uma”… ou algo semelhante… Há alguma forma de imortalidade em morrer de um modo que faz com que não se seja esquecido de imediato… Não se combate apenas quando se sabe que se consegue vencer…, que valor há nisso?
Combates quando achas que ganhas, morrer para ser herói é estúpido
Se queres falar de batalhas da 2ª Guerra mundial, a batalha de Kiev, de 7 de agosto a 26 de setembro de 1941, provocou muito mais prisioneiros e mortes do que a batalha de Estalinegrado… Tenho ideia de que Hitler chegou a designá-la como a maior batalha da História do Mundo.
A resistência militar, ou não, tem diversas implicações políticas futuras e daí as decisões de combater ou não…, não é apenas determinar se é possível vencer naquele momento preciso. Ser militar é uma forma de vida e também de morte, sabe-se que pode ser preciso combater mesmo quando não é possível vencer nessa ocasião… Há implicações futuras para lá da vitória ou derrota momentânea.
Evidentemente…, os heróis não combateram para o serem, mas porque o eram…, parece-me.
Sim, mas depende.
Por vezes combate-se batalhas perdidas para dar tempo aos teus de se organizarem e poder fazer frente ao inimigo noutras batalhas. Por isso é que existem os conceitos de batalha e de guerra.
Aí no caso da India Portuguesa ou mesmo das colónias Africanas, Macau ou Timor nem sequer tenho grande opinião sobre as guerras, pois acho que no geral todos os envolvidos, ficaram mais fracos e ainda hoje estão loge do potencial que podiam ter tido.
No caso da India p.e. nem a própria India faz sentido ser um único país quanto mais Goenses ou Diuenses ou Damãoens que eram de maioria católica, falavam e escreviam portugues ou dialectos locais, terem juntado-se à India. Quanto muito eram independentes, como Timor.
Marckalada.pdf (722.3 KB)
Para quem quiser navegar um bocadinho na maionese…