22 de junho de 1941. Há 80 anos, em resposta à invasão alemã da URSS, a ditadura estalinista volta a praticar aquilo que melhor sabia fazer: o assassínio em massa.
O Terror Soviético na Ucrânia Ocidental
O Verão de 1941 foi marcado na Ucrânia Ocidental pela gigantesca operação do NKVD de extermínio dos presos políticos detidos nas cadeias soviéticas. O NKVD matava as suas vítimas em grande escala, disparando para dentro das celas com armas automáticas e atirando granadas. Algumas das celas tiveram de ser seladas para evitar as epidemias, pelo que as exumações foram feitas apenas no Inverno de 1941.
Os fuzilamentos em massa dos presos políticos nas cadeias da Ucrânia Ocidental durante os meses de Junho e Julho de 1941, foram inéditos mesmo para os padrões habitualmente sanguinários do Comissariado Popular do Interior (NKVD) da URSS.
O exemplo da cidade de Lviv demonstra claramente o modus operandi dos “heroicos inimigos da contra-revolução”.
O destino dos prisioneiros era decidido por apenas duas pessoas, o chefe do Departamento de investigação do UNKGB na província de Lviv, Shumakov e o procurador da província de Lviv, Kharitonov.
No dia 22 de Junho de 1941, as cadeias da província de Lviv abrigavam 5424 prisioneiros, sendo a maioria incriminada ao abrigo do artigo n.º 54 do Código Penal da RSS da Ucrânia, ou seja “actividades contra-revolucionárias”. A “limpeza” das cadeias foi desencadeada após a emissão da Directiva n.º 2445/М do Comissário do NKVD Merkulov e da Directiva do chefe da Direcção Prisional do NKVD da RSS da Ucrânia, o capitão do NKVD Filipov, ambas emitidas no dia 23 de Junho de 1941. As decisões de extermínio eram autorizadas pelo procurador Kharitonov: “ Fuzilamento como inimigos do povo, sanciono ”…
Com o início da invasão nazi, as chefias do NKVD (NKGB), ordenaram o registo urgente de todos os prisioneiros e a sua divisão entre aqueles que deveriam ser deportados para os campos de concentração do GULAG e os que deveriam ser fuzilados, tarefa confiada às estruturas locais do NKVD (NKGB). O “Plano de Evacuação” do NKVD previa a deportação da província de Lviv de 5.000 prisioneiros, para isso foram disponibilizados 204 vagões ferroviários. Segundo as instruções do NKVD da URSS de 29 de Janeiro de 1939, cada vagão era destinado para o transporte de 30 pessoas, significando que poderiam ser deportados 6.120 prisioneiros. Na realidade, foram deportadas apenas 1822 pessoas das 5.000 previstas. Outras 3602 pessoas ficaram nas cadeias de Lviv; o destino dos vagões não é mencionado nos documentos…
A matança
As execuções começaram no dia 22 de Junho, quando foram fuzilados os condenados à pena capital. O chefe do Departamento do UNKGB, Lerman, informou no seu relatório que até ao dia 24 de Junho nas cadeias de Lviv e de Zolochiv foram fuziladas 2072 pessoas. Novas listas foram elaboradas no dia 25 de Junho, autorizando a execução de 2068 pessoas, tendo sido exterminados entre os dias 25 e 28 de Junho.
Nesse contexto, na província de Lviv, o NKVD (NKGB) fuzilou 4140 prisioneiros ( 2072 + 2068 ), pelo que o número dos fuzilados ultrapassou o número inicial de 3602 pessoas, que ficaram detidas nas cadeias. O mesmo Lerman explicou no seu relatório que se tratavam de novas detenções do NKVD (a máquina assassina não parou um minuto), mas os esbirros simplesmente já não tinham tempo de preencher os processos individuais dos prisioneiros. Na maioria dos casos, os cidadãos nem eram acusados formalmente, apenas apontados como “membros da OUN (guerrilha nacionalista ucraniana], espiões ou sabotadores”, devendo assim ser imediatamente fuzilados.
Em toda a Ucrânia Ocidental foram fuziladas cerca de 24.000 pessoas…
A morte em cadeia
No início, o NKVD usava a sua prática habitual: fuzilava individualmente, numa cela especial, com uma bala na nuca. Quando as forças militares nazis se aproximaram, para cumprir o plano de extermínio, o NKVD iniciou a matança em massa: os prisioneiros eram reunidos nas celas subterrâneas para serem abatidos pelo fogo das espingardas automáticas, através das janelas que serviam para fornecer a comida. Por último, atiravam granadas para dentro das celas ou abriam as portas e fuzilavam as pessoas nos corredores . Os corpos foram inicialmente sepultados longe das povoações, em locais abandonados, e depois nas caves ou nos pátios das cadeias.
Mesmo após a sua deportação, os cidadãos da Ucrânia Ocidental continuaram ser fuzilados nas “prisões de trânsito” da Ucrânia Central e do Leste, em Uman, Kyiv, Kharkiv… Um caso verdadeiramente macabro foi registado na província de Ternopil, onde dois vagões cheios de prisioneiros foram incendiados por elementos do NKVD.
Aproveitamento pela propaganda nazi
Após a tomada de Lviv, os alemães ordenaram a abertura das valas comuns, sendo este crime soviético utilizado perversamente na propaganda nazi contra o “judeo-bolchevismo” e servindo de “justificação” para as atrocidades cometidas contra as comunidades judaicas ucranianas.