A falta de empatia nas classes sociais superiores

Deixo aqui um estudo interessante, feito numa universidade dos Estados Unidos. Para quem não percebe inglês, vou resumir em poucas linhas o que foi feito:

  • Pegaram em alunos de uma faculdade e dividiram-nos em três escalões sócio-económicos.
  • Na primeira experiência, esses alunos foram analisar expressões faciais para tentar adivinhar qual a emoção contida em cada uma.
  • Na segunda experiência, tentaram adivinhar quais as emoções de desconhecidos durante entrevistas de trabalho simuladas.
  • Numa terceira experiência, foi pedido aos alunos para se compararem com os homens mais ricos da América.

Os resultados obtidos foram muito interessantes. Os alunos de classes sociais superiores tiveram piores resultados nos testes, o que significa que têm menos capacidade para ser aperceberem das emoções alheias. Fica então este dado da ciência, que demonstra que quanto mais dinheiro temos, menor é a nossa capacidade empática. Talvez agora seja mais fácil de entender o porquê de existirem pessoas em cargos de chefia com nenhum tipo de capacidade para “sentir” os outros.

Aqui está o artigo:

Link: As for Empathy, the Haves Have Not

Não percebo nada do assunto mas talvez pelo facto de pertencerem a classes sociais com maior poder económico e consequentemente terem um melhor índice de qualidade de vida desconheçam certo tipo de situações/emoções. Quero com isto dizer que acaba por se gerar uma certa ignorância, oriunda da não vivência dos problemas, que os impossibilita de compreender determinado tipo de coisas. Acaba por ser natural que quem nunca lidou com uma determinada situação a encare com maior insensibilidade.

Atenção: Há uma elevada probabilidade de ter dito alguma asneira pois tudo o que disse foi com base no senso comum. Para além disso já se faz tarde… :mrgreen:

Acho que exactamento aquilo que disses-te e realçado por mim a bold.
Pelo menos compreendi isso apos ler

Wiston Smith, se houvesse prémio para a melhor reportagem extra-futebol (deveria haver) já tinhas o meu voto. Pena que já veio em 2011, já não conta para os prémios.

Amanhã com mais tempo acrescento algumas ideias e vivências que podem corroborar este texto.

Um estudo bem interessante ao qual junto um outro. Sublinho apenas que este ultimo estudo publicado no Telegraph seja menos rigoroso nos métodos utilizados, embora bastante revelador, caso as conclusões venham a ser confirmadas.

Só quero relembrar que o Telegraph é um jornal de direita.

Scientists have found that people with conservative views have brains with larger amygdalas, almond shaped areas in the centre of the brain often associated with anxiety and emotions.

On the otherhand, they have a smaller anterior cingulate, an area at the front of the brain associated with courage and looking on the bright side of life.

The “exciting” correlation was found by scientists at University College London who scanned the brains of two members of parliament and a number of students.

They found that the size of the two areas of the brain directly related to the political views of the volunteers.

However as they were all adults it was hard to say whether their brains had been born that way or had developed through experience.

Prof Geraint Rees, who led the research, said: "We were very surprised to find that there was an area of the brain that we could predict political attitude.

“It is very surprising because it does suggest there is something about political attitude that is encoded in our brain structure through our experience or that there is something in our brain structure that determines or results in political attitude.”

Prof Rees and his team, who carried out the research for the Today programme on BBC Radio 4, looked at the brain make up of the Labour MP Stephen Pound and Alan Duncan, the Conservative Minister of State for International Development using a scanner.

They also questioned a further 90 students, who had already been scanned for other studies, about their political views.

The results, which will be published next year, back up a study that showed that some people were born with a “Liberal Gene” that makes people more likely to seek out less conventional political views.

The gene, a neurotransmitter in the brain called DRD4, could even be stimulated by the novelty value of radical opinions, claimed the researchers at the University of California

http://www.telegraph.co.uk/science/science-news/8228192/Political-views-hard-wired-into-your-brain.html

Quanto ao estudo que dá origem ao tópico, foi uma agradável novidade, mas infelizmente não foi também uma surpresa.

Até porque só assim se explica como é possível viver em luxo inimaginável, enquanto uns quilómetros ao lado haja que não tenha agua para beber…

  • Tivessem trabalhado - Ouve-se já as vozes daqueles a quem aparentemente a sorte sorriu, nascidos em famílias abastadas e onde tudo lhes foi posto a frente…Algo que sempre me faz rir, porque como todos sabemos, só é rico quem rouba.
    Pelo menos eu, em quarenta anos de vida nunca tive conhecimento de ninguém que enriquecesse a trabalhar.

A “falta de empatia” existe em todas as classes sociais, não vale a pena atribuirmos um especial contorno mórbido a quem mais tem, somente por isso. Da mesma forma que poderá existir irresponsabilidade social em quem possui uma conta bancária recheada, também existirá inveja em quem pouco tem. Pior, em quem pouco tem e pouco faz para ter. Em relação a pessoas que nascem em berço de ouro, o que há a fazer em relação a tal facto? Resta esperar que os tais paguem os seus impostos e que eduquem os seus filhos com os valores mais honestos e humanos.

Falando por mim, tenho um profundo nojo a quem possui meios para ajudar quem merece e não o faz. Há de facto ricos - e raramente entro neste tipo de conceitos abstractos - que não valem um corno. Já o vi, já o presenciei e, agora nesta etapa da minha vida universitária, convivo com tal. Tal como o vi em casos opostos. Há que identificar a especial apetência do povo português nesse aspecto. É um povo muito interessado nos bens de terceiros, na vida de terceiros, daí que ai imprensa esteja recheada de revistas do chamado “jet7” e a televisão de programas completamente fúteis. Programas que, num país de 10 milhões de pessoas, conseguem ter audiências de quase 2 milhões de pessoas, ou seja, 20% da população. Entretanto, o 25 de Abril é o dia em que celebramos o fim do domínio espanhol…

Quem merece ser ajudado tem a minha total compaixão. Ajudo quem merece. Pobre por ser pobre, rico por ser rico, não são suficientes informações para os meus actos. Merecimento! Palavra-chave. A verdade é que todos queremos ser ricos, do ponto de vista financeiro e do ponto de vista pessoal/humano(algo que prezo muito). Esperemos que tal seja alcançado com mérito e esforço, nada mais.

Não pretendo filosofar muito sobre o tema, e muito menos tentar enobrece-lo com tentativas ocas de argumentação superior, mas deixo aqui duas das minhas citações favoritas:

“The property of some persons seems to consist in having improper thoughts about their neighbours”, F.H Bradley.

“Morality is not really the doctrine of how to make ourselves happy but of how we are able to be worthy of happiness”, Kant.

O aspecto cultural é um factor muito importante na relação entre classes sociais superiores e as restantes. É simplesmente impossível separar esta questão de outros vértices da sociedade: justiça, sistema fiscal e sistema educativo.

A conclusão está escrita no próprio artigo (‘esqueceste-te’ de colocar esta parte para quem não percebe inglês): as classes mais altas, por serem mais autónomas e derivado da independência que o dinheiro lhes proporciona, acabam por desenvolver menos as suas capacidades de relacionamento social.
As mais baixas têm que recorrer mais vezes à ajuda de vizinhos, amigos e familiares para as mais diversas tarefas, o que leva a que as suas capacidades sociais sejam superiores, logo e por arrasto são mais empáticas.

Bestas existem em todos os cargos, mas tenho que concordar que normalmente dá mau resultado colocar um ‘puto’ numa posição de chefia sem primeiro saber o que é estar sob a chefia de alguém.
Conheço vários casos desses, trabalhei directamente com eles, mas também conheço casos de pessoas de pessoas de famílias abastadas que foram obrigados a começar pelas posições mais baixas dentro da empresa de família até provarem que tinham capacidades para a chefia e que resultaram em excelentes chefias.

O que significa que o que é realmente importante é a educação que se recebeu e não o berço onde se nasceu… nascer em berço de ouro não significa automáticamente ter tudo de mão beijada.

Costuma-se dizer que ninguém é bom general sem ter sido primeiro bom soldado, eu concordo a 100% com esta frase e os militares são um bom exemplo neste caso: todos passam pela mesma recruta e não há oficial nenhum que não saiba primeiro o que é ser soldado e estar mais abaixo na hierarquia.

Havia muito mais por onde pegar nisto tudo, como por exemplo no conceito de ‘rico’ e de ‘classe alta’, mas parece-me que não vale a pena.

Nao somos nós que atribuimos nem deixamos de atribuir, foi o estudo feito na tal universidade Norte Americana…A tal que nem temos o direito de saber qual é.

Assim tornas-te muito previsível.
Era de esperar que viesses colocar a culpa de ser pobre na preguiça e desinteresse da classe trabalhadora. Algo que todos sabemos ser uma profunda mentira, já que aqueles que mais trabalham, aqueles que deixam de estudar mais cedo e quem mais sofre as injustiças do sistema capitalista de estado (habilmente dirigido pelas elites e consequente brown-noses necessários ao bom funcionamento do sistema) sao os pobres, ou a classe trabalhadora, se preferires.

De momento em Inglaterra parece-me que há cinco desempregados para cada vaga, nos EUA julgo que a desproporção seja ainda maior, em Portugal imagino que seja igual.

Qual é o teu conselho?
Pull yourself up by your boot straps? Isso é tudo muito bonito em teoria, podendo até ser possível que até tu ou eu tenhamos conhecimento de (muito poucos) casos onde tal aconteceu… Mas estás consciente que por cada uma pessoa que enriqueceu a “trabalhar” tens outros cem que nunca saíram da cepa torta, muitos deles não foi por falta de esforço ou dedicação.

Falas em inveja como se tal sentimento fosse limitado apenas aos pobres, quando o maior problema com que nos debatemos neste momento e refiro-me a escala mundial, é a ganancia dos poderosos…Basta ver a pressão feita pelas varias Chambers of Commerce, especialmente as dos EUA, que gastam milhões em campanhas de relações publicas para nos convencer que o Aquecimento Global não existe…Porque razão fazem tal coisa? Devido aos seus membros quererem sempre mais dinheiro e/ou poder, mesmo que para tal se corra o risco de obliterar a Humanidade.

Provavelmente até deves saber que os ricos sofrem muito quando, por exemplo, se dão conta que o seu vencimento anual é de vinte milhões, uma ninharia, já que o tipo que vive na propriedade em frente (uns bons quilómetros de distancia) aufere cinquenta milhões anuais…Fazendo crer aqueles que apenas possuem vinte ou trinta milhões que nao passam de uns pobres coitados.
Esta é a única explicação para a constante ganancia que nos atrasa a vida a todos: E quando digo todos, refiro-me aqueles que com o seu suor e trabalho sustentam os ricos.

Agora nao tenho mais tempo para continuar a debater contigo, algo que prezo bastante e que faço com muito gosto. Mais tarde ja irei responder ao resto do teu post, por agora deixo-te aqui este video, que julgo já ter aqui colocado, eu ou outro forista.

Prometo-te que voltarei ao tópico, especialmente devido ao factor da “caridade”, algo que o Zizek explica muitíssimo bem.


Charity creates a multitude of sins.

Oscar Wilde

RSA Animate - First as Tragedy, Then as Farce

PS: Nao é ter inveja mas sim estar consciente da injustiça.

Nick Jagger, não sei se sabes mas os oficiais nunca são soldados, nem sequer sargentos…E eu convencido que tu eras um grande militarista cheio de amigos e conhecidos na mais altas esferas da Defesa Nacional…Será que estou a fazer confusão?

Já agora, quando quiseres “pegar” no conceito de rico e classe alta, “pega” também no conceito de pobre ou classe trabalhadora. Ou nesse conceito já não vês nenhum problema de definição? Será esse mais um exemplo da falta de empatia das classes altas e/ou daqueles que se lhes querem juntar a todo custo?

A parte a negrito tive que ler duas vezes para ter a certeza que não estavas na renação (como se dizia lá no meu bairro de gente pobre).

Então tu achas que prova alguma coisa ‘começar por baixo’ na empresa do papá?
Nao sei qual é a tua experiência profissional, mas eu nunca conheci nenhum filho de patrao que nao fosse tratado como tal. Até porque te estás a contradizer. Ora repara.

Começas por tentar desculpar as classes altas com o ‘facto’ de não terem tanta experiência no convívio humano devido a ‘independência’ que o dinheiro lhes proporciona mas depois dizes que para se ser bom ‘general’ (patrão, C.E.O.) tem que se ser bom soldado (empregado, funcionário).

Então em que é que ficamos? Se muitos elementos das classes altas são generais sem primeiro terem sido bons soldados, quererá isso dizer que ocupam cargos para o qual não são qualificados? Ou estarás admitir que não tendo as classes altas adquirindo a experiência necessária, a tal que as classes medias e trabalhadoras conseguem com o convívio do dia a dia, acabam por ser a causa da grande maioria dos problemas com que nos enfrentamos hoje em dia?

Cá também se passa o mesmo os pobres são muito mais sensiveis e humanos do que os nababos, que se preocupam mais com Porsches e offshores e em regatear o ordenado mínimo.

Tenho estado a procrastinar uma resposta neste tópico.

O Daniel falou em inveja. Por experiência própria acho que em Portugal a inveja não é um exclusivo das classes baixas.

Pelo contrário, é muito transversal e está enraizada na nossa cultura. Não sei se é assim noutros países europeus mas aqui há muito “olho gordo”, uma falta de escrúpulos desde o Manel que denuncia o Jaquim porque lhe tem rancores mesquinhos até ao Eduardo Barroso que já estava a maldizer o seu amigalhaço JÊBo por pensar que tinha ficado sem convite. É um país de vaidosos, exibicionistas, cuja melhor representação está no novo-rico ou no gajo que por ser bófia pensa que pode humilhar o próximo.

De alto a baixo é difícil encontrar gente humana por aqui.

Os ricos por cá… a maioria vive em redomas de vidro, especialmente os ricos urbanos. Quantos não conheci que nunca fizeram a pé o quilómetro que os separava da escola?

Podia contar tantas histórias que nem sei por onde começar. Às vezes sinto-me muito alienado da hipocrisia social.

Inveja…É sempre a mesma desculpa.

Aposto que antigamente os reis também diziam que a plebe lhes pretendia cortar cabeça por terem inveja.
Nada mais, aliás não há injustiça nenhuma na cabala mais ou menos publica entre banqueiros, grandes industrialistas, políticos e serviços de segurança.
Os ricos/elites controlam o mundo em que vivemos de uma forma totalmente merecida e proporcional ao esforço investido por eles e pelos seus antecessores.

Quem acreditar em neste contexto imaginário, artificial e imposto desde o topo, anda a enganar-se a si próprio.

[center]The Workers Song
by Dropkick Murphys[/center]

[center]
[b]Yeh, this one’s for the workers who toil night and day
By hand and by brain to earn your pay
Who for centuries long past for no more than your bread
Have bled for your countries and counted your dead

In the factories and mills, in the shipyards and mines
We’ve often been told to keep up with the times
For our skills are not needed, they’ve streamlined the job
And with sliderule and stopwatch our pride they have robbed

[Chorus:]
We’re the first ones to starve, we’re the first ones to die
The first ones in line for that pie-in-the-sky
And we’re always the last when the cream is shared out
For the worker is working when the fat cat’s about

And when the sky darkens and the prospect is war
Who’s given a gun and then pushed to the fore
And expected to die for the land of our birth
Though we’ve never owned one lousy handful of earth?

[Chorus x3]

All of these things the worker has done
From tilling the fields to carrying the gun
We’ve been yoked to the plough since time first began
And always expected to carry the can[/b]

Dropkick Murphys - Worker’s Song (with lyrics)[/center]

BIG UP THE WORKING CLASS!

Shat on from birth, allways denied what we deserve but we still have twice the manners of any rich man!

Good Yazalde! :clap: :clap: :clap:
.
Ainda bem que, tal como o Viridis, :rotfl: :rotfl: :rotfl: não procrastinaste!!! :rotfl: :rotfl: :rotfl:

Não é isso que a ciência nos diz. Aliás, este estudo não é uma peça virgem no campo da Psicologia Social. Os dados obtidos mostram, inequivocamente, que as pessoas de classes sócioecónomicas superiores têm mais dificuldades em avaliar as emoções alheias. Sendo a empatia uma forma de identificação emocional com outra pessoa, percebemos que esta capacidade não é distribuída de forma igualitária por todas as classes.

Os autores deixam algumas pistas sobre as razões que levam a estes resultados. Uma das sugestões é a de que as pessoas com mais capacidades financeiras dependem menos de terceiros e, por isso, desenvolvem menos competências empáticas e de relação interpessoal. Porém, o mais interessante disto tudo nem são as causas desta falta de empatia. É antes a clarificação de porque é tão difícil proceder a alterações sociais significativas que levem à construção de um modelo onde a distribuição de riqueza seja mais equitativa. Sabemos que, actualmente, as pessoas com mais poder na sociedade são aquelas com maior capacidade económica. São elas que têm nas mãos a chave que abre a porta da mudança. No entanto, através deste estudo, podemos concluir que estas pessoas têm menos capacidades empáticas que as restantes. Estão, portanto, menos atentas ao sofrimento alheio. Desta forma, não se irão mobilizar para proceder a alterações significativas no modelo actual. Não é por acaso que as grandes mudanças são feitas através de revoluções violentas contra as estruturas de poder. Basta olhar para o exemplo da revolução francesa.

A palavra final dos “Lusíadas” é inveja. O grande poeta já sabia, há vários séculos atrás, como caracterizar correctamente o povo português:

“Ou fazendo que, mais que a de Medusa,
A vista vossa tema o monte Atlante,
Ou rompendo nos campos de Ampelusa
Os muros de Marrocos e Trudante,
A minha já estimada e leda Musa
Fico que em todo o mundo de vós cante,
De sorte que Alexandro em vós se veja,
Sem à dita de Aquiles ter enveja.”

:arrow:

Por alguma razão, apenas uma baixa percentagem de mulheres chegam á liderança onde quer que seja. São mais emotivas.

De resto, concordo e bastante com o post anterior.

Todos os anos surgem estudos que se contradizem. Todos os anos. Por acaso, vocês conhecem pessoas “ricas”? Convivem diariamente com pessoas de elevado rendimento? Eu convivo diariamente com todo o tipo de pessoas, na óptica do rendimento, o caso deste tópico. Ambos os lados possuem os seus podres. No que diz respeito a inveja, sinto-a todos os dias, quando ando no meu carro, um Mercedes-Benz. As pessoas acham estranho, certamente tratam de produzir “estudos individuais” sobre a razão que leva um jovem a poder ter um carro bom. Por outro lado, digo eu, não sabem - nem devotam 2 míseros segundos - que este jovem que anda de Mercedes é licenciado numa boa universidade, a melhor de Portugal no curso em questão, e também aluno de uma das melhores universidades do Mundo. Sem cunhas, o mais importante.

O problema é mesmo esse, no fundo, é o rápido julgamento sem ter provas ou conhecimento empírico.

E sobre a relação entre pessoas de classe social diferente, também eu sou um bom exemplo desse aspecto. Tendo sido expulso de dois colégios privados, tornei-me aluno do ensino público. De forma a poder andar com os meus colegas da dita escola, comprei o meu passe. Andava de autocarro. Não me custava nada. Não, até me custava, porque prefiro o conforto de uns bons estofos de pele e de um carro que vai dos 0 aos 100 em cerca de 4 segundos. Mas apreciei a experiência, não tenham dúvidas, tal como apreciei a experiência de andar de metro durante 1 ano inteiro. Não que tal seja um fenómeno ou um sacrifício da minha parte, mas trata-se de vos dar um exemplo de um “rico” - quero acreditar que também do ponto de vista social e humano - que se relaciona com todas as pessoas, de todas as cores, de todos os partidos, de todas as crenças. E não é uma obrigação, um sacrilégio, mas um dever meu enquanto cidadão, enquanto elemento de uma sociedade toda ela composta por pessoas diferentes. E penso que conseguiria escrever um livro sobre as detalhadas impressões das várias pessoas que frequentavam o comboio que funciona na Linha de Sintra. Conversas muito profundas e importantes, como as obras que a vizinha faz no prédio, as visitas que tem, entre outros detalhes muito importantes da vida de terceiros. Frases pré-concebidas tais como, e tal fez-se ouvir várias vezes nos últimos dias, “ainda dizem que não há dinheiro”, entre outras de similar intenção, são generalizações e apreciações de gente sem valor intelectual. Detesto esse tipo de merdas, a sério.

Vivemos num planeta com 6 mil milhões de pessoas, e certamente não será um estudo que me dirá como são os ricos ou os pobres. Poderá, é certo, dar-me uma ideia geral, mas só isso. E como sei aquilo que tenho, e como me comporto na sociedade, não admito que venham aqui colocar rótulos seja a quem for, seja rico, seja pobre, seja branco, seja preto, seja católico, seja comunista, seja o que for. Penso que sabem que não tenho sentimentos muito agradáveis por comunistas ou pelo sistema comunista, mas não afirmo que todos os comunistas querem gulags, que todos os comunistas querem roubar quem mais tem. É esse tipo de generalizações que fomenta ódios, por exemplo contra quem não é natural de um país. As queixas registadas no SOS Racismo informar-nos-ão que todos os brancos são racistas, que todos os africanos são vítimas? A conclusão de um estudo efectuado aos relatórios da associação revelarão essa conclusão, parece-me. Gostaria até de saber se a associação estaria disposta a aceitar uma queixa de um caucasiano. Não sei, admito.

Curiosamente, no outro dia li um estudo sobre aquele que é o maior custo das pequenas e médias empresas norte-americanas - custos que não decorrem da actividade da empresa. Não me alongando sobre a sua conclusão, certamente não virei aqui afirmar que todos os funcionários são ladrões, ou que a maioria o é ou pretende sê-lo.

Já agora, qual é o valor desse estudo? Utilizarão o dito para vos guiar na sociedade? O vosso comportamento será diferente porque o estudo defende que os ricos são isto, são aquilo, ou irão moldar o vosso comportamento à pessoa em questão? A última opção é a mais sensata. Digo eu.

Existem ricos que são uns merdas da pior espécie? Sim, certamente. Existem ricos humildes? Sim, certamente. Quem me dera que parte maioritária da população portuguesa pagasse 46,5% de IRS. Ou, como eu defendo em tempos de crise, 60%. Mas isso sou eu, um “rico” de um outro planeta, de uma estirpe minoritária. Comparativamente aos verdadeiramente ricos, como o Amorim, eu sou um mendigo. Toda a minha família o é, já agora. Orgulhoso me sinto em saber que toda a riqueza dos meus familiares adveio do trabalho árduo, do esforço, da vontade de ter um pouco mais. Muito orgulhoso! É um elã familiar de valor inestimável. A minha riqueza não é imaterial, não depende da flutuação da bolsa de valores, é uma riqueza que advém do trabalho regular, do dia-a-dia.

Alguém daqui que não queira ser rico? Sim, com certeza aparecerão muitas Madré Teresas Calcutá. “Não quero ter muito, quero ter o suficiente”. Está bem. Não fosse o Euromilhões tão conhecido e participado…
O problema não é o dinheiro, é aquilo que se faz, ou não, com ele.

O meu avô português dizia-me, quando eu era pequeno, que em Portugal não se pode levar anéis nem carros bons quando se planeia comprar algo cujo preço é negociável. Sapiência de um velhote que não acabou a 4ª classe.
Ou, para quem prefere analisar a questão através de um aspecto mais técnico, é unicamente o balanço entre a procura e a oferta.

Poderei estar a cometer um erro grotesco, uma generalização demasiado insipiente, mas não é este o país do facilitismo e da cunha?

Alguém daqui viu o documentário da RTP sobre a economia portuguesa? O facilitismo transbordava em todas as imagens, em todas as palavras, em todos actos. A cultura da cunha é transversal a toda a sociedade, do funcionário de limpeza ao presidente. Daí que Portugal se vagueie por esse mundo armado em pedinte.

Ah, felicidade e riqueza pessoal e financeira para todos vós! :beer: (não é cerveja, é Compal Pêssego).

Divaguei um bocadito, mas não faz mal.

@Danielw, sem cunhas não duvido, mas seguramente tens boas posses para lá andares, não é acessível a quem quer, nem a quem se esforça muito, presumo :stuck_out_tongue:

É certo que quem nasce num meio rico, continuará rico, salvo se for mesmo muito muito burro, dinheiro gera dinheiro, sempre assim será.

Mas como o Yazalde refere a larga maioria é rica porque é amiga deste e daquele, aprende a roubar com o outro, e a esquivar-se dos apertos com o fulano.

Mas há casos também de pessoas pobres e que fruto do trabalho árduo conseguiram montar um negócio que por sua vez os enriqueceu, qb. O meu avô por exemplo nunca roubou ninguém, aprendeu a fazer fatos aos 14 anos, pouco depois despediu-se da minha avó e esteve 2 anos a fio, a trabalhar em Rhode Island, numa fábrica de roupa, deixou cá o meu pai ainda bebé. Quando voltou trazia no bolso o know-how, e o dinheiro para abrir uma alfaiataria e comprar a casa que ainda hoje tem numa Aldeia da Beira Alta. Assim foi. Fruto dos rendimentos dessa loja o meu pai pôde estudar num colégio e por sua vez vir trabalhar e viver para Lisboa, onde me teve a mim e onde eu tive a oportunidade de tirar um curso universitário, coisa impensável para esta família ainda há 40 anos atrás! O esforço do meu avô pode ter virado o destino de uma família que até então, como muitas outras, não sendo miserável não tinha grandes confortos na vida. E como o meu avô, há muita gente, gente que construiu impérios!

Conta-se que o Sousa Cintra era isto e aquilo, o certo é que veio dos Algarves com 15 anos, vendeu aguarelas ou lá que raio era aquilo, e tendo a 4ª classe conseguiu aquilo que sabemos!
Conta-se que o Maló era isto e aquilo, o certo é que veio retornado e passou cá fome!

Ás vezes nem é tanto o roubar, mas sim o ser esperto, nesta sociedade quem for mais esperto vence sempre os mais inteligentes! E há que dar mérito à esperteza. Agora cunhas, essas é que me metem mesmo nojo. Todos os cábulas do meu curso estão em boas empresas, sem precisar enviar CV. Entristece qualquer um.

Já agora, sobre o metro, todos os dias viajo nele até ao Marquês e posteriormente Rua Braancamp, e o que não falta é ricos a viajar de metro!

Majestade,

a LSE não é somente frequentada por pessoas com muito dinheiro, muito pelo contrário. Na minha turma tenho vários colegas de classe média e muitos com direito a planos especiais de financiamento, algo que é normalmente sonegado por quem aprecia - não no teu caso - criticar quem frequenta universidades de qualidade. Acredito que os “ricos” sejam menos que os restantes. Aliás, sou bem capaz de prometer.

Aliás, e agora entrando num campo diferente, no ideológico, a LSE albergou várias mentes marxistas, várias pessoas com fortes ideias de Esquerda. Ainda o faz.

Em relação ao caso do teu avô, o mesmo aconteceu com os meus. O meu avô inglês começou a sua vida profissional aos 12 anos de idade, como mineiro. Participou na II Guerra Mundial,. O meu avô português, também tenrinho na idade, deslocou-se da humilde vila Tabuaço para Lisboa. A casa onde vivia estava demasiado cheia, consequência do número de irmãos, 18.

Alguém começa o trabalho, certamente alguém colherá os seus efeitos. Resta-me ser competente o suficiente para manter, pelo menos, o actual esforço, o actual mérito, os actuais resultados, bons. Embora não seja evidente de algo literalmente empírico, sou o 1º licenciado da família. Já fiz o trabalho menos recompensado, durante 1 ano, pelo que não saltarei imediatamente para a administração sem primeiro conhecer o “terreno”.

De riqueza financeira e material sem mérito, só conheço uma classe/profissão: realeza. Direitos supostamente divinos estão longe de ser meritocráticos. Desde os primórdios da família em questão, mérito jamais existiu.

Tudo o resto é relativo e depende do caso em questão.

É verdade isso que referes, é a tal inveja, quando se vê um mercedes ou uma info a dizer “@ LSE London”, a tendência é logo “cabraozinho rico”… :mrgreen:

Mas realisticamente, não vamos mais longe, eu por exemplo pertencendo à classe média tuga, poderia andar nessa instituição? Basta ter uma boa média? Duvido que baste! A menos que fosse um génio, e arranjasse bolsas. A “injustiça” de certo modo está aí, repara que uma pessoa rica tem sempre muito mais facilidade em entrar nos sítios que ensinam, e por conseguinte maior facilidade em desenvolver a sua cultura e em ter melhores notas do que um pobre, e esse facto perpetua a miséria. O pobre teria de ser um génio, ao rico basta-lhe ser bom.

Riqueza sem mérito tens os que ganham o euromilhões. :shhh: