Urgência: «O que quer que faça?»

A emergência médica em Portugal apresenta sérias falhas, nomeadamente, nos pequenos concelhos do país. As deficiências podem ser encontradas na comunicação entre os vários intervenientes e nos protocolos a seguir em caso de alerta de um possível acidente mortal. A difícil resposta a casos de emergência ganha corpo através da reprodução de chamadas telefónicas do INEM, feita pela SIC.

O pedido de assistência, ouvido na noite desta quinta-feira, mostra como foi efectuada a assistência a António Moreira, que caiu em casa durante a noite. As dificuldades de comunicação começam na chamada inicial que dá conta do acidente. O irmão da vítima indica que este deverá estar morto, no entanto, a «forma gélida» como participa a ocorrência leva a operadora a hesitar nos meios que deve accionar.

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Quando finalmente se inicia o processo de contacto dos meios a confusão instala-se, sem que se note em qualquer momento «a urgência de responder a uma urgência». Numa chamada que dura nove minutos, os bombeiros de Favaios não conseguem dar resposta à ocorrência. O bombeiro de serviço não sabe o que fazer e está sozinho. Acaba por ser a cooperação de Alijó que dá resposta e chega ao local 30 minutos depois. Já a viatura médica do INEM chegou 44 minutos depois, segundo as informações oficiais. No entanto, familiares da vítima afirmam que a VMER de Vila Real só chegou «duas horas depois».

Os responsáveis pelas corporações de Favaios e Alijó acreditam que houve um mal entendido. Defendem, porém, que não foi isso que pôs em causa o socorro de António Moreira, 44 anos, que faleceu na madrugada de terça-feira, na sua casa em Castedo do Douro, concelho de Alijó, depois de uma queda, em que terá batido com a cabeça, e que o terá deixado a sangrar.

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Na chamada fica ainda patente as dificuldades causadas com o fecho das urgências nocturnas e a necessidade de transportar os doentes para os novos pontos de atendimento.

«Muito trabalho a fazer»

O ministro da Saúde, Correia Campos, admitiu à SIC que «há muito trabalho a fazer». O ministro explica que o familiar «fez bem» em chamar o 112, apesar de ter a percepção de que a vítima já tinha falecido. Correia Campos, reconhece que há necessidade de realizar «trabalho de articulação com os bombeiros», mas o Governo está «a cobrir o país com ambulâncias». O ministro recusa, no entanto, que estes casos são sejam frequentes.

O presidente do INEM reconhece também que «há falhas», no entanto, a emergência no país é «eficaz e está a melhorar».

A Liga dos Bombeiros reconhece as «vulnerabilidades» nas emergências. O presidente, Duarte Caldeira, admite as falhas «graves» em concelhos pequenos, como Viana do Castelo, Vila Real, Viseu e Guarda. O responsável sublinha que o caso demonstra que o INEM não faz a cobertura nacional no pré-hospitalar.

O Comandante do CDOS de Vila Real adiantou ao Correio da Manhã que não foi dada a «resposta adequada» pelos bombeiros de Favaios e que se tratou de um «lapso que não pode acontecer». A corporação terá já aberto um inquérito.

[i]Notícia retirada de: [url]http://www.portugaldiario.iol.pt/noticia.php?id=907794&div_id=291[/url][/i]

Sinceramente não sei se ria ou se chore… :o

Palhaçada!

Este país tem excesso de incompetentes.

Vi isso ontem no site da sic e fiquei chocado. Mas acho uma grande injustiça estar a limitar a crítica aos serviços. As próprias pessoas que fizeram a chamada de socorro pareciam umas atadinhas. Com gente assim no país como é que se pode esperar que as coisas funcionem bem e isto ande para a frente?

Por outras palavras: o que é que se está a criticar aqui? A ineficácia dos serviços? Neste caso esteve ao nível dos seus utentes. É o país que temos, é a gente que temos. Como é que se pode exigir competência e eficácia quando não há massa crítica para ter gente competente e eficaz?

É triste, é apenas o que digo.

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Não sei se fique mais chocado com a ineficácia dos serviços ou com a burrice da população. É que nem o número de telefone nem a idade sabem dizer, nem sabem o que devem pedir, dizem de repente que afinal, se calhar está morto… :o

Eu no lugar do operador também ficava com um pé atrás…Há pouco tempo deram umas estatísticas sobre o número de chamadas falsas e era assustador. Isto só revela a pobreza franciscana que impera na nossa população que depois pede medidas e reclama, quando são os principais intervenientes. Isto é como no futebol: o lugar na tabela revela a qualidade da equipa; aqui, a qualidade da população revela a posição/estado do país.

Portugal se não se desenvolvesse assim, não sei se conseguiria ser inventado :cartao:

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Quando se desata a criticar serviços, e se esquece tudo o resto, as histórias contam-se como se querem contar!
Vão visitar um centro de atendimento de emetgências e vão percebe ro porquê de tanta poergunta, de tanta desconfiança numa altura de atender a população!
Junte-se a isso o tipo de população que se tem, e temos o tal mau serviço!

Não temos os melhores serviços de urgência, é verdade! Não temos nem nunca vamos ter enquanto as próprias populações acharem que os serviços de urgência são para curar constipações, para pedir informações, ou mesmo para ter transporte de ambulância gratuito entre locais!

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Completamente de acordo! :clap:

É o mito do bom selvagem. O mito do povo “profundo” que é bom e puro. :smiley:

Eu vi os 2 vídeos do início ao fim.

No primeiro vídeo, nada de especial. A senhora que atendeu fez o que deveria ter feito, nem mais nem menos, e o único pormenor que poderia ter melhorado foi o de pedir à pessoa para ligar de novo o 112 e escolher “Autoridade” quando ela podia muito bem ter feito uma ligação directa para lá. De resto, só não foi possível saber mais porque as pessoas não souberam informar e o tempo da chamada foi adequado para a incerteza da situação (não é culpa dela que as pessoas não tenham noções de suporte básico de vida, do que devem dizer quando ligam para o 112: onde estão, qual é o número de onde ligam e se o caso que têm à frente é urgente ou não).

Já no segundo vídeo, o que transparece é uma desorganização total dos serviços. Em primeiro lugar, não sei o que está um médico a fazer de pivot naquilo tudo - deve ser para se gastar mais um bocado de carcanhol a pagar um médico em horas extra. Em segundo lugar, é inconcebível não se saber que ambulância se deve dirigir a determinada zona geográfica. Em terceiro, é risível que um bombeiro de chamada não saiba o procedimento a adoptar para situações de urgência.
A gestão deste tipo de serviços assenta na tomada de decisões num curto espaço de tempo e para isso são necessárias rotinas e procedimentos pré-estabelecidos em que toda a gente tem os telefones de quem precisa, toda a gente tem as rotinas à frente sobre o que deve fazer perante determinada situação e colocar a máquina a funcionar depressa. Essa organização deve ser feita pelas direcções regionais de saúde (deixem lá os médicos a fazer o que eles sabem fazer) e tem que estar tudo preto no branco para não haver dúvidas. Existindo organização e coordenação, não são cá precisos serviços de urgência em Anadias e afins que só servem para afundar as finanças dos contribuintes.

O que aconteceu, acontece em todo o lado de vez em quando. É preciso é agora corrigir e ir para a frente.

E serviços de urgência só em Lisboa e talvez no Porto (em estudo :D) ainda ficava mais barato para o contribuinte. Existirá sempre a possibilidade de no interior( e litoral periférico :D) se ir a Huelva, Badajoz, Salamanca, Zamora, Orense e Vigo.

LOL, também não exageremos ;D

Mas lá que temos urgências a mais (e SAP’s e sei lá mais o quê), lá isso temos. Eu estou numa região do tamanho de um terço de Portugal e existem 3 hospitais com 3 urgências que servem 150 000 pessoas aproximadamente e pronto (sendo um hospital central e 2 periféricos apenas com Medicina Interna e Cirurgia Geral)… os centros de saúde fecham a partir das 17.00 e existem 2 centros de saúde na região inteira que abrem ao fim-de-semana entre as 8.00 e as 16.00 para dar apoio extra às urgências hospitalares nos locais periféricos, mas de resto, nada mais.

As pessoas criticam muito o fecho das urgências, mas depois não criticam que um caso de trauma grave ou enfarte, ao chegar às urgências, demore por vezes 3 horas a ser atendido - não, o que interessa é ter a urgência a 15 minutos. ;D

E como é o atendimento aí? Os bombeiros são profissionais, não? O problema aqui são as acessibilidades em algumas partes do interior e o depois o socorro a uma situação de emergência é muito deficiente, como este caso o demonstrou. O homem que caiu da escadas morreu logo, mas se não tivesse morrido, não tinha hipótese de sobreviver com tanta demora que houve.

Às vezes faço viagens por Portugal de carro e confesso que tenho sempre muito receio de ter algum acidente grave, precisamente porque coisas destas não são novidade alguma. Agora está muito nas notícias porque tudo relacionado com a saúde se transformou numa arma de arremesso político.

E depois há uma coisa muito perturbante na maneira como se fazem as coisas em Portugal. Estão planeados uma série de grandes investimentos turísticos em áreas como a Serra da Estrela ou o Oeste. Essas áreas não tinham uma população muito significativa e por consequência os hospitais aí localizados não têm muita capacidade. Daqui a uns anos a densidade populacional vai aumentar significativamente, pelo menos na época de férias. Que eu saiba, não estão planeados investimentos para o SNS dessas áreas. Pelo contrário, até fecharam urgências, no Oeste pelo menos. E então vamos ter nessas regiões os mesmos problemas que existem hoje no Algarve, que tem um hospital em Faro a rebentar pelas costuras. ^-^

:offtopic:
Há dois anos estive três dias em Oslo e gostei muito. A Noruega é um país muito bonito. Admiro muito o espiríto independentista dos noruegueses. Pena é o custo de vida aí ser tão alto para nós portugueses, senão voltava à Noruega para passar lá mais tempo de férias.

Uma anedota… é o que é este governo no que respeita à saúde.

Ainda a pouco no Telejornal do canal 1:

Reunião sobre emergência, o Ministério da Saúde decide com o INEM e bombeiros melhor transporte de doentes.

Quer dizer, primeiro fazem a reestruturação das urgências e só depois é que se reúnem para decidir o melhor transporte de doentes?

Outra: Comprados desfribilhadores para os Bombeiros, que não os podem usar, pois não estão habilitados para tal.

Pois é…

Outra coisa, que não tem a ver com saúde, mas também não deixa de ser caricata, é que o governo vai baixar uma medida que irá aumentar o preço das lâmpadas que consomem mais energia, no sentido de incentivar o uso das outras, que consomem pouca energia. Correndo o risco de ser considerado ingénuo, não seria melhor abaixar o preço destas últimas?

Voltando a saúde, cá no norte, se estivermos num daqueles dias em que a A24 tem de ser fechada por causa da neve e do gelo, ai de que precisar da urgência nesse dia. Mas o Ministro da Saúde não consegue perceber isso. :inde:

Em relação ao primeiro video acho que não tem nada de especial apenas só tenho a admirar a forma descontraida que a pessoa que telefonou para o inem diz “Ele já parece estar morto”, pelo menos diz aquilo de uma maneira que até parece que não se importa.
Agora em relação ao segundo video já demonstra como está o nosso serviço nacional de saúde, está como as pessoas que necessitam dele está de boa saúde e sempre em cima.(ou então não)

Em relação à primeira, é ridículo que tenha de ser um Ministério da Saúde a decidir como é que tem de ser feito o transporte de doentes… isso é ou deveria ser tratado a nível regional com os centros de coordenação já existentes.

Quanto à segunda, é ridículo que os Bombeiros não possam usar desfibrilhadores porque não têm “habilitação”? O que é isso? Bolas, não há ninguém na ARS que se lembre de marcar uns dias no calendário para os bombeiros se reunirem ali durante 1 horita e aprenderem a mexer naquilo? Só visto…

Duas ou três respostas curtas…

  1. O atendimento dos bombeiros é como outro qualquer penso eu, mas raramente são eles que tratam dos acidentes (pelo menos dos feridos). As ambulâncias costumam fazer a cobertura de tudo. Agora, não existe sequer um médico em cada ambulância (como existe em Portugal em cada VMER)… são todos paramédicos, têm dias no mês em que fazem formação, com parte prática e ensino repetido de rotinas e procedimentos que não se podem esquecer (por exemplo estão autorizados a dar morfina até determinada dose em determinados casos, mas se quiserem um B-bloqueante por causa de uma taquicardia têm de telefonar ao médico que está de urgência para um número especial que liga a um telefone vermelho só para as ambulâncias).

  2. Não vale a pena o pessoal queixar-se das estradas em Portugal… tirando a travessia até Piódão :mrgreen:, tudo o resto é uma maravilha comparado com a condução na neve e no gelo.

  3. O planeamento estar a ser feito pelo Governo Central não é o mais adequado, já que o Governo sabe lá do que é que as populações locais precisam ou vão precisar… isto é o problema de não existir Regionalização, mas isso é como FSF e os Sportinguistas, certo? Até houve um Referendo e tudo sobre isso.

  4. Por fim, Oslo é de facto muito bonita e também demasiado cara (7€ por uma cerveja no centro tem que lhe diga). Mas também se ganha a potes por lá :wink:

Bom, sou um bocado suspeito por viver em lisboa, mas tambem nao se pode criticar tanto so porque sim. Acho que o PM esta a fazer mal em fechar TANTAS urgencias, mas a verdade e que como estão as finanças neste pais, não podemos ter uma urgencia em cada 100 metros porque sim.

O que ninguém percebe, e que se agora esta toda a gente contra o PM, vão eleger outro porque não gostam do Socrates, que depois provavelmente vai baixar os impostos, abrir uns hospitais, enfim, deixar as contas do governo num desastre. E daqui a uns 8 anos, toca a subir os impostos duma maneira brutal para baixar o défice. E la continuaremos num loop constante.

Toda a gente fala de Espanha…mas o que secalhar não repararam, e que quando esteve la o Felipe González, eles tiveram que apertar (e bastante!) o cinto, e depois o José María Aznar deu seguimento as politicas de contenção do PM anterior, e assim, passado algum tempo, as finanças ficaram nos eixos, ao contrario do que se faz aqui em Portugal. Um baixa o défice. Vem o próximo, aumenta. Outro baixa. Outro aumenta…e vai continuar assim ate as pessoas se aperceberem da cagada que fazem.