Perdi um pouco de tempo a ler o nosso relatório de contas e a fazer contas para vos apresentar como o nosso Sporting é sustentável sem comprometer resultados desportivos. Deixo aqui o que efectuei para vos apresentar as contas, deixando já patente que tive como base o Relatório de contas do ano 11/12, pois é o relatório completo mais actual. Retirei do contexto de proveitos e gastos valores mais pequenos e insignificantes, pois pouco iriam afectar as contas e não poderia prever um aumento ou recuo dos mesmos. Parti das seguintes premissas:
Aumento de receitas de bilheteira e quotizações, com uma direcção capaz de motivar a massa adepta e associativa;
Aumento já verificado nas receitas de direitos televisivos;
Diminuição dos custos de pessoal para cerca de metade;
Participação anual na liga dos Campeões com duas vitórias na fase de grupos da mesma, ou 1 vitória e 2 empates, o valor é o mesmo;
Acrescentei no quadro valores para um período de transição, onde ainda se verificariam perdas mas que o objectivo passaria logo, à partida, pela qualificação para a Liga Europa.
Deixei propositadamente, no pretendido, o valor de aquisições e vendas em branco, para podermos partir de uma tábua rasa em termos de diferenciação de custos e proveitos. Apesar do mencionado, se os pressupostos fossem cumpridos com uma margem de erro baixa, seria perfeitamente possível, a curto prazo, subir os custos com pessoal para a casa dos 30M de euros. Em alternativa, pode-se utilizar a maior diferença para abater Juros. Em caso de vendas avultadas, por exemplo, >20M anuais, então seria perfeitamente exequível aplicar esse valor apenas em amortização.
Dei uma vista de olhos pelo documento e à primeira vista nem tem nada do outro mundo mas no entanto surgem-me algumas dúvidas que se calhar conseguias esclarecer-me
Ao nível das receitas onde existe um grande aumento é nos direitos televisivos e nas participação nas competições europeias.
Se não estou em erro os direitos televisivos foram renegociados à pouco tempo e grande parte desses valores já os recebemos.
Se assim for aqueles valores seriam alcançados em que época?
Relativamente às competições europeias e partindo do principio que houve um grande desinvestimento no futebol ( redução para 50% das despesas com pessoal) achas que aquele valor seria facilmente alcançado todas as épocas?
Embora ache que o caminho terá de passar por isso (redução dos custos de pessoal, formação de jogadores) como é que renovas a massa associativa se não fores ganhando alguns titulos?
Não tenho plena certeza que as receitas televisivas tenham sido antecipadas, estamos a falar de um valor de 15M anuais até 2018. Os outros 6,7M são respeitantes a, mais ou menos, 1/3 dos 2% que Portugal recebe do Market Pool.
Para ir à Liga dos Campeões basta ficar em 3º lugar, sendo que nesse caso temos de enfrentar a 3ª fase de qualificação/playoff, o que nos dá um bónus de 3,5M, salvo erro, que não foi contabilizado. Sinceramente, creio que mesmo com 22 a 25M de custos com pessoal temos uma mais valia chamada alcochete, permite ter grandes jogadores a custos mais baixos. É perfeitamente possível. Ainda assim, como mencionei no texto introdutório, será perfeitamente exequível aumentar os custos com pessoal quando se começar a vender bem e a participar regularmente na UCL.
Há 4 títulos em Portugal que se pode ganhar, temos que fazer deles objectivo. Seria burrice pensar que, num ano de transição, aquele que menciono, iríamos lutar pelo título. Mais vale estabelecer o objectivo num 3º lugar e apontar baterias à Taça de Portugal/Taça da Liga.
Seja qual for o próximo presidente o caminho vai ser parecido com o do Braga:
-Orçamento para o futebol reduzido.
-Custos com pessoal reduzidos para cerca de metade.
-Plantel assente na formação, bons valores do nosso campeonato e apenas 2 ou 3 jogadores contratados lá fora, e apenas mediante boas condições negociais (jogadores de grandes clubes que sejam poucos utilizados, empréstimos com opção ou parcerias com Fundos).
-Objectivo bem definido no 3º lugar e consequente acesso à Liga dos Campeões e ganhar umas taças.
Este será o caminho nos próximos 5 ou 6 anos. Terá que ser assim se queremos sobreviver e sair mais fortes no final desta tempestade.
Com uma estrutura sólida e competente, um treinador experiente e com provas dadas em Futebol de qualidade que permita valorizar os activos, valorizando-os também, evidentemente, com presenças assíduas na Champions e umas Taças. Vender sempre mais do que comprar.
Maximizar receitas, assentes numa melhoria da relação com os sócios que permita aumentar os nº de sócios pagantes. Melhoria também nos contratos publicitários fruto da presença assídua na Champions.
Terá que, obrigatoriamente, ser este o caminho.
A não ser que apareça algum candidato que não esteja “visível” de momento ou que caso algum dos “candidatos a candidatos” apresente soluções que neste momento não se vislumbram. Mais, as soluções financeiras externas neste momento não se podem restringir ao mero investimento em jogadores (ex: Fundo Russo do BdC, Sporting Portugal Fund ou outros Fundos Estrangeiros), terá que, obrigatoriamente, ser algum tipo de investimento nas contas da SAD, uma recapitalização da mesma, juntamente com uma posição negocial forte junto da banca.
1º Grande parte dos direitos televisivos até 2018, já os recebemos.
2º Aumento de quotização e receita de bilheteira, por mais que aumentes, não acredito que permita grande impacto.
3º Excluís-te da análise, pagamento de juros de dívida, e amortização da dívida em si.
4º Concordo com a redução da despesa com pessoal, mas o problema acaba sempre por ser o mesmo, critério.
Eu concordo contigo, quando dizes que o Sporting é sustentável. O problema é sempre o mesmo, falta de competência.
Há custos não referenciados, que tendo a ver com a transacções de jogadores, também o têm com a amortização do passe dos mesmos. Que haverá no futuro, também, relativas a compras anteriores. E não vejo também os custos financeiros.
O equilíbrio depende de uma politica de contratações quase que flawless, que não estou a vê-la possível com os níveis de competencia similares aos que temos tido.
O pagamento de juros de dívida não se encontra no relatório de contas 11/12, não se encontra no quadro de análise. Eu dos valores que lá estavam apenas retirei valores quase insignificantes, na casa de centenas de milhar de euros, nada de milhões.