Tudo pelos Golos (e o lobby contra o reforço da defesa)

Não concordo mesmo nada que a prioridade seja o reforço da equipa com melhores defesas-laterais nesta pausa de Inverno de 2009/10. O Sporting tem um número de golos sofrido absolutamente normal para um grande e, oh espanto dos espantos, até agora são tantos quantos o Porto (11) e apenas mais dois que o Benfica (9). Se extrapolarmos para o final da época ficamos com cerca de 21, 22, 23 golos sofridos… será isto muito? Vamos ver o registo de 3 épocas passadas onde ficámos em segundo lugar:

2008/09: 20 (campeão: 18)
2007/08: 28 (campeão: 13)
2006/07: 15 (campeão: 20)

Daqui concluo eu que a nossa defesa não está a comportar-se assim tão mal e que o problema não reside na fraca qualidade dos defesas-laterais (que admito não serem grandes espingardas) nem nas dificuldades no jogo aéreo dos nossos centrais (que é decididamente um ponto fraco da nossa defesa), mas sim na dependência que o modelo de jogo implementado por Paulo Bento tinha dos defesas-laterais.

Vejamos: após a saída de Nani, Paulo Bento substituiu um meio-campo de mescla de carregadores de piano e desequilibradores por um puramente musculado, onde o ataque era feito de modo posicional, com pouca velocidade, sem rupturas pelas alas nem troca de bola a meio-campo (se o fez meramente por falta de opções à semelhança do losango forçado de Fernando Santos aquando da saída de Quaresma e Ronaldo, isso é outra questão). Esta transformação fez com que as oportunidades de golo, essas coisas actualmente contra-natura no Sporting que são absolutamente indispensáveis para se marcar golos e que decorrem da criação de desequilíbrios na equipa adversária, passassem a surgir de 2 formas apenas: ou despejando a bola para o meio dos 2 avançados (o célebre chutão) e eles que resolvessem a questão ou então fazendo avançar os defesas-laterais para criar superioridade numérica em determinados momentos e conseguir assim provocar um desequilíbrio.

É fácil perceber que para aquela última opção funcionar é preciso ter jogadores para tal, nomeadamente os defesas-laterais têm de ter excelente stamina (resistência), inteligência táctica suficiente para entrarem em velocidade num “sistema” que à partida está parado (o tal ataque posicional) e ajudarem a provocar o tal desequilíbrio e depois ainda têm de recuar para a defesa e reposicionarem-se muito mais depressa que os colegas quando o adversário recupera a bola. Se olharmos para os defesas-laterais do Sporting, acho que não é preciso ser um génio para perceber que eles não estão talhados para este modelo de jogo e que, ao não conseguir executar com mestria as funções que era suposto desempenharem, acabam por não constituir o tal extra no ataque indispensável à criação do desequilíbrio e obrigam a compensações defensivas várias por parte dos médios-ala e dos defesas-centrais para os “dobrar” vezes sem conta.

Ora bem, então se estes defesas não servem, toca a arranjar melhores defesas-laterais… :think:… mas será que é isso mesmo que queremos? Não será antes o modelo de jogo, assente na bola despejada para os avançados e/ou nos desequilíbrios causados pelos laterais, que devemos tentar alterar?

Eu não sou perito em futebol, mas confesso que não conheço grandes do futebol europeu que baseiem todo o seu jogo atacante nas duas situações atrás referidas. Em quase todas as equipas costuma haver um ou mais desequilibradores natos (os chamados criativos) que tentam fazer exactamente isso, forçando o um para um, explorando os espaços vazios, provocando rupturas fazendo uso da sua velocidade e capacidade de drible. O meio-campo costuma ser usado com frequência para a organização de jogo e como ponto de origem dos desequilíbrios e não apenas para lá estar porque sim.

No Sporting nada disso acontece. Porquê, não sei (mas suspeito)… mas não me parece normal nem sequer saudável. Porque aquilo que constato é que, ao abdicar desta forma de jogar, o Sporting oferece algum domínio de jogo ao adversário, permite que ele se posicione mais à frente, facilita-lhe o controlo e gestão das operações, do ritmo de jogo. E como a esmagadora maioria dos adversários do Sporting joga na expectativa então acabamos por lhes oferecer as condições ideais para o resultado que sempre quiseram à partida - um empate ou pelo menos um jogo com o menor número de golos possível (porque isso também tende para um empate). Mesmo quando os defesas-laterais jogam bem e a equipa funciona razoavelmente, a verdade é que o jogo é muito mais repartido e muito mais monótono, inseguro e “difícil” para o Sporting. A equipa tem de se “esforçar” muito mais para marcar golos do que é normal, tem de ser muito mais paciente e isso faz com que fique sempre a sensação que o Sporting não consegue vencer seja que adversário for de forma categórica e sem margem para dúvidas. Infelizmente, não é só sensação, essa dificuldade é tão real que os golos não acontecem e arriscamo-nos a ver qualquer erro da defesa ou golo fortuito do adversário como uma autêntica hecatombe… porque na verdade é.

Na minha opinião existem muitas outras coisas a resolver por parte de Carvalhal (a começar pela mentalidadezinha de alguns dos nossos atletas), mas no que respeita a reforços, eu estou plenamente convencido de que o treinador deveria começar por arranjá-los do meio-campo para a frente e em simultâneo encaixá-los numa filosofia em que tenham muito mais bola, em que privilegiem uma mistura de troca da mesma e duelos de um-para-um com o objectivo de criar desequilíbrios nas alas e meio-campo ofensivo. No plantel actual não temos muitos desequilibradores, os médios não têm uma boa cultura de troca de bola, de correr com ela ou sequer de assistir correctamente os avançados (porque abdicou-se dessa filosofia há imenso tempo) e os próprios homens que estão na frente já se desabituaram de se comportar como avançados e agora “caem nas alas” (essa nuance táctica fabulosa que arranjaram para desculpar a inépcia nas transições ofensivas).

Deixem lá os defesas-laterais sossegadinhos a cumprir a sua função de defesas (apesar de medianos já os vi no pleno das capacidades e são razoáveis para as nossas aspirações) e apostem tudo em nome dos golos: este Sporting para ganhar os jogos tem de marcar mais golos e para o fazer tem de criar mais oportunidades de golo. E só o vai conseguir quando diversificar as suas acções ofensivas, arranjando assim alternativas ao chutão e aos defesas-laterais que desequilibram. O Sporting tem neste momento um ataque com 15 golos. Se fizermos nova extrapolação, somos capazes de atingir cerca de 30 golos no final da temporada. Ora, 30 golos é o que faz geralmente o sexto classificado da Liga portuguesa (nos últimos 3 anos e por ordem do mais recente para omais antigo, o sexto classificado marcou: 30, 37, 31 golos). :o Portanto, se o Sporting não melhorar este índice é precisamente nesse lugar que vai terminar este ano. E daqui concluo que, não querendo que isso aconteça, o melhor que o Sporting tem a fazer é arranjar forma de melhorar o jogo ofensivo, criar mais oportunidades e fazer mais golos… dê por onde der, custe o que custar, no sentido mais literal do termo ;).

© Paracelsus 2009

Independentemente dos golos sofridos, os nossos laterais são uma merd@.

E querer comparar a nossa defesa à dos nossos rivais, é no minímo, intelectualmente incorrecto. Se os nossos laterais participassem no ataque na mesma medida que o fazem os dos nossos rivais, aí a comparação seria aceitável. Quantos golos não marcam o porco e o slbesta de cruzamentos dos laterais e do envolvimento dos seus defesas?

Se o Sporting jogasse ao ataque como joga o porco e o slbesta, aí sim podíamos comparar defesas, agora uma equipa que joga deliberadamente à defesa metade dos jogos e ainda assim leva tantos ou mais golos que os seus rivais, não deve ser motivo de comparação.

Não sei quantos golos marca o Porto e Benfica de cruzamentos de laterais… tens esse dado? Se calhar não fui claro no que escrevi (mas parece-me que disse isto várias vezes), eu não disse que tínhamos de desprezar os defesas-laterais, mas sim que tínhamos de diversificar, usar também outras alternativas para criar desequilíbrios, porque a dependência dos defesas-laterais (e do chutão) torna o nosso ataque previsível, a acrescer à previsibilidade inerente ao ataque posicional.

Quanto ao último parágrafo, não estou de acordo contigo. Para mim é o facto do meio-campo não ser usado devidamente para fazer a transição ofensiva que proporciona segurança e domínio ao adversário, e com isso este consegue algo contra nós que não conseguem contra os outros rivais… o ataque organizado (em vez do habitual contra-ataque). E nesse sentido, eu diria que a nossa defesa não se tem saído assim tão mal quanto isso, só que quando não se marca, todo e qualquer golo adversário é uma catástrofe (e acho que também tinha realçado isto ;)).

Individualmente, penso ser senso-comum perceber que os nossos deferas laterais são do mais fraco que o plantel tem.
Claro que tacticamente e se pensarmos a nível de sistema de jogo, podem-se facilmente encontrar outras lacunas mas na minha opinião primeiro tem que ser ter bons jogadores para fazer boas equipas.Às vezes nem isto chega mas o inverso é praticamente impossível.
Ainda reduzir a questão aos golos sofridos é claramente redutor, uma equipa marca e sofre golos em conjunto.
Resumindo e baralhando sou daqueles que comecaria precisamente por reforcar estas posições.

edit:com Liedson parado um mês muda um pouco…talvez um lateral e um ponta-de lança :lol:

Excelente post, Paracelsus. :clap:

É óbvio que os jogos do Sporting degeneram sempre quando os nossos defesas começam autenticamente a despejar bolas para a frente, a famosa “charutada”. E isso acontece porque o nosso meio-campo parece que está lá simplesmente para destruir jogo e correr, não se desmarcam nem procuram a bola, “escondem-se”.

Não considero os nossos jogadores do meio-campo maus tecnicamente e confesso que por vezes acho espantoso que passem 90 minutos sem ver um único jogador do Sporting no meio-campo a fazer ou tentar uma finta, por exemplo. Sem desiquilibrios não podem haver oportunidades de golo e é óbvio que esse é o nosso grande problema no momento. Não temos extremos puros e isso é terrível para a nossa equipa porque deixa-nos dependentes dos laterais que todos sabemos não criam esses desiquilibrios (porque não têm capacidade para isso, claro). Um jogador de ruptura como o Silvestre Varela é exactamente o que nos falta em cada flanco. Quando dizem que o Levezinho não rende o que rendia eu acho normal. Porque a bola pura e simplesmente não chega à área de forma perigosa - por outras palavras, não há desiquilibrios para proporcionar boas oportunidades ao ponta-de-lança de serviço.

Por isso concordo contigo que a prioridade não devia ser as laterais, mas sim os extremos e se possível um bom parceiro para o Liedson.

Concordo totalmente com o Paracelsus.

Acho que o problema da nossa defesa e sobretudo o défice de altura tornou-se um mito.

É de facto verdade que os nossos defesas não são nada de especial e alguns dos nossos laterais não têm sequer valor para jogar no Sporting.

Porém, basta analisar o percurso do Sporting nos últimos anos e podemos perceber que o Sporting tem sido uma equipa que sofre poucos golos no campeonato e marca também poucos. Ora, é precisamente no ataque que o Sporting tem perdido os campeonatos. A nossa produção ofensiva é uma miséria. Como tal, os erros defensivos acabam por notar-se mais, já que têm muito mais importância nos resultados.

O Sporting deve reforçar a sua capacidade ofensiva. Precisa também de um lateral esquerdo, é evidente. Mas se se reforçarem agora com 3 defesas e nada mais, podem ter a certeza que o Sporting pouco vai melhorar. Talvez sofra menos golos, mas a diferença nunca será grande, já que a equipa já sofre um número reduzido de golos. Mas continuará a marcar poucos golos… e quem não marca arrisca-se a não ganhar!

Não concordo… acho que, pelo menos, o reforço da lateral esquerda é prioritária…

a ligação directa: sofremos muitos golos temos de reforçar a defesa, marcamos poucos golos temos de reforçar o ataque é, na minha opinião, abusiva…

é a qualidade dos defesas, centro campistas e atacantes no seu conjunto que definem, ou deviam definir, a forma da equipa jogar… por exemplo, se os defesas, individualmente, são fracos então a equipa tem de estar mais vocacionada para apoiar a defesa jogando mais recuada e com menor pendor ofensiva… ou se os defesas são lentos então a defsa não pode jogar muito alta prejudicando assim o pressing no meio campo… ou se os defesas laterais não atacam então ter flanqueadores no meio campo ou no ataque… ou se a defesa é baixa então convém ter jogadores noutras posiçoes que compensem o défice de altura (os lances de bola parada são fundamentais e talvez a melhor maneira de abrir “autocarros” e para isso é importante ter jogadores altos e com bom jogo aéreo)… etc etc etc e podia continuar por aí fora…

o importante numa equipa é ser equilibrada e ter soluções… a equipa do Sporting não o é…

alguém disse um dia que o futebol é um jogo de ocupação de espaços… por outro lado um jogo de futebol tem o mesmo tempo para as duas equipas…
ora, o que é que relaciona directamente o espaço e o tempo?.. isso mesmo, a velocidade… e o Sporting tem um défice de velocidade que emperra completamente o jogo da equipa…

na minha opinião devia ser essa a prioridade jogadores rápidos… e não são necessários muitos, com 3 ou 4 jogadores acho que já teríamos um futebol completamente diferente… e uma das posições fundamentais é a lateral esquerda (para a lateral direita acho que a solução tem obrigatoriamente que passar pelo pereirinha…)…

não sei se alguém reparou no jogo com a naval o que acontecia constantemente no lado esquerdo do nosso ataque… muitas vezes o miguel veloso ou o izmailov quando estavam no lado esquerdo tinham que vir ao centro do terreno para receber a bola… o lateral direito adversario ia atrás e abria-se um avenida pelo lado esquerdo… quando olhava para lá só pensava: mas será que estamos a jogar com menos um?.. onde raio anda o nosso lateral esquerdo?.. pois, andar anda correr é que não corre…

acho importante o reforço da defesa com dois jogadores: um lateral esquerdo e um central… característica comum: velocidade, velocidade e velocidade… depois lateral esquerdo bom tecnicamente e com pulmão e central alto…

acho que para o meio campo e ataque bastavam dois jogadores (um para cada zona), caracteristicas: força, velocidade, estatura média (pelo menos), boa técnica e capacidade de conduzir a bola e ultrapassar adversários…

Lá está, temos opiniões diferentes. :mrgreen:

Eu também não concordo com essa ligação e não a fiz sequer, o que me parece é que ir à procura de reforços para as laterais da defesa de modo a melhorar o ataque só porque o modelo até agora colocava grande ênfase na inclusão dos defesas-laterais na manobra ofensiva é para mim um erro. É o mesmo que dizer que temos de ir buscar avançados que “caiam melhor nas alas que os actuais” porque é isso que os nossos avançados eram obrigados a fazer, o que a meu ver é uma grande parvoíce.

Isto é uma questão de prioridades:

[+] Será que é melhor insistirmos na tecla de que têm de ser os defesas-laterais a criar os desequilíbrios (ou a serem fundamentais para tal)… e então toca a contratar defesas-laterais melhores que os que temos?

[+] Ou será que é preferível alterar o modelo de jogo, criar alternativas na transição defesa-ataque e na forma como servimos os avançados e então aí o reforço com defesas-laterais deixa de ser uma prioridade?

Sinceramente, prefiro a segunda opção.

ora lá está… mas para isso tens de ter em atenção o resto do plantel…

para mim, e lá está, é apenas uma opinião, a equipa estaria mais próximo de chegar a um bom nível com reforço das laterais que com reforço do ataque… é uma questão de quanto tem de se investir para chegar ao objectivo…

tendo o plantel as caracteristicas que tem, e a equipa as rotinas que tem acho que teríamos um balanço mais positivo se as contratações fossem equilibradas fornecendo velocidade a todos os sectores…

Ao ver o jogo que o Álvaro Pereira fez na Luz fiquei com saudades de ter um lateral na equipa… :whistle:

Eu não discordo da ideia do Paracelsus. Realmente no losango que usávamos, os laterais tinha importância excessivamente determinante nos desiquilibrios que pudessemos causar no meio campo adversário. E são muito maus nesse capitulo todos eles.

Mas se realemente nos fixarmos num modelo de jogo diferente, que preencha essas laterais ofensivas com jogadores especificos, já os defesas ficam mais libertos para se concentrar mais no processo defensivo, não se notanto tanto as suas lacunas a atacar.

Havendo 2 extremos, por exemplo, já não é determinante a capacidade ofensiva dos defesas. Não é que tenham de deixar de atacar de todo, porque acções conjuntas que criem superioridade numérica são sempre positivas, mas já não dependemos deles exclusivamente para desiquilibrar pelos flancos. Nem deles, nem dos avançados que passam a vida a “cair” lá, passando largos periodos do jogo longe da área.

Ao contrário do Balakov não acho que o problema do deficit de altura da defesa seja um mito. Para mim é um facto e que já nos custou bastante pontos. É certo que o mesmo pode ser atacado de diversas formas, com jogadores de outras posições nas bolas paradas, usando marcações á zona, etc, mas o problema não é só da defesa, é do plantel inteiro. Toda a equipa é baixa. E meter mais gente na área para defender bolas pelo ar, encolhe a nossa equipa no terreno. Basta olhar para a média de alturas dos centrais das equipas que andam na Champions, para constatar-mos que se não temos os mais baixos, andamos lá próximos.

A “boa” performance defensiva da nossa equipa, face ás lacunas morfológicas dos seus jogadores, foi sendo feito, encolhendo a mesma no terreno, aproximando as linhas de trás e roubando-nos eficácia e presença no meio-campo adversário.

Há muita coisa a mudar, e a pergunta que fica no ar é, são CC e JEB pessoas capazes de identificar os problemas e saber atacá-los? Eu tenho as minhas dúvidas.

O futebol dos vencedores (tirando o Barcelona) é executado por equipas calculistas, pragmáticas. Aliás, a história está repleta de equipas fantásticas que nada ganharam:

  • Newcastle, de Keegan.
  • Sporting, de Peseiro.
  • Inglaterra, Euro 96.
  • Holanda, Mundial 74 e 78.
  • Inter, de Cúper.
  • Arsenal, Wenger.

No entanto, existe uma diferença entre jogar de forma calculista, pragmática, do que jogar de forma merdosa, sem fazer nada, como o Sporting de Paulo Bento, dos últimos 2 anos.

Os laterais são de longe o grande problema do Sporting. Qualquer equipa que queira lutar pelo titulo não pode ter laterais destes, e um lateral de um clube grande em muitos casos é quase um extremo (nem sempre mas dá um jeitão ter um lateral deste tipo). Os nossos são todos defensivos e ainda por cima defendem mal

Os melhores laterais dos últimos anos foram o Leo e o Bosingwa pelo menos na minha opinião, determinantes no aspecto ofensivo das duas equipas.

Os centrais do Sporting não marcam golos, excepção feita a Tonel que não jogou tanto.

O SPorting não marca nem sofre muito porque tendo bons jogadores não alarga o jogo. Há anos que jogamos fechados com médios centro nas alas, sem desequilibrador, com péssimos laterais.

Não existiu em Portugal melhor PL que Liedson, e o nosso meio campo (meio campo de verdade, jogadores para jogar no centro) não fica a dever a nenhum outro, mesmo àquele que tinha Lucho, Meireles, Assunção (penso que era ele).

Gostei da crónica, que nos coloca a pensar precisamente nesta questão.

Realmente, se virmos bem temos dois problemas nesta questão: os nossos laterais são péssimos a cruzar e não temos nenhum Jardel na área. O resultado é, claro está, uma inconsequência na maior parte dos cruzamentos, agravada pela inconsequência dos avançados nas poucas vezes que os cruzamentos saem bem (até porque o Liédson tem estado mal neste capítulo).

Se a tua questão é, como me parece, qual a prioridade no reforço da equipa em Janeiro, eu não concordo com a sobrevalorização dos meio-campo ofensivo/avançados em detrimento dos laterais.
Passo por cima de problema centrais, mas por ora laterais, como o modelo/sistema de jogo a implementar ou os euros disponíveis para avançar para o geralmente inflacionado mercado de inverno.
A prioridade tem de ser, infelizmente, todos os sectores, mas o caso dos laterais é gritante.

Se a premissa for a estatística, parece-me correcto o teu raciocínio.
Para além das contas que fazes, acrescentou outras.
Deixar 2 pontos em Guimarães (no último minuto) e em Vila do Conde (ganhar 2-0 aos 45) foi dramático.
Mas mais criminoso foi não ganhar em casa ao Leiria, Belenenses ou Marítimo (estou tão simpático que até dou de barato a derrota com o Braga e o empate com os merdosos).
A defesa (+ Matías tótó a não lutar por 1 bola na cabeça da área em Guimarães) perdeu 4 pontos fora.
Mas naqueles 3 jogos em casa marcámos 1 golo e perdemos 7 pontos.
No total voaram 11 pontos, mas a ineficácia ofensiva foi a mais onerosa.

A operação do Liedson também joga a favor da tua tese.
A inoperância/preguiça/desinteresse de Postiga idem, assim como as novelas de Djaló com a Floribela e a ex-mulher (curiosamente, ou talvez não, acalmaram desde que se lesionou).
Saleiro tem de jogar, mas nunca pode ter (à falta de melhor expressão) a responsabilidade principal.
Por aqui vou lá no que aos avançados diz respeito.

Só que o futebol é um todo e em 90 minutos as equipas atacam, mas tb. defendem e têm de saber fazer transições num e noutro sentido.
A estatística vale o que vale, mas as equipas são um conjunto, há golos sofridos por responsabilidade do modelo ofensivo e golos marcados devido a eficácia do sistema defensivo.
Para além do défice crónico de aproveitamento de momentos específicos (bolas paradas), há um problema que tem ser resolvido, sob pena de entrarmos sempre com 9,5 ou 10 jogadores: os laterais.
Também atacamos mal porque defendemos mal e o meio-campo tem menos linhas de passe quando os laterais não se movimentam ou se recebem a bola estragam a jogada (eu tenho essa sensação na bancada e nem imagino qual seja a do Moutinho ou do Veloso no momento de passar a bola ao Grimi: é melhor rodar para o outro lado a ver se está lá alguém).
Os laterais são suficiente menos-menos (estou a ser generoso) a defender e nulidades a atacar.
Grimi, Abel/Silva não dão mais do que aquilo que demonstram hoje (Veloso ou Pereirinha até podem ser soluções interessantes, mas nunca mais do que interessantes e isso já é outra conversa).
Seja para jogar em losango, com 2 alas e 2 cobertura ou em 423*1, aqueles laterais roçam o cómico.
Até admito que andem para lá, na intercalar, na taça da liga ou para os castigos.
A solução é tirá-los do 11 e jogar com 3 centrais, mas isso (para além da falta de velocidade de Polga ou Caneira) em Portugal é quase suicidário, até pela forma de jogar dos adversários (o exemplo do avião do sr. Co permitiu-lhe uma vergonha na Champions e só nos ganhou 1 de 3 jogos quando já jogávamos com 10 e PB foi suicida apostando no ataque).
Não é o caso dos criativos, onde o défice de forma é, infelizmente, prolongado e alargado a todos.
Matías, Moutinho, Izmailov ou Vuckcevic só podem render mais, se bem que no caso do último eu já me tenha cansado de esperar pela maturidade táctica (pode ser que com o dente do siso o problema se resolva) do jogador.

PS. há outros pormenores no post que seriam outra conversa. Refiro-me ao pré e ao pós Nani (o flop Roma pós contrato foi mais relevante para a falência do losango do que a falta de um puto de 21 anos) ou ao losango forçado de Fernando Santos (acho que ele nunca contou com o Quaresma, ie, só perdeu, inesperadamente, o Cristiano).

Paracelsus, excelente texto.

Concordo com muito do que escreveste, mas para mim os laterais são essenciais. Laterais que apoiem o ataque como deve de ser, dinamizando o nosso jogo.

É preciso saber cruzar, correr o corredor todo, ir no um contra um quando é preciso no ataque, entrar para o meio e rematar. Os nossos laterais são fracos no ataque e bastante banais a defender.

Isto não serve os nossos propósitos.

Evra, Dani Alves, Abidal, Maicon, Lahm, Ashley Cole, Bosingwa…a maior parte das grandes equipas têm dois, ou pelo menos 1 lateral com caracteristicas bastante ofensivas. Precisamos de um assim, pelo menos.

Percebo perfeitamente o que queres dizer, tentei reduzir as coisas ao nível das prioridades (aliás, a primeira frase diz isso mesmo).

Simplificando: Tens 5 M€ para gastar num jogador. Compras um defesa-lateral ou um médio ofensivo desequilibrador (alternativa: avançado centro tipo Suazo)?

Imagina que compras um defesa-lateral tipo Evra… significa isso que o Evra passa a fazer centros espectaculares e com isso desatamos a marcar golos? Significa isso que os médios passam a correr, a desmarcar-se, a trocar melhor a bola (porque eles actualmente não fazem nada disto) ou que os avançados passam a acertar mais com a baliza?

Eu acho que não, se tivesse de escolher deixava o defesa-lateral para depois, porque parece-me que, se temos mais dificuldades em marcar golos do que descalabro a sofrer golos, a probabilidade de conseguir melhorar a minha produção atacante vai ser tendo mais opções para o ataque e não para a defesa. Se eu estiver a perder um jogo de futebol aos 60 minutos, não tiro um médio-ofensivo para meter um defesa-lateral a achar que assim é que vai ser construir bom jogo atacante à fartazana com excelente dinâmica e mais não sei quê… e acho que tu também não o farias. :wink:

Isto é que se chama pontaria: publicado apenas umas horas antes do anúncio da contratação do João Pereira, por 3,5 milhões de euros! :slight_smile:

E se não contratarem mais ninguém de peso (sim, porque 3,5 M€ é um corte grande para outros investimentos) então sempre podemos ver se a minha teoria se comprova ou não. ???

Uma equipa fantástica :lol: :lol: :lol: