Então, eu vou tentar ser tão claro e objectivo quanto possível e sem mencionar nomes, porque os candidatos a presidentes do clube e da SAD são um pouco como os melões - só sabemos se são bons depois de os abrirmos, que é como quem diz, depois de assumirem os cargos no clube.
Não vale a pena pensarmos no passado e passar a vida a criticar o que de mal foi feito. Todos nós já identificámos os erros e os seus protagonistas e, de um modo geral, todos nós por aqui ficámos de certo modo chocados com a percentagem de apoiantes que o actual presidente do Sporting granjeou nas últimas eleições. Um presidente que desvaloriza modalidades com tradições históricas dentro do clube. Um presidente que dizia inicialmente estar contra a existência de sócios, não escondendo a vontade de construir um Sporting à imagem do Real Madrid, só com adeptos e onde cada um paga «couro e cabelo» para poder ver ao vivo e a cores a sua equipa do coração, mas que agora apela ao crescimento dos associados. Enfim, alguém que quis romper com grande parte do passado do clube.
Como se costuma dizer, há que tocar para a frente e o que realmente interessa é o presente e o futuro. No presente, a realidade do clube é esta:
1 - Vemo-nos a braços com um passivo de mais de 200 milhões de Euros
2 - Temos de cumprir rigorosamente o «Project Finance» anteriormente assinado com a Banca, no qual estão incluídas limitações às despesas (compra de jogadores incluídas)
2 - Temos de manter a tradição de lutarmos sempre pelo título nacional de futebol
3 - Temos uma Academia que é das melhores da Europa e sem sombra de dúvida, a melhor de Portugal
Ora bem, perante este quadro, não é difícil concluir que o caminho a seguir é, obviamente, o de apostar tudo na nossa grande mais-valia que é a Academia. Acontece porém que perante os erros do passado em que vendemos para o estrangeiro jogadores de classe mundial ao preço da «uva mijona», impõem-se a pergunta: será que estamos a tirar partido da nossa Academia da forma mais correcta e benéfica para o clube? Para mim, a resposta é um rotundo NÃO.
Já algum tempo atrás era para escrever um tópico com o nome ASSIM NÃO VALE A PENA e cujo objectivo, seria o de chamar a atenção para a forma como os nossos activos estavam a ser geridos. Vivemos num país pequeno com um nível de vida muito baixo e essa situação repercute-se como seria de esperar, no mercado futebolístico, ao ponto de sermos um país vendedor de jogadores e não comprador. Formamo-los mas não podemos competir com os grandes tubarões da Europa que pagam fortunas mensais aos grandes jogadores. Assim sendo, um jogador com qualidades e que começa a destacar-se muito cedo pelos seus dotes técnicos, já não pensa ficar em Portugal durante muito mais tempo. É infelizmente uma realidade com a qual temos de nos confrontar por muito que nos doa e quer queiramos, quer não, não vale a pena pensarmos que, por exemplo, o Moutinho ou o Miguel Veloso (para destacar apenas 2 jogadores) são diferentes dos outros, porque não são. Também eles quando tiverem a 1ª oportunidade, irão inevitavelmente dar o salto para um qualquer grande da Europa.
Para reduzir os malefícios provocados pela perca de jogadores fundamentais ao clube, este blinda-os com cláusulas de rescisão elevadas que permitem com alguma contrapartida de ordem financeira, irmos reduzindo o nosso passivo. Contudo, eu pergunto mais uma vez: será isto suficiente? A resposta é de novo um rotundo NÃO. É que se por um lado estamos a acautelar a vertente financeira, descuramos por completo a vertente desportiva. No passado escrevi um post onde abordava esse problema e falava da forma como o Ajax de Amesterdão (outro grande clube formador), resolvia esse problema desportivo:
1 - Saída do jovem com pelo menos 23 anos, ou…
2 - …Saída do jovem com qualquer idade, depois de dar um título internacional ao clube
Já todos sabemos que as ideias não abundam nas cabeças pensantes dos dirigentes leoninos, mas até um mau aluno sabe copiar. Se não conseguimos arranjar uma solução para um problema evidente como é este de vermos partir prematuramente jogadores jovens que mal mostraram o seu valor na equipa principal, então, copiemos as boas ideias que já existem, como esta do Ajax de Amesterdão.
Uma coisa é certa: se nada fizermos, a breve trecho deixamos de existir como clube que se pretende ganhador, competitivo e europeu, para passarmos a ser uma mera escola de formação de jogadores que se mostram durante uns míseros meses numa montra chamada Estádio de Alvalade. :exclaim: