Em vários grupos, sites, blogs e outros meios virtuais escrevem-se palavras de união. O presidente pede apoio em torno de um projecto onde as suas figuras de proa já não existem (Duque, Freitas e Domingos). Chega-se, inclusive, ao ponto de acusar os mais críticos de desestabilizarem uma equipa que tem um rendimento desportivo próximo do zero, acumulando derrotas, sem uma orientação técnica competente e que ocupa o 12º lugar da tabela desportiva. E, para rematar com estilo, o presidente nomeia para director do futebol alguém sem formação ou competências prévias na área, expandindo a ideia de que o Sporting é um clube formador de treinadores e, agora, de dirigentes. Ainda por cima numa altura onde era necessário um nome consensual e aglutinador, para serenar as hostes e transmitir a ideia de que ainda existe alguma réstia de competência em Alvalade.
Motivado pelo desejo de debate sobre esta minha visão acerca do nosso actual momento, resolvi dar uma espreitadela nos vários grupos do Sporting espalhados pelo Facebook. Entre vários, reparei num grupo dirigido por um senhor chamado Ruben Proença de Amorim. Nesse grupo tentei, em vão, discutir com o próprio sobre o estado do clube e apresentar as minhas ideias. As respostas que obtive da sua parte iam sempre de encontro à fuga, chamando os adeptos manifestantes de não-sportinguistas (já lá iremos), puxando sempre dos seus galões profissionais e recusando argumentar sobre o que eu ia escrevendo. Como corolário disto, e baseando-se supostamente numa piada minha (até apresentei um pedido de desculpa sobre a mesma posteriormente) fui banido da dita página. Apenas por apresentar, no fundo, uma opinião divergente do autor da mesma.
Isto não me preocuparia muito não fosse alguém me ter avisado de que o autor do dito grupo, após ter aplicado a respectiva sanção, resolveu caluniar-me. Mais uma vez puxou dos galões, teceu comentários jocosos sobre a minha pessoa (enveredando inclusive pela via pessoal) e achou que tinha tomado uma excelente decisão. Se na altura não me preocupou não poder frequentar uma página onde não era presença assídua, desta vez confesso que fiquei com desejo de responder. Todavia, não vou puxar dos galões. Não vou, também, comentar a vida pessoal do caríssimo Ruben de Proença Amorim (até porque nem o conheço). Não irei falar das dificuldades de vida que passei, se sou pai ou não, ou outras coisas que tais (como o caríssimo fez). A única coisa que poderei responder à pessoalização da questão é, e perdoe-me a brejeirice das palavras, citar um dos maiores médicos de saúde mental em Portugal, que dizia o seguinte sobre as pessoas narcísicas em permanente processo de auto-valorização: "só puxa dos galões, quem não tem… (e fica ao critério do leitor o término da frase).
Apesar de não enveredar pela via pessoal como resposta, queria usar este exemplo de escassez democrática e opinativa para reflectir sobre os apoiantes e críticos da actual direcção. Não acho (antes pelo contrário) que quem apoia a actual direcção (como o senhor em causa) seja pouco sportinguista. Acredito antes que as ideias são como as pessoas e alguns objectos: suscitam-nos apego e, mesmo perante as evidências da realidade, não as conseguimos descartar. Há vários exemplos históricos disto mesmo. Quem defende o actual presidente também pode acreditar na ideia que um presidente é de todos os sportinguistas e eu até concordo. Mas, mesmo sendo o meu presidente, terei que concordar com as suas acções? Quando um director de uma empresa, instituição ou outro qualquer organismo dá mostras claras e inequívocas de incompetência é nosso dever apoiar? Não. E porquê? Porque um presidente não é a instituição que representa. Ainda por cima num clube democrático como o Sporting cabe também aos sócios o dever de fiscalizar e reflectir sobre o trabalho de quem os representa. Tal como cabe aos cidadãos de qualquer país reflectirem sobre quem dirige os destinos do seu país e manifestarem-se caso não concordem com o rumo dos acontecimentos (qualquer semelhança entre o Sporting é Portugal NÃO é pura coincidência).
Assim sendo, tal como considero errada a ideia de que quem defende a actual direcção é pouco sportinguista, também o contrário se apresenta como uma falácia. Quem critica é sportinguista. E muito. Se o não fosse, deixar-se-ia cair na letargia que prende a maior parte dos nossos adeptos actualmente, apresentando quase todos uma certa resignação e um desligar progressivo do clube. Aliás, é justamente este lento definhar da ficha sportinguista que mais ameaça o nosso futuro. Continuando na actual senda, que jovem quererá escolher o Sporting como instituição desportiva predilecta? Nenhum, apenas aqueles que são influenciados pelo meio familiar.
Por isso, e salvo alguns exemplos de má formação discursiva, diabolizar quem critica, chegando ao ponto de banir a presença dos mesmos em espaços de discussão (como me aconteceu), é excluir a possibilidade de melhorar o Sporting. Não são os críticos que fazem os avançados falhar golos óbvios, os defesas cometer erros ou os gestores abrirem buracos na SAD. É o contrário. Os críticos só aparecem quando isto ocorre. Não são abutres, são agentes fiscalizadores.
Como nota final, fica o seguinte repto para todos e em especial para o senhor Ruben de Proença Amorim: em vez de união exija competência. Se assim for, depressa teremos resultados mais condizentes com a grandeza do Sporting Clube de Portugal.
@Winston Smith 2012