Desculpa lá mas eu não dou para esse peditório.
Essas teorias são muito boas é para a desresponsabilização dos nossos actos:
roubou - “Coitado, ele é doente, é cleptomaníaco!”
é pedófilo - “Coitado, é uma doença psicológica. Não se consegue controlar!”
matou - “foi sem querer, ele estava com distúrbios psíquicos no momento do crime”
Sinceramente já estou farto de ver essas psicologias baratas na nossa sociedade que mais não servem para a desresponsabilização dos actos de quem atenta contra os outros. Não se pode condenar nada porque existe sempre uma atenuante qualquer. E o pior é que essas psicologias baratas até já às escolas chegaram…
Mais nada…subscrevo totalmente… parece que conseguem sempre encontrar uma p… de uma dcpa para não levá-los para a cadeia…
Quem é roubado, assassinado, violado, etc é que tem culpa por estar no lugar errado à hora errada… pó cara*** com isto…
Já para não falar naqueles gajos que apanham 20 anos e passado 2 tão cá fora… Tamos num país que toda a gente faz o que quer e lhe apetece “no pasa nada”…
Desculpem lá, mas grande parte dos crimes, sejam eles relacionados com pedofilia, homicídios, etc, são realizados tendo a pessoa conhecimento sobre o que faz. E faz porque quer!
Essas teorias não passam de simples tretas.
Posso dizer que já conheci um pouco de tudo: conheço um homicida (esteve preso 6 anos por ter estado a discutir num café com outro individuo, tendo saído calmamente e regressado para disparar no peito. Saiu por bom comportamento e ainda hoje diz que se tiver que disparar sobre alguém, que o fará sem hesitar), alguém fortemente ligado ao mundo da droga (sendo bastante conhecido por cortar as mãos a quem lhe deve dinheiro) e até pedófilos (aqui nada falarei pois todos são nomes sobejamente conhecidos da nossa praça) e todos eles cometem esses crimes sabendo o que fazem.
E quando uma pessoa sabe o que faz e tem vontade/necessidade de o fazer, então meus amigos não há nada a fazer.
À cerca de um ano, uma senhora foi assassinada por um grupo de ciganos que a decidiram atacar porque quase atropelou uma criança da comunidade. E o curioso é que todas as testemunhas falaram que a senhora até ia bastante devagar e que a pequena criança surgiu do meio do nada a correr pelo meio da estrada. O facto de ir a velocidade bastante reduzida fez com que travasse a tempo de não haver qualquer embate, mas foi o suficiente para despertar a ira de um grupo de homens que a esfaqueou no local até à morte. Houve duas detenções e curiosamente qualquer um deles já está cá fora neste preciso momento.
O que é realmente preocupante é a necessidade de arranjar apoio para este tipo de indivíduos e haver um total esquecimento das reais vítimas, seja a directa, seja da sua família.
Como já disse anteriormente noutros tópicos, posso dizer que conheço Alcoitão como as palmas das minhas mãos, pois desde os primeiros meses da minha vida que passo por lá e por lá podemos ver muitos e muitos exemplos de casos resultantes de decisões de pessoas que sabiam perfeitamente o que faziam. E faziam por interesse.
Hmm, mas eu prefiro abordar o tema de uma forma particularmente alternativa: eu não pretendo reabilitar um pedófilo - sinceramente, tenho dúvidas sobre a praticabilidade de reabilitar um gajo destes. O crime é de tal forma mórbido que é injusto não o sentenciar de forma definitiva, ou seja, enviar o canalha para o céu.
Eu não coloco em causa o facto de o estrato social ser um aspecto importante na definição do futuro de uma pessoa, mas não concedo tal razão para crimes graves. Uma situação é um jovem cair nas malhas da droga, de grupos criminosos, outra, totalmente diferente, é matar pessoas indiscriminadamente, violar mulheres, molestar crianças, ou outros crimes de características muito mais graves que os chamados delitos comuns.
Eu não tenho problema em afirmar que não pretendo sequer despender um minuto que seja a tentar reabilitar um pedófilo, ou sequer meditar um pouco sobre o assunto, pois o crime é tão grave que não merece pena nenhuma, muito menos compreensão ou a adopção de uma postura de defesa, que muitas vezes se resume a uma tentativa triste de congeminar desculpas, da parte ora da sociedade, como um grupo de pensamento, ora de uma entidade mais restrita, como elementos que legislam.
Ainda ontem vi um episódio de uma série de natureza jurídica na qual o advogado de defesa tentou impingir ao júri a ideia de que o racismo era uma doença psicológica tão honesta quanto outra qualquer.
Então, permitam-me estabelecer aqui um paralelo para efeitos de debate, e muito rapidamente admitindo previamente que não sou um poder em psicologia: eu tenho uma preferência dominante por morenas; outros, os canalhas, têm por crianças. É possível eu ser reabilitado para, ao invés de apreciar especialmente morenas, gostar de loiras? É assim que funciona?
Percam todo o tempo e gastem todo o dinheiro a curar pulhas com estas características:
Para um criminoso psicologicamente doente, é certamente muito perspicaz na sua forma de actuar.
Mas viste nalguma das minhas mensagens algo sobre não responsabilizar os actos criminosos? E já agora, tens algum tipo de conhecimento na área para estares a elaborar conclusões sobre a psicologia? É fácil atirar palavras para o ar sobre um determinado tema, o problema é depois ter alguma base de sustentação para que haja veracidade nos argumentos utilizados.
Algumas notas:
1- Colocar o enfoque na reabilitação não implica desresponsabilizar. Os criminosos devem ser punidos e afastados da sociedade. A forma como os tribunais portugueses funcionam é uma aberração, justamente por existir um sentimento de impunidade em relação aos actos criminosos praticados. Contudo, isso nada tem a ver com esta discussão. Quando falo em reabilitação neste tipo de casos, parto do pressuposto que o indivíduo está afastado da vida em sociedade por ser uma ameaça para as outras pessoas. A partir deste contexto, é possível então trabalhar no sentido de voltar a integrar a pessoa.
2- A punição é menos eficaz que o reforço positivo/negativo. Isto é um princípio psicológico básico (até funciona com animais) por demais verificado. É por isso que defendo uma justiça que se preocupe fundamentalmente em reabilitar em vez de punir exclusivamente. Todos nós temos os exemplos actuais das cadeias portuguesas e internacionais, que não servem para reabilitar e são autênticas escolas do crime.
3- O pressuposto que todo o pedófilo/homicida/violador está plenamente consciente na altura em que comete o crime é errado. Tal como num comportamento aditivo, quem envereda por este tipo de actos diametralmente opostos a uma convivência social adequada muitas vezes não consegue controlar o impulso e passa ao acto. Isto significa que a pessoa não deve ser responsabilizada? Não. Significa antes que a diabolização feita de determinados crimes é errada. E significa, também, que a pena de morte não faz sentido.
Mas desde quando preferir uma loira ou morena é um comportamento desajustado e que provoca sofrimento? O problema da pedofilia subjaz num princípio de perversidade, onde a pessoa exerce uma relação de poder com um ser que percepciona como sendo impotente. É um abuso. Indica, por conseguinte, que a pessoa tem um impulso interno destrutivo e violento. E este tipo de impulsos é possível reabilitar e transformar. Não só em pedófilos, mas também em homicidas e violadores, porque o que os une é uma tendência para a destruição e perversão. No caso da pedofilia há aspectos mais específicos, como uma certa imaturidade sexual e um sentimento de impotência em relação às mulheres em geral.
Através da psicoterapia é possível transformar isto tudo. O princípio base é o estabelecimento de uma relação saudável, reparadora e sanígena e depois existem técnicas (cognitivas, comportamentais, dinâmicas) que servem para redireccionar o comportamento. Aliás, mesmo em termos de imagética cerebral existem alterações significativas antes e após uma psicoterapia prolongada. Não estou propriamente a falar de bruxaria, embora a falta de conhecimento sobre este assunto leve as pessoas a pensar desta forma. E sabiam que o cérebro de um pedófilo é diferente de um indivíduo sem esta patologia? Não é apenas uma questão de vontade, ou de as pessoas serem representantes de Lúcifer, é antes uma doença (parafilia) com alterações no funcionamento normal do cérebro.
A pedido de várias famílias, o título do tópico foi mudado para “Sistema Judicial Português”, tentando assim abranger melhor tudo o que se vem discutindo aqui.
Não me leves a mal mas eu sinceramente estou cansado da busca de teorias rebuscadas que ajudem a “explicar” determinados actos e que apenas servem para desresponsabilizar determinados actos de pessoas que sabem perfeitamente o que fazem e, pior do que isso, preparam-se mentalmente para fazer esses actos.
Sinceramente como em todas as áreas há bons e maus profissionais, mas sinceramente já começa a ser cansativo ver os teóricos modernaços que vem muitas vezes para a praça pública com as suas correntes de opinião baseadas em “base de sustentação forte”, com teorias que tentam criar desculpas para tudo e mais alguma coisa. Para mim uma teoria que não promove a vivência sã em sociedade e que apenas tende a desculpar determinados actos que atentem contra os outros não serve. Podem invocar mil uma tretas para justificar o que quiserem, base de sustentação muito forte, teorias, mas não é a sociedade que tem de se moldar ao criminoso mas sim o criminoso que tem de se moldar à sociedade…
Sobre as notas:
1- o problema é que normalmente dizer que se vai reabilitar significa isso mesmo: criar uma desculpa, uma treta qualquer para se desresponsabilizar determinado acto. Por mais voltas que se dê isto acaba por ser uma realidade.
2- pessoalmente até concordo com essa afirmação. O problema é que na sociedade actual agora virou moda pegar nessa afirmação e fazer dela a solução para todos os problemas. Por exemplo dá-me náuseas ligar a TV e ter de levar com um gajo como o Eduardo Sá a dizer que os putos não devem ser obrigados a fazer trabalhos de casa e que devem ser os próprios a ter vontade em aprender , que não se deve dar uma chapada, um puxão de orelhas ou até mesmo um simples castigo porque isto pode traumatizar as crianças…
3- Aí está um exemplo da desresponsabilização que impera . “Não estava consciente, não consegue controlar o impulso”… Tudo isto quando muitas vezes leva MESES a pensar em como executar o seu acto. Mas isto chega um tal ponto tal que eles, os prevaricadores, é que são as vítimas e as outras pessoas, os tais que os “diabolizam” os seus actos hediondos, é que são os maus da fita. Não é que te deseje tal coisa, mas muitas vezes gajos que defendem tais teorias de desresponsabilização mereciam passar por uma situação destas para saber aonde enfiariam as suas teorias… É que é muito fácil ser-se “modernaço” e defender essas teorias em situações que não nos envolvem!
Tento abster-me de comentar no Fórum em assuntos que não desporto, por razões muito próprias…
Defendo uma justiça severa, responsabilizante e equilibrada.
Sem pena de morte, por muito justos e naturais que sejam os sentimentos de vingança, de choque e terror latentes na natureza de determinados crimes… até porque a morte muitas vezes é a saída mais fácil para determinados criminosos.
A questão aqui não está relacionada com a preferência sexual de cada um? Uns, como eu, gostam de mulheres; outros gostam de crianças. Querem levar-me a acreditar que é possível alterar as preferências de cada um? A reabilitação visa precisamente o quê? Transformar um molestador de crianças num apreciador de mulheres, ou apenas neutralizar essa preferência?
Tanto quanto percebo, um pedófilo é um pedófilo não por se sentir atraído sexualmente por crianças (ou pelo menos essa é uma consequência e não uma causa), mas por ter impulsos destrutivos, o que combinado com a tal imaturidade sexual e sentimento de impotência em relação às mulheres leva a que sintam a necessidade de exercer uma relação de poder sobre seres impotentes, neste caso as crianças.
Ninguém aqui está a defender que são boas pessoas, e que se deve ter pena deles. O que se está a defender é que sendo uma doença, deve ser tratada, em vez de se acabar simplesmente com a vida desses doentes mentais.
Isto é a minha interpretação do que o Winston escreveu, mas eu não percebo nada disto.
É isso mesmo. Tal como é possível reabilitar um depressivo, um psicótico ou uma pessoa com tendências suicidas também é possível fazer o mesmo com um pedófilo. E existem, também, vários graus de gravidade nesta doença. Aliás, grande parte dos pedófilos nem sequer passa ao acto, ou seja, não concretiza o desejo ficando apenas na elaboração fantasiosa. São os tipos que compram revistas com crianças e afins.
E em relação às preferências sexuais em si, é possível transformar. A questão central prende-se com se causam sofrimento psíquico ao próprio ou a outros. Até posso dar um exemplo concreto: por vezes, em doentes psicóticos, é comum existir uma sexualidade agressiva, a resvalar o sado-masoquismo. Estes doentes após e no decurso de uma psicoterapia alteram estes comportamentos e conseguem transformar o seu funcionamento sexual, de forma a basear-se mais no afecto do que na agressão.
Outra coisa importante: o comportamento sexual faz parte de um todo e não se pode ver isoladamente, até porque as pessoas não são compostas apenas por partes. É normal que uma pessoa com problemas psicológicos tenha problemas ao nível sexual (seja depressivo, psicótico, anoréxico, etc…) e, a partir do momento em que consegue progredir na psicoterapia, consiga também viver a sua sexualidade de forma mais saudável.
Quanto à reabilitação ao si, como já foi exposto atrás, não tem como objectivo fazer um indivíduo gostar de mulheres. O objectivo é centrar a vida do sujeito no afecto e não na agressão (como acontece nos pedófilos, violadores, homicidas). Não vou estar aqui a discorrer sobre os mecanismos subjacentes a esta transformação, mas é a partir dela que o indivíduo deixa de sentir necessidade de perverter o outro.
Quanto à questão da teoria servir para desresponsabilizar, eu não percebo o porquê. Os estudos sobre criminalidade servem, como qualquer outra área científica, para dar possibilidade de intervenção e mudança. É a partir do momento em que se compreende o funcionamento psíquico de um criminoso que se pode não só intervir na reabilitação, como prevenir a ocorrência do próprio crime. Posso dar um exemplo concreto: eu tenho uma filha pequena e não a deixo sozinha (nem por escassos minutos) com pessoas que tenham um determinado perfil. Até posso estar a ser injusto ou paranóide com a pessoa em causa, mas não o faço para prevenir possíveis problemas. E só o consigo fazer justamente por ter algum conhecimento sobre o assunto. É, no fundo, para isto que serve a ciência.