Saddam Hussein foi enforcado esta madrugada pelo massacre de 148 aldeões xiitas de Doujaïl, a norte de Bagdad, assassinados em represália contra um atentado falhado contra uma coluna presidencial em 1982.A execução de Saddam Hussein «não vai acabar com a violência no Iraque, mas é uma etapa importante no caminho do Iraque para uma democracia que pode ser governada, ser auto-suficiente e defender-se, e ser um aliado na guerra contra o terrorismo», defendeu hoje o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, em comunicado.
As palavras do presidente norte-americano encontram eco nas declarações do primeiro-ministro iraquiano Nuri al-Maliki, que se congratulou com a «execução do criminoso Saddam».
«Foi feita justiça em nome do povo iraquiano, com a execução do criminoso Saddam, que torna impossível o regresso à ditadura e ao partido único», considerou o primeiro-ministro, em comunicado.
«É uma lição para todos os déspotas, que cometem crimes contra o seu próprio povo», acrescentou o governante iraquiano, antes de lançar um apelo à reconciliação.
Em Londres, o Governo de Tony Blair congratulou-se por Saddam Hussein ter finalmente pago por alguns dos seus crimes, embora tenha reafirmado a sua oposição ao princípio da pena de morte.
«Congratulo-me com o facto de Saddam Hussein ter sido julgado por um tribunal iraquiano por alguns dos crimes horríveis que cometeu contra o povo iraquiano», afirmou em comunicado a ministra britânica dos Negócios Estrangeiros, Margaret Beckett.
Em França, o ministério francês dos Negócios Estrangeiros apelou a todos os iraquianos que «olhem para o futuro e trabalhem pela reconciliação e pela unidade nacional».
«A França, que defende como todos os seus parceiros europeus a abolição universal da pena de morte, tomou conhecimento da execução de Saddam Hussein, que aconteceu este sábado 30 de Dezembro», afirmou o ministério em comunicado.
«Esta decisão pertence ao povo e às autoridades soberanas do Iraque», acrescentou o Quai d`Orsay.
Mais críticos foram os representantes do Vaticano e do parlamento russo, que consideram que a execução do antigo líder iraquiano apenas vai agravar a violência no Iraque.
A execução «vai provocar uma nova espiral de violência», declarou às agências russas o representante da comissão para as relações internacionais da câmara alta do Parlamento russo, Mikhail Marguelov.
O deputado da câmara baixa, a Duma, Leonid Sloutski afirmou que a execução do antigo ditador «vai desestabilizar a situação não só no Iraque, mas em toda a região do Golfo».
O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, condenou a aplicação da pena capital e defendeu que a execução de Saddam Hussein «não é uma forma de reconstruir a justiça» no Iraque, mas pode «alimentar o espírito de vingança e semear novas sementes de violência».
Os crimes de Saddam Hussein não justificavam a sua execução após um julgamento «profundamente irregular», afirmou hoje Richard Dicker, membro da Human Rights Watch, pouco após o enforcamento do antigo presidente iraquiano.
«Saddam Hussein foi responsável por terríveis e numerosas violações dos direitos do homem, mas os seus actos, por mais brutais que sejam, não podem justificar a sua execução, uma punição cruel e desumana», afirmou Dicker numa declaração.
A Líbia decretou três dias de luto nacional pela morte do «prisioneiro de guerra Saddam Hussein», segundo anunciou a agência oficial Jana, umas horas após a execução do antigo presidente iraquiano.
Em contrapartida, a morte de Saddam Hussein foi festejada no Irão, país que esteve em guerra com o Iraque durante mais de oito anos e onde o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, Hamid Reza Assefi, afirmou que a morte do antigo ditador «é uma vitória para os iraquianos».
O cadáver do ex-presidente iraquiano será entregue à sua família, afirmou o Conselheiro para a Segurança Nacional do Iraque, Muafaq al Rubaí, citado pela televisão estatal, Iraqia.
Rubaí limitou-se a admitir que os «seus familiares [de Hussein] poderão receber» o cadáver, mas não especificou qualquer data ou revelou mais pormenores.
A sua declaração surge poucas horas depois de Raghad Sadam, a filha mais velha do ex-ditador, que vive na Jordânia desde 2003, ter pedido que o seu pai seja enterrado na capital do Iémen, Sana.
Diário Digital / Lusa
A imagem da hora H com a frase americana a não faltar:
[url]http://us.cnn.com/2006/WORLD/meast/12/29/hussein/index.html[/url]
Já que estão numa de idade média, uma fogueirinha para o Bush tambem não caía nada mal.