Servem estas linhas para registar a minha satisfação por um período de acalmia, salpicado com esperança para a época que se avizinha. Isto depois de meses terríveis, em que se confirmaram as piores previsões e mesmo assim superadas pela negativa, relativamente ao estado financeiro do clube, cujos responsáveis anteriores negociavam pela penumbra um PER, originando também uma estrutura de custos que de forma baixa e dissimulada, dispararia para esta época, destruindo grande parte das hipóteses de um verdadeiro planeamento, a nível desportivo e financeiro, à direcção eleita.
Foram meses de reorganização interna, com medidas dolorosas e indesejáveis do ponto de vista humano, com necessidade de recurso a despedimentos colectivos, racionalização de custos, dispensas no futebol obedecendo de uma forma quiçá demasiado racional e economicista, porventura e em alguns casos, injustas, mas que resultam e isso parece-me evidente, numa estratégia e por conceito, com aplicação coerente e que vai obedecendo a linhas gerais claras, de luta pela sobrevivência e de necessidade imperiosa de respeitar compromissos assinados e responsabilidades devidas, que assegurem a sustentabilidade do Sporting. É esta a grande prioridade. No entanto, os fogos sucedem-se uns aos outros, as frentes são várias e parecem não ter fim e mal se controla uma delas, aparece outra que coloca em causa a força vital do clube.
São os milhões gastos em excedentários que assombram a obrigatoriedade de cumprir com o orçamento, excedentários que preferem o conforto de contratos milionários blindados de longa duração, é o caso Bruma que não tem fim, são as dividas a fornecedores por pagar, as rendas em falta, é o caso Ilori, é o caso Paulo Pereira Cristovão de consequências imprevisíveis, é o caso Labyad , são os activos desvalorizados pela pior época desportiva de sempre sem possibilidade de colocação, são os activos alienados a terceiros, em negócios que não tiveram outro objectivo que dissimular o descontrolo despesista de uma gestão irresponsável.
Neste preciso momento, os Sportinguistas saboreiam uma pré época em que os sinais, longe de entusiasmantes, são ainda assim indiciadores de uma equipa de futebol mais forte dos que os mais pessimistas vaticinavam dada a promessa de desinvestimento e da ausência de nomes que fazem os adeptos sonhar. Saboreiam o pós goleada no jogo de abertura do campeonato, com jogadores a confirmarem-se como uma boa surpresa e que dão alguns indícios de serem os reforços que a equipa precisava, para algumas das lacunas identificadas, sejam esses reforços de origem externa ( Jefferson, Montero ) ou interna ( William, Adrien e Wilson ). Há alguma esperança que este não seja o ano de sucessivos horrores, como esperado, nem o ano zero, como anunciado.
Para já, o momento actual não é muito diferente daquele que existe após uma dada vitória, sejam quais forem as circunstâncias, principalmente quando o que se fez foi… apenas um jogo. Os problemas desta equipa de futebol, existem, são reais e passam muito pela falta de qualidade, maturidade e os traumas que certamente que não se apagaram de um momento para o outro, após uma época que deixou marcas. As ondas de choque, não acabaram. A resolução de alguns casos mediáticos, como Bruma, a inadequação dos custos existentes com as receitas geradas, quando o equilíbrio financeiro e orçamental é crucial, o efeito da próxima auditoria de gestão que prevejo que nada deixará como dantes, os resultados daquele que é o motor do clube, que nem sempre serão positivos, de uma equipa que precisa de crescer, que ainda não é forte, que precisa de solidificar rotinas, dinâmicas e de potenciar os seus jogadores, alguns longe daquilo que podem fazer e outros em fase transição para senior.
Depois da acalmia, seguir-se-ão novas tempestades. Acredito, mais hoje que ”ontem”, que se começam a reunir as condições que irão evitar naufrágios às primeiras contrariedades ( e estas existirão, talvez mais cedo que mais tarde ). O Sporting tem um rumo, nem sempre trilhado na perfeição, mas que penso ser visível. Regra geral, há o mínimo de sensibilidade dos Sportinguistas para as dificuldades que o clube vive e viverá. Acho, também, que se começam a cimentar os níveis de confiança na liderança, esquecendo querelas internas ( a nova Curva Sul, tem sido prova disso, como é uma amostra, para todos, da força dos Sportinguistas ).
Acho que estamos preparados para a luta. E para a vitória, que não estará ao virar da esquina, mas acontecerá. Será real. É o nosso destino. Sempre foi.