Prospecção do Sporting

Hoje enquanto lia os jornais desportivos deparei-me com uma entrevista do Diamantino Miranda sobre o futebol de Moçambique e um artigo do Cátio Baldé. O artigo referente ao empresário veio revelar o que já é sabido por todos nós, existe uma excessiva influência deste elemento no nosso recrutamento de talentos para a formação.

Para quem não sabe o que se tem passado é simples, o Cátio tem uma estratégia de identificação de jovens talentos na Guiné, onde faz uma selecção e filtragem para depois os colocar em Portugal (aproveitando língua e cultura comuns) para os clubes portugueses lhes ensinem a formação técnico/táctica do jogo e garantirem a nacionalidade portuguesa e assim serem com mais facilidade transferidos para a Europa. Na prática é um modelo em que o clube deposita nele a responsabilidade desse mesmo recrutamento, ficando o agente com parte dos dividendos da formação do atleta.

Temos de ser pragmáticos existem menos jovens portugueses com o talento de outros tempos são inúmeras razões e a nossa baixa taxa de natalidade terá ainda mais impactos no campo de recrutamento o que é algo muito complicado de ultrapassar.

É por isso que defendo que devemos reestruturar o nosso gabinete de prospecção de jovens talentos numa óptica mais virada e focada para os países dos CPLP, ou até mais concretamente os PALOP. Porquê estes? A resposta é óbvia, nestas idades a questão da língua é um elemento importante na adaptação de um jovem que não está preparado para um choque destas proporções.

Esta estratégia é muito utilizada pelos clubes formadores franceses que apostavam no recrutamento de jovens oriundos das suas colónias, os ganhos de uma aposta numa politica desta natureza são evidentes.

Muito bem, vamos então eliminar intermediários como o Cátio e vamos criar uma rede, em Moçambique, Angola, Guiné, Cabo Verde que nos permita satisfazer as nossas necessidades de identificação e recrutamento de talento.

A questão é que modelo deveremos nós utilizar?
a) Empresários
b) Parcerias com agentes locais
c) Rede de Observadores

Antes de responder a esta questão devemos ter em mente que actualmente os clubes já fazem uma prospecção na casa dos [16-19], o que significa que neste período é normalmente quando um jogador é identificado pela maioria dos clubes e recrutado . É por isso importante que não tendo recursos para investir em transferências de jovens talentos, precisamos de fazer um recrutamento mais fundo, o que na prática significa recrutar com idades inferiores, para que desta forma consigamos identificar e reter miúdos com a qualidade do Bruma e do Moreto com 12/13/14 anos de idade.

Eu defendo que em cada antiga colónia devemos ter um responsável pela prospecção nestes países que teria a função de criar um conjunto de parcerias com agentes locais que visem identificar e recrutar talento para o SCP. Somos um clube com penetração social nesses mercados e isso creio que isso ajudaria a implementar este tipo de estratégia.

Acresce que segundo Paulo Torres e Diamantino existem talento que inclusive poderia ser integrado nos planteis dos grandes de Portugal, por estas razões defendo esta abordagem para a prospecção do Sporting. Segundo soube Paulo Torres actualmente é o responsável por toda a formação do Sporting clube de Bissau que é o maior clube da Guiné e por isso acredito que uma equipa construída com elementos experientes e com conhecimentos no terreno como este caso seriam uma garantia de sucesso a vários os níveis para o SCP, acredito que conseguiremos arranjar mais sportinguistas que tenham funções em Moçambique, Angola e Cabo Verde que pudessem realizar este tipo de funções.

Numa época onde o próximo passo do nosso futebol terá de ser a exportação dos direitos televisivos dos nossos campeonatos para estes países irmãos, como forma de aumentarmos as nossas receitas, teríamos também a ganhar em dinamizarmos e fomentarmos a marca Sporting nas nossas antigas colónias. Acredito pois que devemos começar a reflectir neste tipo de temas, nesta fase de reestruturação do SCP.

Artigo muito interessante

No fundo, temos de cortar com os intermediários e ir o mais próximo possível da fonte: o pequeno clube africano, as equipas informais, as escolas e até a rua. No limite, poder-se-iam construir “Academias” em África: mesmo que modestas seriam uma enorme diferença nesses contextos.

O modo de lhes chegarmos e agarrarmos esses miúdos de 12,13,14 anos poderá também passar por lhes fornecer educação e abrigo se precisarem. Notei que o balde “é como um pai” para o Bruma e os outros: é preciso dar-lhes, caso necessitem, um verdadeiro “pai” que os possa orientar nos seus interesses. Nesse campo, parcerias com ONG’s e outras organizações de ajuda que estão no terreno e conhecem a realidade da pobreza africana, pode ser não só decisiva para afastar parasitas como para engrandecer ainda mais o Sporting junto das populações. Há com certeza imenso projectos de solidariedade pelo desporto em África: porque não formar alianças desse tipo, também?

Há mais uma vantagem nestas parcerias: enquadrado numa instituição Sporting a passagem para a Europa seria menos traumática, pois o miúdo desde tenra idade que viveria num ambiente próximo do Português.

Finalmente, como nem todos se tornam estrelas, uns poderiam ir para clubes mais pequenos, em Portugal ou na Europa; outros podiam voltar para a Africa: Angola é um país com recursos que pode absorver esses talentos “menores”. Podia-se dar mesmo o caso, se lhes fosse detectada apetência para outros desportos de serem aproveitados pelas nossas modalidades.

Boa leitura :great:

Acredito que o cargo do Paulo Torres (chegou a falar-se para a “B”) no Sporting de Bissau é o primeiro passo para explorar aquele mercado sem ser necessário conversa com o empresário do costume.

Deveriamos ter Escola Academia Sporting em pontos estratégicos desses PALOP`S e acordo com alguns clubes, primeiro para moldar e formar esses talentos selvagens, depois para garantir competição e fazê-los chegar a Portugal já preparados.

Então o Paulo Torres saiu do meu Torreense (depois de fracassar), para ir para Bissau… Interessante…

Eu considero acertada a estratégia. Tornar o Sporting num clube transnacional nunca deixará de ser tentador.

Essa é a direcção a tomar, podemos ver o exemplo em portugal do norte ao sul cheio de escolas de formação do Sporting em que fornecemos equipamentos e em alguns casos relvados sintéticos (em caso dos PALOP era fixe se o Sporting pagasse a escola e alimentação dos miudos) e os responsáveis dessas escolas enviavam os melhores jogadores.

Exactamente e como temos visto existe determinadas posições que o continente africano tem muito potencial, como são os casos dos PL, ou trincos de qualidade. Se tivéssemos uma estratégia integrada, bem organizada e planeada poderíamos ter aqui um filão muito interessante para explorar, principalmente numa altura em que a taxa de natalidade no nosso país está dramaticamente baixa e isso vai se fazer sentir na qualidade do futebolista português.

E na minha opinião são nessas posições que a nossa formação é mais deficitária. PL e trinco

São claramente essas as posições deficitárias da nossa formação mas na minha opinião isso não está associado ao facto de apostar-mos mais ou menos nos jogadores africanos, está associado a sermos os melhores na formação e termos apenas 2 ou 3 adversários à nossa altura e por isso privilegiasse trincos que tenham mais toque de bola mesmo que isso signifique menos desarme (p.e. João Mário nos juniores), quando esses jogadores chegam ao futebol senior a combatividade e a necessidade de defender é outra e por isso são novamente readaptados. Quanto ao PL está apenas associado à diferença de exigência do futebol de formação para o futebol senior, diz-me um PL que tenha feito uma transição de junior para senior e tenha tido sucesso nos primeiros 2 ou 3 anos como sénior (num dos grandes), o que teve mais perto disso foi o Nelson Oliveira e mesmo esse fez pouquissimos jogos nos lampiões e beneficiou de algo que mais nenhum beneficiou que foi um Mundial sub-20 fantástico que lhe deu imensa moral e fez com que depositassem mais confiança nele.

Sou totalmente contra a viragem da nossa formação para o jogador africano, acho que estamos bem como estamos, escolhe-se os melhores independentemente da origem, altura ou familia. Quanto à parte dos intermediários, é um abuso eles ficarem com uma percentagem mas é necessário.

PS: Investiguem um pouco sobre os intermediários de jogadores que vêm das EAS e aquilo que o Sporting realmente ganha (em termos monetários) com as EAS, se calhar iam perceber melhor o porquê do Diogo Matos ter sido dispensado (e não não foi só pela ligação ao Couceiro)

SL

Nós temos uma academia na África do Sul em parceria com o Bloemfontein Celtic.

Temos mesmo?

Duvido!

Acho que não passou do projecto, mas posso estar enganado.

A academia existia e estava em funcionamento há um ou dois anos atrás, podemos é não tirar proveito dela.

Tens a certeza? Pelo que oiço não foi colocado em prática …

Já tinha ouvido falar nessa academia e fui ver ao site do Bloemfontein Celtic o que de concreto havia:

http://www.bloemfonteincelticfc.co.za/content.aspx?Id=19040

Parece-me tudo muito em águas de bacalhau…

Exactamente :great: